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4. O ANO LETIVO NUM TGV

4.2 Entre reflexões capitulares

4.2.1 Combate às dificuldades encontradas

4.2.1.7 De avaliar a classificar – Tarefa fácil?

A avaliação constitui-se como um processo de análise da aproximação dos alunos face ao planeado, recaindo sobre os objetivos definidos. Luckesi (1995, p.81) afirma que “a avaliação deverá ser assumida como um

instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo de aprendizagem”. Também “(…) possibilitar ao educador condições de compreensão do estágio em que o aluno se encontra” é definido pelo autor como uma das suas finalidades. Desta forma, revela-se um processo complexo e uma ferramenta essencial para a gestão do processo ensino – aprendizagem.

Segundo Leite (2004, p.45), “a avaliação tem sempre um objetivo, seja

ele de medição, de classificação, de correção ou de adequação”. Assim, na

procura de avaliar a progressão efetiva dos alunos, bem como de todos os processos no que diz respeito à aprendizagem, é vital que o processo avaliativo seja contínuo e coerente. Neste sentido, para cada modalidade desportiva abordada, foram utilizados três formas de avaliação, pela seguinte ordem: avaliação diagnóstico, avaliação formativa e avaliação sumativa.

Inicialmente, com o objetivo de recolher informações acerca da aptidão motora e do nível de aprendizagem em que o aluno se encontrava, utilizei a avaliação diagnóstico. Para a efetuar elaborei uma ficha avaliativa com os conteúdos a observar e as respetivas componentes críticas que me serviam de guia. Todo o núcleo de estágio cooperou na realização desta avaliação, optando por concretizá-la nas primeiras aulas do primeiro período, a todas as modalidades. Esta possibilitou-me um planeamento mais rigoroso, de acordo com as caraterísticas dos alunos e o nível apresentado.

O facto de o observador não ser o mesmo, constituiu uma dificuldade na lecionação das aulas. Isto porque, a caraterização dos alunos não foi coerente, pois o que situaria num determinado nível poderia ser situado noutro nível por outro observador. Este motivo levou-me a reorganizar em alguns momentos os grupos de aprendizagem, inclusive, na abordagem ao MED.

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A avaliação formativa não foi inserida no planeamento das minhas unidades temáticas. Contudo, ao longo das mesmas, procurei analisar a evolução dos alunos, as suas principais dificuldades, no sentido de ajustar os métodos aplicados e, a própria unidade temática. Apesar de esta avaliação não ter sido efetuada formalmente durante as unidades, foi entregue a cada aluno, na segunda metade do segundo período, um plano de trabalhos individual, que descrevia pormenorizadamente em cada domínio avaliativo, o ponto em que se encontrava e o que deveria fazer para melhorar. Estas propostas potenciaram o interesse dos alunos e concomitantemente o seu empenho.

Para comprovar qual a evolução dos alunos ao longo da unidade temática, procedi á avaliação sumativa. Esta permitiu-me concluir se os objetivos propostos inicialmente foram, ou não, atingidos. Para esta, utilizei também uma ficha de avaliação sumativa, definindo quais os critérios a observar e, onde o aluno se encontrava. Na efetivação deste momento, algumas interrogações e dificuldades surgiram, como apresento neste excerto:

“Será que o ensino produziu aprendizagem nos alunos? Será que algum hábito alguma modificação positiva surgiu?

O processo de avaliação foi deveras complexo, onde senti bastante dificuldade em atribuir uma classificação aos alunos. O tempo foi escasso, pois no final da aula, ainda bastantes itens e alunos não tinham sido avaliados, tendo de recorrer ao preenchimento pós-aula, através de o “perfil” e competência de cada aluno, que tinha vindo a construir ao longo das aulas. Não sei se a grelha de avaliação, se a minha inexperiência, se as duas, condicionaram este momento. Apenas realço a importância de uma preparação prévia, de uma clarificação do que quero observar realmente, dos objetivos proposto, pois só assim conseguirei uma avaliação mais segura e certamente, mais eficaz.” (Reflexão nº14 – Avaliação sumativa, tarefa fácil?, 13 de Novembro de 2012)

A descentração do que queria analisar objetivamente foi uma das dificuldades encontradas. O processo de decisão do enquadramento do aluno num nível de aptidão foi também um obstáculo que enfrentei. Apesar de cada avaliação efetuada tornar-se mais fácil de cumprir, este é um processo

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bastante complexo que exige ao professor uma capacidade de foco e observação enorme e um conhecimento acerca do que quer observar. A definição de critérios mais objetiva, bem como o foco total deste momento na aula, foram estratégias facilitadoras.

A avaliação é feita segundo critérios onde parte da objetividade que pretendemos é subjetiva, pois existe uma pré-influência da imagem que eu tenho do aluno. Desta forma, tornou-se fundamental fazer o exercício avaliativo, o mais afastado possível da afetividade.

O momento posterior a todos estes, é definido como classificação. Este é bastante ingrato, pois é da nossa responsabilidade atribuir um número ao aluno, de julgá-lo e compará-lo. O aluno, após de ser avaliado nos três domínios, sendo eles o ser, o saber e o domínio do fazer, cada um deles com peso distinto, é-lhe atribuído uma classificação final. Esta tarefa ensinou-me fundamentalmente a afastar do possível estereótipo criado, e a entender a máxima frequentemente pronunciada pelo meu professor cooperante, o aluno nunca poderá ser prejudicado, no máximo poderá ser beneficiado por boas práticas. E quem deverá ser beneficiado? A resposta parece simples, mas nem sempre se afirma deste modo na prática. Entre conversas com outros professores da área disciplinar, estes afirmavam que:

“No início da carreira, seguia um pouco o critério de mais facilmente subir uma nota baixa do que uma nota alta. Após alguma reflexão, concluí que se são os alunos com notas mais elevadas que me ajudam nas aulas, se empenham e dão o melhor de si, em comparação a outros que por vezes só incomodam os colegas, então quem devo beneficiar/privilegiar?” (Professor A)

Sempre tive a perceção, nas minhas vivências escolares, que o primeiro critério assumido pelo professor era o mais frequente, mas igualmente não fazia qualquer sentido.

Por último, na elaboração da autoavaliação era imposta aos alunos a justificação da classificação proposta nos três domínios de avaliação. Desta forma, foi possível entender a perceção que os alunos tinham do seu

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desempenho e a justificação do mesmo, que me ajudaram na reflexão da classificação a atribuir.