O Desempenho dos Alunos da Escola em Matemática no SPAECE

Um dos objetivos dos sistemas de avaliação é a produção de diagnósticos sobre a rede de ensino. As escolas precisam também fazer uso das informações oriundas de tais sistemas. Para isso, se faz necessário produzir informações sobre as unidades escolares da rede, ou seja, as escolas precisam ter acesso a informações especificas de sua realidade.

Tabela 2 - Percentual de Alunos da rede estadual do Ceará por nível de proficiência, em Matemática, no Ensino Médio, na avaliação do SPAECE (2012-2014).

Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado

2012 47,8 29,2 16,4 6,6

2013 39,7 34,0 18,4 7,9

2014 42,2 33,6 16,0 8,1

Os dados relativos ao percentual de alunos na disciplina Matemática no Estado do Ceará demonstraram que, apesar de um pequeno avanço no padrão de desempenho adequado nos anos considerados, houve piora no padrão de desempenho nos níveis muito crítico e crítico, pois aconteceu um acréscimo de 2,8% do ano de 2013 para 2014 nesses padrões de desempenho dos alunos do 3º ano do EM que participaram do SPAECE no Estado do Ceará, em 2014, consoante mostra a tabela 02.

Os alunos desse grupo denotam um nível de desempenho muito aquém do que seria esperado para o período de escolarização em que estavam. Portanto, necessitariam de uma intervenção focalizada, de modo a desenvolver as competências e habilidades necessárias para um melhor desempenho nos objetivos propostos do Ensino Médio. O que é perceptível, contudo, infelizmente, é a rede não poder mais intervir para a melhora escolar deles, pois concluíram o Ensino Médio, sem expressar as condições mínimas de aprendizagem para o Ensino Básico.

A Escola do Jabuti, objeto da pesquisa, também faz parte dessa estatística. Os resultados da proficiência de 2014, no Ensino Médio, em Matemática, apontaram que 96,0% dos alunos se enquadram nas faixas referidas (com 74,6% “Muito Crítico” e 21,4% “Crítico”), conforme é observável na tabela 03.

Tabela 3- Percentual de Alunos por nível de proficiência e padrão de desempenho, em Matemática, no 3º ano do EM, na avaliação do SPAECE (2012-2014) na Escola do Jabuti..

Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado

2012 62,0 25,6 8,5 3,9

2013 47,9 25,1 27,0 0,0

2014 74,6 21,4 3,2 0,9

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Dados do SPAECE (2015).

Ainda, ao fazermos uma comparação entre os anos de 2012 a 2014 a escola não exibiu evolução satisfatória no desempenho dos discentes avaliados. Em 2012, concentrava 62,0% dos alunos no nível muito crítico, baixou para 47,9% no ano seguinte, porém em 2014 esse nível concentrou sozinho quase três quartos (3/4) da população de alunos da escola, ou seja, 74,6%.

Um ponto interessante que se deve abordar foi que no ano de 2013, houve uma concentração de alunos no nível intermediário de aprendizagem, 27%. Segundo o

coordenador da escola nesse ano não houve ausência de professores de Matemática durante o período letivo. Os alunos tiveram aulas regularmente durante todo o ano letivo e, nesse mesmo período as provas para o 2º ano e 3º do EM passaram a ser por amostragem.

Tem ressalto o fato de que, no ano de 2014, a porcentagem de alunos que se concentrou no nível de proficiência muito crítico foi um número muito elevado. Não houve, entretanto uma mudança de metodologia de avaliação, pois continuou sendo censitária para as turmas de primeiro ano e amostral para as turmas de segundo e terceiro anos do Ensino Médio e as amostras foram selecionadas com suporte nos dados do Censo Escolar do ano letivo corrente.

Ao ser analisado o nível de padrão de desempenho que seria considerado adequado para a escola, é verificada variação negativa durante o ano de 2012 para 2013, quando nenhum aluno se estava nesse nível de aprendizagem, e, para o ano de 2014, ocorreu uma melhora mínima, pois se conseguiu obter 0,9% dos alunos no nível adequado, mas, infelizmente, não atingindo nem 1% do nível que seria adequado para esses discentes do Ensino Médio regular.

Um ponto que merece ser destacado está nos dados sobre o desempenho em Matemática no SPAECE, no Município de Eusébio, dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, em 2011. Constatamos que 69,5% (26,9% +39,6) dos alunos estavam no padrão de desempenho crítico ou muito crítico, conforme a tabela 04.

Portanto, esse percentual de alunos no nível muito crítico ou crítico sinaliza um grave problema de aprendizagem para a escola estudada, pois a instituição recebe os alunos oriundos da rede de ensino do Município de Eusébio, que já chegam com deficiências dos conteúdos de Matemática.

Tabela 4 - Percentual de alunos por nível de proficiência e padrão de desempenho, em Matemática, do 9º do EF, na avaliação do SPAECE (2011) no Município de Eusébio-CE.

Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado

2011 29,9 39,6 25,9 46,9

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Dados do SPAECE (2012).

Ao considerarmos as habilidades matemáticas características do padrão “Muito Crítico”, de acordo com o Boletim do SPAECE da rede estadual do Ceará (2015, p. 42), para o ensino médio, em Matemática:

Nesse Padrão de Desempenho, as habilidades matemáticas que se evidenciam são as relativas aos significados dos números nos diversos contextos sociais. Os alunos demonstram compreender o uso do algoritmo da adição de números de ate três algarismos com reagrupamento, da subtração de números naturais de ate quatro algarismos com reserva, da divisão exata por números de ate dois algarismos e da multiplicação cujos fatores também são números de até dois algarismos (CEARÁ, 2015, p. 42).

Notamos que esse padrão de proficiência representa conhecimentos elementares para a disciplina em foco, pois deve ser considerado o fato de que os alunos deveriam dominar as operações fundamentais com o conjunto dos números naturais ao final do Ensino Fundamental I.

Segundo o Boletim do SPAECE (2015, p. 41-42), os alunos nesse nível podem desenvolver as seguintes habilidades relativas à Matemática:

[...] localizam números na reta numérica; reconhecem a escrita por extenso de números naturais e a sua composição e decomposição, considerando o seu valor posicional na base decimal, e resolvem problemas envolvendo a soma de números naturais de até dois algarismos, envolvendo diferentes significados da adição. [...] No campo Geométrico, reconhecem figuras bidimensionais pelas medidas dos lados e do ângulo reto, identificam a planificação do cone e do cubo a partir de sua imagem. Eles, ainda, identificam figuras planas dentre um conjunto de polígonos pelo número de lados; calculam a medida do perímetro com ou sem apoio da malha quadriculada, além de comparar áreas de figuras poligonais em malhas quadriculadas e identificar propriedades comuns e diferenças entre sólidos geométricos através do número de faces[...].

No Campo Tratamento da Informação, esses alunos possuem capacidade de identificar dados em uma lista de alternativas, utilizando-os na resolução de problemas, relacionando-os, dessa forma, às informações apresentadas em gráficos e tabelas, e identificam gráficos de colunas que corresponde a uma tabela com números positivos e negativos [...].

No campo Grandezas e Medidas, os alunos também demonstram compreender a ação de medir um comprimento utilizando régua numerada; resolvem problemas relacionando diferentes unidades de medida de comprimento (metros e centímetros), massa (kg/g). Eles também resolvem problemas relacionando diferentes unidades de medidas de tempo (dias/semanas, mês/trimestre / ano, hora /minuto, dias/ano) para cálculo de intervalos de tempo transcorrido entre dois instantes, dados horas inteiras, sem a necessidade de transformação de unidades [...] (CEARÁ, 2015, p.41-42). É compreensível o fato de que os alunos estão com sérias deficiências de aprendizagem relacionados aos conteúdos da disciplina de Matemática, pelos resultados mostrados, pois estão sem entendimento básico dos conteúdos, o que seria necessário para o Ensino Médio. Constata-se, pois, o fato de que as habilidades matemáticas evidenciadas nesse padrão de desempenho são elementares para esta modalidade de ensino e o desafio exibido é o de viabilizar condições para que os alunos possam vencer as próximas etapas escolares.

Na próxima seção, analisaremos a defasagem de aprendizagem em Matemática dos alunos na escola em estudo.