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Diferenças entre logística reversa e logística direta

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. O QUE É LOGÍSTICA REVERSA

2.1.8. Diferenças entre logística reversa e logística direta

A diferença entre logística reversa e direta não se resume apenas no sentido do fluxo de materiais, ou seja, movimento dos clientes para fornecedores, mas vão muito além disso (BIAZZI, 2002).

Essas diferenças tornam-se evidentes, por exemplo, no caso de devoluções: uma empresa que pode reabastecer seus distribuidores em 24 horas, promete devolver um produto consertado só no prazo de dez dias. Como se pode observar, as velocidades nos fluxos direto e reverso são muito diferentes. Outro exemplo seria o da quantidade de pontos de retorno (ou coleta): no caso de uma empresa que utiliza embalagens de vidro retornáveis, quando elas se direcionam no fluxo direto, saem de um único ponto (fábrica) para diversos outros, de comercialização; ao retornarem, as garrafas saem dos diversos pontos de comercialização para a fábrica (um único ponto).

De acordo com Fleischmann et al. (1997), uma particularidade das redes de distribuição reversa é o alto grau de incerteza, tanto em termos de qualidade, quanto em termos de quantidade dos produtos retornados.

Normalmente, o fluxo reverso é iniciado por algum cliente ou por um dos membros finais da cadeia de suprimentos, ou seja, a natureza do retorno é muito mais reativa do que a do fluxo direto, em que as demandas são relativamente claras. Esquematicamente, conforme Figura 2.3, temos os seguintes fluxos de informação para os processos de logística reversa e direta.

Figura 2.3 – Fluxo de informação

Fonte: ROGERS et al., 2001.

Pelo esquema de ROGERS et al. fica claro que os pontos de origem e destino para os fluxos diretos e reversos são praticamente opostos, conforme exposto inicialmente.

Produto para a disposição “milk run” Coleta para o CD/CRC Cliente retorna item Retorno de informação ao CD Decisões de separação e disposição Coleta na loja Logística reversa: fluxo de informação para varejo

Entrega no CD Cliente Informações sobre destino dos produtos Decisões de para qual CD irá o produto

Logística direta: fluxo de informação para varejo

Produto para a venda

Entrega na loja

Porém, a distribuição reversa não é necessariamente uma figura simétrica à da distribuição direta (FLEISCHMANN et al.; 1997).

Outra diferença relevante é que enquanto a logística direta começa em um ou poucos pontos e se dispersa para vários destinos; o fluxo reverso começa em vários pontos e se encaminha para um só ou para bem poucos destinos.

Com relação às embalagens, os produtos que seguem o fluxo direto costumam ter empacotamento uniforme para a distribuição, enquanto os produtos que seguem o fluxo reverso apresentam uma ampla gama de estados de empacotamento, dependendo da maneira como foram retornados. As condições de empacotamento têm alta influência sobre a forma de transporte e manuseio dos produtos; o empacotamento não uniforme pode significar que os produtos terão dificuldades de serem enviados em condições seguras no sentido reverso, além de aumentar o custo. Nessas circunstâncias, com uma grande freqüência os produtos são danificados à medida que avançam no fluxo reverso.

Segundo Rogers et al. (2001) em relação ao transporte, temos que os fluxos diretos geralmente são otimizados buscando economia de escala, maximizando-se a quantidade a ser transportada, enquanto os fluxos reversos quase nunca têm essa oportunidade, mesmo com programas de consolidação do retorno.

No fluxo direto as decisões tomadas no centro de distribuição sobre o destino dos produtos costumam ser rotineiras; o produto, usualmente, é endereçado ao cliente. Mas no fluxo reverso, esse destino não é tão claro: pode ser dirigido a um mercado secundário, a um revendedor ou a uma companhia de reciclagem, entre outros destinos possíveis.

Outro ponto de diferença entre esses fluxos diz respeito ao preço: o fluxo reverso não obedece a um padrão, já que o preço vai depender do estado em que se encontra o produto retornado.

Enquanto nos processos de logística direta, todos valorizam a importância da velocidade em sua cadeia, na logística reversa muitas vezes a velocidade não parece ser uma prioridade. À medida que diminui o ciclo de vida de um produto, a urgência de seu deslocamento pela cadeia reversa aumenta. É o caso de produtos eletrônicos, que perdem valor enquanto a empresa discute sua disposição.

Outra diferença marcante entre a logística direta e a logística reversa é a distribuição de custos: os produtos que se movem de maneira reversa são comumente avaliados sem exatidão e os custos se dispersam em vários orçamentos; já no fluxo direto, sistemas de contabilidade são designados para a determinação dos custos.

O valor dos produtos que caminham em cada um dos fluxos não é o mesmo: um mesmo produto caminhando no sentido reverso tem um valor mais baixo do que se estivesse caminhando no sentido direto.

No fluxo reverso é muito difícil estabelecer-se uma previsão de demanda. Conseqüentemente, os níveis de estoque não são previsíveis, tornando difícil sua administração. No fluxo direto, existem mais dados objetivos para essa previsão.

Já que o fluxo reverso é conhecido como um fator de custo para o processo logístico, a negociação entre as partes (comprador, vendedor, produtor) costuma ser mais complexa do que no fluxo direto.

Outras diferenças que podem ser citadas estão relacionadas aos métodos de

marketing, que na logística reversa são mais complicados. A transparência dos

processos e o rastreio de informações, que na logística direta costuma ser automatizado, na logística reversa acaba sendo uma combinação entre automatizado e manual.

Tabela 2.1 – Diferenças entre logística reversa e direta

logística direta logística reversa

Previsão de demanda relativamente clara Previsão de demanda mais difícil Grandes quantidades de produtos Pequenas quantidades de produtos De um para muitos pontos de

distribuição (em geral) De muitos para um ponto de coleta (em geral) Embalagem dos produtos uniforme Embalagem dos produtos não uniforme Qualidade dos produtos uniforme Qualidade dos produtos não uniforme Claras opções de rotas Rotas não são claras

Opções de destino claras Opções de destino não claras Formação de preço relativamente

uniforme Formação de preço muito variável

Importância da velocidade reconhecida Velocidade normalmente não considerada prioridade

Custos da distribuição avaliáveis Custos da distribuição de difícil avaliação. Produtos com valor mais alto Produtos com um valor mais baixo Administração de estoques consistente Administração de estoques menos consistentes Negociação direta entre as partes Negociação complicada com considerações adicionais Métodos de marketing bem conhecidos Marketing complicado por diversos

fatores

Processo mais transparente Processo menos transparente Rastreio de informações automatizado Rastreio de informações numa

combinação entre automatizado e manual