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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS – O AGENTE DE INCLUSÃO ESCOLAR NO APOIO AOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: A POSSIBILIDADE DE UMA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE QUALIDADE.

Na idealização deste trabalho e, conseqüentemente, no seu delineamento inicial, mencionou-se o quanto desde o ingresso no Magistério, almejava-se fazer algo diferente e desafiante dentro das propostas educacionais vigentes.

Entretanto, mesmo com idéias inovadoras, a preocupação sempre esteve centrada, independentemente do trabalho que fosse realizado, em oferecer qualidade.

Sendo assim, como a trajetória profissional permitiu o envolvimento com a inclusão de alunos com deficiência intelectual, intrigava o porquê da inclusão ter tanta dificuldade para se efetivar na escola comum.

O objetivo desta pesquisa foi analisar criticamente a ação do Agente de Inclusão Escolar vinculado a uma instituição especializada, no apoio pedagógico aos alunos com deficiência intelectual em escolas públicas municipais; propondo então, uma reflexão sobre as condições em que a inclusão se encontra atualmente nas escolas estudadas, sendo estas, de extrema importância para a educação contemporânea.

Com isso, de acordo com Amiraliam (2005) é na escola que devemos centrar todas as nossas forças em busca de transformação a favor das pessoas com deficiência e o Agente é um profissional que realiza todo seu trabalho voltado a escola comum.

Os instrumentos utilizados para a pesquisa favoreceram na conquista dos dados, mas mesmo assim alguns professores não responderam questões importantes para a avaliação, o que deixa em aberto a interpretação de possíveis dificuldades com o tema.

A busca por uma qualidade na educação de crianças com deficiência intelectual foi o foco principal desta pesquisa, por isso, analisar de forma crítica a atuação do Agente de Inclusão.

O mais curioso nesta pesquisa é a busca desta qualidade, não ficou focalizada em nossos pressupostos iniciais, mas sim algo que permeou a fala de todos os participantes, principalmente dos familiares, o que é uma surpresa.

próximas de sua casa, mas o questionamento sobre a aprendizagem é algo que geralmente fica em último plano. Estes dados coletados com a família, ou seja, a preocupação com a aprendizagem, nos provoca novas reflexões sobre a visão de família.

O professor muitas vezes não enxergou as famílias como parceiras e durante os depoimentos é possível verificar o quanto isto não ocorre com a família pesquisada.

Outro aspecto que chama a atenção são as divergências entre as falas dos professores e do Agente no que diz respeito ao apoio oferecido pela instituição. Os professores não conhecem o trabalho do Agente e esta se queixa da falta de interesse dos professores.

O que está impedindo o contato entre esses profissionais, após a analise dos dados desta pesquisa, podem ser a falta de entendimento sobre o trabalho desempenhado pelo Agente; o desinteresse dos professores causado pela falta de motivação com o sistema educativo e não com a inclusão e também a desvalorização do pedagogo.

O agente é um pedagogo e o professor também, então, qual seria este saber apresentado pelo Agente que o professor não têm?

Claro que sua experiência está em jogo nesta questão, mas os professores esperavam mais do que isso, eles esperam respostas e receitas prontas, onde às vezes a área da saúde fornece isto de forma que não os culpabilizam pelo fracasso escolar; o diagnóstico seria um bom exemplo disso.

O diagnostico clínico é um instrumento útil para o professor, mas também encontramos algumas informações que podem isentá-lo do compromisso com a aprendizagem de seu aluno, que é o rebaixamento cognitivo e outras dificuldades associadas.

É necessário o estreitamento dessas relações entre professores e o Agente, para que haja a percepção sobre o quanto a melhoria do trabalho do professor pode estar presente dentro da sua própria prática, além de desmistificar estas idéias acerca da área da saúde.

Torna-se imprescindível que o professor busque capacitação, informação e apoio, como nos ampara Stainback (2006) e Glat et al (2007), a busca do professor em modificar a sua prática, refletindo sobre o cotidiano e criando novas possibilidades de trabalho.

O dia-a-dia em sala de aula necessita de um olhar mais criterioso, as capacitações devem existir, porém, de uma forma mais dinâmica, a queixa da falta de apoio, não seja uma simples reclamação, mas que haja a possibilidade de observar uma maior movimentação do professor, já que são eles que atuam diretamente com os alunos em sala de aula.

O discurso de que há a falta de apoio, pode ser considerado como ultrapassado, nesta fase em que se encontra o processo de inclusão. A ajuda, o apoio seja da prefeitura, ou do Agente de inclusão existem, contudo, é preciso que eles se efetivem e isto só ocorrerá com a participação e o envolvimento de todos, cobrando e exigindo este respaldo que lhe é de direito.

De acordo com este estudo, fica claro o quanto os professores, com a ajuda do Agente de Inclusão, podem juntos refletir sobre suas práticas e mudar posturas vigentes, pensando em atuar como mediadores da aprendizagem e verificando, no caso do professor, que todos os alunos são capazes de aprender, como nos propõe Vigotski (2007).

Para o Agente fica a responsabilidade de tentar encontrar meios que a aproxime da escola, valorizando o trabalho do professor e mostrando que ele tem potencial para desenvolver o trabalho com seus alunos com deficiência, entretanto, envolvendo-se mais com as adaptações de materiais necessárias aos alunos.

Esta pesquisa conseguiu manter acesa a chama de que a inclusão é possível e que será através da atitude cada um de nós e também das pequenas intervenções, que conseguiremos mudar este cenário atual, buscando mais compromisso e estabelecendo relações de confiança uns com os outros.

“É somente por meio de um esforço coletivo que o compromisso com o núcleo de valores sociais, de justiça, de tolerância, de interesse e do respeito pelo outro pode ser adquirido”, de acordo com Dewey (1879 apud Stainback, 2006, p.10).

O desenvolvimento deste estudo não visou apenas discutir sobre a temática da inclusão, já que este é um assunto tão atual e polemizado. Desejou-se a partir do estudo da prática, contribuir com a educação das pessoas com deficiência intelectual, ouvindo os professores, os pais, os alunos e o profissional que presta este apoio tão esperado pelas escolas, que pouco são ouvidos, e são estes sujeitos juntos, que farão a diferença que tanto almejamos.

Todos sabemos da considerável importância para qualquer aluno e principalmente para aqueles que possuem deficiência intelectual, o compromisso de

um educador em promover acesso, oportunidades e recursos adequados a sua educação. Para a promoção desses direitos carecemos de profissionais mais sensíveis, reflexivos, mediadores, dispostos e abertos ao novo, a fim de ampliarem suas experiências, construindo uma opinião própria sobre a inclusão escolar, e não uma impressão coletiva, como comumente estamos acostumados a verificar.

Esta pesquisa aponta a necessidade de outros estudos, para dar continuidade a esta temática estudada, vislumbrando sempre a luta por uma educação inclusiva de qualidade; “isto sem ignorar que a verdadeira inclusão escolar e social implica, essencialmente, a vivência de sentimentos e atitudes de respeito ao outro como cidadão” (MAZZOTTA, 2002, p. 36).

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ANEXO 1 - CARTAS DE INFORMAÇÃO E TERMOS DE CONSENTIMENTO LIVRE