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Discípulos Secundários que, em seu conjunto, deveriam possuir:

No documento OS ARCANOS MAIORES DO TARÔ - G. O. MEBES (páginas 167-181)

TARO ou ROTA INR

ESQUEMA DA ÉPOCA "CONSTITUTIO" Figura

2. Discípulos Secundários que, em seu conjunto, deveriam possuir:

a) O elemento ativo (Iod) que, neste caso, é a dedicação, até o extremo, à metafísica da Corrente. b) O elemento passivo (He) manifestando-se como intuição e extrema sensibilidade, quase histérica. c) O elemento andrógino (Vau), ou seja:

— a capacidade de transmitir aos seus semelhantes a simpatia e o interesse para com o ensinamento; — a habilidade de infundi-lo e espalhá-lo por métodos pessoais indo até o exagero.

d) O elemento servidor (Segundo He), introduzindo a disciplina e seguindo os preceitos éticos da doutrina, até a aspiração do auto-sacrifício total.

Passemos ao conjunto dos Crentes. Deveria ser assegurada a possibilidade de observá-los, avaliando sua psique e suas qualidades, para poder, entre eles, escolher como discípulos os que se destacam do nível geral e possam, ativamente, servir a Egrégora. É muito prejudicial, à Corrente, impedir a aproximação ao seu Centro Iniciático, às Células cuja dedicação e energia se manifestem consciente e

intensamente. Isso é tão nefasto para a Corrente como seria, no plano físico, dificultar artificialmente a alimentação dos órgãos essenciais do corpo pelo fluxo sangüíneo sadio.

Concluindo, falaremos dos perigos que ameaçam uma corrente religiosa, já formada ou em fase de formação.

No plano mental, a religião é prejudicada pelo acréscimo da escolástica à sua teologia. Isso representaria a involução de seu aspecto ideológico.

No plano astral, ela pode sofrer seriamente pela adição ao seu ritual das formas puramente estéticas. A corrida atrás da beleza dos símbolos é feita às custas de sua pureza. Seria a involução da religião no plano da forma.

No plano físico, a religião é prejudicada pelas manifestações emocionais, sancionadas por seu próprio código. Diversos cultos que estimulavam tais manifestações durante suas reuniões religiosas, não tiveram vida longa.

Revisemos, na ordem cronológica, algumas correntes espirituais[6], ocupando-nos principalmente de sua etiologia.

OS TEMPLÁRIOS

No início da época das Cruzadas, a influência marcante da corrente gnóstica nas escolas da Arábia e da Palestina, serviu de inspiração a vários expedicionários Cruzados, levando-os a formar uma das mais poderosas Egrégoras — a Egrégora Templária.

O ponto acima do "Iod" do esquema Templário era constituído pelo grandioso ideal de criar um império universal, perfeito e equilibrado em todos os planos, e que introduziria, por toda parte, a penetração do

sutil no denso. Neste império, o Influxo Superior, vindo do plano do Poder Místico, devia vivificar o

Poder Astral e, instruindo e regendo o Poder Realizador, criar a prosperidade, a felicidade e a possibilidade do trabalho evolutivo, isto é, facilitar a salvação para todas as classes sociais, independentemente das nacionalidades a que pertencessem. Todavia, deviam ser levados em consideração os costumes locais e as condições dos ambientes nacionais. Este formidável esquema incluía todos os sonhos: coibir os abusos do poder papal, elevar e aperfeiçoar todas as classes da sociedade humana, desenvolver a indústria e o comércio no mundo inteiro e acabar com a perda de energia, gasta nas lutas entre as nacionalidades, as classes sociais ou os indivíduos particulares, lutas causadas pela má vontade ou incompreensão mútua. Em suma, era o sonho da realização do Reino-de- Deus na Terra, acalentado por homens conscientes e inteligentes, por almas cunhadas no cavalheirismo e que, para realizá-lo, contavam com o apoio de seus corpos sadios e de suas riquezas, honestamente adquiridas.

O elemento "Iod", no esquema dos Templários, era constituído pelo ensinamento de Hermes Trismegistos, bafejado pela influência sadia do gnosticismo.

O "Primeiro He", como dissemos, era constituído pelo ambiente dos Cruzados, provendo a nova Egrégora com seus elementos mais capazes, mais fortes, puros e espiritualizados.

O elemento Shin da nova corrente formou-se da beleza do ideal, da perspectiva atraente do futuro poder, em todos os planos, de seus adeptos e da possibilidade que os mesmos teriam em utilizar este poder, de um modo geral ou particular, na realização dos ideais que lhes eram caros.

O elemento "Vau" dos Templários era constituído por aquilo que hoje em dia é denominado "Culto de Baphomet". A palavra "Baphomet", lida, cabalisticamente, da direita para a esquerda, é o resultado de um modo particular de adaptação do Notarikon (ver Arcano X) à frase: "templi omnium hominum pacis abbas" que, traduzida, significa: "o pai do templo da paz para todos os homens". Este nome corresponde a uma personificação da maneira pela qual os Templários contavam realizar seus ideais, e que consistia em criar, com os impulsos volitivos da Corrente, um poderoso turbilhão astral. Por causa disso, nas cerimônias secretas dos Templários, um papel importante era desempenhado por uma estátua representando Baphomet, símbolo do turbilhão astral Nahash, do qual falaremos no Arcano XV.

O "Segundo He" dos Templários correspondia à política de caráter teocrático, com a preservação tradicional da lei hierárquica e do princípio de centralização completa. Os grupos de "Comendadorias" dos Templários formavam "Prioratos"; estes, "Grandes Prioratos"; os grupos de "Grandes Prio-ratos" constituíam "Línguas", isto é, grupos que se utilizavam do mesmo idioma. Acima de todas as "Línguas" havia o Grão-Mestre. Este, na aplicação de seu poder pentagramático, pautava-se unicamente pelo lema geral dos Templários: "Misericórdia e Conhecimento".

Nessas bases, no ano 1118, formou-se a Ordem do Templo. Já mencionamos sua dissolução posterior, no ano 1312, por bula papal, e, anteriormente a esta, no dia 13 de outubro de 1307, o fim trágico do Grão-Mestre dos Templários, Jacques de Molay e de seus mais íntimos colaboradores.

Os poderosos elementos "Iod" e "He" da Egrégora Templária, juntamente com seu magnético "Shin", levaram a Ordem ao cume do florescimento em todos os planos. Seus inimigos, invejosos deste êxito e cobiçando as riquezas da Ordem — vastos territórios pertencentes ao Templo — procuraram meios de destruí-la. Recuando diante do poder mágico da Corrente, escolheram uma arma oculta — a calúnia — atacando o "Vau" da Egrégora e acusando os Templários de praticar a magia negra, organizar orgias e adorar Baphomet.

Traçando uma verdadeira rede de intrigas, alcançaram finalmente seu objetivo: a destruição da Ordem (no plano físico).

Podemos nos perguntar o que tenha acontecido aos cavaleiros do Templo que não pereceram? Quem se arriscou a acolhê-los, a ser fraterno para com eles?

Respondendo a essa pergunta, devemos lembrar que, paralelamente ao aparecimento dos Templários, duas outras correntes se criaram e fortaleceram na Europa: A Hermética, que aspirava a realização da "Grande Obra", e a dos construtores das catedrais góticas, chamados Maçons Livres, que professavam o culto do seu trabalho, preservando na arquitetura o simbolismo tradicional. Essas duas correntes aproximaram-se, criando associações compostas de dois tipos de elementos: trabalhadores no plano mental e trabalhadores no plano físico. O elo que os ligava era o plano astral, o mundo dos símbolos iniciáticos tradicionais, vivificados pelo trabalho dos Hermetistas e coagulados e expressos em forma acessível aos sentidos, pelo trabalho dos Maçons.

Foram estes "Maçons Livres", oficialmente reconhecidos por Roma no ano de 1277, que decidiram acolher e aceitar como irmãos os Cavaleiros Templários, salvos da destruição de sua Ordem e que se tornaram, assim, "MAÇONS ACEITOS".

Isso se refere ao plano físico, mas o que aconteceu com o astrosoma da Corrente, a sua poderosa Egrégora?

ponto de apoio na Terra, elas têm a possibilidade de purificação e aperfeiçoamento no plano astral. Poder-se-ia dizer que as "cascas" dessas Egrégoras, cascas que se formaram dos erros de seus adeptos no plano físico, se dissolvem ou se sutilizam, permitindo que a Luz interna apareça com maior intensidade. A possibilidade de tal aperfeiçoamento é privilégio apenas das Egrégoras que, falando em termos por nós adotados, possuem o "ponto acima do Iod" muito puro e o sistema fechado de um poderoso "Iod" bem nitidamente determinado.

A Egrégora Templária purificou-se no astral durante, aproximadamente, 80 anos e depois fez nascer na Terra um movimento que chamaremos, condicionalmente, de "ROSA-CRUZ INICIAL".

ROSACRUZ — MAÇONARIA — MARTINISMO

Não queremos impor a ninguém a crença de que tenha existido, efetivamente, uma Fraternidade fundada por Christian Rosenkreuz (1378 - 1484) e composta de um pequeno conjunto de místicos castos; queremos, apenas, afirmar o fato do aparecimento no astral de uma forma apresentando, nitidamente, os ideais e caminhos de aperfeiçoamento dos quais, bem mais tarde, tratou a famosa obra "FAMA FRATERNITATIS ROSAE CRUCIS". Nela, esses ideais foram registrados em forma de um código; mas o despertar da Egrégora aconteceu numa época bem anterior.

Estudemos como se apresenta para nós a Egrégora da Rosa-Cruz inicial, segundo a obra acima citada e também conforme o "CONFESSIO FIDEI R+C". É claramente visível que essa poderosa Egrégora atraiu a si os fluidos de três importantes e amplos fluxos da Verdade: o Gnosticismo, a Cabala e o Hermetismo da Escola Alquímica.

O "Ponto Superior acima do Iod" deste novo aspecto da Egrégora Templária foi constituído pelo ideal do trabalho teúrgico, visando a vinda do "Reino de Elias Artista" e por uma fé inabalável de que este Reino virá no futuro.

O que quer dizer isso? Quem é "Elias Artista" ?; De onde surgiu "Elias" e por que "Artista"?

Na Bíblia, Elias e Enoch são símbolos de algo que é levado vivo ao céu. No entanto, o caminho direto para o Empíreo da metafísica está aberto somente aos fluxos da Verdade Absoluta. Os Arcanos Menores do Livro de Enoch fazem parte de tais fluxos. Elias, por sua vez, é como uma imagem mais concreta de Enoch está mais próximo de nós. Portanto, "Elias" e não "Enoch".

Como é este Elias? Por quais caminhos pode ele nos levar aos Arcanos Menores, à Reintegração Rosacruciana? Seria este o caminho dos Bem-aventurados, caminho dos corações humildes e plenos de amor, das mentes simples e sem malícia, mas possuidoras de uma fé infinita?

Não. A Egrégora não era para eles. Era para os que haviam experimentado o refinado sabor do conhecimento e já não podiam a ele renunciar. O "Elias Rosacruciano" conduz seus seguidores aos Arcanos Menores pelo caminho difícil de um estudo minucioso e profundo dos Arcanos Maiores, uma análise engenhosa, constituindo verdadeira arte; daí o nome "Artista".

O poderoso "Iod" com o qual a Egrégora modelava seus adeptos expressou-se pelo símbolo imortal da Cruz+Rosa. Seja qual for a moldura que acompanhe este símbolo, sejam quais forem os acréscimos, sua parte central e essencial, permanece sempre a mesma.

A Cruz — símbolo da auto-renúncia, do altruísmo ilimitado, da submissão total às Leis Superiores, é um dos seus pólos. A Rosa perfumada de Hermes, símbolo da ciência e do aperfeiçoamento nos três planos, envolve a Cruz.

Os vinculados ao símbolo da Rosa+Cruz, podem carregar a Cruz, mas não poderão remover dele a Rosa. Mesmo se os espinhos do conhecimento os fizerem sofrer, não renunciarão à atração de seu perfume. A Rosa ê o segundo pólo do binário.

A tarefa de um Rosacruciano é neutralizar este binário com sua própria personalidade; harmonizar em si mesmo a Ciência e a Auto-Renúncia; fazê-las servir a um mesmo ideal. Um Rosacruciano deve assemelhar-se ao terceiro símbolo que consta no pantáculo da Rosacruz — o Pelicano, cujas asas permanecem largamente abertas e que, sacrificando-se por seus filhotes, alimenta-os com seu próprio corpo — seu sangue e sua carne.

No emblema, os filhotes do Pelicano são de cores diferentes. Nos emblemas primitivos havia apenas três filhotes, simbolizando as três Causas Primordiais; nos emblemas posteriores há sete, simbolizando as sete Causas Secundárias, sendo cada um dos filhotes de uma cor planetária diferente. Isso indica que o sacrifício deve ser feito conforme a ciência das cores, ou seja, cada um dos filhotes necessita um tratamento específico.

Esse "Iod" apresenta um tema a ser meditado por parte de cada um dos verdadeiros Rosacrucianos. O "Primeiro He" do Rosacrucianismo inicial era constituído por um grupo de naturezas raras e excepcionais, capazes de unir o misticismo à mais elevada intelectualidade.

O "Shin" do esquema Rosacruciano revestiu-se de uma certa auto-apreciação, em conseqüência natural de se considerarem instrumentos escolhidos. Havia tão poucas pessoas, capazes de satisfazer a essas exigências, que a convicção da superioridade introduziu-se por si mesma. Ela acentuou-se ainda mais, devido às severas regras da ética Rosacruciana, que os eleitos introduziram em seu viver.

O culto — o elemento "Vau" — expressava-se pela meditação sobre os símbolos, especialmente sobre o grande pantáculo da Rosa + Cruz e, em parte, pelas cerimônias místicas durante as reuniões periódicas dos Rosacrucianos.

O "Segundo He", a "política" da Escola, constituiu-se numa atividade que, de acordo com suas convicções, os Rosacrucianos consideravam indispensável ao progresso da Humanidade. Devido a necessidade da prudência, tanto essa atividade quanto as pessoas dos membros da Corrente, eram envolvidas num estrito anonimato. Nesse "Segundo He", podia-se perceber facilmente a reação, ainda não dissolvida no astral puro, do violento ressentimento dos Templários contra a Igreja Romana, ressentimento que chegou a criar os. elementos formais do Protestantismo. Note-se que na "Fama Fraternitatis" e no "Confessio", o Papa é comparado ao Anti-Cristo; dentre os sacramentos, apenas dois são reconhecidos, etc.

O Rosacrucianismo inicial, como já sublinhamos, não podia, naturalmente, contar com muitos adeptos, pois exigia deles características que, em geral, se excluem mutuamente.

Mais tarde, no século XVI, da Escola inicial surge gradualmente aquilo que poderia ser chamado de "Rosacrucianismo Secundário". Se o primeiro era acessível somente a pouquíssimos, o segundo podia ser seguido por todos os homens conscientes. Se o primeiro exigia quase fanaticamente de seus seguidores que adotassem regras rígidas de auto-aperfeiçoamento, o segundo era caracterizado por uma tolerância maior em todos os campos da mente e do coração.

O "Ponto acima do Iod" e o próprio elemento "Iod" permaneceram os mesmos. Visivelmente, mudou o "Primeiro He". O ambiente dos séculos XVI, XVII e, parcialmente, do XVIII, fecundado pelos ideais

Rosacrucianos, era o dos Enciclopedistas, no melhor e mais amplo sentido dessa palavra. Do adepto da nova Rosa+Cruz exigia-se uma multiplicidade de facetas intelectuais, capacidade de especulação científica, amplitude do horizonte mental e dedicação aos ideais. Na Corrente Rosacruciana entravam tanto as naturezas altamente místicas, como fervorosos panteistas ou pessoas de mentalidade prática. Todavia, tornamos a repetir, eram aceitas unicamente pessoas notáveis por sua inteligência e erudição, pessoas possuindo uma vontade desenvolvida e concepções claras a respeito do trabalho a desenvolver para a elevação da humanidade.

(A publicação do elemento Shin não foi autorizada pelo Mestre G. O. Mebes).

O elemento "Vau", em linhas gerais, permaneceu idêntico ao da Rosacruz inicial. Segundo os vários ramos da Escola, apareceram pequenas diferenças no ritual de recepção dos novos membros, nos rituais dos graus ou nas cerimônias, durante as reuniões dos conselhos superiores. No elemento "Vau" devem ser também incluídos os métodos de transformação astral e de treinamento da personalidade, acrescentados à prática básica de meditação. A introdução desses métodos era devida, em grande parte, à influência de várias escolas orientais.

O "segundo He" ou a "política da Escola", expressou-se pela orientação de exercer sua influência na sociedade contemporânea. No começo, essa influência tinha um caráter puramente ético; mais tarde, fortemente realizador. Os ramos e sub-ramos do Rosacrucianismo Secundário possuíam seus programas políticos particulares. Estes mudavam, naturalmente, com o passar do tempo, visando sempre as reformas políticas e religiosas mais necessárias. Não obstante, a Egrégora Templária, portadora do impressionante clichê da destruição no plano físico da Corrente de Jacques de Molay, vibrava na direção da prudência cada vez que o Rosacrucianismo se preparava para dar um passo decisivo no mundo externo, causando a escolha do modo de ação mais seguro. Em conseqüência de uma dessas vibrações foi criada a ORDEM MAÇÔNICA.

O astral muito sutil do Rosacrucianismo, apropriado ao ensino, não possuía qualidades necessárias para lidar com problemas práticos e adaptar-se aos condicionamentos e brutalidade dos homens. Podia ficar prejudicado em sua base. A fim de evitá-lo, ao redor da Rosa+Cruz, foi criado um invólucro mais material, melhor adaptado a contatos e trabalhos externos: a MAÇONARIA.

A Maçonaria, isto é, a Maçonaria legítima do Rito Escocês, com interpretação ético-hermética do simbolismo tradicional, tomou-se a guardiã de "sua alma", a Rosa+Cruz. Ela implantava, tanto no seu próprio ambiente, como no mundo externo, o respeito para com os símbolos tradicionais e para com seus intérpretes, os Rosacrucianos. Os Maçons espalhavam ao redor de si a convicção de que o exemplo irrepreensível de suas vidas e seu alto nível moral, tinham suas bases nos ensinamentos iniciáticos. A Maçonaria realizava as reformas decididas pelos Rosacrucianos, protegendo-os, com suas próprias pessoas, contra a possível hostilidade e as perseguições humanas no plano físico.

Os fundadores da Maçonaria, entre os quais ocupa um lugar proeminente ELIAS ASHMOLE (1617- 1692), com muita habilidade adaptaram para seu uso, o sistema dos graus dos Maçons Livres, fazendo dele a base de seus próprios três primeiros graus, os "simbólicos", da Iniciação Maçônica. Este trabalho se iniciou em 1646, e em 1717 existia já um sistema dos Capítulos da Maçonaria Escocesa, plenamente organizado.

Assim, a Maçonaria tornou-se um instrumento indispensável no trabalho do Iluminismo Rosacruciano, cuja "política" (o "Segundo He") recebeu o nome de "Maçônica", nome que guardou até agora. Os efeitos da política Rosacruciana, alcançados pelos Maçons no mundo externo, receberam o nome de "tiros de canhão". Entre outros, como "tiros de canhão", foram consideradas as reformas religiosas de

Luthero e de Calvino, assim como a libertação dos Estados Unidos da América do Norte da dependência britânica (Lafayette e seus oficiais Maçons). Os Rosacrucianos se utilizavam dos Maçons, tanto mais que entre eles escolhiam os que mereciam ser iniciados no Iluminismo Cristão.

Contudo, cada medalha tem seu reverso. Enquanto a Maçonaria foi uma organização submetida ao Rosacrucianismo, enquanto praticava o princípio da Sucessão Hierárquica por transmissão, ela cumpria sua tarefa e não havia problemas. Infelizmente, diversos ramos bastante fortes resolveram introduzir o método de eleger seus dirigentes, rejeitando assim o princípio hierárquico tradicional .Em decorrência, o trabalho maçônico começou a mudar seu caráter e, de evolutivo, passou a ser quase revolucionário. Um momento importante neste novo rumo foi a dissidência de Lacorne e seus seguidores (em 1773) que, numa cisão, separaram-se da Maçonaria legítima e fundaram uma nova associação que passou a ser conhecida sob o nome de "Grande Oriente da França.

Com isto concluiremos o nosso breve esboço relativo à Maçonaria e passaremos ao fim do século XVII, para analisar uma das correntes, ainda existente, do antigo Iluminismo Cristão.

Ao redor do ano de 1760, o famoso Martinez de Pasqualis (ou Pasqually) fundou uma fraternidade de "Seletos Servidores do Sagrado", os "ELUS COHEN", com nove graus hierárquicos. Os três graus superiores eram Rosacrucianos.

A Escola de Martinez era mago-teúrgica, com forte predominância de métodos puramente mágicos. Após a morte de Martinez, seus dois discípulos preferidos, J. B. Willermoz e Louis Claude de Saint Martin, alteraram o caráter dessa Corrente.

Willermoz lhe deu um colorido maçônico e Claude de St. Martin, um escritor conhecido sob o pseudônimo "Le Phil. Inc." encaminhou a Corrente para o lado místico-teúrgico. Contrariamente a Willermoz, ele favorecia uma Iniciação liberal e não as regras das Lojas Maçônicas. A influência de Saint Martin predominou e criou uma Corrente chamada "MARTINISMO".

A Egrégora do Martinismo que possuía sua Maçonaria, isto é, seu círculo externo "encarnou" solidamente em todos os países da Europa. Ela era constituída, aproximadamente, da seguinte forma: O "Ponto acima do Iod" correspondia à harmonização ética, interna, do ser humano.

O "Iod" baseava-se na filosofia espiritualista das obras de St. Martin, que variava, um pouco, segundo diversas épocas da vida do escritor. O "Primeiro He" era constituído por um conjunto de pessoas muito puras e desinteressadas, possuindo aspirações místicas mais ou menos pronunciadas, pessoas prontas a qualquer trabalho filantrópico. O elemento "Shin" era inexistente, provavelmente devido ao caráter do "Primeiro He". Os idealistas puros que aspiram a harmonia interna, não necessitam de um ímã para

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