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Segundo o Novo Programa de Matemática do Ensino Básico, a avaliação é parte integrante do processo de ensino aprendizagem.

Neste contexto, na parte referente a esta dimensão, optei por me debruçar sobre a avaliação. No decorrer das aulas compreendi a importância da avaliação como elemento regulador do processo de ensino/aprendizagem. Em cada momento o professor avalia os alunos e, em simultâneo, a sua própria prática. Ao longo da aula o professor observa os alunos procurando perceber que conhecimentos prévios têm, se estão a compreender o trabalho que estão a realizar, o que é necessário rever, se é necessário alterar a forma de explicar, entre outras coisas. A vertente reguladora da avaliação ajudou-me a agir em sala de aula mas, a necessidade de classificar, de atribuir valor ao que o aluno sabe em determinado momento, é algo que me provoca algumas dúvidas.

Ao longo do tempo, fui formando uma imagem de cada aluno: da sua relação com o professor e com os colegas, do que sabe, do seu método de trabalho, dos seus raciocínios, da sua relação com a Matemática, dos seus objetivos e das suas potencialidades. Este processo requer tempo e constatei que apenas um período letivo é insuficiente para conhecer bem todos os alunos de uma turma. Creio que esta será uma tarefa bastante difícil e complexa para o professor que leciona várias turmas.

Da minha experiência em sala de aula, ficou o interesse por encontrar estratégias, métodos e instrumentos de avaliação que me permitissem construir uma visão mais abrangente de todos e de cada um dos alunos, de modo a poder ajudá-los a desenvolver as suas capacidades, ultrapassar as suas dificuldades e a atribuir-lhes uma classificação mais justa. Assim, analiso os diferentes métodos de avaliação com que tive oportunidade de trabalhar durante a PES, de modo a determinar os seus pontos fracos e fortes e discutir a forma me ajudaram a avaliar os alunos.

Na atualidade coexistem diversos paradigmas ou conceções de avaliação, destacando-se uma ou outra, de acordo com os usos que, em cada momento, se pretende dar à avaliação. A sua grande visibilidade social torna ainda mais complexo um processo já por si difícil (Santos, 2003b).

Na última década, tem-se vindo a assistir a uma mudança nos currículos de Matemática em Portugal e, em particular, nas orientações curriculares dirigidas à avaliação.

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Tendo esta passado a ser entendida como uma parte integrante do currículo, tem vindo a reforçar-se a componente formativa da avaliação, preconiza-se o recurso a instrumentos alternativos de recolha de informação e propõem-se objetivos de aprendizagem de diversas áreas. O tema da avaliação nos documentos programáticos de Matemática passou a ter maior visibilidade, traduzindo assim o reconhecimento da importância desta área em todo o processo de ensino e aprendizagem (Santos, 2003; DGIDC, 2007; NCTM, 2007; ME, 2007).

A principal forma de avaliação é o teste escrito. Isto pode estar, em parte relacionado com a forte influência que, até hoje, se faz sentir do paradigma da avaliação como medida, na possibilidade de quantificar e dividir, em partes, perguntas de natureza mais fechada, sobretudo dirigidas à memorização ou à aplicação direta de conhecimentos, que ajudam a reforçar a crença na possibilidade de um juízo objetivo e, como tal, com elevado grau de fiabilidade (Santos, 2005).

Durante a minha PES tive oportunidade de lidar com duas situações distintas.

Na escola secundária, o grupo de matemática discutia e partilhava as ideias de Domingos Fernandes (2005), tendo adotado uma Avaliação Formativa Alternativa que começava a alastrar pelos restantes grupos disciplinares. A implementação deste método de avaliação permitiu-me contactar com variados instrumentos de avaliação.

Na escola básica, as práticas de avaliação foram marcadas pela realização frequente das chamadas questões-aula (10 questões aula tinham o mesmo peso na nota final que um teste), cuja construção e análise me permitiu desenvolver competências que não havia trabalhado antes.

4.2.1. A observação

No que respeita a uma avaliação diária em sala de aula, com um objetivo de regulação das aprendizagens, os professores recorrem, sobretudo, à observação e ao questionamento dos alunos. Procuram compreender certas atitudes dos alunos e apreciar a forma como comunicam os seus raciocínios, o desenvolvimento de uma avaliação reguladora é marcado por grande informalidade. A investigação mostra que a observação, em geral, não é acompanhada de registos, nem tão pouco é feita de forma sistemática e estruturada (Amado, 1998).

Os procedimentos informais de avaliação estão geralmente associados à avaliação formativa. A sua concretização faz-se normalmente através do questionamento e da observação dos alunos. Esta observação raramente é acompanhada de registo escrito, possivelmente dada a dificuldade de o fazer de forma continuada, como aliás ressalta dos resultados do estudo de Leal (1992, citado por Santos, 2003b). Por não haver registos escritos, estas informações são vistas pelos professores como especialmente subjetivas e, como tal, pouco fiáveis. Fica a questão de saber, como é que os professores, tomando tal posição, conseguirão substituir as potencialidades da observação por outra forma, que a seu ver, lhes dê mais confiança ou então, como poderão passar a reconhecer legitimidade a esta forma de avaliação (Santos, 2003b).

É essencial observar os alunos no decorrer da aula. Podemos discernir, por exemplo, se estão ou não a perceber o que lhes estamos a explicar, observar as expressões faciais que exibem é uma forma de perceber se estão ou não a compreender o que se está a discutir. A sua postura e ações, podem dar feedback sobre a relação do aluno com o professor, com os colegas e com a disciplina ou, com um determinado conteúdo em particular.

Nas aulas em que participei, o objetivo principal da observação era verificar se os alunos tinham dificuldades e, por consequência, servia para discutirmos se as estratégias que estávamos a implementar eram adequadas. Não existia qualquer registo escrito e nem uma preocupação classificativa.

A atribuição de classificação baseada na observação poderá ser bastante subjetiva e de difícil realização. Durante cada aula, a minha atenção estava focada nos conteúdos abordados, nas dificuldades e nos desempenhos dos alunos, não havendo tempo para efetuar registos escritos. Poderá ajudar, ter presentes os critérios de avaliação referentes a atitudes e valores e manter um diário das aulas, que pode mesmo ser acrescentado ao plano de aulas no fim de cada dia, apesar das limitações.