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CHIADO EDITORA-BREAK MEDIA GROUP

1. CONCEITOS RELACIONADOS À PROPRIEDADE INTELECTUAL

1.2. Direito Autoral

Direito autoral é um conjunto de prerrogativas conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual, para que ela possa gozar dos benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações. O direito autoral está regulamentado pela Lei de Direitos Autorais e protege as relações entre o criador e quem utiliza suas criações artísticas, literárias ou científicas, tais como textos, livros, pinturas, esculturas, músicas, fotografias etc. Os direitos autorais são divididos, para efeitos legais, em direitos morais e patrimoniais (ECAD, 2014).

A fim de supostamente proteger os direitos autorais, são criados mecanismos de gerenciamento de direitos e de controle de acesso às obras, mas tais mecanismos são frequentemente contornados e a obra mais uma vez se torna acessível. Cada vez mais constantemente, temos assistido à contestação judicial do uso de obra de terceiros. Constata-se, portanto, que a grande questão a ser analisada quando o estudo dos direitos autorais é a busca pelo equilíbrio entre a defesa dos titulares dos direitos e o acesso ao conhecimento por parte da sociedade.

1.2.1. Direito de Autor

O art. 7º da Lei 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais, ou LDA) indica quais obras são protegidas pelos direitos autorais, enfatiza a necessidade de a obra, criação do espírito, ter sido exteriorizada e minimiza a importância do meio em que a obra foi expressa. É relevante mencionar que serão protegidas apenas as obras que tenham sido exteriorizadas. As ideias não são passíveis de proteção por direitos autorais. No entanto, o meio em que a obra é expressa tem pouca ou nenhuma importância, exceto para se produzir prova de sua criação ou de sua anterioridade, já que não se exige a exteriorização da obra em determinado meio específico para que a partir daí nasça o direito autoral.

Este existe uma vez que a obra tenha sido exteriorizada, independentemente do meio. A doutrina indica os requisitos para que uma obra seja protegida no âmbito da LDA. São eles:

a) Pertencer ao domínio das letras, das artes ou das ciências, conforme prescreve o inciso I do art. 7º, que determina, exemplificativamente, serem obras intelectuais protegidas os textos de obras literárias, artísticas e científicas.

b) Originalidade: este requisito não deve ser entendido como “novidade” absoluta, mas sim como elemento capaz de diferençar a obra daquele autor das demais. Aqui, há que se ressaltar que não se leva em consideração o respectivo valor ou mérito da obra.

c) Exteriorização, por qualquer meio, conforme visto anteriormente, obedecendo-se, assim, ao mandamento legal previsto no art.7º, caput, da LDA. d) Achar-se no período de proteção fixado pela lei, que é, atualmente, a vida do autor mais setenta anos contados da sua morte.

O documento que confere proteção jurídica aos bens integrantes do direito autoral é o registro. Segundo a convenção de Berna o direito autoral abrange todas as produções do domínio literário, científico e artístico, qualquer que seja o modo ou a forma de expressão.

Portanto, um artigo científico ou um livro podem ser protegidos pela fixação de autoria, concedendo direitos morais e patrimoniais ao autor, e direitos por até 70 anos após sua morte aos herdeiros (UNESCO, 1971).

Com relação ao direito moral, este permite ao autor adotar certas medidas para preservar o vínculo pessoal existente entre ele e a obra. Sobre o direito patrimonial, a legislação permite

ao titular dos direitos extrair um benefício financeiro em virtude da utilização de sua obra por terceiros (BRASIL., 1998).

1.2.2. Direitos Conexos

Os direitos conexos também são chamados de direitos vizinhos, ou droits voisins, por serem direitos próximos, assemelhados aos direitos autorais, embora não sejam eles próprios direitos autorais. Trata-se, literalmente, de um direito referente à difusão de obra previamente criada. O esforço criativo aqui evidente não é o de criação da obra, mas sim de sua interpretação, execução ou difusão.

Diante dessa aproximação conceitual, a LDA estipula que as normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão. No âmbito internacional, os direitos conexos são regulados pela Convenção de Roma, de 1961.A primeira classe dos titulares de direitos conexos abrange os artistas intérpretes ou executantes. Distinguem-se os primeiros dos últimos por sua atuação diante da obra. O cantor de uma banda ou um ator é intérprete. Os músicos da banda são executantes.

O controle do disposto na legislação é feito através do ECAD — Escritório Central de Arrecadação e Distribuição que tem sua existência prevista no art. 99 da LDA. Este determina que as associações manterão um único escritório central para a arrecadação e distribuição, em comum, dos direitos relativos à execução pública das obras musicais e lítero-musicais e de fonogramas, inclusive por meio da radiodifusão e transmissão por qualquer modalidade, e da exibição de obras audiovisuais.

1.2.3. Registro de Software

A definição de software pode ser encontrada na Lei de Software (Lei 9609/98), que conceitua “programa de computador” em seu o artigo 1° do seguinte modo:

“Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos

ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.”

Quanto ao seu regime de proteção, a LDA assim o determina: “Os programas de computador são objeto de legislação específica, observadas as disposições da própria LDA que lhes sejam aplicáveis” (art. 7º, § 1º). Em conformidade com o disposto na LDA — e em seu complemento — a lei que trata especificamente de programas de computador, a “Lei de Software” determina em seu artigo 2º que “O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País, observado o disposto nesta Lei.” Ou seja, aplica-se a lei especial (Lei de Software) e a LDA, no que esta não for conflitante com aquela, dessa forma, mesmo sendo conferido aos programas de computador o tratamento dado às obras literárias, artísticas e científicas, o registro, ao contrário do que poderia se esperar, não é feito na Biblioteca Nacional, e sim no INPI.

Da mesma forma, contrariamente ao que acontece às demais obras protegidas no âmbito da propriedade industrial — marcas, invenções e modelos de utilidade —, o registro do programa de computador não é constitutivo, ou seja, não é necessário que haja registro para que os direitos sejam conferidos ao seu titular. A proteção por direito autoral decorre da criação da obra, como ocorre com as demais obras, de caráter literário, artístico e científico.