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Ao final deste trabalho, que tivemos por objetivo demonstrar a importância das interações sociais no processo do desenvolvimento cognitivo da criança no contexto alfabetizador, podemos concluir que a pesquisa possibilitou analisar as interações sociais desenvolvidas no processo de alfabetização por intermédio da teoria vigotskiana que aponta que o conhecimento é historicamente elaborado e adquirido por meio de relações sociais também socialmente e historicamente estabelecidas. Como explica Duarte (1996), é uma abordagem historicizada do psiquismo humano, ao qual, não podemos compreendê-lo sem considerá-lo como um objeto essencialmente histórico, por isso, nosso estudo partiu dessa perspectiva que considera o psiquismo como um fenômeno histórico e social.

O estudo nos permitiu compreender que as interações contribuíram para o desenvolvimento dos alunos a partir das atividades pedagógicas aplicadas pela docente da turma de alfabetização, no qual constatamos que estas atividades desenvolvidas com a mediação da educadora e de crianças mais experientes nas interações historicamente construídas possibilitam o avanço do aluno na zona de desenvolvimento proximal ao longo do aprendizado escolar.

A análise discorreu sob a ótica da Psicologia Histórico-Cultural, na qual percebemos que durante as interações houve a mediação por produtos culturais na construção do saber escolarizado, o que aponta que os alunos elaboraram seu conhecimento individual ao apropriarem-se do conhecimento produzido historicamente. Ao relacionar a Teoria Histórico- Cultural com o âmbito educativo reconhecemos a importância da mediação dos conteúdos historicamente produzidos e necessários à vida acadêmica, a partir de um planejamento para seleção desses conteúdos conforme a zona de desenvolvimento proximal dos alunos, pois esta caracteriza o caminho que a criança percorre para desenvolver funções que estão em amadurecimento, mas que posteriormente se tornam funções consolidadas no seu nível de desenvolvimento real.

As interações sociais e a mediação se constituem como essenciais no desenvolvimento das crianças, principalmente na estimulação da aprendizagem, uma vez que, para a criança desenvolver funções psíquicas tipicamente humanas é preciso a interação e a mediação de outro ser humano, por isso, deve-se proporcionar situações de aprendizagem que estimulem ao máximo o potencial do aluno. Diante destes apontamentos, destacamos a valorização das interações em sala de aula, pois o conhecimento se constrói em primeiro lugar entre os

indivíduos para posteriormente ser intrapessoal a partir das vivências coletivas no ambiente escolar historicamente elaborado.

Diante o que foi exposto, este trabalho contribuiu para demonstrar a efetividade das interações sociais no aprendizado escolar bem como para promover uma reflexão acerca das intervenções pedagógicas na zona de desenvolvimento proximal onde os educadores da educação básica devem atuar com estratégias que mobilizem e envolvam os alunos em uma aula socialmente construtiva. Enquanto educadoras, percebemos que não existe um único caminho para promover a aprendizagem, pois uma determinada estratégia pode funcionar com alguns alunos e com outros não. Para tal, é imprescindível que todo educador conheça o desenvolvimento da sua turma para planejar metodologias eficazes e a Teoria Histórico- Cultural aponta nesse sentido.

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APÊNDICE

Roteiro da observação em sala de aula

1. Caracterização da instituição escolar.

2. Caracterização da professora da turma: formação e experiência profissional. 3. Planejamento: existe? Como é realizado, diariamente ou semanalmente? 4. Caracterização da turma: número de alunos e faixa etária.

5. Como é organizado o espaço da sala de aula: material pedagógico disponível para os alunos.

6. Atividades planejadas ou sistematizadas: descrever as atividades pedagógicas que são realizadas com os alunos se elas favorecem ou não a interação social.

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