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Crimes contra a liberdade sexual

No documento Manual Operacional Do Policial Civil SP (páginas 98-100)

6. Investigação nos crimes contra os costumes

6.2. Crimes contra a liberdade sexual

6.2.1. Estupro

Dispõe o artigo 213 do Código Penal que “constranger mulher a conjunção carnal,

mediante violência ou grave ameaça” constitui crime de estupro, punido com pena de

reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos. A conduta integra o rol dos crimes hediondos, tanto na sua tipificação básica quanto na combinação com o artigo 223, que trata das formas qualificadas, com o conseqüente agravamento das penas.

O artigo 224 diz que presume-se a violência se a vítima não é maior de 14 (quatorze) anos, é alienada ou débil mental e o agente conhecia esta circunstância ou, ainda, não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.

Por tratar-se de crime de ação penal privada, somente se procede mediante queixa. Entretanto, se a vítima ou seus pais não podem prover as despesas do processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da família, ou se o crime

é cometido com abuso do pátrio poder ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador, procede-se mediante ação penal pública.

O artigo 226 prescreve que a pena será aumentada da quarta parte se o crime é cometido com o concurso de duas ou mais pessoas, se o agente é ascendente, pai adotivo, padrasto, irmão, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela e, também, se é casado.

A investigação policial, em casos de estupro, tem como fundamento básico a pre- disposição da vítima em fornecer informações sobre o ocorrido. A descrição, com deta- lhes, do autor do fato, possibilita a elaboração do retrato falado, eficiente meio auxiliar de investigação. A colheita de vestígios, objetos, pêlos, esperma e qualquer outra secreção deixada no local ou nas vestes da vítima, deve ser feita com especial cuidado.

Os resultados dos exames periciais são de grande valia na investigação, especial- mente na individualização dos suspeitos O DNA constitui processo de suma importância nas perícias do gênero.

6.2.2. Atentado violento ao pudor

O artigo 214 do Código Penal descreve o atentado violento ao pudor como o ato de

“constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal”.

O crime é punido com pena de reclusão, de 2 (dois) a 7 (sete) anos, e integra o rol de crimes hediondos. Quando em combinação com o artigo 223, caput, e seu parágrafo único, a pena cominada ao crime é drasticamente aumentada. Aplicam-se as mesmas disposições previstas para o artigo anterior, quanto à qualificação, presunção de violên- cia, ação penal e aumento de pena.

A exemplo do crime do artigo 213, a investigação policial não pode prescindir da disposição da vítima em colaborar para a identificação e prisão do autor do fato. Even- tualmente, outros indícios vêm à tona e são determinantes para orientar a investigação. 6.2.3. Posse sexual mediante fraude

“Ter conjunção carnal com mulher honesta, mediante fraude”, é como a lei define

o crime do artigo 215 do Código Penal, cuja pena é de 1 (um) a 3 (três) anos de reclusão. Todavia, se o crime for praticado contra mulher virgem, menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos, a pena é aplicada em dobro. As formas qualificadas, a presunção de violência, a ação penal e o aumento da pena estão previstas nas Disposições Gerais do Capítulo IV.

Para a investigação policial desse tipo penal, de rara ocorrência, a vítima ou pessoa muito próxima a ela poderão fornecer os elementos que permitam chegar à identificação do autor. Na maior parte das vezes, o autor da fraude é conhecido da vítima e se vale desse fato para ter facilitado seu intento.

6.2.4. Atentado ao pudor mediante fraude

Nos precisos termos do artigo 216 do Código Penal, comete essa infração penal quem induz mulher honesta, mediante fraude, a praticar ou permitir que com ela se

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pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal. O crime é punido com pena de

1 (um) a 2 (dois) anos de reclusão. Se a ofendida é menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14 (catorze), a pena prevista é o dobro daquela.

Vale lembrar que a expressão mulher honesta encontra-se defasada em relação aos costumes atuais, merecendo do policial civil exame particularizado em relação a cada caso concreto.

Crime de ação penal privada, para ele se aplicam as Disposições Gerais do Capí- tulo IV do Código, quanto às formas qualificadas, presunção de violência e aumento de pena.

Relativamente à investigação policial, valem as mesmas observações prescritas para o tipo penal anterior.

6.2.5. Assédio sexual

A Lei nº 10.224, de 15/5/2001, introduziu no Código Penal, no Capítulo dos Crimes contra a Liberdade Sexual, o artigo 216-A, definindo o delito de assédio sexual com a seguinte redação: “Artigo 216-A – Constranger alguém, com intuito de obter vantagem ou

favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena – detenção de 1 (um) a 2 (seis) anos”.

Doutrinadores tecem críticas ao texto da lei, por entenderem que o legislador incor- reu em equívoco, deixando de incluir o assédio por parte de pastor, padre ou professor, por exemplo, fixando-se apenas no aspecto da ascendência decorrente de emprego, cargo ou função.

Damásio E. de Jesus ensina que o sujeito ativo do crime deverá ser, necessaria- mente, superior hierárquico, excluídos aqueles que exerçam a mesma função ou cargo inferior.

Admite-se para o crime, embora não pacificamente, o aumento de pena nos casos previstos no artigo 226 do Código Penal. Questiona-se, também, o fato de ter sido mantida a ação penal como privativa da parte ofendida.

A declaração da vítima e o depoimento de eventuais testemunhas, são elementos fundamentais para a investigação policial.

No documento Manual Operacional Do Policial Civil SP (páginas 98-100)