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Contribuir para facilitar e uniformizar a utilização de um dado instrumento de recolha de dados sobre AF, no nosso país, em prol do progresso de posteriores investigações,

ESTUDO EMPÍRICO

4) Contribuir para facilitar e uniformizar a utilização de um dado instrumento de recolha de dados sobre AF, no nosso país, em prol do progresso de posteriores investigações,

bem como da divulgação da relevância da Atividade Física como fator promotor da saúde.

Para tal, é necessário conhecer melhor a realidade da prática de AF pelos docentes: que tipo de AF desenvolvem, quem a desenvolve e quais os condicionantes que se destacam.

Assim, buscando maior objetividade, procurou-se que o estudo respondesse às seguintes questões:

i) Qual a posição do corpo docente para com a prática de Atividade Física?

ii) Haverá uma relação direta entre o nível de Atividade Física e o nível de Qualidade de Vida dos docentes?

iii) Que fatores, pessoais e profissionais, poderão exercer alguma influência no nível de AF dos docentes?

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4.3-OPÇÕES METODOLÓGICAS

Para desenvolver a presente investigação, optou-se pelo estudo de caso focalizado na população docente de um agrupamento vertical.

O estudo de caso é caraterizado por Bogdan e Biklen (1994), como a um método de pesquisa que possibilita o conhecimento detalhado de um determinado objeto de estudo, no seu próprio contexto.

Trata-se, por conseguinte, de uma abordagem de carácter social, a qual, segundo Gil (1999), pode ser entendida como um processo formal e sistemático, cujo objetivo primordial consiste em descobrir respostas para problemáticas, mediante o emprego de procedimentos científicos, permitindo, assim, obter novos conhecimentos.

Segundo Godoy (1995), não deve esquecer-se, no entanto, neste tipo de investigação, que durante o processo, “o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida deve ser a preocupação essencial do investigador”(p 63).

Deste modo, pode afirmar-se que os estudos de caso podem contribuir para compreender fenómenos sociais complexos, constituindo uma “estratégia privilegiada quando (…) o investigador tem pouco controlo sobre os acontecimentos e quando o foco está sobre fenómenos contemporâneos localizados em contextos da vida real” (Yin, 1994, p. 1).

4.4-MÉTODO DE RECOLHA DE DADOS

Procurando encontrar formas de recolher informações suscetíveis de concorrer para a resposta às questões supracitadas, contribuindo para uma visão mais clara sobre as formas de estar dos docentes do agrupamento, quanto à Atividade Física, procedeu-se à seleção de métodos de recolha de dados.

Como assinalam Camões e Lopes (2008) a medição dos níveis de Atividade Física constitui uma mais-valia, mas, também, um desafio. É essencial rigor e objetividade bem

_______________________________________________________________________- 52 - como uma escolha adequada do método de avaliação, em função do que se pretende medir, ou da população-alvo, entre outras variáveis a considerar.

Além dos métodos tecnológicos, que podem ser aplicados para medir o dispêndio da AF, como é o caso dos frequencímetros, dos acelerómetros e dos podómetros, outros existem, de teor bem diferente: os inquéritos por questionário. A vantagem, neste caso, situa-se numa perspetiva mais global de conhecimento que vai para além da mensuração de um momento de AF e permite perceber os comportamentos e maneira de estar perante a AF.

Cohen e Manion (1990) e Gómez et al. (1999) consideram que o questionário é uma técnica de recolha de dados empregue em pesquisas quantitativas numerosas, para as quais se torna difícil a colocação direta das questões pelo investigador.

Assim, o recurso ao inquérito pode ser uma vantagem a considerar, quando fatores como dificuldades de tempo ou de distância entre o investigador e os inquiridos carecem de ser equacionados.

O inquérito é apresentado à população-alvo sob a forma de um questionário composto por uma listagem de questões que podem ser mais ou menos estruturadas, bem como mais abertas à diversidade de respostas dos inquiridos, ou, pelo contrário, de resposta mais sintética e direta.

Quando se escolhe uma técnica de investigação é essencial ter presentes as suas vantagens mas também as suas limitações.

De acordo com Quivy e Campenhoudt (1998), as principais vantagens do inquérito por questionário prendem-se com a capacidade de quantificação de dados provenientes de grandes amostras e possibilidade de correlacionar várias variáveis. Contudo, segundo os autores, esta técnica também apresenta algumas limitações como a superficialidade das respostas, a individualização dos inquéritos e a fragilidade da credibilidade de todo o processo de recolha de dados.

Atualmente, existe uma grande variedade de questionários, com vista à medição do nível de Atividade Física: focalizados em determinados fatores; distintos no período de tempo que pretendem avaliar; ou, entre outros, pela forma de recolha dos dados.

Deste modo, fez-se uma profunda pesquisa para selecionar o questionário que se afigurava mais adequado ao contexto e ao tipo de investigação.

_______________________________________________________________________- 53 - Para facilitar o estudo e assegurar o seu rigor, validade e fiabilidade, pretendia-se utilizar um instrumento já validado, nomeadamente, um dos dois únicos questionários traduzidos e validados em língua portuguesa: o Questionário de Atividades Físicas Habituais de Baecke (Questionnaire of Habitual Physical Activity-BQHPA) e o questionário IPAQ (International Physical Activity Questionnaire- Questionário Internacional da Atividade Física).

Sendo que o IPAQ se localiza num contexto temporal mais estrito (uma semana), a escolha recaiu na versão em português do Brasil, para ser usada online, do Questionário de Atividades Físicas Habituais de Baecke (Checa, 2010), que não condiciona os docentes num horizonte temporal mas, antes, lhes dá liberdade para referirem as suas opiniões e práticas de uma forma mais livre, quanto a hábitos gerais de vida. Paralelamente, este questionário também é referido como prático e válido por vários autores, nomeadamente em estudos em língua portuguesa (Guedes et al., s./d.)

O questionário BQHPA online foi validado por Checa (2010), considerando que, deste modo, contribui para facilitar este processo de inquérito aos docentes.

O autor refere que a colocação online do questionário constitui um agente facilitador para os investigadores, mas sê-lo-á, também, para os próprios participantes nos estudos, ou seja, os respondentes. Concretamente a sua própria investigação demonstrou o grau de adesão dos respondentes a este tipo de apresentação do inquérito, face ao inquérito tradicional impresso.

Do ponto de vista de Checa (2010), questões como a economia de tempo e de dinheiro na distribuição e na recolha dos questionários somam-se à facilidade da recolha de dados das respostas.

Para Escola (2005, 2011), é inegável a relevância atual dos meios de comunicação digitais e das suas ferramentas tecnológicas, enquanto agentes facilitadores da comunicação – e da comunicação à distância, em particular. Assim, recorreu-se à construção e distribuição do questionário por correio eletrónico através da ferramenta disponibilizada pelo Google docs, tendo por base o modelo de Checa (2010) – o qual, por sua vez, se apoiou na matriz desenvolvida por Baecke et al. (1982), ou seja, no questionário BQHPA.

Por sua vez, Sardinha et al. (2009) referem este instrumento (BQHPA), como vantajoso na medida em que possibilita realizar uma avaliação mais global do nível de AF dos

_______________________________________________________________________- 54 - indivíduos. Para o efeito, leva os inquiridos a refletirem sobre a sua maneira de estar na vida, indo para além do mero questionamento sobre desportos, ou exercício físico. Assim, o questionário avalia os padrões de Atividade Física procurando identificar o índice de AF dos indivíduos através da análise das respostas relativas a três diferentes contextos: trabalho, exercício físico e momentos de lazer).

Também para Ono et al. (2007), o Baecke Questionnaire ou Questionário de Baecke, é um instrumento curto e de fácil utilização, conclusão corroborada por um recente estudo nacional (Almeida e Ribeiro, 2014).

O questionário original, designado Habitual Physical Activity Questionnaire (HPAQ), de Baecke et al. (1982), teve origem na Holanda e foi publicado em 1982 sendo, também designado por BQHPA. Está estruturado de forma quali-quantitativa, consistindo numa escala de autopreenchimento, constituída por 16 itens, a qual procura avaliar a atividade física habitual em três níveis de atividades físicas dos últimos 12 meses. Leva em atenção o ponto de vista dos inquiridos em relação às suas atividades físicas e é de fácil entendimento e preenchimento.

O instrumento tem sido empregue em pesquisas epidemiológicas num contexto mundial: Delvaux et al. (2001); Evenson et al. (2002); Guillemin (1995); Misigoj-Durakovic. et al. (2000); Pereira et al. (1999).

O questionário BQHPA online (em Anexo 5) subdivide-se em três grupos de questões, de acordo com temáticas específicas de análise: questões 1 a 8, relativas ao conhecimento da Atividade Física nas Atividades no Trabalho, ou Atividade Física Ocupacional (doravante designada como AFO/Work índex); questões 9 a 12, dedicadas ao conhecimento das diferentes práticas de Atividade Física pelos inquiridos, fora do âmbito profissional, na área desportiva (AFD/Sports Index); e questões 13 a 16, igualmente focalizadas em comportamentos e atitudes fora do contexto laboral, mas na área de lazer e locomoção (AFL/Leisure-time índex.)

Em cada grupo de questões, correspondente a cada contexto, há lugar a uma classificação pontuada tendo por base os níveis de AF de Ainsworth et al. (2000): 1) inativo; 2) moderadamente ativo: 3) ativo; 4) muito ativo. Para o efeito, em cada uma das questões das três partes que compõem o questionário BQHPA, os respondentes optam por uma das respostas possíveis. A cada opção de respostas, por sua vez, está associada uma pontuação codificada mediante uma escala Lickert de 5 pontos, com exceção da ocupação profissional e

_______________________________________________________________________- 55 - da modalidade de desporto praticada8, sendo que os níveis de classificação são obtidos através de perguntas específicas, onde os níveis inferiores representam o menor nível de atividade física realizada pelos respondentes (Voorrips et al., 1991).

Posteriormente, o somatório das pontuações específicas em cada uma das perguntas permitirá calcular e identificar índices de AFO; AFD; e AFL. Finalmente, com base nesses níveis parcelares, será possível determinar o nível de Atividade Física Habitual (AFH, ou Scores of Physical activity) dos docentes respondentes, conforme se indica seguidamente:

O nível de AFH também é um indicador importante por avaliar todos os aspetos das atividades físicas em conjunto, salientando que dois estudos internacionais recomendam sua utilização. Delvaux et al. (2003) e Pols. et al. (1996).

A Figura 5, abaixo, permite observar a fórmula usada para a pontuação supramencionada.

Figura 5 - Fórmula de cálculo do Índice de AFH

Fonte: Baecke et al. (1982, p. 942)

Será, ainda, de mencionar que, apesar de grande parte das investigações considerarem a fiabilidade e a adequação do BQHPA online, há a destacar algumas falhas no mesmo, nomeadamente, alguma falta de rigor na utilização da escala de Lickert: questões com cinco itens de resposta e outras com apenas três; há, também, questões que utilizam a ordem decrescente da numeração injustificadamente atribuindo um valor baixo a situações em que

8 Em Anexo 4, pode ver-se a versão original dessa pontuação.

_______________________________________________________________________- 56 - tal não deveria acontecer, desviando e comprometendo, por isso, os resultados. É o caso, por exemplo, das respostas às questões 2 e 4, respetivamente: “No trabalho eu sento-me: *Escala/Palavras Chave: 1- nunca; 2- raramente; 3- algumas vezes; 4- frequentemente; 5- sempre e “No trabalho eu ando: *Escala/Palavras Chave: 1- nunca; 2- raramente; 3- algumas vezes; 4- frequentemente; 5- sempre (Anexo 4).

Assim, este instrumento não oferece ao avaliador um protocolo de classificação categorial fiável obrigando à utilização de recursos adicionais, na área de estatística, como se evidencia mais adiante.

O mesmo é referido por Guariglia et al. (2007), que, não deixando de identificar vantagens ao questionário, assinala a falha na correspondência dos resultados com a classificação em termos de níveis de Atividade Física: “um importante aspeto que torna difícil sua análise é a falta de um critério de classificação dos escores obtidos […] por falta de um referencial validado como critério de análise dos escores resultantes do questionário” (p. 261).

Em função dos objetivos do estudo, além de procurar mensurar os níveis de AF, deveria proceder-se, também, à avaliação da QDV. No entanto, cientes das dificuldades do preenchimento de dois questionários em simultâneo por uma classe docente assoberbada de tarefas burocráticas, e que tal poderia conduzir à desmotivação para responder ao inquérito, optou-se por não juntar o questionário de avaliação da QDV. Ainda assim, tomou-se a liberdade de recorrer a algumas das questões do WHOQOL-bref consideradas mais pertinentes e incluí-las numa parte prévia, de caraterização dos respondentes.

Desta maneira, são preliminares do inquérito questões de caraterização, como o nível e setor de ensino/departamento curricular e questões direcionadas para fatores considerados por diversos investigadores (referidos na primeira parte deste estudo) como determinantes no tipo e nível de AF: i) o apuramento do género e idade dos respondentes; ii) existência e número de dependentes a cargo.

São, igualmente, incluídas nesta fase prévia algumas questões relacionadas com a QDV, em geral e na vertente da saúde: i) Como avalia a sua qualidade de vida?; ii) Quão satisfeito(a) está com a sua saúde?; iii) No seu dia-a-dia, sente necessidade de algum tratamento médico para desenvolver a vida?

_______________________________________________________________________- 57 - Quanto a procedimentos de ética, no caso da presente investigação, a realização do estudo, a sua divulgação e o pedido de colaboração para o mesmo foram realizados pelo órgão de gestão. Seguidamente o inquérito foi apresentado aos docentes do agrupamento em suporte digital, tendo sido realizado o seu preenchimento online (Anexo 5).

Reconhecendo a validade das conclusões de diversos investigadores, como é o caso de Anderson e Kanuka (2003), que consideraram a entrevista com um método único na recolha de dados, por meio do qual o investigador reúne informações através da comunicação entre indivíduos, o presente inquérito é complementado por uma entrevista à diretora, no sentido de conhecer as suas perceções da realidade docente, quanto à Qualidade de Vida e à Atividade Física.

Deste modo, a referida entrevista permitirá fazer o contraponto entre os resultados do inquérito e respetivas conclusões e as opiniões do órgão de gestão.

A entrevista pode ser de tipo mais, ou menos estruturado, mais ou menos diretivo. Uma entrevista estruturada é similar a um questionário, apenas divergindo quanto à presença do investigador. Assim, são colocadas numerosas perguntas diretas visando obter respostas igualmente diretas e possibilitando uma recolha de informações o mais completa possível sobre um assunto restrito.

A entrevista não estruturada, por sua vez, apenas tem por base a colocação de um tópico de conversa. Por último, a entrevista semi estruturada, ou guiada, pressupõe um guião orientador das questões a serem colocadas mas sem a exigência de rigor na sua sequência de apresentação.

Neste estudo de caso, optou-se pela realização de uma entrevista semiestruturada, (cujo guião se apresenta em Anexo 6).

Quanto às questões, seguiu-se a orientação de Burgess (1997), o qual refere a importância de que sejam claras, objetivas e que possibilitem a livre expressão da entrevistada.

Quanto às questões, Burgess (1997) cita Spradley que identificou três tipos principais. As primeiras deverão ser descritivas, começando por aquelas em que o entrevistado dá conta da sua atividade; depois, questões relacionadas com a experiência pessoal; questões que ajudam a conhecer um contexto, ambiente físico ou atividade pela palavra dos entrevistados; questões que nos patenteiam as suas conceções particulares, a sua definição de conceitos e de

_______________________________________________________________________- 58 - exemplos; questões estruturais, procurando conhecer a maneira de pensar dos entrevistados e que podem apoiar-se em princípios ou em modalidades de perguntas; e, finalmente, questões de contraste que possibilitam a livre exposição de opiniões pessoais e a comparação de situações e acontecimentos das suas vivências.

A orientação da entrevista realizada à diretora do agrupamento procurou seguir, de algum modo, esta estrutura: a pergunta inicial visa conhecer a sua experiência do cargo (questão 1); segue-se um conjunto de questões, constituindo o corpo da entrevista (questões 2 a 7), dedicadas ao desenvolvimento das suas ideias, acerca da profissionalidade docente – ora solicitando uma retrospetiva, ou sinopse histórica da profissão docente (questão 2); ora possibilitando a recolha de dados direcionada para as questões da investigação, em consonância com o teor do questionário Baecke (questões 3 a 6); ora, ainda, auscultando as suas justificações para os resultados (questão 7). Finalmente, a última questão solicita uma posição pessoal, crítica e de propostas, quanto ao futuro das práticas de Atividade Física (questão 8).

Tratando-se de um guião, as questões não possuem uma ordem rígida, mas apenas guiam o investigador no sentido de um fio condutor e orientador. Não foi esquecida, porém, a necessidade de atenção à maneira como são formuladas as questões.

Como assinala Burgess (1997), há que ter atenção à forma como são construídas as perguntas, de forma clara, objetiva, direcionada para a recolha de informações pertinentes para a investigação e ao seu conteúdo, evitando perguntas embaraçosas, pouco claras, ou que antecipem/orientem possíveis respostas.

4.5-ANÁLISE E TRATAMENTO DE DADOS

Após a recolha de informação procede-se ao tratamento dos dados.

A análise de dados consiste na atividade do investigador em dar sentido à informação que recolhe de molde a responder às questões de investigação, ocupando lugar de destaque a análise de conteúdo dos dados recolhidos.

_______________________________________________________________________- 59 - No caso do inquérito, segue-se uma abordagem predominantemente quantitativa, a qual envolve o tratamento de informações quantificáveis, apoiada em recursos estatísticos.

Pretende-se, desta forma, analisar, comparar e interpretar as respostas dos professores ao questionário. Todavia, sendo o objetivo primordial, direcionado para os docentes do agrupamento, pretende-se divulgar os resultados obtidos, como forma de lançar a discussão e contribuir para que os docentes equacionem a implementação de mudanças nos seus hábitos de vida.

Assim, optou-se por não recorrer ao tratamento estatístico tendo por base o Statistical Package for Social Science (SPSS), mas antes apresentando, o mais possível, os resultados obtidos, de uma forma simples e acessível a não-especialistas na área.

Desta maneira, os dados vão sendo apresentados, no seguimento das questões inscritas no questionário Baecke online (Checa, 2010). Tal não invalida, porém, que sejam efetuadas correlações simples, nomeadamente cruzando dados relativos à caraterização dos docentes com respostas ao questionário de AF, propriamente dito.

Não invalida, ainda, que, sempre que considerado pertinente para a clareza dos resultados do estudo (nomeadamente devido às falhas do BQHPA mencionadas no ponto anterior deste capítulo dedicado à metodologia da investigação), se recorra a técnicas específicas de estatística descritiva. Procede-se, nomeadamente, a técnicas como a média, a mediana, quartis e desvio padrão – alguns dos parâmetros estatísticos usados para caracterizar/descrever uma população ou uma amostra, permitindo mostrar valores médios dos resultados e, no caso do desvio-padrão, para medir a variabilidade dos dados, ou dispersão em relação à média tomando como princípio que um desvio padrão baixo, indica que os dados tendem a estar próximos da média e que um desvio padrão alto indica que os dados estão mais espalhados por uma gama de valores.

Os quartis relacionam-se com a mediana. Assim, enquanto esta corresponde ao valor que divide a amostra ao meio (ou seja, corresponde a 50%), os quartis, 1.º e 3.º, definem-se de forma idêntica à mediana, mas considerando em vez da percentagem de 50%, respetivamente 25% para o 1º quartil, Q1, e 75% para o 3.º quartil, Q3. O Q4 corresponde à totalidade, ou seja, 100%.

_______________________________________________________________________- 60 - Este recurso da estatística descritiva permitiu a classificação dos respondentes quantos aos diversos níveis de Atividade Física: Muito Ativo, Moderadamente Ativo, Ativo e Inativo, em função da determinação dos respetivos valores (superior e inferior) e do seu intervalo.

Quanto ao desvio-padrão, Pimentel-Gomes (2009), considera que o coeficiente de variação (CV) deve ser interpretado da seguinte forma: CV ˂ 10% revela uma baixa dispersão dos dados relativamente à média e, consequentemente, que o grau de fiabilidade de uma amostra será alto; CV de 10% a 20%, indicam que a dispersão e a precisão dos dados é média; CV de 20% a 30%, evidenciam que a dispersão dos dados é alta; CV ˃ 30%, significará que a dispersão dos dados relativamente à média é muito alta e a precisão da amostra é muito baixa.

A análise dos dados do questionário foi efetuada através dos programas informáticos mais recentes do Microsoft Office, Professional Edition.

Quanto ao tratamento da entrevista, realizou-se a respetiva análise de conteúdo, de forma a retirar as informações que se evidenciaram importantes.

De acordo com Quivy e Campenhoudt (1998), a análise de conteúdo “oferece a possibilidade de tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e de complexidade” (p. 226).

Possibilita, também, dar cumprimento ao requisito de tratamento dos dados de uma forma mais pessoal e, assim, “satisfazer harmoniosamente as exigências do rigor metodológico e da profundidade inventiva, que nem sempre são facilmente conciliáveis” (Quivy e Campenhoudt, 1998, p. 227). Ainda segundo estes autores, a análise de conteúdo é especialmente usada para abordar de forma rigorosa e objetiva dados que, à partida, são subjetivos.

No caso da presente investigação, procurou-se evidenciar informações suscetíveis de concorrer para corroborar, ou, pelo contrário, para rebater resultados e conclusões advindas do tratamento de dados do questionário.

Em síntese, destacou-se das palavras da entrevistada, um conjunto de informações, a