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Desenho dos Instrumentos MAP-ODS1 e MAP-ODS2: Conexões e Adaptações

3. MÉTODO

3.4 Etapas, Instrumentos e Materiais

3.4.1 Desenho dos Instrumentos MAP-ODS1 e MAP-ODS2: Conexões e Adaptações

MAP-ODS1 (Apêndice B) e MAP-ODS2 (Apêndice H), são as siglas referentes à expressão: Mapa de Aproximação aos ODS. Esta é a nomeação comum a ambos os instrumentos, uma vez que têm o objetivo de mapear em questionários, com perguntas abertas e fechadas, dados quantitativos e qualitativos sobre a relação pessoas-ODS.

A numeração 1 e 2 os diferencia pelo momento em que são aplicados na pesquisa, ao início e ao final, enfatizando o aspecto espaço-temporal que pôde ser captado neste método de aplicação, no qual o participante pode refletir sobre seus próprios posicionamentos e eventuais mudanças de posição no decorrer do tempo.

A partir de uma ótica influenciada pela Sociometria, os instrumentos possibilitaram aos participantes que expressassem suas percepções, entre graus que variavam de 0 (totalmente distante) a 5 (totalmente próximo), considerando suas relações com os ODS no cotidiano.

O desenho dos MAP-ODS1 e MAP-ODS-2 foi inspirado em questionário anterior, por nós desenvolvido em pesquisas realizadas presencialmente58, e nas

58 Adaptados de um instrumento anterior chamado Mapa de Aproximação, utilizado por ocasião de nossa pesquisa para dissertação de Mestrado (MELLO e SOUZA, 2018), instrumento já comentado no capítulo 2.

quais os participantes movimentavam-se pelo espaço, ou assinalavam em gráficos, suas posições que expressassem suas escolhas, de proximidade e distância, em relação a determinado ente.

Com a necessária migração de nossa pesquisa de doutorado, do ambiente presencial, ao ambiente digital e virtual, por conta da COVID-19, adaptamos a versão 3D do instrumento anteriormente referenciado (MELLO e SOUZA, 2018), criando um questionário inspirado na estrutura proposta pelo sociólogo e psicólogo americano Rensis Lickert.

Nossa escolha, deve-se ao fato de que nos questionários em escala no padrão proposto por Likert, permite-se que as pessoas se expressem, autodeclarando em um espectro numérico, intensidades, por exemplo, de opiniões, percepções, intensidade de dor, frequência em que realizam atividades; concordância ou discordância a um tema (DALMORO e VIEIRA, 2013)59.

Adaptamos este modelo à nossa realidade e objetivos, e estruturamos nosso instrumento intencionalmente com graduação entre 0 e 5, contendo, portanto, 6 possibilidades de posicionamento, aos quais codificamos, de forma intervalar, como:

- 0-1 zona de distanciamento;

- 2-3 zona de neutralidade e/ou ambivalência e;

- 4-5 zona de proximidade.

Neste espectro com 6 pontos, oferecia-se múltiplas possiblidade das pessoas se expressarem em diversos posicionamentos, incluindo os posicionamentos neutros ou ambivalentes, aspecto relevante em estudos sociométricos.

Com esta estrutura de instrumento, foi possível também o tratamento estatístico e descritivo dos dados quantitativos coletados. Esta análise não teve como objetivo parametrização ou predição, mas a identificação de padrões de resposta, ou Clusters, no grupo pesquisado.

59 Os questionários que usam a estrutura Likert podem ser desenvolvidos com diferentes objetivos e têm sido usados desde a década de 1930. Conforme objetivos de pesquisa, a quantidade de pontos na escala apresentada pode ser variada. Podendo ter, ou não, opção para as pessoas se colocarem em posições neutras. Na visão sociométrica, na qual investigamos posicionamento autêntico e espontâneo, a opção de colocarmos dois pontos centrais, nos graus 2 e 3, teve o objetivo de oferecer a possibilidade de neutralidade e ambivalência.

Segundo Batarelli (2016) a análise de clusters busca descobrir agrupamentos naturais de indivíduos (ou variáveis) a partir dos dados observados, agrupando indivíduos com base na similaridade ou distâncias (dissimilaridades).

A análise de clusters tem base em estatística descritiva, é a-teórica, e não inferencial. Também não é generalizável porque é totalmente dependente das variáveis utilizadas como base para a medida de similaridade (BETARELLI, 2016).

Optamos pela análise de clusters por possibilitar identificar pessoas com padrões de resposta diferentes, para que estas pudessem ser convidadas nas etapas qualitativas do estudo.

Quanto às características dos instrumentos, o MAP-ODS1, era constituído de 36 questões, sendo a primeira parte voltada à expressão das graduações proxêmicas relativas a cada ODS; informações sobre o grau de familiaridade que os participantes tinham com o tema e; o papel que percebiam como mais potente a ação relativa aos ODS em geral. Nas questões finais levantamos dados demográficos e o interesse sobre permanecer nas etapas posteriores de pesquisa.

Já o MAP-ODS2, era constituído de 22 questões abertas e fechadas. O qual detalhamos mais abaixo, na descrição dos instrumentos da etapa Levantando as Cortinas: Ação! Neste segundo instrumento, o número menor de questões se deve a não repetir perguntas demográficas já aplicadas no primeiro questionário.

Importante ressaltarmos que nos estudos sociométricos clássicos, o desvelamento dos critérios de escolhas sociométricas, são sempre pré-definidos.

Nestes processos, as pessoas são questionadas, em geral, sobre com quem querem estar em maior proximidade e fazendo o que, utilizando-se uma dada situação como critério, também se mapeia a mutualidade de escolhas.

Em nosso caso, os instrumentos desenhados, especificamente, para esta pesquisa, configuraram algumas diferenças e consequentes adaptações, para as quais chamamos atenção:

a) Ao invés de definirmos um critério a ser usado a priori, para os participantes se referenciarem quanto a respostas sobre a percepção de aproximação ou distanciamento, perguntamos, primeiro, em que grau de proximidade ou distância se percebiam em relação a cada ODS, e depois, que critérios, ou balizadores usavam para isto.

Esta inversão se deve por buscarmos não dirigir a pesquisa já com critérios pré-estabelecidos. Queríamos deixar emergir múltiplas possibilidades

trazidas pelos participantes, em abertura à investigação, por parte deles próprios, de seus critérios balizadores.

Adotamos o termo balizador, criação nossa, pois ele implica a noção de movimento. Conceitualiza as referências que as pessoas utilizaram para se posicionar num certo espaço-tempo. A reflexão sobre este processo, em conjunto com os participantes, constituiu a produção de conhecimentos sobre como se dá o fenômeno proxêmico, na relação pessoas-ODS;

b) Diferentemente das polaridades atração-rejeição, comuns aos estudos sociométricos clássicos, trabalhamos com as polarizações totalmente próximo - totalmente distante, também vinculadas ao fenômeno proxêmico que investigávamos;

c) Mapeamos a relação pessoa-ODS, e não a relação pessoa-pessoa. Desta forma não procedemos com a investigação de mutualidades. A forma de pesquisarmos como os ODS se relacionam com as pessoas foi relatada no primeiro capítulo, no qual investigamos as formas de comunicação promovidas pela ONU, agência promotora destes entes, para se posicionar na relação com o público em geral.