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No entendimento do Superior Tribunal Federal (STF), a Convenção 158, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), não pode ser integrada ao direito positivo do País nos dispositivos em que proíbe a demissão sem justa causa e obriga a reintegração dos empregados dispensados. Com base neste entendimento, o STF concedeu liminar na ADIN -1480-3-DF, com a prerrogativa de suspender os efeitos da Convenção Internacional nº 158 das OIT, sob a justificativa de que o dispositivo internacional em seu art. 1º, estava agredindo uma norma constitucional vigente previsto em seu art. 7º inc. I,38 como também, o que prevê o art. 10, inc. I39

do ADCT da CF/88, é o que explica a denúncia da Convenção Internacional nº 158 da OIT, comentado por Alice Monteiro de Barros:

Perdemos grande oportunidade de assegurar uma tutela efetiva ao emprego, quando o Brasil ratificou a Convenção Internacional nº 158 da OIT, em 1996. Infelizmente, o Governo brasileiro denunciou esta norma internacional no mesmo ano, tendo o STF concedido liminar na ADIN-1480- 3-DF suspendendo os efeitos da referida Convenção. Afirmavam alguns que ela era incompatível com o art. 7º, I, e com o art. 10, I, do ADCT da Constituição vigente, pois esses dispositivos exigiam lei complementar para regulamentar a matéria. Outros afirmavam que ela regulamentava o término da relação de trabalho pelo empregador, e não a dispensa arbitrária ou a indenização compensatória. De acordo com art. 1º do citado instrumento internacional, dever-se-ia dar efetividade aos dispositivos por

38 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua

condição social:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

39 Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I da Constituição:

I – fica limita a proteção nele referida ao aumento para quatro vezes, da porcentagem prevista no art. 6º, caput e § 1º, da Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966. Dispositivo atualmente em vigor: Art. 18, $ 1º, da Lei 8.036, de 11/05/1990. § 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de 1997).

lei nacional, salvo quando aplicada por meio de convenção coletiva, laudo

arbitral ou sentença judicial.40

A concessão de liminar se deu com base em dispositivos do Texto Constitucional de modo a afastar qualquer outra forma de interpretação, e desconsiderando o caráter meramente programático das normas da Convenção, que as julgue auto-aplicáveis, ferindo assim os princípios da Constituição.

De tudo que foi visto, o objetivo principal é lançar um instrumento de pesquisa compilado, onde encontramos opiniões relevantes que dizem respeito à jurisprudência brasileira na seara do Direito do Trabalho, mais precisamente ao acesso à ordem jurídica justa, onde se preze pela concretização da tutela jus- trabalhista, prestada de forma razoável em favor do possuidor do direito protegido em lei, respeitando-se, sobretudo, a condição de hipossuficiência do trabalhador e das normas de proteção que o cercam, assim como a observância à aplicação dos dispositivos paralelos como o CPC, LICC e CDC, como suplemento da omissão existente na Consolidação das Leis do Trabalho quanto à competência e ao procedimento das demandas trabalhistas para tornar efetiva a prestação jurisdicional.

O Direito Brasileiro procura, dentro do ordenamento jurídico trabalhista, garantir direitos do trabalhador exposto sob duas formas, o quais chamamos de Direitos Indisponíveis e Direitos Disponíveis, os indisponíveis não encontram possibilidades de negociação entre empregado e empregador, uma vez que existem para atender a uma necessidade de ordem pública, já os disponíveis podem ser objeto de negociação. No contexto dos conflitos individuais de trabalho, a indisponibilidade do direito gera uma limitação objetiva à vontade do patrão e do trabalhador, de maneira que a solução, que se pretende válida do ponto de vista jurídico, não pode contemplar renúncia, ato unilateral de quem é portador de um direito que é inegociável e tende a comprometer todo o ordenamento jurídico e a estabilidade social nas relações que envolvem capital e trabalho.

Com o advento da Lei 9.958, de 12/01/2000, que cria a Comissão de Conciliação Prévia, que veio para melhorar o cenário onde envolve as negociações dos conflitos individuais trabalhistas na busca de vantagens resultantes das relações trabalhistas, que tragam a possibilidade de consolidar um novo modelo de pacificação dos conflitos, tornando-se mais ágeis e mais cooperativos, mas para isto, necessário se faz, mobilizar todos os esforços administrativos para divulgar e incentivar o instituto conciliatório entre os seus principais interessados, empregadores e empregados.

O principal objetivo desta Lei concentra-se em viabilizar e sustentar o sistema de solução extrajudicial de conflitos trabalhistas, para oferecer ao trabalhador e ao empregador a possibilidade de resolver, de forma alternativa, controvérsias trabalhistas, sem demora e de baixo custo, sempre focando os interesses no desenvolvimento da cultura negocial das relações de trabalho, quando lhe é dado condição para resolução e conciliação dos conflitos individuais do trabalho sem a necessidade de intervenção do poder judiciário, que se reserva para os casos mais complexos desde que não resolvidos no âmbito da Comissão de Conciliação Prévia, só assim, uma das grandes vantagens de adoção do método alternativo é desafogar a Justiça do Trabalho, bem como, possibilidade de solução dos conflitos de forma mais rápida, estímulo à negociação entre as partes e também, menor despesas para os envolvidos no conflito.

Da forma como prevê a Lei 9.958, de 12/01/2000 a competência da Comissão de Conciliação Prévia ficou muito restrita, pois só atribuição legal de conciliar os conflitos individuais de trabalho, ficando assim, excluídos os conflitos de natureza coletiva, que venham tratar de condições de trabalho fixados aos

empregados de uma empresa ou de uma categoria, ou de ordem pública ligadas à segurança e a saúde no trabalho.

O que ainda faltou na competência da Comissão de Conciliação Prévia, é que ela está limitada a prestar assistência ao trabalhador na rescisão de contrato de trabalho firmado a menos de um ano, vez que essa assistência, da qual resulta a homologação dos rescisórios, somente é reconhecida quando prestada pelo sindicato profissional ou pela autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego41 e, na falta destes, pelas autoridades mencionadas no 3º do art. 477 da CLT.42

Estas considerações finais têm o propósito de procurar refletir no âmbito da Justiça do Trabalho a proposta de estudos de redefinição da competência da Comissão de Conciliação Prévia para funcionar como órgão arbitral que tenha o encargo de decidir a controvérsia. Assim, enquanto o conciliador facilita o acordo constituído pelos próprios envolvidos na disputa, o árbitro define a sentença para solução do conflito, podendo ser chamada de sentença arbitral.

No nosso ordenamento jurídico existe distinção entre conciliação e arbitragem, uma vez que a Lei 9.958/00 deu apenas competência à estas Comissões de conciliar conflitos trabalhistas.

41 Art. 477. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do

respectivo contrato, e quando não haja eIe dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direito de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa.

§ 1º O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho.

42 Idem. § 3º Quando não existir na localidade nenhum dos órgãos previstos neste artigo, a

assistência será prestada pelo Representante do Ministério Público ou, onde houver, pelo Defensor Público e, na falta ou impedimento destes, pelo Juiz de Paz.

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