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Dados relativos à reprovação no estado do Rio de Janeiro

Com o objetivo de entender os resultados das escolas da Rede Estadual e para garantia das metas definidas pela SEEDUC, foi realizado um diagnóstico pela Secretaria de Educação, em 2009, a fim de atender às demandas reais das escolas. A análise desse estudo apontou para a SEEDUC dados sobre a reprovação nas escolas estaduais no ensino médio, como verificamos na Tabela 1.

Tabela 1 - Taxa de reprovação anos 2008 e 2009 – Ensino Médio

ANO TAXA

2008 17,31%

2009 21,70%

Fonte: RIO DE JANEIRO, 2011.

Como se pode verificar, de 2008 a 2009, o percentual de reprovação, nas escolas da Rede Estadual do Rio de Janeiro aumentou de 17,31% para 21,70. Esses resultados foram ponto de partida para a implementação das ações de correção de fluxo.

Em entrevista à Revista Escola Pública sobre o tema “Ensino Médio reprovado”(GUERREIRO, 2015), as professoras Tavares e Jacomini falam sobre os prejuízos da reprovação escolar. Para a professora Tavares, do Núcleo de Política Educacionais da Universidade Federal de Paraná (UFPR): "O repetente em geral é multirrepetente. E por mais que depois de evadir volte para o sistema, isso não significa que o sucesso foi ampliado, porque a repetência não tem gerado bons resultados posteriores". Jacomini, professora do Departamento de Educação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ressalta que o problema da reprovação não se origina no ensino médio. A taxa de reprovação é alta, em grande parte, porque os alunos vêm do ensino fundamental com deficiências de aprendizagem, ou seja, não sabem os conteúdos e não desenvolveram as habilidades desejadas ao final dessa etapa. Ao entrar no ensino médio têm dificuldades para avançar para um grau maior de complexidade.

Como consequência das altas taxas de reprovação, houve aumento no número de alunos em distorção idade-série, constituindo em outro indicador essencial para definir as ações de melhoria. O diagnóstico realizado pela SEEDUC revelou ainda que, no ano de 2010, no ensino fundamental existiam na rede 195.080 alunos fora da idade adequada para a série. No Ensino Médio, era ainda mais preocupante, apontando 263.282 alunos com a idade inadequada para a etapa de ensino.

A reprovação está intimamente ligada à evasão e à distorção idade-série. Diversas pesquisas mostram que a evasão no ensino médio acontece, em geral, quando o aluno recebe seus resultados, mesmo que parciais, e eles apontam para uma iminente reprovação. "Aí ele abandona. Uma das principais causas da evasão é a falta de motivação para ficar na escola e, por outro lado, o interesse em trabalhar e ter o próprio dinheiro", afirma Krawczyky (apud GUERREIRO, 2015, s.p.).

Os dados das avaliações externas – o resultado por proficiência, assim como as taxas de fluxo são importantes para que o Governo execute Políticas Públicas e para que as secretarias de educação estaduais e municipais possam utilizar os seus recursos para garantia da qualidade da educação.

A Tabela 2, a seguir, demonstra o resultado das taxas de rendimento do ensino médio no Brasil, de 2012 a 2014.

Tabela 2 - Brasil: Taxas de Rendimento do ensino médio brasileiro nas escolas públicas (zona urbana) – 2012 a 2014

Brasil 2012 2013 2014

Taxa de aprovação 76,3% 77,9% 78,1%

Taxa de reprovação 13,3% 12,9% 13,3%

Taxa de abandono 10,4% 9,20% 8,6%

Fonte: Censo Escolar anos 2012, 2013 e 2014 - Inep. Organizado por Meritt e Lemann Classificação não oficial.

Os dados apresentados revelam que a taxa de aprovação no ensino médio brasileiro melhorou de 2012 a 2014. A taxa de abandono diminuiu significativamente, entretanto, a taxa de reprovação ainda mostra-se um desafio. Houve queda no índice de reprovação do ano de 2012 para 2013, mas o resultado de 2014, semelhante ao de 2012, mostra que ações mais eficazes precisam ser executadas em todo o País.

A Tabela 3, a seguir, destaca o resultado das taxas de rendimento do ensino médio no Estado do Rio de Janeiro, das escolas estaduais, nos anos de 2012 a 2014.

Tabela 3 - Rio de Janeiro: Taxas de Rendimento do ensino médio das Escolas Estaduais (zona urbana) 2012 a 2014

RJ 2012 2013 2014

Taxa de aprovação 73,7% 78,8% 77,4%

Taxa de reprovação 16,7% 13,8% 15,3%

Taxa de abandono 9,6% 7,4% 7,3%

Fonte: Censo Escolar anos 2011, 2012 e 2013 - Inep. Organizado por Meritt e Lemann. Classificação não oficial.

Em relação ao Rio de Janeiro, a taxa de aprovação apresentou melhora entre os anos de 2012 a 2014, apesar do resultado de 2014 ter sido inferior ao ano de 2013. Assim como no Brasil, o Rio de Janeiro apresentou queda na taxa de abandono, mostrando que o aluno da escola pública está abandonando menos a instituição, entretanto, em relação à taxa de reprovação, em 2013, o índice alcançado foi melhor que o ano de 2014, apontando que a reprovação ainda é um problema a ser atacado, tanto no Estado quanto no restante do País.

Estabelecendo-se uma comparação entre os dados de reprovação, aprovação e abandono entre o Brasil e o Rio de Janeiro em relação ao ensino médio, pode-se verificar que as taxas de rendimento do Brasil e do Rio de Janeiro demonstraram aumento nos índices de aprovação, queda no índice de abandono e, que a diminuição na taxa de reprovação ainda é um desafio.

Cabe ressaltar que, para um aluno ser considerado aprovado nas escolas estaduais do Rio de Janeiro, segundo a Portaria 419/2013, a obtenção ao final do ano letivo, de vinte pontos, somando-se as quatro médias bimestrais, e pelo menos 75% de frequência em cada disciplina. O sistema de avaliação do Estado indica que a avaliação seja acompanhado bimestralmente, sendo o aluno aprovado ou reprovado nas disciplinas.5

Além do problema da reprovação, outro problema surge gerado por ela, é a progressão parcial, que estão interligados. Os alunos nessa situação são

5 De acordo com o Portaria 419/2013, em seu artigo 1º -

“Para fins de registro e mensuração, a avaliação terá como unidade mínima ciclos bimestrais implementados nos termos desta Portaria, segundo os objetivos propostos para cada ano, fase, módulo, etapa e/ou nível de escolaridade”.

contabilizados como reprovados, levando para o ano seguinte, dependência em uma ou duas disciplinas.

A seguir, são abordadas as ações e programas desenvolvidos pela SEEDUC para diminuir a reprovação no Estado do Rio de Janeiro.

1.3.1 A reprovação no Estado do Rio de Janeiro – ações e programas desenvolvidos pela SEEDUC para diminuir a reprovação no Estado

Durante os anos de 2011 a 2014, vários programas e ações foram desenvolvidos com objetivo de diminuir a reprovação nas escolas da Rede Estadual de Ensino, bem como oportunizar ao aluno o acesso ao ensino superior, em parceria com universidades. Tais Programas e Projetos, estão referenciados no site oficial da SEEDUC/RJ.

A ação de oferecimento de Bolsas de Estudos integrais aos alunos concluintes do ensino médio é uma parceria da SEEDUC com instituições privadas de educação superior, em diversos cursos de graduação. Esta ação teve início em 2013, quando a SEEDUC firmou parceria com algumas universidades (IBMEC, UNICARIOCA, PUC e Estácio de Sá), oferecendo um total de aproximadamente 100 vagas, entre 2013 e 2014. Essas bolsas de estudo servem de estímulo para que os alunos concluam o ensino médio diminuindo, assim, o índice de reprovação.

Outro Programa, o Dupla Escola, voltado para o ensino médio, foi uma iniciativa da SEEDUC que tem como objetivo transformar a unidade escolar convencional em um espaço de oportunidade para o aluno, em que ele entenda que o investimento nos estudos é importante para o seu futuro. A escola funciona em horário integral e algumas das unidades contam com a parceria da iniciativa privada. Espera-se que, com a extensão da carga horária de estudos preenchida com cursos de interesse do aluno, haja redução da taxa de evasão e, sobretudo, haja melhoria no rendimento escolar, evitando a reprovação escolar.

O Renda Melhor Jovem é outra iniciativa da SEEDUC para evitar a reprovação escolar. É uma poupança-escola anual destinada aos jovens integrantes de famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família, Renda Melhor e o Cartão Família Carioca, que estejam matriculados na rede regular de ensino médio estadual e possuem até 18 anos incompletos. O estudante recebe o benefício se for aprovado no fim de cada ano letivo. Os valores anuais são depositados em conta poupança, o

aluno pode sacar até 30% do benefício anualmente. Para se manter no Programa, além de ser aprovado, o aluno deve realizar a Prova do Saerj, que acontece no fim do ano, e participar de mais de dois terços das avaliações bimestrais estaduais (Saerjinho).

Assim como os demais Programas desenvolvidos pela SEEDUC para diminuir o índice de reprovação, o Reforço Escolar possibilitou a criação de várias turmas de reforço em Português e Matemática, contribuindo para o fortalecimento das ações educacionais desenvolvidas nas escolas da Rede Pública Estadual. O Projeto apresenta um método próprio de ensino ao ofertar material didático específico para aluno e para o professor. Atende aos alunos do 9º ano e as três séries do ensino médio, em defasagem nos processos de leitura e escrita e matemática, e pretende a melhoria do rendimento escolar e é oferecido no contraturno.

Para incentivar a participação e o envolvimento dos alunos, professores e comunidade escolar nas avaliações externas, a SEEDUC criou o Projeto Jovens Turistas, que é uma ação voltada para premiar os alunos e professores do ensino médio que participam das avaliações do Saerjinho. Em cada avaliação são premiadas cinco escolas, a partir dos critérios como: melhor aproveitamento, melhor evolução e maior participação no Saerjinho. Os participantes passam um final de semana na cidade do Rio de Janeiro, conhecendo os pontos turísticos, patrimônio e espaços culturais acompanhados por guias/educadores e monitores multimídia.

Para que as ações planejadas pela SEEDUC se efetivem na prática, em sala de aula, foi criado o Programa de Formação Continuada para os professores, em parceria com a Fundação Cecierj, sendo não apenas uma capacitação, mas um curso de aperfeiçoamento que se desdobra em especialização, oferecido aos professores da rede. O Programa tem carga horária de 180 horas de aperfeiçoamento. Além dessa parceria, a SEEDUC inaugurou, em 2012, uma Escola de Aperfeiçoamento Profissional, com objetivo de capacitar professores e funcionários da escola, em cursos oferecidos durante todo o ano letivo, em horário de trabalho.

Na próxima seção está apresentada a recuperação paralela e a importância da sua aplicação como instrumento de resgate da aprendizagem.

1.4 A aplicação da recuperação paralela como instrumento de resgate da