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Historicamente, as organizações de pequeno porte continuamente cumpriram uma função respeitável no desenvolvimento de um país, em virtude de concentrar um amplo número de colaboradores, transformando-se em formadores de mão de obra para empresas de médio e grande porte (PREVIDELLI; MEURER, 2005).

Segundo o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) (2015), a taxa total de empreendedorismo para o Brasil foi de 39,3% e no ano de 2016, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) (2016), as Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) ativas correspondem a 91,5% do total de empresas ativas no Brasil.

Isso significa que o nível de importância atribuído no Brasil às pequenas empresas é alto, e graças ao seu potencial de geração de emprego é que as empresas estão atualmente no centro das atenções (PREVIDELLI; MEURER, 2005).

O empreendedorismo, por mover grande parte da economia e assim contribuir com o desenvolvimento do País, tem atraído muito interesse tanto no meio acadêmico quanto em discussões econômicas.

A função do empreendedorismo no desenvolvimento econômico abarca mais do que somente o aumento de produção e renda per capita, abrange também começar e compor alterações na estrutura do negócio e da sociedade (BAGGIO;

BAGGIO, 2014).

O empreendedorismo é abrir os olhos do indivíduo para o aproveitamento integral de suas potencialidades racionais e intuitivas. É a investigação do autoconhecimento em processo de aprendizado contínuo, propenso a novas experiências e novos modelos (BAGGIO; BAGGIO, 2014).

Baggio e Baggio (2014) ainda afirmam que para ser empreendedor não basta haver habilidades técnicas e administrativas. É importante ter, além disso, habilidades empreendedoras. Estas habilidades relacionam-se com a gestão de mudanças, liderança, inovação, controle pessoal, capacidade de correr riscos e visão de futuro.

Para Pombo (2016), o empreendedor está associado ao desenvolvimento econômico, que por sua vez tem como característica o processo de destruição

criativa, ou seja, trata-se de destruir o velho para se criar o novo, estando assim em constante inovação.

Logo, a inovação é um fator de sobrevivência das MPE’s e instrumento necessário para que elas aumentem sua participação na economia brasileira, consolidando posições no mercado interno e assegurando maior participação no mercado internacional (BESANKO; DRANOVE; SHANLEY, 2000).

A partir do contexto abordado, em 2008 surgiu o programa Agente Local de Inovação (ALI), fruto de uma parceria entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).

O ALI possui o objetivo de promover a prática continuada de ações de inovação nas empresas de pequeno porte, por meio de orientação proativa, gratuita e personalizada, visando mudanças que gerem impacto direto na gestão empresarial, na melhoria de produtos e processos, e na identificação de novos nichos de mercado para os seus produtos.

As orientações são realizadas por bolsistas do CNPq que trabalham como agentes, sendo estes capacitados pelo SEBRAE para visitar e acompanhar um conjunto de empresas definidas pelo próprio SEBRAE, apresentar soluções, e oferecer respostas às demandas do negócio.

O programa também oferece acompanhamento in loco, acompanhamento continuado, acompanhamento customizado e especializado, e acompanhamento gratuito (SEBRAE Nacional, 2016).

Segundo o SEBRAE do Paraná (2015), as empresas aptas a participar são aquelas dos setores da indústria, comércio, ou serviços com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões de reais e que não participam de projetos coletivos do SEBRAE.

O programa é dividido nas seguintes etapas: sensibilização, adesão, diagnóstico empresarial, radar da inovação, devolutiva, matriz SWOT (ou FOFA) + Plano de Ação, e o início do plano de ação junto com o monitoramento do plano.

Através das soluções apresentadas por meio do plano de ação, esperam-se modificações que acarretem efeitos positivos e diretos na gestão empresarial do negócio. Tais ações propostas podem vir a ser geradoras de vantagem competitiva para as empresas, todavia não há até o momento um estudo que venha a explorar

se as ações fazem, de fato, um diferencial na competitividade das organizações frente ao mercado.

Diante do exposto o trabalho de conclusão de curso buscou responder a seguinte pergunta de partida a fim de constatar e analisar se as ações do programa trouxeram competitividade para as empresas: As ações do programa ALI contribuíram para melhoria das MPE’s em termos de potencial de gerar vantagem competitiva?

1.1. OBJETIVOS DO ESTUDO 1.1.1. Objetivo Geral

Avaliar se as ações do programa ALI contribuíram para a melhoria das MPE’s em termos de potencial de gerar vantagem competitiva.

1.1.2. Objetivos Específicos

a) Identificar as contribuições do programa ALI para as MPE’s analisadas;

b) Descrever os recursos e capacidades relacionados às ações do ALI das MPE’s analisadas com base nos modelos teóricos;

c) Avaliar o potencial dos recursos e capacidades relacionados às ações do ALI de gerar vantagem competitiva

1.2. JUSTIFICATIVA

Diante da atual conjuntura econômica que o Brasil se encontra, caracterizado pela crise econômica e política gerando impacto negativo em todos os segmentos de mercado, as grandes empresas são forçadas a desempregarem milhares de trabalhadores, forçando os mesmos a procurar novos meios de renda, seja empreendendo por necessidade ou por oportunidade (SOUZA-JUNIOR; LEVY, 2016).

Nesse cenário, de forma a contribuir através da implementação da inovação, procurando formar micro e pequenas empresas competitivas no mercado, surge o Programa Agente Local de Inovação.

Assim, ao analisar a função dos agentes enquanto capacitadores de empresas visando à inovação e a mudança positiva na gestão empresarial pode-se frisar que o programa visa também à aproximação dos empresários das micro e pequenas empresas com os provedores de soluções como o SEBRAE, tornando-as mais competitivas.

A abrangência a respeito da avaliação e estudo do ALI ainda é recente, mas que mostra potencial de relevância para a sociedade já que traz uma proposta pertinente de melhoria de gestão organizacional, trazendo alguns pesquisadores que escreveram sobre o assunto como Carvalho et al. (2015), Dalcomuni (2013), Silva e Silva (2015), Álvaro (2015), Prazeres e Oliveira (2015), Soares e Costa (2015), Alencar e Coutinho (2015), e Dias e Oliveira (2015). Apesar de já haverem artigos examinando o ALI, nenhum propôs analisar se as estratégias sugeridas têm o potencial de gerar vantagem competitiva.

Cabe ressaltar que o estudo é importante na medida em que trata da análise após a ação do programa nas empresas, algo ainda não realizado. Isso porque não há acompanhamento posterior aos 24 meses de passagem do ALI nas organizações, descrevendo, por exemplo, se o programa trouxe realmente benefícios para as empresas e quais seriam eles.

Outro aspecto a ser colocado é a importância do nicho a ser pesquisado, que são os escritórios de contabilidade. Esse nicho representa 0,71% das MPE’s ativas de contabilidade em 2016 no Rio Grande do Norte (RN) segundo o portal empresômetro (CNC, 2016) das MPE’s (ferramenta que fornece estatísticas, contabiliza a abertura e fechamento das pequenas empresas, mostra o regime tributário e também a localização de todos os empreendimentos ativos) desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

Ainda, esse nicho corresponde a 2,53% das empresas do setor de serviços do estado do RN e gerou 2.364 empregos em 2013 segundo dados do Data SEBRAE (plataforma online e gratuita ideada para apoiar empreendedores, empresas e políticas públicas onde é possível encontrar indicadores econômicos e sociais, além de dados sobre pequenos negócios divididos em região, estado e município) (SEBRAE, 2016). Além disso, é considerado a maior parte das MPE’s que os ALI’s tiveram contato no último ciclo de 2014 – 2016 e, assim, a coleta de

dados foi mais rica por conter maior número de escritórios de contabilidade envolvidos.

Além do fato de ser um setor de grande importância para grande parte das organizações, pois os clientes das empresas contábeis são a maioria das organizações que solicitam seus serviços por possuírem know how com questões financeiras, tributárias e fiscais.

Portanto, a presente pesquisa veio a atender aos interesses dos empreendedores e da sociedade acadêmica como um todo, ao fornecer subsídios que ajudam a constatar e a trazer informações referentes aos benefícios reais do Programa ALI e se os mesmos influenciam as MPE’s em termos de potencial de gerar vantagem competitiva no mercado.

Deste modo, o estudo realizado demonstrou seu senso prático, uma vez que enfatizou a importância dos aspectos relacionados à implementação e avaliação dos efeitos da gestão da inovação sobre as pequenas empresas.

Além disso, o pesquisador também possui relativo interesse pelo tema, pois enquanto universitário e estagiário do SEBRAE/RN teve a oportunidade de conhecer o Programa ALI, o que despertou profundo interesse em adquirir maior conhecimento acerca do programa tendo em vista o seu objetivo fim.

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO

Para resumir as discussões exibidas neste trabalho de pesquisa de forma apropriada, é importante apresentar como o mesmo está estruturado. Logo, o trabalho está organizado em três capítulos, cada qual com suas respectivas seções, descritas da seguinte forma:

a) O primeiro capítulo é composto pela contextualização e problemática da pesquisa, os objetivos gerais e específicos e a justificativa, em que são apresentados.

b) O segundo capítulo trata da fundamentação teórica, sendo composta por duas seções, cada qual com suas subseções, em que, na primeira delas, aborda-se a Inovação, na segunda, aborda-se a Vantagem Competitiva, na

terceira, fala a respeito da Resource Based View(RBV), e a última, sobre o modelo VRIO (Valor, Raridade, Imitabilidade, Organização).

c) O terceiro capítulo trata dos Procedimentos Metodológicos, revelando o tipo de estudo e sua abrangência, o plano de coleta de dados e o modelo de análise de dados que será aplicado à pesquisa.

d) O quarto capítulo é o ápice do trabalho, pois fala a respeito da análise de dados coletados nas entrevistas com as empresas do ramo de contabilidade.

Está dividido em três subseções, sendo uma para cada empresa.

e) O quinto capítulo são as considerações finais, e nele é realizado uma síntese dos elementos constantes no texto ao longo do trabalho, unindo ideias e fechando as questões apresentadas na introdução do trabalho, além de responder se a pesquisa sanou o problema inicialmente proposto, e se ampliou a compreensão sobre o mesmo ou se foram descobertos outros problemas.

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