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O tema avaliação institucional sempre foi um assunto polêmico no meio acadêmico. No entanto, a auto-avaliação nos moldes como foi concebida pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, é um instrumento novo, sendo uma exigência para todas as Instituições de Ensino Superior. Desta forma, o estudo do tema dentro da administração é relevante, pois, representa um instrumento de diagnóstico importante para o planejamento, seja ele público ou privado.

Pautando-se nos objetivos específicos deste trabalho, pode-se concluir, por meio do levantamento histórico dos instrumentos de auto-avaliação utilizados pelas instituições estudadas, que embora tenham realizado avaliações pontuais ao longo dos anos, elas não praticavam, no dia-a-dia, a auto-avaliação institucional. Ainda que a UFV tenha passado por um processo semelhante de auto-avaliação na época do PAIUB, não foi dado continuidade ao processo. Os outros instrumentos de avaliação anteriores ao SINAES, utilizados pelo governo, em geral possuíam uma concepção restrita das instituições. Assim, o SINAES representa uma metodologia inédita de auto-avaliação para as instituições em questão, em que o princípio fundamental é servir como instrumento de auto-desenvolvimento para a instituição e não, apenas, como uma forma de controle governamental da qualidade das mesmas. Vale destacar, ainda, que não se pode esquecer do valor social da avaliação institucional. Ela é um instrumento de prestação de contas não só para a comunidade acadêmica, mas também para a sociedade em geral. Pública ou privada, as instituições têm a função social de formar cidadãos preparados para o mercado de trabalho. Portanto, resultados de processos como estes são importantes sob vários aspectos, tanto para a instituição quanto para a sociedade.

Baseado na análise do atual processo de auto-avaliação institucional, inserido na realidade das instituições de ensino superior, consideradas neste estudo, conclui- se que o processo, embora seja uma exigência legal, é bem visto por seus condutores e por parte significativa da comunidade acadêmica das instituições. Com a presente pesquisa, identificou-se que a maioria dos membros das comissões próprias de avaliação da UFV e da FAESA reconhece a importância e contribuição deste diagnóstico, mesmo que o processo ainda não tenha chegado ao fim, como no caso da UFV. É necessário ressaltar que muitos entrevistados, embora não tenham citado literalmente, consideram necessária a oportunidade de “se pensar”, de discutir a

instituição como um todo, sair da rotina de suas atividades e se exporem a uma análise com tal profundidade, por mais inevitáveis que sejam as dificuldades.

Em se tratando da percepção da comunidade acadêmica das duas instituições, conclui-se que a principal diferença entre elas está relacionada à expectativa quanto ao retorno dos resultados deste processo. Na UFV, a maioria da comunidade não deposita esperança em resultados satisfatórios, ainda que uma parte expressiva tenha consciência de que a experiência foi válida. Os principais motivos, que justificam esta expectativa negativa, estão relacionados às avaliações específicas passadas, que não trouxeram resultados satisfatórios, bem como o fato de o processo não ter sido concluído. Portanto, a UFV ainda tem a oportunidade de mudar a percepção da comunidade, ao divulgar e discutir os resultados da auto-avaliação. No caso da FAESA, as expectativas são positivas porque o processo já estava apresentando sinais de retorno.

O levantamento de todos estes resultados permite identificar as características do processo nas duas instituições que, por sua vez, variaram conforme a natureza dessas instituições e de acordo com o perfil institucional e acadêmico de suas comunidades. Vale ressaltar que resultados conclusivos da auto-avaliação, no sentido de esgotar o levantamento de toda e qualquer ação, por parte da instituição e do governo, relacionado a este diagnóstico, assim como a continuidade do processo, só será possível com trabalhos futuros. No entanto, os objetivos do presente trabalho foram satisfeitos.

Algumas sugestões aos sujeitos sociais da pesquisa podem ser apresentadas, conforme exposto a seguir:

- maior sensibilização da comunidade acadêmica e da comunidade externa para os próximos processos avaliativos;

- envolvimento mais efetivo de diretores de centro, chefes de órgãos e departamentos, bem como coordenadores de curso, para que possam sensibilizar àqueles a sua volta;

- divulgação dos resultados deste diagnóstico, que é fundamental para que a comunidade acredite neste tipo de instrumento; e

- discussão com a comunidade a respeito de possíveis soluções para as fragilidades identificadas ao final do processo, assim como a otimização de seus pontos fortes.

O destaque para a participação da comunidade acadêmica é fundamental, uma vez que a institucionalização do processo de auto-avaliação só é possível, quando acompanhada da conscientização da comunidade quanto à importância do mesmo. Para que este seja um instrumento eficaz, os segmentos que formam a instituição devem ter consciência do papel essencial que representam, pois, a auto-avaliação só tem validade se realizada pelos elementos que compõem a instituição.

Finalizando, a auto-avaliação não é um fim em si mesma, mas um instrumento que possui, como objetivo, o desenvolvimento institucional que, por sua vez, depende da capacidade da instituição em se preparar para o futuro. Enfrentar o futuro pressupõe a capacidade de planejá-lo, antevê-lo, o que requer mudança não só de posicionamento, mas também de cultura organizacional. Desta forma, se as instituições não reconhecerem a importância da auto-avaliação institucional, como um instrumento de diagnóstico e ferramenta de gestão, certamente elas deixarão de otimizar suas potencialidades.

Espera-se, que os resultados desta dissertação, tenham permitido a reflexão da realidade do processo de auto-avaliação nas instituições em estudo, possibilitando a compreensão das peculiaridades existentes entre uma instituição federal e uma particular. Que futuros trabalhos possam traçar um panorama das contribuições da auto-avaliação no âmbito nacional, bem como identificar o tipo de feedback que o MEC dará a estas instituições, além da continuidade deste processo.