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3   CARACTERÍSTICAS VISUAIS DE AGENTES DETERIORADORES

3.2   CARACTERÍSTICAS VISUAIS DE AGENTES ABIÓTICOS 96 

3.2.5   Danos por animais silvestres 111

Os danos nas madeiras originários de ações de grades animais silvestres, não são comuns no Brasil. No entanto, alguns pesquisadores relatam que certos animais silvestres, como os ursos, por exemplo, arranham postes para limpar as garras, mordem postes ou elementos estruturais de madeira para limpar os dentes, ou ainda os utilizam para se coçar, danificando- os [(NOLTE et al, 2003); (BRASHAW et al, 2012), (BEAR.ORG, 2014)]. No entanto, os pica-paus fazem aberturas em peças de madeira à procura de insetos. E certas espécies de aves, como periquitos, maritacas, etc. podem deteriorar superficialmente às peças de madeira, principalmente em elementos de beirais de coberturas, para limpar os bicos e confeccionar ninhos. Isso também pode favorecer à biodeterioração por apodrecimento na madeira.

a) b) c)

Figura 3.67. Danos por animais silvestres: a) mordida de urso em guarda-corpo de ponte de madeira, BRASHAW et al (2012); b) arranhões em postes de madeira, INTEC (2014); c) mordidas em postes, BEAR.ORG (2014).

Nas Tabelas 3.5 e 3.6 são apresentadas as principais características de sinais visuais de manifestações patológicas por agentes abióticos, com Potencial de Risco de Deterioração.

Tabela 3.5. Características de sinais visuais de manifestações patológicas por agentes abióticos, com Potencial de Risco de Deterioração.

Manifestação patológica Características visuais

Principais quebras da barreira química de tratamento preservativo por agentes abióticos

(a) (b) (c) (d)

As principais quebras da barreira química do tratamento preservativo por agentes abióticos, oriundas de danos por ações externas apresentadas por BIGELOW et al (2007), que favorecem à biodeterioração prematura por apodrecimento destacam-se:

(a) danos mecânicos;

(b) danos de detritos em enchentes; (c) danos devido ao fogo;

(d) danos por intemperismo (chuvas, raios ultravioleta, etc.).

Danos mecânicos por impactos e defeitos naturais físicos

“Os danos mecânicos, por impactos e os defeitos naturais físicos, como

fendilhados, fendas, rachas, etc., geralmente deixam a madeira não tradada exposta, favorecendo à biodeterioração por apodrecimento, BIGELOW et al

(2007)”.

Fonte: BIGELOW et al (2007)

Danos mecanicos por abrasão mecânica e defeitos naturais físicos

“A foto ao lado indicam as características visuais de fungos de podridão parda, originárias da abrasão mecânica na superfície da madeira, com severas fendas longitudinais, em tabuleiros de pontes, BRASHAW et al (2012)”. Esses danos mecânicos favorecem a penetração e retenção da água pela quebra da barreira química de tratamento preservativo e/ou poças entre as fendas expressivas, que conduzem à biodeterioração por apodrecimento, RITTER e MORRELL (1990); BIGELOW et al (2007); BRASHAW et al (2012).

Fonte: BIGELOW et al (2007) Fendas longitudinais decorrentes de ações atmosféricas de intemperismo

“Fendas longitudinais típicas em longarinas ou vigas externas, originárias de ações atmosféricas de intemperismo, como chuvas e raios ultravioletas devido à intensa exposição direta à luz solar, BIGELOW et al (2007)”. Nessas fendas longitudinais, quando há a quebra da barreira química de tratamento preservativo, pelas ações de

agentes atmosféricos ficam favoráveis à biodeteriorações por apodrecimento,

RITTER e MORRELL (1990); ARRIAGA et al (2002); MACHADO et al (2009); BIGELOW et al (2007); BRASHAW et al (2012).

Tabela 3.6. Características de sinais visuais de manifestações patológicas por agentes abióticos, com Potencial de Risco de Deterioração (continuação).

Manifestação patológica Características visuais

Deformações, Deslocamentos e Flechas

As deformações, deslocamentos e flechas, podem indicar excessivo carregamento, que precisa ser corrigido, ARRIAGA et al (2002); CALIL JR. et al (2006); MACHADO et al (2009); ALVIM et al (2011); BRANCO et al (2012). Em estruturas antigas o deslocamento pode ser oriundo do efeito da fluência, por flechas diferidas no tempo, ou secagem a partir de uma condição de madeira verde.

Fonte: BRITO e CALIL (2013)

Anomalias em ligações

As ligações entre elementos estruturais sempre devem ser consideradas como pontos fundamentais na segurança de estruturas de madeira. Em certos casos, a falha de uma conexão poderá ser responsável pelo colapso da estrutura; CALIL et al (2003); BRITO (2010); CALIL e BRITO (2010). Erros de concepção em ligações em projetos, construções e/ou manutenções de elementos estruturais de madeira, podem conduzir à manifestações patológicas físicas graves.

Fonte: MACHADO et al (2009)

Danos por inchamento e retração da madeira

As ligações, quando montadas em elementos estruturais com madeira verde e expostas para secar in loco, podem resultar em retrações, fissuras, distorções ou outras formas de rupturas locais, CALIL JR. et al (2006); ARRIAGA et al (2002); MACHADO et al (2009). A foto ao lado exemplifica a característica visual de danos por inchamento e retração da madeira, em regiões de proximidades de ligações em vigas de defensas de pontes de madeira, BRASHAW et al (2012).

Fonte: BRASHAW et al (2012) Biodeterioração por apodrecimento decorrentes defeitos naturais

“Sinais visuais comuns de biodeterioração por apodrecimento interno em estacas de madeira, na interface de lâminas d’água, geralmente oriundas pela penetração e retenção da água em fendas longitudinais e/ou fendilhados, decorrentes da quebra da barreira química de tratamento preservativo, BIGELOW et al (2007). As vegetações em crescimento, geralmente podem ser indicativos de biodeterioração interna por apodrecimento”.

Fonte: BIGELOW et al (2007)

Na Tabela 3.7 são apresentadas as principais características de sinais visuais de Modos de Ruptura em vigas biapoiadas conforme a ASTM D 143-14, que podem auxiliar como subsídio em avaliações em campo de causas de rupturas em vigas.

Tabela 3.7. Características de sinais visuais de Modos de Ruptura em vigas biapoiadas conforme a ASTM D 143-14.

Características visuais de Modos de Ruptura em vigas biapoiadas

a) Ruptura por tração simples [ingl.: Simple Tension] (Vista lateral).

b) Ruptura por tração inclinada às fibras [ingl.: Cross-grain Tension] (Vista lateral).

c) Ruptura por tração em lascas [ingl.: Splintering Tension] comum em madeiras duras (Vista da tensão superficial).

d) Ruptura frágil [ingl.: Brash Tension] (Vista da tensão superficial).

e) Ruptura por compressão [ingl.: Compression] (Vista lateral).

f) Ruptura por cisalhamento [ingl.: Horizontal Shear] (Vista lateral).

Diante do exposto nesse vasto capítulo, fica evidente que os profissionais envolvidos em inspeções para avaliações de elementos estruturais em madeira, necessitam de amplo conhecimento multidisciplinar das características visuais e dos fatores e agentes bióticos e abióticos envolvidos aos efeitos das manifestações patológicas em estruturas de madeira.