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Os registos desempenham várias funções, na sala, não estão lá meramente para encher as paredes. Uma das suas funções é a comunicação. Ao entrarmos numa sala com registos, podemos obter diversas informações sobre aquele grupo, as suas vivências, as suas aprendizagens. Os registos são como uma memória coletiva, que nos ajudam também a divulgar e a comunicar com as famílias e outros membros da comunidade educativa. Além da comunicação os registos permitem a atribuição de significado à escrita e a sua utilização em contexto, permitem o contacto com a escrita. Fazemos registo para comunicar com os outos, para não nos esquecermos.

Por último saliento a importância dos registos no âmbito da temática deste relatório, a avaliação e planeamento. Através da construção de um registo com as crianças, é possível verificar o que foi significativo, o que aprenderam, o que reterão sobre determinado assunto, sendo possível, deste modo avaliar com elas as suas aprendizagens. Com os registos, que deste modo, constituem uma forma de avaliação, é possível partir para uma planificação.

Registo de aprendizagens sobre as moscas

As aprendizagens que realizamos sobre as moscas, bem como os processos para chegarmos as essas aprendizagens, ficaram registados na sala. Este registo figura 38 foi feito em pequeno grupo, com as crianças, que o desejaram fazer. Nele estavam descrito os processos da recolha de informação bem como as respostas, das questões colocadas pelas crianças. A sua construção gerou naturalmente conversas, em que as crianças iam revivendo e relatando o processo de aprendizagem. Depois de terminado, este registo foi apresentado a todo o grupo e afixado na sala.

A construção de registos com as crianças permite-lhes, que tomem consciência de si como aprendentes, permite-lhes reviver os processos de aprendizagem. Esta tomada de consciência de como realizam o seu processo de aprendizagem, o que aprenderam, como aprenderam permite-lhes desenvolver capacidades organizativas, formas de aprender, ou

- 115 - seja, aprender a aprender.

Depois de colocado na parede da sala a crianças procuravam o registo, falavam na mosca, no que estavam a fazer nas fotografias. Mesmo no final da PES este registo continuava a ser procurado pelas crianças, para mostrarem aos pais, referindo muitas vezes “a mosca”.

Registo da lista de compras para a confeção de bolachas

Para recebermos os pais no dia do pai, decidimos fazer umas bolachas de chocolate. Combinamos um dia para irmos às compras, na mercearia do bairro do nosso colégio. Surgiu então a necessidade de fazer uma lista de compras. Uma das crianças mostrou-se logo interessada nesta tarefa. Com o meu apoio, realizou o registo da lista de compras para irmos à mercearia. Ficou tão contente com a sua produção, que não a queria largar, questionei-a se queria apresentar aos colegas, ao que me respondeu logo que sim. Com a minha mediação a criança apresentou a lista de compras ao restante grupo. As crianças mais velhas mostrar-se muito atentas e interessadas nesta comunicação, as crianças pararam e escutaram, e a criança apesar de inicialmente estar um pouco tímida, ao longo da comunicação foi progressivamente mostrando-se mais confiante e segura.

A construção deste registo contribuiu para a atribuição de significado da escrita, para a vivência de uma experiência autêntica, mas não só. Para a criança a construção deste

- 116 - registo teve um sabor especial, tanto durante a sua construção como na apresentação ao grupo. A criança sentiu-se competente e tomou consciência de si como aprendente, foi capaz de comunicar ao restante grupo o que aprendeu. A criança já tinha demonstrado várias vezes interesse sobre a escrita e as suas funcionalidades, rabiscando os registos da higiene, querendo estar sempre presente na construção de registos, escrevendo, mas neste dia o seu envolvimento foi elevado, o seu sorriso na cara dizia tudo.

Isto foi possível, porque olhamos a criança como capaz e competente. As OCEPE (Silva et al., 2016) referem “O reconhecimento da capacidade da criança para construir o seu desenvolvimento e aprendizagem supõe encará-la como sujeito e agente do seu processo educativo, o que significa partir das suas experiências e valorizar os seus saberes e competências únicas, de modo a que possa desenvolver todas as suas potencialidades” (p.9).

Registo da canção da primavera

A canção da primavera era muitas vezes cantada, nas sessões de expressão musical pelo professor. As crianças do grupo apreciavam muito cantar esta canção, que apresentava uma variação no último verso de cada estrofe, gostávamos de brincar com esta variação e cantar a canção sempre de maneira diferente. Sugeri então, fazermos o registo da letra da canção, com a particularidade de a última palavra da estrofe ser representada por uma

- 117 - imagem, e de esta ser destacável com fita de velcro, para podermos mudar, sempre que assim o quiséssemos.

Questionei o grupo sobre como queriam decorar a folha do registo, responderam-me que queriam pintar com lápis, dei algumas sugestões, mas foi esta a decisão das crianças. E assim foi. Alguns adultos ao entrar na sala estranhavam este registo, achando que as crianças tinham feito os desenhos por cima do que eu escrevi, quando na verdade fui eu que escrevi por cima o que eles me foram ditando. Apesar do seu aspeto parecer estranho aos adultos, este registo foi dos mais apreciados pelo grupo, acabando por não resistir à sua abundante utilização, por parte das crianças.

O registo foi apresentado pelas crianças ao professor de expressão musical, que também expressou agrado, por ver continuidade e ligação

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