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7 DISCUSSÃO

7.2 DISCUSSÃO DOS DADOS ANTROPOMÉTRICOS

Em uma população idosa esta pesquisa descreve uma avaliação nutricional, utilizando as seguintes variáveis: peso, estatura, dobras cutâneas e circunferências do braço, da cintura, do quadril e panturrilha. Nessa faixa etária, as alterações referem-se à massa magra e aos padrões de distribuição de gordura, estes sendo frequentes indicadores de riscos cardiovasculares. Os valores de dobra cutânea triciptal (DCT) e dobra subescapular (DCB) correspondem à forma indireta de mensuração da adiposidade corporal, de fácil localização e que apresenta forte correlação com o percentual total de gordura corporal.

Estas medidas tendem a reduzir com o avançar do grupo etário. Em geral, as mulheres apresentam maior reserva de gordura que os homens. Medidas antropométricas vêm sendo utilizadas tanto para avaliação nutricional de idosos como para estabelecer níveis de composição corporal. Entretanto, a utilização isolada desses parâmetros parece ter baixa especificidade, em função da heterogeneidade de fatores típicos dessa faixa etária.160

As equações mais utilizadas para cálculo de percentual de gordura envolvem o uso de diversas dobras corporais. Ocorre que em função das modificações

fisiológicas do idoso, muitas dessas medidas de dobras não se aplicam. A mais recomendada para o idoso, considerada com menor erro, é a dobra tricipital, seguida pela subescapular.160

Nas informações referentes às medidas antropométricas dos praticantes e não praticantes se observou que a média do peso inicial e final em ambos os grupos mostrou-se significativa (p<0,05), sendo que no primeiro grupo houve um decréscimo e no segundo grupo aumentou respectivamente os valores relacionados ao peso no final das atividades realizadas.

Observou-se que independentemente do grupo etário, existe tendência de maiores depósitos de gordura entre as mulheres e também a diminuição de massa gorda se torna mais pronunciada nos idosos mais velhos.161

A diferença de peso entre os grupos praticantes e não praticantes obteve valores significativos, sendo que o IMC do grupo dos não praticantes foram mais relevantes. Também se observou que ambos os grupos apresentaram as médias de estaturas semelhantes.

A correlação do IMC com a espessura das dobras triciptal e subescapular na população adulta americana variou de 0,61 a 0,76, mostrando boa correlação do índice com medidas de adiposidade.161 O perímetro da cintura é indicador da distribuição abdominal da gordura e também da gordura corporal total. As mudanças relacionadas com o acúmulo da gordura visceral ou subcutânea associadas ao processo de envelhecimento podem ser afetadas tanto pela quantidade inicial de tecido adiposo como pelo aumento da massa corporal. Essas transformações ocorrem de forma diferente entre homens e mulheres e características genéticas são fatores predisponentes para a centralização.161

Estudos analisaram a distribuição de gordura em mulheres de diferentes grupos etários por meio de tomografia computadorizada constatando que o envelhecimento leva a redistribuição e internalização da gordura abdominal, principalmente em mulheres. A avaliação do acúmulo de gordura corporal em idosos está diretamente relacionada com fatores determinantes da qualidade de vida, assim como a sarcopenia, derivada da obesidade. As avaliações que utilizam medidas antropométricas de massa corporal, estatura, IMC e perímetros corporais, correspondem a alternativas desencadeadoras de bons resultados, na estimativa de componentes corporais em idosos.162

O acúmulo de massa corporal é fator prognóstico para o aparecimento de patologias em idades mais avançadas, conforme pesquisa realizada em que se comprovou que idosos com idade superior a 70 anos tinham maior massa corporal.153

Entre a faixa etária de 50 a 65 anos o sobrepeso corresponde aos maiores problemas nutricionais, logo, altos valores de IMC estão associados a doenças crônicas. O IMC, apesar de não medir com acurácia o percentual de gordura corporal, corresponde a importante preditor de morbidade associada à obesidade.101

O acúmulo de gordura abdominal se associa ao aparecimento de processos mórbidos, tais como patologias cardiovasculares, diabetes e hipertensão. Estima-se que a massa magra corporal declina cerca de 10% a 20% entre a faixa etária de 25 a 65 anos, porém nesse período, ocorre acúmulo de tecido adiposo nas regiões do tronco.

O grupo de praticantes apresentou valores significativos para a circunferência da panturrilha (p<0,01), como para o perímetro do quadril (p<0,05).

A medida da circunferência da panturrilha representa o melhor método para estimar índice de massa muscular em idosos; superando a circunferência do braço, indica alterações de massa livre de gordura que decorrem da idade e com a redução da atividade.101

Existem inúmeros benefícios que o exercício físico orientado pode oferecer aos idosos incluindo o controle ou diminuição da gordura corporal, manutenção ou incremento da massa muscular, aumento de força muscular e densidade óssea, fortalecimento do tecido conectivo e melhora da flexibilidade.163

Pesquisa identificou a valorização e o reconhecimento de 40 idosos em relação à importância da prática de atividades físicas sistematizadas e sua influência na autopercepção em relação às atividades de vida diária, demonstrando melhora nos aspectos sociais, psicológicos e na relação interpessoal de idosos praticantes de atividades físicas.164 Além disso, outro estudo avaliou 168 indivíduos entre 60 e 95 anos de idade, também apontou melhores índices de satisfação com a vida, autoestima e crescimento pessoal em idosos ativos, ressaltando a importância de exercícios físicos regulares em idosos.165

Estudo avaliou diferenças antropométricas de idosos de regiões brasileiras urbanas e rurais, obtendo como resultado uma taxa elevada de sobrepeso e obesidade em idosos da região urbana se comparados aos idosos da área rural.

Este resultado se deve ao fato de que na zona rural as pessoas relataram trabalhar na lavoura, fazendo suas atividades diárias a pé e consumindo alimentos naturais, diferentemente da cidade onde os indivíduos andam mais de carro, consomem mais alimentos industrializados e não praticam tanta atividade física.166

Em relação ao sobrepeso e a obesidade 50% dos idosos apresentou sobrepeso, mostrando um número alarmante que resulta na necessidade da criação de alternativas e implantação de oficinas com exercícios físicos e (re)educação nutricional.161

As reavaliações corporais quanto ao peso constataram que os praticantes apresentaram menor percentual de gordura em relação aos não praticantes, ou seja, este grupo, como se pode confirmar na literatura, emagreceu consideravelmente em relação ao tempo de realização de atividades físicas propostas, as quais eram diversificadas, porém de predomínio físico-cognitivo.166

Em contrapartida, os idosos não praticantes que não aderiam a programas supervisionados de exercícios físicos regulares, obtiveram um incremento no seu peso corporal. Apesar destes idosos não realizarem exercícios físicos regularmente, apenas esporadicamente, não se pode negar o fato que sua ingesta calórica era contrabalançada pela realização de atividades instrumentais da vida diária, atividades laborais, entre outros.

Porém, estas atividades, apesar de os manterem “ativos” de alguma forma, não tinham capacidade de queima calórica suficiente para evitar acúmulo de gordura, pois como foi registrado nas entrevistas qualitativas, apesar de não estarem se exercitando ativamente por motivos diversos, tinham consciência da importância da inserção do exercício físico na prática diária.

Salienta-se que a medida da prega subescapular no grupo dos não praticantes foi significativa (p<0,01), o que refere que os não praticantes apresentaram um relevante aumento de gordura subcutânea corporal.

As medidas de dobras cutâneas, subescapular e triciptal são indicadoras de quantidade de tecido adiposo subcutâneo e correlacionam com a totalidade de gordura corpórea. Desta forma, as reduções de DCT e DCS indicam déficit crônico na ingestão calórica e são bem úteis para medir alterações na gordura corporal ao longo do tempo, sendo que a região triciptal é a mais representativa da camada subcutânea de gordura em idosos.101

Estudiosos afirmam que em função do envelhecimento o tecido adiposo é redistribuído com maiores percentuais de gordura subcutânea interna depositada no tronco e não extremidades, desencorajando o uso das medidas de dobras para estimar percentual de gordura corporal. Os pesquisadores explicam que a diminuição da elasticidade e hidratação da pele relacionada à idade, assim como à redução do tamanho das células de gordura, aumentam a compressibilidade da gordura subcutânea do tecido do conjuntivo, assim recomendam o uso de medidas de circunferências para estimar a composição corporal em idosos.167

Apesar das pesquisas encontradas na literatura enfatizarem melhores escores de resultados e de medidas para idosos, utilizando a medida da dobra tricipital, acredita-se que este trouxe um dado relevante e requer pesquisas relativas a dobra subescapular em idosos. Este estudo não considerou isoladamente esta medida e também obteve significância em circunferências, corroborando com a literatura, logo, acredita-se que estes resultados podem ser indicadores de agravos cardiovasculares.

7.3 DISCUSSÃO SOBRE OS INDICADORES CARDIOVASCULARES (PAS/PAD,