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1.4 O contexto político-educacional da Secretaria de Estado de Educação do

1.4.1 Dimensão da gestão administrativa e financeira

A gestão administrativa refere-se ao agrupamento de fatores administrativos, técnicos e financeiros incluindo-se, ainda, nessa conjuntura, a autonomia administrativa e o incentivo ao desenvolvimento sustentável da economia local. Concordando com este, Silva (2009), certifica que: “Refere-se às ações sustentadoras da implementação do Programa, atendendo ao objetivo da autonomia” (SILVA, 2009, p. 111).

O principal modelo de gestão do PNAE utilizado pela SEDUC é o centralizado, o qual a Secretaria é responsável por planejar, adquirir e distribuir os gêneros alimentícios em todas as escolas da capital e do interior do Estado. O segundo modelo de gestão aplicado pela SEDUC é o terceirizado. Entretanto, esse modelo é realizado por meio de verba especificamente estadual, em que a Secretaria contrata empresas terceirizadas que realizam a oferta de alimentação nas escolas de tempo integral como o almoço e o café da manhã. Essas refeições são ofertadas aos alunos conjuntamente à refeição custeada pelo FNDE, ou seja, nessas escolas são servidas aos estudantes três refeições por dia letivo.

Vale destacar que, a SEDUC realiza o cumprimento dos requisitos obrigatórios estabelecidos pelo FNDE, para que haja o recebimento de recursos financeiros oriundos do PNAE, conforme representado pela Figura 4, a seguir:

Figura 4 - Fluxograma dos requisitos que permitem o recebimento de recursos do

PNAE – FNDE

O repasse financeiro transferido pelo FNDE à SEDUC/AM fica sob a responsabilidade do Departamento de Planejamento e Gestão Financeira (DPGF), que delega as competências de acompanhamento e prestação de contas dos recursos oriundos do FNDE à Gerência de Orçamentos e Finanças (GEOF). Essa gerência é responsável pela execução de todos os processos emitidos pela SEDUC por meio de solicitações de cada departamento, de acordo com suas necessidades, tendo como atividade principal fixar a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

Nesse contexto situacional, para que haja sintonia entre o fluxo de receitas e o pagamento de despesas, esta gerência demonstra e avalia o cumprimento das metas fiscais, o saldo orçamentário, o saldo financeiro, a execução financeira de convênios e os relatórios de pagamentos efetuados periodicamente por fonte (AMAZONAS, 2015b).

Por sua vez, a GEDIME realiza a elaboração do planejamento anual do programa contendo o descritivo e o quantitativo de todos os gêneros alimentícios a serem empregados no cardápio da alimentação escolar, para toda a rede. Esse planejamento é encaminhado ao DELOG que define junto à GEDIME a periodicidade das solicitações de compras dos gêneros alimentícios, as quais são encaminhadas à GECOM, responsável pelas compras dos gêneros alimentícios da alimentação escolar junto à SEFAZ. Ressalta-se que, tanto a GEDIME quanto a GECOM estão atreladas ao DELOG.

Sobre a gestão financeira do programa, ela se refere à regularidade do repasse de recursos, fundamental para garantir a plena implementação do PNAE em âmbito estadual, para toda população alvo, por 200 dias letivos sem interrupção, garantindo a cobertura universal do programa. Sobre essa particularidade, o FNDE realizou a transferência de recursos financeiros para a Secretaria em 10 parcelas para o cumprimento do atendimento dos 200 dias letivos, totalizando, em 2015, o valor de R$ 35.907.924,00.

Do total dessa transferência financeira suplementar no valor de supracitado que é repassada pelo FNDE à SEDUC/AM, 30% desse valor destinou-se à aplicação no programa de aquisição de produtos oriundos da Agricultura Familiar, correspondendo a um valor de R$ 10.772.377,20. Conforme estabelece o Art. 14, da Lei Ordinária 11947/2009:

Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas (BRASIL, 2009b, p. 9).

Para uma melhor compreensão sobre o repasse financeiro realizado pelo FNDE mediante o quantitativo de alunos da SEDUC/AM, segue a Tabela 4:

Tabela 4 - Repasse financeiro do FNDE à SEDUC por modalidade de ensino em 2015

Modalidade de Ensino Quantidade de alunos Per individual capita Valor repassado Educação Básica - Total de

alunos/Censo - 2014/2015 493.839 - R$ 35.907.924,00 Distribuição do recurso por modalidade

Educação Especial 739 - R$ 76.100,00

Creche 22 1,00 R$ 4.400,00

Pré-Escola 74 0,50 R$ 7.400,00

Educação Especializada (AEE) 643 0,50 R$ 64.300,00

Ensino Fundamental 261.254 - R$ 20.735.400,00 Tempo Parcial 225.110 0,30 R$ 13.506.600,00 Tempo Integral 36.144 1,00 R$ 7.228.800,00 Ensino Médio 179.284 - R$ 12.135.060,00 Tempo Parcial 169.441 0,30 R$ 10.166.460,00 Tempo Integral 9.843 1,00 R$ 1.968.600,00

Educação de Jovens e Adultos (EJA) 46.719 - R$ 2.188.036,00

Tempo Integral 572 1,00 R$ 114.400,00 Semipresencial 14.483 0,30 R$ 173.796,00 Parcial 31.664 0,30 R$ 1.899.840,00 Educação Indígena 6.486 - R$ 773.328,00 Tempo Parcial 6.434 0,60 R$ 772.080,00 Semipresencial 52 0,60 R$ 1.248,00

Mais Educação Fundamental 23.305 - R$ 1.819.836,00 Tempo Parcial até 07/08 12.602 0,60 R$ 907.344,00 Semipresencial - Educ. Indígena 589 0,30 R$ 35.340,00 Tempo Parcial de 08/08 a 01/10 13.832 0,60 R$ 331.968,00 Tempo Parcial de 02/10 a 30/12 22.716 0,60 R$ 545.184,00

Total de Recursos Recebidos em 2015 R$ 35.907.924,00

Fonte: Elaborado pela autora a partir da Gerência de Acompanhamento e Prestação de Contas, Amazonas, 2015d.

Segundo os dados fornecidos pelo DELOG referentes à aquisição de gêneros alimentícios, diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, do total de 30% do investimento obrigatório através dos

recursos financeiros repassados pelo FNDE, a Secretaria alcançou o percentual de 27,21% em 2014. Para uma melhor compreensão acerca do recurso financeiro aplicado na execução da agricultura familiar através do PNAE pela SEDUC/AM, na Tabela 5, a seguir, apresenta-se um demonstrativo progressivo referente ao período de 2009 (ano em que a lei entrou em vigor) a 2014.

Tabela 5 - Execução financeira dos 30% da agricultura familiar do PNAE pela SEDUC (2009-2014)

ANO Quantidade municípios de atendidos Orçamento a executar - 30% Agricultura Familiar Valor executado Dos 30%

Gêneros adquiridos através da chamada pública

2009 Não chamada pública houve 5.889.837,36 0,00 0% Não houve

2010 Realizada chamada pública, mas foi fracassada, não houveram interessados 6.515.976,29 0,00 0% Não houve

2011 43 8.083.140,00 1.218.290,59 4,52% Hortaliças, farinha, e frutas da Região. 2012 43 8.763.710,40 3.037.685,63 10,40% Hortaliças, farinha, e frutas da Região. 2013 Capital e Interior 9.697.429,89 7.356.850,00 19,01%

Hortaliças, farinha, e frutas da Região + Leite em pó (de fora da região).

2014 Capital e Interior 13.582.043,68 9.215.471,46 27,21%

Hortaliças, farinha, e frutas da Região + Leite em pó e achocolatado (de fora da região).

Fonte: Departamento de Logística/SEDUC, Amazonas, 2015d.

Entretanto, o valor destinado ao investimento do programa da agricultura familiar não conseguiu alcançar o investimento dos 30%, conforme a recomendação do FNDE que, segundo a Secretaria, pode se justificar devido à adesão insuficiente dos produtores às exigências legais do programa. Nesse cenário, é possível observar que, o processo de incorporação ao referido percentual estabelecido pela lei através da SEDUC/AM, assim como a maioria dos estados está aumentando aos poucos a partir de alternativas e de enfrentamento de dificuldades encontradas. Nesse escopo Balestrini et al. (2013), destacam:

Processo produtivo, logística de entregas nas unidades escolares, entendimento dos chamamentos públicos por parte dos agricultores familiares e do poder público, oscilações e defasagens de preços, baixa diversidade alimentar, irregularidades na produção com necessidade de

familiar devido à dificuldade de legalidade e das exigências sanitárias (BALESTRIN et al., 2013, p. 13).

Regularmente, conforme determina o FNDE, no início do ano subsequente, a EEX deve realizar a prestação de contas desses recursos empregados no PNAE. A SEDUC, por intermédio da GEOF, que é a gerência responsável pelo recebimento dos recursos, alimenta no sistema eletrônico do FNDE todas as informações quanto ao emprego dos recursos financeiros. Após esse cadastramento, a GEOF encaminha um demonstrativo da execução financeira ao CAE, que por sua vez, é o encarregado pela análise da documentação.

Devido ao seu caráter deliberativo, o CAE também é incumbido pela realização da prestação de contas junto ao FNDE. Sendo de sua competência examinar e avaliar a papelada encaminhada pela SEDUC, remetendo, do mesmo modo, um parecer sobre a análise documental no sistema eletrônico do FNDE. Para uma melhor compreensão a respeito da obrigatoriedade da prestação de contas pelo setor financeiro da SEDUC e pelo CAE, a Figura 5, a seguir, explica de forma sintética a prestação de contas ao PNAE:

Figura 5 - Fluxograma da prestação de contas da EEx e CAE ao PNAE

Diante dos dados apresentados, é possível considerar que, legalmente, o FNDE vem cumprindo regularmente com a transferência suplementar dos recursos financeiros destinados à SEDUC, conforme a modalidade de ensino e o quantitativo de alunos matriculados no senso escolar da rede estadual. A SEDUC/AM, por sua vez, vem mantendo a decisão quanto à disponibilidade da contrapartida de recursos complementares ao PNAE, garantindo assim, que não haja um retrocesso dessa política pública.