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Capítulo 3 O Sangue e os Hemocomponentes

3.3 Processo de Doação

3.3.3 Cuidados Pós-Doação

Evitar esforços físicos exagerados no dia, por pelo menos 12 horas. Aumentar a ingestão de líquidos.

Não fumar por cerca de 2 horas e evitar bebidas alcoólicas por 12 horas. Manter o curativo no local da punção por pelo menos 4 horas.

3.3.4 Os testes Pós-Doação

A cada doação são retirados aproximadamente 30 mL de sangue num tubo para a realização dos testes, do qual o doador receberá os resultados no endereço deixado para correspondência. Caso haja alguma alteração no resultado, o doador será comunicado e caso seja necessário será solicitado a repetição dos exames, a fim de confirmar ou não o resultado. Os exames realizados são os seguintes:

Tipagem sangüínea ABO / Rh(D)

Pesquisa de Anticorpos Antieritrocitários Irregulares Testes para Hepatite B, Hepatite C

Doença de Chagas Sífilis

AIDS

HTLV I/II, de acordo com a legislação vigente.

Algumas bolsas podem ser adicionalmente testadas para citomegalovírus e/ou testes complementares para as doenças acima citadas.

Distribuição das infecções e/ou doenças com triagem laboratorial normatizada, de acordo com o ano de publicação da norma específica, está descrita na tabela 3-3.

Figura 3-7: Distribuição das infecções e/ou doenças com triagem laboratorial normatizada, de acordo com o ano de publicação da norma específica.

3.4 O Processamento do Sangue

A hemoterapia moderna baseia-se no uso seletivo dos componentes do sangue. A utilização correta dos diversos hemocomponentes, associados a um maior controle de qualidade nas diversas etapas, desde a coleta até o fracionamento, tem tornado a hemoterapia mais segura e hoje, muitos pacientes são beneficiados com derivados de uma única doação. Embora multiplique também os riscos transfusionais, o fracionamento é sem dúvida uma forma de racionalizar a hemoterapia, diminuindo custos e multiplicando benefícios (CAVALCANTE, 2008).

por seus componentes. A razão para isto está no fato de que conseguimos conservar melhor os hemocomponentes isoladamente. Em uma bolsa de sangue total conservada adequadamente, pouco restará da atividade funcional de suas plaquetas ou leucócitos, transcorridas poucas horas. Separadas, quando fracionadas em sistema fechado e em bolsas apropriadas, podemos armazenar plaquetas por 3 a 5 dias. Concentrados de hemácias em conservante adequado podem ser armazenados por até 42 dias (CAVALCANTE, 2008).

O fracionamento é a separação do sangue em seus diversos componentes para transfusão. As bolsas são colocadas numa centrífuga que gira em uma rotação pré- estabelecida por um período.

A bolsa de sangue será enviada para o setor de fracionamento e será liberada para uso, se os exames laboratoriais forem negativos. Simultaneamente ao fracionamento, as amostras de sangue são encaminhadas ao laboratório do Hemocentro a fim de serem submetidos a exames sorológicos e imunohematológicos. Esses testes são realizados sob rigoroso controle de qualidade e seguem as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. As bolsas de sangue total coletadas podem e devem ser processadas para a obtenção dos hemocomponentes (produtos hemoterápicos obtidos do Sangue total por centrifugação e separação dos elementos constituintes). Esse processamento, que é feito por meio de centrifugação, separa os diversos componentes sangüíneos, possibilitando que o paciente (receptor de uma transfusão de sangue) receba num menor volume, somente o componente sangüíneo do qual necessita (BRASIL, 2004a).

Nesta fase, ou quando a coleta for realizada por aférese (procedimento de separação do sangue total em seus derivados através de equipamentos sofisticados, os componentes são retirados com elevados índices de seletividade e o restante do sangue devolvido ao doador), podem-se obter os seguintes hemocomponentes: concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, concentrado de leucócitos, plasma (plasma fresco congelado/rico, plasma comum/normal/simples/e plasma isento do crioprecipitado) e o crioprecipitado (BRASIL, 2004b). Do plasma ainda obtém-se os hemoderivados (produto obtido através do processamento de pools de plasma obtidos a partir do sangue total), que são o concentrado de fator VIII, concentrado de fator IV, albumina etc., Como é mostrado na figura 3 - 7, tal procedimento permite a otimização do produto possibilitando que mais de um paciente se beneficie de uma única bolsa doada. Cada um desses hemocomponentes, devidamente identificado, será armazenado e permanecerá em quarentena até a conclusão dos exames laboratoriais (tipagem sangüínea e sorologia).

Figura 3-8: Fluxograma do processo de fracionamento do sangue.

3.4.1 Hemocomponentes

Como relata Dantas (2008), o plasma é a parte líquida do sangue. É um líquido viscoso, de tonalidade amarelo pálido ou âmbar, composto por água (90%), proteínas e sais. Os 10℅ restantes correspondem às diversas substâncias, nutritivas necessárias à vida das células, dissolvidas no plasma, como aminoácidos, proteínas, hidratos de carbono, ácidos graxos, pigmentos, vitaminas, eletrólitos, elementos minerais e hormônios. O plasma representa aproximadamente 55% do volume de sangue circulante.

O crioprecipitado (CRIO) é a fração do plasma formado de proteínas insolúveis em temperaturas baixas que formam um precipitado de coloração branca, do qual é preparado a partir do plasma fresco congelado em até 8 horas, que deverá ser descongelado a 4 ± 2º C. Depois de completado o descongelamento, este plasma deverá ser centrifugado à temperatura de 4 ± 2º C e separado do material insolúvel ao frio em circuito fechado. O CRIO resultante deverá ser recongelado em até uma hora após sua obtenção a -20º C e sua

de -30º C sua validade passa a ser de dois anos. O produto final deverá conter 80 unidades internacionais de Fator VIII e 150 mg/dL de fibrinogênio em todas as unidades analisadas. As principais indicações da transfusão de CRIO são no tratamento da hemofilia A, doença de von Willebrand, deficiência de fibrinogênio congênita ou adquirida, deficiência de Fator XIII e complicações obstétricas ou outras.

Os concentrados de hemácias ou eritrócitos são conhecidos como glóbulos vermelhos por causa do seu alto teor de hemoglobina, uma proteína avermelhada que contém ferro. A hemoglobina capacita as hemácias a levar o oxigênio a todas as células do organismo. Elas também levam dióxido de carbono, produzido pelo organismo, até os pulmões, onde ele é eliminado. Existem entre 4,5 milhões a 5 milhões de hemácias por milímetro cúbico de sangue (OLIVEIRA, 2003).

Os concentrados de leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, fazem parte da linha de defesa do organismo e são acionados em casos de infecções, para que cheguem aos tecidos na tentativa de destruírem os agressores, tais como vírus e bactérias. Existem entre 5 mil a 10 mil leucócitos por milímetro cúbico de sangue.

Os concentrados de plaquetas são pequenas células que tomam parte no processo de coagulação sanguínea, agindo nos sangramentos (hemorragias). Existem entre 200.000 a 400.000 plaquetas por milímetro cúbico de sangue.

Os glóbulos vermelhos e a maioria dos glóbulos brancos e plaquetas são produzidos principalmente nas medulas vermelha e amarela. Os componentes do sangue que não se originam nas medulas são produzidos nos gânglios linfáticos e no baço.

Medula é um tecido gelatinoso encontrado no interior dos ossos. No início da vida, a medula está em todos os ossos. Na fase adulta, ela cede lugar à medula amarela, passando a ser encontrada somente nas extremidades dos ossos e no interior dos ossos mais largos.

3.4.2 Armazenamento

A temperatura de conservação e o prazo de validade variam de acordo com o tipo de hemocomponente. O sangue total e o concentrado de hemácias devem ser armazenados em geladeira (temperatura de 2 a 6°C). O período de validade oscila entre 21 a 42 dias, de acordo com o tipo de anticoagulante contido na bolsa. O anticoagulante mais freqüentemente utilizado é o CPDA-1 (Citrato, Fosfato, Dextrose e Adenina), que

proporciona um período de validade de 35 dias a partir da data da coleta do sangue (BRASIL, 2004b).

O plasma fresco congelado e o crioprecipitado devem ser armazenados em freezer (temperatura inferior a -20°C) e têm validade de um ano. Caso seja conservado em temperatura inferior a -30°C, o plasma fresco congelado terá validade de dois anos. Após esse período (um ou dois anos), ele passará a ser considerado como plasma comum e terá, então, a validade máxima de quatro anos. O plasma comum e o plasma isento do crioprecipitado devem ser conservados na mesma temperatura (inferior a -20°C) e têm validade de cinco anos. O concentrado de plaquetas e o concentrado de granulócitos devem ser armazenados em temperatura entre 20 e 24ºC. O primeiro deve permanecer sob agitação constante e tem validade de três a cinco dias, dependendo do tipo de plástico utilizado na confecção da bolsa. O segundo tem validade de apenas 24 horas (BRASIL, 2004b).

Para minimizar a possibilidade de uso de hemocomponentes ainda não liberados para o consumo, os hemocomponentes em quarentena (sem resultados dos exames imunoematológicos e sorológicos) deverão estar obrigatoriamente separados daqueles já liberados para uso (hemocomponentes e exames sem restrições de uso). A liberação para consumo dos mesmos deverá ser feita de forma segura, sendo imediatamente descartados aqueles hemocomponentes impróprios (BRASIL, 2004a).

3.5 Indicações de transfusões

3.5.1. Concentrado de hemácias

É um produto de células vermelhas provenientes da remoção do plasma, por sedimentação ou centrifugação em macrocentrífugas refrigeradas. A retirada do plasma contribui para reduzir algumas reações alérgicas e hemolíticas. O concentrado final ainda contém plasma em pequena quantidade, leucócitos e plaquetas não funcionantes. Cada unidade deste produto administrada a um adulto promove um aumento do hematócrito do paciente em cerca de 3%. O volume do concentrado de hemácias é de aproximadamente 250 mL.

Alguns dos diversos casos de indicações de transfusões de hemácias são:

Hipovolemias: uma das principais indicações para a transfusão de sangue é a

restauração de um volume sangüíneo adequado após a perda de sangue em conseqüência de um sangramento ou traumatismo. Em tais situações, a rápida restauração de volume sangüíneo circulante geralmente é mais importante que a manutenção de uma massa normal de hemácias. Em geral adultos que perdem menos de 20% do seu volume sangüíneo (ou aproximadamente 1 litro) saem-se bem sem transfusão de hemácias, desde que a reposição de fluido seja adequada para manter o volume de sangue circulante e que se evitem perdas adicionais de sangue.

Cirurgias: os médicos devem ser desencorajados de transfundir rotineiramente os

pacientes no pré-operatório com uma leve anemia. A concentração “ótima” de hemoglobina (Hb) para pacientes no pré e pós-operatório depende do quadro clínico do indivíduo. Cada caso deve ser considerado individualmente, levando-se em conta as variáveis como a duração da anemia, o momento do procedimento cirúrgico, a probabilidade de perda de sangue e quaisquer outras características clínicas coexistentes que possam contribuir para a morbidade. Não é possível definir um limite arbitrário para a transfusão.

Anemia: hemácias concentradas freqüentemente são transfundidas no gerenciamento

de vários tipos de anemia. Embora essa etapa possa parecer auto-evidente, é excessivamente freqüente que os pacientes sejam transfundidos para corrigir uma anormalidade laboratorial e não devido a indicações clínicas satisfatórias. A concentração de Hb no sangue ou hematócrito (Ht) isolados não devem determinar a necessidade de transfusão. Adaptações fisiológicas à anemia,compensam num grau significativo a anemia crônica. A decisão de transfundir deve-se basear na consideração da idade do paciente, seu status cardiovascular e respiratório, nível de atividade, sintomas, diagnóstico subjacente e o estado da atividade da medula óssea.

Anemias Hemolíticas: pacientes com anemia hemolítica aguda e crônica podem

necessitar de transfusão de hemácias; freqüentemente, esta necessidade surge no momento de uma crise hemolítica ou aplástica. Tais pacientes muitas vezes estão criticamente enfermos e uma transfusão segura exige redobrada atenção clínica.

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