• Nenhum resultado encontrado

Por meio de tudo que foi exposto ao longo desta dissertação, podemos inferir que os materiais didáticos são um importante apoio basilar para a educação bilíngue de crianças surdas, se elaborado a partir das especificidades que esta modalidade de ensino exige. Mas, os autores abordados relatam que há uma escassez de materiais didático, principalmente que sejam elaborados com base em tal perspectiva.

Por isso segui um caminho de análise especifico, buscando materiais de apoio a aprendizagem em formato digital que são disponibilizados na internet. Esses materiais atendem diversas especificidades da educação de surdo que o material didático impresso não contempla.

Porém, foi possível observar que materiais em vídeo e em formato de jogo também possuem uma baixa produção e divulgação nos meios digitais. Canais na plataforma Youtube que trabalhem através do bilinguismo conteúdos educativos para os anos iniciais foram pouco encontrados. Jogos educativos que fossem verdadeiramente bilíngues também foram escassos.

Através do materiais analisados, foi possível inferir que a qualidade dos materiais digitais disponíveis variam muito de material para material. A busca de vídeos trazem uma maior facilidade de encontrar materiais que utilizam a Libras com língua de instrução e atribuem de certa forma, mas não a necessária, a centralidade à Libras.

Enquanto os jogos perdem muito neste sentido, a Libras por vezes assume um papel de coadjuvante da Língua Portuguesa, mostrando também nos jogos, a política de subtração linguística que há no Brasil.

Pouco foi visto nos materiais sobre um pensamento de elaboração através da Libras e no que é próprio da cultura surda que refletisse no resultado final do material.

Pelo contrário, podemos ver materiais pensados por meio da Língua Portuguesa e da cultura dominante e adaptados de forma precária para o trabalho com a Libras. O

55 exercício de elaboração e produção de um vídeo ou jogo próprio para os surdos demanda um enorme planejamento e principalmente reflexão. É necessário tirarmos o olhar de ouvinte e pensarmos no material que será produzido por meio se como o surdo irá se relacionar e ter acesso ao material. Refletir sobre aspectos visuais e de conteúdo, o que pode facilitar e o que pode dificultar na relação com o material e ir ajustando essas necessidades. Materiais que foram analisados e carregam nome de grupos e ou instituições que se dedicam ao estudo e produção próprio para os surdos demonstraram avanços mas ainda deixam a deseja em diversos aspectos, como a centralidade da Libras.

Apesar das limitações encontradas nos materiais analisados, de certa forma, eles trabalhavam a relação de ambas as línguas, mesmo que de forma precária. As possíveis adaptações e mediações que o professor pode realizar que dará a possibilidade de tais materiais auxiliarem no processo de aquisição de ambas as línguas, mas sem mediação e adaptação este processo não se completa.

Os materiais de apoio à aprendizagem digitais precisam de grandes avanços para se tornarem materiais que possam de fato ser incluídos no repertório de apoio à aprendizagem. É necessário incentivo do governo e das empresas para a produção de materiais de qualidade, que partam de um estudo aprofundado da cultura surda e das especificidade educacionais da educação bilíngue para que tenhamos materiais verdadeiramente bilíngues para surdos.

Referências

ANDREIS-WITKOSKI, S.; DOUETTES, B. B. Educação bilíngue de surdos:

implicações metodológicas e curriculares. In Educação de surdos em debate, 1 ed. Curitiba: Ed. UTFPR, 2014. p. 41-50.

ANDREIS-WITKOSKI, S.; FILIETAZ, M. R. P. A interface entre apropriação da linguagem por sujeitos surdos e a língua de sinais. Revista Sinalizar, Goiânia, v.4.

2019.

ANUNCIAÇÃO, A. S.; NASCIMENTO, I. P. T.; SOUZA, W. P. A. O jogo como recurso didático metodológico na alfabetização da criança surda. Anais V CONEDU...

Campina Grande: Realize Editora, 2018.

ATIVIDADES EDUCATIVAS. Libras. s.d. Disponível em: <https://www.atividadesedu cativas.com.br/index.php?procurar_por=libras>. Acesso em: 03 nov. 2021.

BATISTA, A. C.; CANEN, A. Multiculturalismo e o campo da surdez: dialogando acerca das identidades e culturas das pessoas surdas. Espaço, n. 38, Rio de Janeiro, jul./dez. 2012, p. 19-29.

BARBOSA, E. R. A. Materiais didáticos impressos e digitais de ensino de português como segunda língua para alunos surdos. Revista de Ciências Humanas, vol. 18, n.1, jan./jun. 2018.

BENCHIMOL, A. C. Educação Bilíngue. In: Bilinguismo, educação bilíngue e escolas bilíngues. 2011.p.13 -15. Monografia (Graduação em Pedagogia) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

BRASIL. Decreto n° 5.626, de 22 de Dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n°10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei n° 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: 24 nov. 2021

BRASIL. Lei n. 13.146, de 6 de Julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em:

24 nov. 2021

BRASIL. Lei n.10.436, de 24 de Abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Disponível em:

CABELLO, J.; NOGUEIRA, A. Tecnologias digitais e práticas de linguagem:

reflexões sobre uma experiência com crianças surdas. Revista Espaço, n. 46, Jul./Dez. 2016. p. 179- 196.

CRUZ, D. C. Experiência de criação de materiais didáticos para surdos: o uso de fotografia e vídeo na escola. Revista Espaço, n. 46, Jul./Dez. 2016. p. 233 - 244.

DOANI, E. B. Playlist Português. In: Sala 8. Youtube. Campinas, c2017. Disponível em: <https://w ww.youtube.com/c/Sala8/playlists>. Acesso em: 03 nov. 2021.

FELIPE, T. A. Política pública para inserção da libras na educação de surdos.

Revista Informativo-Científico Espaço, Rio de Janeiro, INES, N.25/26, jan./dez. 2006, p.33-47.

___________. Bilinguismo e educação bilíngue: questões teóricas e práticas pedagógicas. In Fórum permanente do INES. Rio de Janeiro: INES, divisão de estudos e pesquisas, 2012.

___________. Bilinguismo e surdez. Trabalhos de linguística I aplicada, Campinas, (14),jul./dez., 1989a, p. 101-112.

___________. Por uma proposta de educação bilíngue. Revista espaço- INES, Rio de Janeiro, INES, divisão de estudos e pesquisa V. n.2,1992a, p. 75-92.

GALASSO, B. J. B et. al. Processo de Produção de Materiais Didáticos Bilíngues do Instituto

Nacional de Educação de Surdos. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v.24, n.1, Jan./Mar.

2018, p.59-72.

GESSER, A. A língua de sinais. In Libras? que língua é essa?. Parábola; 1ª edição, 2015, p.11-25.

GIL, A. C. Como classificar as pesquisas. In. Como elaborar projetos de pesquisa.

4. ed., São Paulo, Atlas, 2002, p.17-57.

LEBEDEFF, T. B.; SANTOS, A. N. Objetos de aprendizagem para o ensino de línguas: vídeos de curta-metragem e o ensino de Libras. RBLA, Belo Horizonte, v.

14, n. 4, 2014, p. 1073-1094.

LINS, H.; CABELLO, J. Reflexões sobre a relação de crianças surdas com um recurso digital para a apropriação de língua portuguesa escrita em ambiente escolar. Revista Espaço Pedagógico, v. 26, n. 2, Passo Fundo, Maio/Ago. 2019, p.

577-595.

LOPES, E. S. et. al. Políticas Públicas e Organizações na Educação do Surdo. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, Nov-Dez. de 2016, vol.10, n.32, p.

228-244.

LOURENÇO, E. A. G. Bilinguismo para surdos e inclusão escolar: a busca por um caminhar articulado. In: MARTINS, E.; CANDIDO, R. M. Na trilha da inclusão:

deficiência, diferença e desigualdade na escola. São Paulo: Alameda, 2017. p. 57-84.

_________________. Bilinguismo para surdos: das conquistas legais às suas garantias. In Educação bilíngue para surdos. Coord. Érica Aparecida Garrutti de Lourenço. - 1. ed. - São Paulo: Alameda, 2017. p. 17-32.

LOURENÇO, E. A. G.; COELHO, L. D. J. Contribuições de práticas colaborativas no desenvolvimento linguístico e cultural de crianças surdas por meio da literatura infantil. In: SILVA, Rosane Aparecida Favoreto da; HOLLOSI, Marcio.

Educação de Surdos, linguagens e experiências. Uberlândia: Navegando, 2021. p.

155-174. Disponível: https://www.editoranavegando.com/livro-educacao-de-surdos.

NASCIMENTO, L. C. R.; LIZ, A. P. C. Jogos digitais no ensino da língua portuguesa para crianças surdas. In: Revista Periferia, v.9 n.1 jan-jun 2017, p.263-289.

PEREIRA, M. C. C. O ensino de português como segunda língua para surdos:

princípios teóricos e metodológicos. In: Educar em Revista, Curitiba: Editora UFPR, n. 2/2014, p. 143-157.

QUADROS, R. M. O bi do bilingüismo na educação de surdos In: Letramento, bilinguismo e educação de surdos. Orgs A. Lodi, A. Mélo e E.Fernandes. 2ª ed. Porto Alegre. Mediação, 2015, p.187-200.

QUADROS, R. M. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre:

Artmed, 1997, p. 21-33.

QUADROS, R. M; SCHMIEDT, M.L.P. Ideias para ensinar português para alunos surdos. Brasília: MEC/Seesp, 2006.

ROJO, R.; MOURA, E. Letramentos. In. Letramentos, mídias, linguagens.1. ed. São Paulo: Parábola, 2019, p. 11-27.

SÁ-SILVA, J. R.;ALMEIDA, C. D.; GUINDANI, J. F. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. In. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais, Ano I - Número I - Julho de 2009.

SANTOS, E.R. O ensino de língua portuguesa para surdos: uma análise de materiais didáticos. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012.

SILVA, G. M.; GUIMARÃES, A. B. C. Materiais didáticos para o ensino de português como segunda língua para surdos: uma proposta para o nível básico.

In: GONÇALVES, L. (Org.) Português como língua estrangeira, de herança e materna:

abordagens, contextos e práticas. Roosevelt, New Jersey: AOTP/ Boavista Press, 2016, p.79-96.

Documentos relacionados