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considerações finais

No documento DIFERENTES FORMAS DE DIZER NAO WEB VF (páginas 50-54)

Não são poucas as análises que avaliam que, a despeito da responsabi- lidade dos governos provinciais na expansão do modelo mineiro, o Governo Federal tem tido um papel fundamental nesse crescimento, ao apoiar direta- mente os interesses empresariais. Exemplo disso foi o veto presidencial, em

Gabriela Scotto

2008, à lei de proteção dos glaciares (Lei No. 24.618) que tinha sido aprovada por ampla maioria no Congresso Nacional. Essa atitude do governo da Presi- dente Cristina Kirchner foi interpretada como um claro gesto de apoio ao pro- jeto Pascua Lama (exploração de ouro e prata na cordilheira dos Andes) da empresa Barrick Gold. Nesse mesmo ano, o governo declarou como sendo de “interesse nacional” a exploração de potássio, por parte da empresa brasileira Vale S.A. (Projeto Rio Colorado), na província de Mendoza, e entregou a essa mesma empresa 60 ha. no porto de Bahia Blanca (província de Buenos Aires).

Por sua vez, as mobilizações sociais vêm demonstrando um con- siderável sucesso ao conseguir a aprovação de leis estaduais que proíbem ou limitam consideravelmente a mega-mineração. É importante também salientar os plebiscitos e consultas populares no nível municipal que, após a vitória do “não”, conseguiram barrar a instalação dos projetos no local. Para alguns analistas, o sucesso das mobilizações se deveu a três fatores-chave: a) mobili- zação capaz de articular diversos setores da população; b) socialização e ampla divulgação da informação; e c) construção de redes territoriais. Em algumas das assembleias se destacam ambientalistas conhecidos, de longa trajetória pro- fissional e militante. Contudo, conforme numerosas análises descrevem, mui- tos dos participantes das assembleias são “vizinhos” que aprenderam sobre questões ambientais e sobre mineração ao longo dos processos de resistência (SVAMPA, 2009, p.123ss; SVAMPA, SOLA ALVAREZ e BOTTARO, 2009, p.123ss).

Vale salientar que as leis resultantes das pressões sociais, mais do que declarar a proibição da mineração em tal ou qual área (com exceção da pro- teção aos glaciares e áreas periglaciares), restringem um tipo de mineração (a mega-mineração) baseada fundamentalmente no uso de substâncias contami- nantes. No processo de argumentação, a dimensão ambiental envolvida nos discursos e nas identidades mobilizadas, é central.

Outro aspecto que me parece ser muito importante é o fato das em- presas de mineração serem estrangeiras, o que permite ampliar as alianças com uma população extralocal que sente que o país e seus recursos naturais estão sendo “saqueados”.

A situação atual é instável na medida em que continua uma forte pressão por parte das empresas de mineração em favor da exploração das ja- zidas e dos recursos minerais. Em fevereiro de 2012, o governo nacional e os governadores das províncias com exploração mineral a céu aberto anunciaram a criação da Organización Federal de Estados Mineros (OFEMI) com o objetivo de propiciar a associação das empresas públicas provinciais com as empresas multinacionais mineiras. O documento foi assinado pelas autoridades de Jujuy, Salta, Catamarca, La Rioja, San Juan, Mendoza, Neuquén, Río Negro, Chubut e Santa Cruz. A iniciativa conta com o apoio das empresas instaladas no país.

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ARgentInA: “LA MOntAñA SIgUe en pIe gRAcIAS A SU gente”

Num contexto no qual a mineração continua sendo considerada “política de Estado” nada parece garantir que leis aprovadas não sejam poste- riormente revogadas, o que exige uma constante vigilância e mobilização por parte da população, dos movimentos e dos coletivos que se opõem à mega- mineração.

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