• Nenhum resultado encontrado

1 O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO E SUA IMPLEMENTAÇÃO EM

2.4 A implantação do PME e o Macrocampo Acompanhamento Pedagógico nas

2.4.3 Considerações sobre a análise dos dados

Nesta seção, destacaremos alguns aspectos, pensados a partir dos grupos focais, entrevista, diário de bordo e tecendo algumas relações com questões evidenciadas no capítulo I, que julgamos importantes para a construção de nosso PAE.

Observamos que há o reconhecimento da importância do PME e dos monitores do Macrocampo Acompanhamento Pedagógico – Orientação de Estudos e Leitura, na superação das dificuldades dos alunos. Apesar de os alunos da escola Y, por exemplo, criticarem a atuação dos monitores por darem ênfase apenas na disciplina Língua Portuguesa, enquanto que os alunos da escola X, talvez por terem a liberdade de trazerem suas tarefas para serem auxiliados pelos monitores do PME, destacaram a importância da interação no processo de aprendizagem como forma de motivação na busca de novos conhecimentos.

Percebemos, também, que os alunos da escola X apresentam uma visão geral das atividades e dos assuntos trabalhados no PME e conseguem transferir a aprendizagem para a vida prática, algo que pode ter sido provocado pelo ensaio de vivenciar no PME ações de forma interdisciplinar, como foi descrito no capítulo I. Fato que não pôde ser observado na escola Y. Com isso, há a necessidade de introduzir nas escolas, de forma mais sistematizada, projetos interdisciplinares com o objetivo de vivenciar ações que envolvam a sua prática.

Outro aspecto importante que percebemos foi que é preciso elevar a autoestima dos alunos, fato que parece contribuir para despertarem o gosto pelos estudos e realizarem suas atividades com mais prazer.

Apesar de não termos encontrado nenhum registro do acompanhamento da aprendizagem dos alunos que participam do PME, nem mesmo da escola de modo geral, a não serem as notas bimestrais, observamos sinais de que isso deve ser feito, pois, de acordo com indícios, a escola Y apresenta como critério principal de

adesão o desempenho do aluno e a escola X possui alunos que acreditam que são auxiliados em seus rendimentos. Então parece haver a necessidade de monitorar e avaliar, no decorrer do ano ou das atividades do PME, esse desempenho, fato que nos leva a propor um protocolo para acompanhar a aprendizagem dos alunos no programa.

Como vimos, na proposta do PME, pautada na reorganização do tempo e do espaço escolar, foi notório que as escolas não conseguem utilizar o tempo disponível no contraturno. A escola Y realizava suas atividades em três dias, atualmente executando-as em dois dias (terça e quinta). E a escola X, que iniciou seu programa em quatro dias, passou a utilizar três dias na semana. Além disso, a disponibilidade de espaço se agrava na escola X, onde se verifica uma constante organização e reorganização do mesmo em busca de um lugar adequado para as atividades, fato evidenciado pelas crianças no grupo focal e na descrição do caso no capítulo I.

No que se refere ao posicionamento dos professores em relação ao fracasso escolar, predomina a ideia de que ele é produzido por fatores externos às escolas, como as políticas que são implementadas. Eles se colocam como vítimas do sistema, que se apresenta desumano, não dando oportunidades a todos de forma igual; não conseguem perceber as avaliações externas como uma aliada de seu trabalho, um instrumento que pode indicar em que nível de aprendizagem se encontra os alunos, o que nos deu indícios de que os resultados dessas avaliações não são utilizados por eles e, de certa forma, são “forçados” a compactuar com ações que podem influenciar nos resultados para a escola ganhar prêmios (escola Y).

Pareceu-nos claro, também, que os professores se sentem sobrecarregados, buscam culpados para o fracasso que vai desde as políticas educacionais, má gestão (escola X) até pelas famílias e alunos que não se interessam pelo processo de aprendizagem; porém destacam a importância do envolvimento da gestão de forma democrática nas atividades escolares; precisam de auxílio em seus afazeres pedagógicos, especificamente na questão do planejamento, no que diz respeito à concepção, execução e monitoramento dos resultados das avaliações. Nesse contexto, é importante que a gestão pedagógica se empenhe cada vez mais no sentido de orientá-los e acompanhá-los, pois indiretamente observamos que eles se sentem, muitas vezes, coagidos, tímidos, sem saber o que fazer para “despertar” no

aluno o gosto em aprender e mostrar bons resultados. Além disso, a gestão pedagógica pode ser voltada para ajudar a introduzir as atividades do programa no currículo escolar, visto que não há interligação entre as atividades do PME com as atividades do ensino regular.

Entretanto, apesar de se sentirem sobrecarregados, de modo geral, os professores demonstraram que conhecem e utilizam as mais variadas formas de instrumentos e técnicas, na tentativa de elevarem a aprendizagem e como maneira de avaliarem os alunos, porém notamos que há certa resistência e/ou falta de compreensão por parte dos mesmos diante da forma empregada pelo sistema no tratamento ou na realização das avaliações internas, sejam elas paralelas, contínuas, qualitativas e/ou quantitativas, objetivas e/ou discursivas. O fato é que não compactuam com a atribuição de notas às avaliações qualitativas, pelo menos da forma como é exigido pela coordenadoria de Parintins, visto anteriormente.

Assim como os alunos, vale ressaltar que os professores reconhecem a importância do PME, porém, na sua visão, o Programa pode servir como uma ferramenta para identificar os múltiplos saberes dos alunos, diagnosticar habilidades que não são detectadas nas aulas do ensino regular, mas que podem ajudar nas avaliações dos mesmos. Além disso, reconhecem que a escola ainda é o lugar mais seguro e pode servir de proteção social às crianças e aos adolescentes que se encontram em vulnerabilidade e área de pobreza. Porém, o programa precisa receber a devida atenção por parte da gestão, dos professores, enfim, de toda a comunidade escolar, para que o “passar mais tempo” na escola seja efetivo em seu crescimento e desenvolvimento intelectual e social.

Interessante observar também, em meio à reflexão sobre a importância do PME no ambiente escolar, que, apesar de reconhecerem a importância do PME, os professores reconheceram que precisam se inteirar mais sobre o programa e que falta informação e comunicação. Destacam o reforço como atividade do programa, que não é bem aproveitado, que não há acompanhamento dos resultados e que podem ajudar na implementação do programa, desde a escolha dos monitores até na orientação dos mesmos como forma de interligar as atividades do PME às suas funções pedagógicas.

Por fim, outro aspecto importante é que os professores da escola X reconhecem que os alunos aprendem de forma diferenciada e que sentem prazer

em ir para as atividades do Programa, confirmando assim o que foi evidenciado pelos alunos da referida escola.

Diante de todo esse contexto teórico e a análise de dados, entendemos que há necessidade de introduzir ou intensificar os debates nas escolas sobre os assuntos que envolvem a educação. No caso de nosso trabalho, destacamos que a necessidade de debate está relacionada às concepções sobre o fracasso escolar, como forma de romper com ideias que contribuem para seu surgimento e permanência no contexto escolar, principalmente no que se refere às avaliações e como os professores as concebem e, ao mesmo tempo, como tratam a questão do erro em suas avaliações.

Esses debates precisam ser direcionados para que os sujeitos escolares possam contribuir com suas ideias e, ao mesmo tempo, despertar o comprometimento com as ações escolares, visto que a responsabilidade da Educação é de todos; e a participação é um dos princípios para que se solidifique a gestão democrática e, consequentemente, a construção de uma Gestão Pedagógica sólida, com trocas de conhecimento em busca da aprendizagem dos alunos.

Os grupos focais, a entrevista e o diário de bordo permitiram a identificação de que se mantém a crença de que a ajuda da família é de fundamental importância para o desempenho dos alunos; que há necessidade de haver maior interação entre o coordenador, o monitor e os professores do ensino regular; assim como a melhoria da relação entre monitor e participantes do PME. É preciso que as escolas se reorganizem com o objetivo de terem em vista os caminhos a serem seguidos em busca de efetivar a aprendizagem dos alunos, fato que só poderá ocorrer a partir de um planejamento mais compromissado entre os sujeitos escolares.

Diante disso, é necessário traçar ações que estejam voltadas para amenizar esses e outros problemas que atingem diretamente a implantação do PME nas escolas e, consequentemente, auxiliar os coordenadores a melhorarem sua atuação pedagógica com o intuito de ajudar na superação do Fracasso Escolar.

Enfim, é necessário que as escolas passem por um aprofundamento maior nas discussões coletivas desse tema no nível institucional, procurando identificar os condicionantes na comunidade escolar, as possibilidades de superação e o planejamento de ações e objetivando a construção do sucesso escolar. Assim, podemos concluir que, ao melhorar as ações do coordenador pedagógico do PME, elas serão melhores planejadas e consolidadas através do Macrocampo

Acompanhamento Pedagógico e, possivelmente, avançaremos em direção ao êxito escolar. Por isso, acreditamos que, a partir do aprimoramento e da execução das atividades propostas no Plano de Ação (capítulo III), poderemos avançar e aprimorar as condições de aprendizagem dos alunos.

3 PLANO DE AÇÃO ESTRATÉGICO (PAE): UMA PROPOSTA EM BUSCA DO