• Nenhum resultado encontrado

6.1 A corrente e o movimento das cargas:

Quando submetemos um fio condutor a uma determinada diferença de potencial, automaticamente tal condutor es- tará sujeito a um campo elétrico E . Tal campo atuará sobre os elétrons livres dos átomos que compõe o condutor, fazendo com que os mesmos sofram um deslocamento na direção do campo elétrico. Assim se tomarmos uma sec- ção transversal do fio, como representado na figura  6.1 teremos uma certa quantidade de carga (∆Q) atravessando

esta área (A) em um determinado intervalo de tempo (∆t). Assim a corrente elétrica será definida como sendo

I  = ∆Q

∆t   (6.1)

Figura 6.1: Fio condutor submetido a uma diferença de potencial

.

a unidade no SI  é o Ampère onde [I ] = C/s = A. Quando a diferença de potencial é retirada, o campo

elétrico cessa automaticamente, consequentemente a corrente elétrica torna-se nula, pois não haverá uma corrente liquida de cargas em uma única direção, a energia dos elétrons é consequência da agitação térmica apenas, uma representação simplificada pode ser vista na figura  6.2.

Figura 6.2: Fio condutor acoplado com uma bateria que gera uma tensãoV   com a chaveS  aberta. Perceba o movimento aleatório dos elétrons, provavelmente gerado pela agitação térmica.

Exercício:

Considerando um circuito onde passa uma corrente elétrica de 5mA em um determinado condutor metálico. Qual a quantidade de elétrons que atravessa a secção transversal deste condutor em 1s?

48 CAPÍTULO 6. CORRENTE ELÉTRICA E CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA (CC):

6.1.1 Sentido da corrente elétrica:

Sabemos que a mobilidade de carga elétrica está associada aos elétrons de um átomo. Assim temos cargas negativas em movimento no interior de um fio metálico. No entanto, por convenção, a corrente elétrica em circuitos é orientado no sentido oposto ao movimento das cargas negativas. A representação correta em um circuito é então mostrada na figura 6.3

Figura 6.3: Representação da direção da corrente elétrica em um circuito elétrico.

6.2 Resistência e Lei de Ohm:

Levando em consideração que a corrente elétrica I  está na mesma direção do campo elétrico   no interior do

condutor. Desta forma, a corrente I  percorre um segmento de fio de um potencial maior V a até um potencial menor V b. Se o fio tiver um comprimento ∆L a diferença de potencial elétrica pode ser calculado como sendo

V  = V a

V b =  E 

·

∆L   (6.2)

a razão entre a diferença de potencial "V "e a corrente "I "denomina-se de resistência elétrica.

R = V 

I    (6.3)

A unidade no SI  é o "Ohm"(Ω), onde 1Ω = 1V 1A.

A resistência elétrica dos materiais é uma função dimensões e das características atômicas que definirá o que denominamos de resistividade dos materiais. Se a resistividade for constante a resistência é uma constante, consequentemente a relação entre a tensão e a corrente destes materiais tem um comportamento linear, para este tipo de material denominamos de Materiais Ôhomicos. Caso a relação entre a tensão e a corrente não tenha um comportamento linear, denominamos o material de Material não Ôhomico.

Figura 6.4:  (a) Curva I 

 ×

V  para um elemento resistivo com comportamento Ôhmico. (b) Curva I 

 ×

V    para um elemento resistivo não

ôhmico.

A resistência elétrica de um elemento metálico é calculado levando em consideração o seu comprimento  L

a área A e a resistividade ρ a partir de,

R = ρL

6.2. RESISTÊNCIA E LEI DE OHM: 49 Em alguns casos prefere-se calcular a condutividade elétrica que é definida como o inverso da resistividade. A unidade da condutividade é dada por (Ωm)−1denominado de Simiens (

S ). A condutividade ou resistividade dos materiais depende da temperatura do elemento resistivo. Em muitos materiais a relação entre ρ e T  é linear e pode

ser calculado a partir da resistividade a temperatura ambiente (20o).

α = (ρ

ρ20)/ρ20

c

20   (6.5)

Aquiαrepresenta o coeficiente de temperatura para um determinado material. A tabela  6.1 traz alguns coeficientes

de temperatura e resistividade de elementos utilizados no cotidiano em circuitos elétrico e componentes eletrônicos. Material Resistividade ρ(20oC ) Coef. Térmico α(20oC )

Cobre 1, 7

×

10−8 Ωm 3, 9

×

10−3 K −1 Ferro 10

×

10−8Ωm 5, 0

×

10−31 Alumínio 2, 8

×

10−8 Ωm 3, 9

×

10−3 K −1 Silício   640Ωm

7, 5

×

10−2 K −1

Tabela 6.1: Tabela de Resistividades Elétricas

Exercício:

Um fio de Nichrome (ρ = 10−6Ωm) possui um raio de

 0, 65mm. Que comprimento desse fio

é preciso para que se obtenha uma resistência de 2, 0Ω? (Resposta: L = 2, 65m)

Comercialmente os fios são fabricados em dimensões padronizadas. O diâmetro da secção transversal circular de um fio é identificado pro um número, o Calibre com valores maiores para diâmetros menores. A tabela

6.2 apresenta as características dos fio para cada dimensão.

Calibre Diâmetro (mm) Área (mm2)

4 5, 189 21, 15 6 4, 115 13, 30 8 3, 264 8, 366 10 2, 588 5, 261 12 2, 053 3, 309 14 1, 628 2, 081 20 0, 812 0, 517

Tabela 6.2: Tabela de referência e calibres

Exemplo:

Calcule a resistência por unidade de comprimento de um fio de cobre calibre 14.

Solução: Vamos calcular a resistência por unidade de comprimento utilizando

R = ρL A

queremos calcular a razão R

L, assim

R L =

ρ A

utilizando os valores da tabela 6.2 temos

R L = ρ A = 1, 7

×

10−8 2, 08

×

10−6 = 8, 17

×

10 −3 Ω/m

Grande parte dos resistores encontrados nos equipamentos são de carbono, que apresentam uma resistência alta. Para facilitar a identificação, os resistores são vendidos com um código de cores que identificam o valor de sua resistência. A seguir será apresentado um exemplo simples baseado na figura  6.5.Para fazer a leitura da resistência devemos fazer o seguinte procedimento: A leitura deve ser feita a partir da linha mais próxima da extremidade do resistor. As duas primeiras linhas indicam um numero entre 00 até 99. A terceira linha irá indicar o expoente do fator que deverá ser multiplicada pela dezena formada anteriormente  10x. A quarta linha indica a tolerância do

50 CAPÍTULO 6. CORRENTE ELÉTRICA E CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA (CC): resistor, caso não esteja presente a tolerância é de 20%. Utilizando a figura 6.5 o valor da resistência é 33

×

100Ω,

ou seja, 33Ω. Para exercitar você pode acessar www.areaseg.com/sinais/resistor.html.

Figura 6.5: Resistor com a codificação de cores.

6.3 Energia nos Circuitos Elétricos:

Quando um condutor fica sujeito a uma diferença de potencial (d.d.p) os elétrons os responsáveis pela corrente elétrica adquirem energia cinética que rapidamente é dissipada em forma de calor. Este mecanismo de dissipação recebe o nome de Efeito Joule. O cálculo da variação da energia potencial pode ser escrita na forma

∆U  =

∆Q(V b

V b)   (6.6)

onde V a e V b estão relacionados a diferença de potencial entre dois pontos de um condutor cilíndrico com área de secção transversal "A"e ∆Q a quantidade de carga que se desloca em um intervalo de tempo ∆t, o sinal negativo na equação acima é devido a diminuição da energia devido a dissipação. Para calcular a taxa de variação de energia em função do tempo, tomamos

∆U ∆t = ∆Q

∆t

·

V  = I V    (6.7)

a potencia dissipada é então

P  = I V    (6.8)

utilizando a Lei de Ohm V  = RI  podemos reescrever esta última na forma P  = I V  = I 2R = V 

2

R   (6.9)

6.4 Força Eletro Motriz () e Baterias:

Existem duas principais forma de gerar uma determinada d.d.p. Uma é através de um processo químico, dispo- sitivos que funcionam baseado neste processo denominamos de Baterias. Caso a energia elétrica seja gerada por

energia mecânica, denominamos de Geradores. A diferença de potencial gerada por uma bateria é denominado

de Força Eletro Motriz (

). No entanto, em uma bateria real, nem toda

 produzida é liberada ao circuito. Uma

parcela deste valor é "gasta"pela própria bateria ou gerador para o seu funcionamento, para representar este gasto inserimos no circuito uma resistência interna r em série com a bateria, com isso podemos ter duas representações

de fontes de tensão, as ideais e as reais como apresentadas na figura 6.6.

6.5. ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES: 51

Figura 6.6: (a) Bateria Ideal onde a queda de potencial no resistor é igual a FEM gerada pela fonte. (b) Bateria real, onde a queda de potencial sobre o resistor é diferente da FEM produzida pela bateria. Nesta figura r é a resistência interna da bateria.

P  =

I    (6.10)

Para uma bateria real, podemos calcular a diferença de potencial entregue ao circuito através de

V  =

E −

Ir   (6.11)

onde

 E 

 é a FEM produzida pela bateria e I r = V d é a tensão dissipada devido ao funcionamento da bateria. O cálculo da corrente em um circuito contendo uma bateria real pode ser feita a partir da associação de resistores em série. A expressão para a corrente I  é dada por

I  =

R + r   (6.12)

uma forma de representar a especificações de uma bateria é através do valor Ampère-hora (Ah) onde

1Ah = (1C/s)(3600) = 3600C 

6.5 Associação de Resistores:

A prática de substituição de diversos resistores em circuitos elétrico é comum. Existem duas possibilidades de combinar resistores em m circuito elétrico, associação em série e em paralelo, a seguir iremos analisar cada uma das situações.

6.5.1 Associação em série:

Considere o circuito representado na figura 6.7.

Figura 6.7: Associação de resistores em série

Nesta situação a queda de potencial em cada um dos resistores pode ser calculado com

V 1 =  R1I 

52 CAPÍTULO 6. CORRENTE ELÉTRICA E CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA (CC): onde foi considerado que a corrente I  em cada um dos resistores é a mesma. A tensão total dever ser a soma das

tensões em cada um dos resistores, de forma que

V  = V 1 + V 2

Podemos substituir os dois resistores do circuito da figura 6.7 por um único resistor equivalente, que submetido ao mesmo potencial V  dever gerar a mesma corrente I . Desta forma

V  = ReqI    (6.13)

ou ainda

V 1 + V 2 =  ReqI    (6.14)

substituindo V 1 e V 2 encontramos

R1I  + R2I  = ReqI 

Req = R1 + R2   (6.15)

6.5.2 Associação em Paralelo:

Utilizando o mesmo procedimento anterior e lembrando que neste caso a tensão é a mesma para os dois resistores presentes no circuito da figura ?? encontramos a seguinte expressão para a associação de resistores em paralelo

1 Req = 1 R1 + 1 R2 (6.16)

Figura 6.8: Associação de resistores em paralelo.

6.6 Leis de Kirchhoff:

A figura 6.9 representa um circuito de múltiplas malhas, neste circuito existem algumas fontes e alguns receptores que irão dissipar a energia liberada por elas. Em cada ramo das malhas estão indicadas as direções das correntes que estão circulando neste circuito. Para resolver este tipo de circuito e encontrar as variáveis precisamos utilizar as duas leis de Kirchhoff, que são:

1. Ao percorrer uma malha fechada em um circuito, a soma algébrica das variações de potencial dever ser igual a zero.

2. Em qualquer nó do circuito, a soma das corrente que chegam ao nó dever ser igual a soma das corrente que

saem deste nó.

6.7 Circuitos RC:

Como vimos nas seções anteriores, os capacitores tem a capacidade de armazenar energia elétrica em um circuito elétrico, por outro lado, os resistores tem a capacidade de dissipar energia elétrica a partir do chamado Efeito Joule. Vamos agora associar estes dois dispositivos elétricos em um mesmo circuito e analisar fisicamente e matematicamente as consequências disso. Inicialmente iremos fazer uma análise qualitativa.

6.7. CIRCUITOS RC: 53

Figura 6.9: Circuito de múltiplas malhas onde existe a necessidade de solução a partir das Leis de Kirchhoff.

6.7.1 Carga de um Capacitor:

Considere o circuito representado na figura  6.10, inicialmente o capacitor C 1 está completamente descarregado, ao fecharmos a chave S  uma corrente I  irá fluir no circuito no sentido horário, de modo que, utilizando as Leis de

Kirchhoff temos

Figura 6.10: Circuito RC utilizado para o cálculo da carga e descarga de capacitores.

E −

Ir

Q

C = 0   (6.17)

o primeiro termo é o aumento do potencial elétrico

 E 

, o segundo termo é a queda de potencial no resistor e o terceiro é a queda de potencial no capacitor. Com isso, substituindo neste equação  I  = dQdt vem

E −

RdQ dt

Q

C  = 0   (6.18)

manipulando podemos reescrever na forma

= Q C = R dQ dt   (6.19) ou ainda C 

E −

Q = RC dQ dt   (6.20)

separando os termos para a integração

dQ C 

E −

Q =

dt

RC    (6.21)

integrando a carga de 0 até Q para o intervalo de tempo entre 0 e t, vem

 

Qf  0 dQ C 

E −

Q =

 

t 0 dt RC    (6.22)

Documentos relacionados