MODELO QUANTITATIVO DE FLUXO SUBTERRÂNEO
6.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados obtidos pode-se afirmar que:
- O fluxo subterrâneo principal ocorre em direção ao oceano com fluxos secundários em direção as drenagens;
- Os valores de recarga mais adequados para a calibração do modelo diferem em cerca de 20% dos obtidos pelo método de variação do nível;
- O balanço hídrico obtido com o modelo matemático indica uma evapotranspiração muito inferior a obtida pelo método thornthwaite, mas provavelmente mais adequada quando considerada a calibração do modelo. Muito provavelmente o s valores obtidos representam a evapotranspiração real para a região;
- Há uma grande disponibilidade hídrica subterrânea ainda a ser explotada por poços tubulares na área de pesquisa. Um aumento de 50% e 100% nas vazões de explotação não afetaria significativamente os rebaixamentos de poços tubulares em operação na região estuda, com exceção da parte sul, na faixa de contato entre os sedimentos tércio-quaternários com o embasamento cristalino;
- Em uma variação da recarga regional em 50% para maior e menor, em relação ao modelo calibrado, obteve-se um RMS normalizado de 10,82% para recarga maior e 8,68% para menor indicando uma resposta adequada do modelo quanto a sensibilidade a tal parâmetro;
- Para a condutividade hidráulica os parâmetros de entrada foram de meia ordem de grandeza para cima e para baixo, resultando num RMS normalizado de 31,0% relativo à condutividade maior e de 8,28% relativo à menor;
- A cota do topo do embasamento cristalino foi alterada em 30 metros para maior profundidade e 15 metros para menor, obtendo-se o RMS normalizado de 7,70% e 9,34% respectivamente; - No cenário de transporte de benzeno, a pluma apresentou pequena migração com dispersão principal com na direção NE, a partir do ponto do possível vazamento. Após um período estimado de 50 anos a concentração do contaminante ainda encontra-se em 0,005 mg/l. Essa concentração de benzeno estaria no limite do Valor Máximo Permissível pela Resolução 274 da ANVISA;
- Tanto o modelo de fluxo com a utilização das partículas quanto o modelo de transporte de contaminantes apontam as áreas pré-determinadas para a instalação de uma refinaria e demais atividades afins como adequadas com relação às considerações e premissas advectivas adotadas nos modelos.
CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos pode-se afirmar que o Modelo Hidrogeológico Local: - Considera que o Embasamento Cristalino, o Grupo Barreiras, os Depósitos eólicos e de praia, e aluviões sejam as unidades litológicas no modelo conceitual;
- O sistema aqüífero compreende: aluviões, aqüífero livre dos depósitos eólicos e de praia, aquífero livre do Grupo Barreiras;
- O Embasamento Cristalino sotoposto pelo Grupo Barreiras e Depósitos eólicos e de praia serve de base impermeável para o sistema aqüífero;
- Há uma conexão hidráulica entre o Aqüífero Dunas (depósitos eólicos e de praia) e o Aquífero Barreiras traduzida por uma drenança vertical descendente como função do gradiente hidráulico vertical entre esses aqüíferos;
- As águas subterrâneas do aqüífero Dunas deságuam nas sub-bacia do Guaribas e nas bacias do Cauipe e São Gonçalo através das drenagens perenes e intermitentes, e lagoas interdunares, além da descarga principal regional para o oceano;
Com relação aos Parâmetros Hidrogeológicos pode-se afirmar que:
- O Aqüífero Barreiras deságua principalmente para norte em direção ao Oceano Atlântico, além de contribuir de maneira insignificante para a recarga do aquífero fissural;
- A recarga no sistema considerado ocorre por recarga superficial através da infiltração de águas pluviais nos Depósitos eólicos e Grupo Barreiras, e infiltração de águas dos rios nas aluviões;
- A evapotranspiração é intensa eqüitativamente em toda a área de pesquisa onde a priori nas áreas densamente vegetadas tenderia a ser maior, mas compensada nas áreas sem vegetação pela forte ação dos ventos;
formada por unidades diferentes, são formadas por sedimentos arenosos que compõem o Aqüífero Dunas sendo na parte noroeste da área onde se localizam as condutividades com ordem de grandeza de 10-3 cm/s e na parte centro-leste as condutividades mais altas com ordem de grandeza de 10-1 cm/s;
- Com relação às amostras superficiais, coletadas entre 0 a 1 m de profundidade, os sedimentos oriundos do Grupo Barreiras classificam-se como areia fina a muito fina com o conteúdo de argila entre 9,0% a 20%. Para os sedimentos quaternários classificados como areia média e baixo conteúdo de argila (1,0% a 3,0%);
- Três principais funções de pedotransferência para a condutividade hidráulica saturada foram determinadas para a área de pesquisa com o uso da soma, subtração e divisão como operadores matemáticos onde o ajuste das equações multiparamétricas foi avaliado pelo ajuste a cada nó e pelo RMS, como funções objeto;
- O nível estático no Aqüífero Dunas teve uma variação de 0,5 m a 2,0 m onde os menores valores estão situados próximos à interface com o Oceano Atlântico que dificulta a descarga subterrânea, por exemplo, com a ação das marés;
- No Aqüífero Barreiras a variação foi cerca de 2,0 m em quase toda a área monitorada sendo que dois pontos (CB06 e CB07) excederam esse valor mas, por razões de extração de água por bombeamento durante certo período;
- A maior variação encontrada no monitoramento ocorreu nas cacimbas situadas no Aqüífero Fissural próximo à interface com o Aqüífero Barreiras. Nos pontos mais a sul onde as espessuras do regolitos diminuem a variação teve média de 1,5 m;
- Para o Aqüífero Dunas a taxa de recarga líquida média para os pontos mais próximos ao litoral foi de 140,0 mm/ano enquanto para os pontos neste aqüífero mais recuados apresentam uma média de 300,0 mm/ano. Ao se comparar essas taxas com o total precipitado monitorado em alguns locais para o período de julho/2005 a julho/2006 observa-se que a recarga líquida representou entre 9,0% a 13,0% da precipitação pluviométrica.
A taxa média de recarga líquida para o Aqüífero Barreiras foi de 200,0 mm/ano representando entre 18,0% a 25,0% do total precipitado para o período de julho/2005 a julho/2006 sendo exceção o ponto CB15 que aponta apenas 7,0% da precipitação pluviométrica;
é possível avaliar de maneira semi-quantitativa que a recarga líquida média foi de 150,0 mm/ano representando entre 16,0% a 23,0%;
- Utilizando o método de Thorntwaite a evapotranspiração potencia obtiveram-se valores médios de 1700 mm/ano enquanto para a evapotranspiração real a média alcança 750 mm/ano;
A partir dos resultados obtidos pode-se afirmar que os Métodos Paramétricos de Determinação de Vulnerabilidade de Aquiferos à Poluição:
- A reorganização e a incorporação de novos parâmetros tendem a realçar da melhor forma possível o conceito mais aceito de vulnerabilidade;
- Os pesos utilizados pelos métodos DRASTIC e SINTACS não são eficazes de delimitar áreas com diferentes graus de vulnerabilidade sem sofrer influências excessivas de algum parâmetro hidrogeológico;
- O método GOD tende a superestimar em classes de alta e muita vulnerabilidade, áreas sem essas características devido a ausência de outros parâmetros para completar o conceito mais adequado de vulnerabilidade;
- O método SORETO, assim como os métodos DRASTIC e SINTACS, apresentou resultados semelhantes entre os equacionamentos com e sem pesos quando todos os parâmetros foram hierarquizados;
- O método GOD indica baixa vulnerabilidade para área destinada à construção de uma refinaria enquanto os outros métodos utilizados apontam uma vulnerabilidade média. Para a área destinada a atividades de armazenamento de derivados de petróleo todos os métodos indicam uma vulnerabilidade muito alta.
- A melhor resposta com o método SORETO para o mapa de vulnerabilidade à poluição do aquífero da área de influência do CIPP foi obtida quando somente aos parâmetros com alta resolução espacial foram ponderados.
(RMS=4,08%) que se enquadra dentro dos padrões internacional de aceitabilidade. Através desse modelo é possível compreender melhor os comportamentos de fluxos localizados e regionais;
- A configuração das linhas equipotenciais calculadas pelo modelo, nessa avaliação preliminar, permite observar que o sistema aqüífero, na área de estudo, encontra-se em equilíbrio sem indícios de rebaixamento próximos das áreas onde há concentração de poços;
- A análise de sensibilidade mostrou que a condutividade hidráulica é o parâmetro mais sensível a mudanças e que os valores utilizados no modelo estão próximos do real;
- Foram simulados dois cenários distintos: cenário atual e o cenário com ocorrência virtual de contaminante. No cenário atual observa-se de maneira geral o fluxo no sentido norte em direção ao oceano, e em direção aos canais de drenagem existentes na área. No cenário com contaminante a pluma atinge o primeiro canal de drenagem após um período de 25 anos, com uma concentração de 0,005 mg/l;