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O presente estudo procurou compreender a influência de um programa de intervenção fisioterapêutica baseado em exercícios de fortalecimento e treino sensório-motor sobre a qualidade de vida e o nível dos sintomas em pacientes com osteoartrite de joelho. Os resultados obtidos confirmam a hipótese inicial. Após a intervenção fisioterapêutica o grupo apresentou melhora estatisticamente significante da funcionalidade e da força muscular do membro acometido, entretanto manteve o nível de dor e fadiga aos esforços.

Silva (2012) realizou um estudo comparando um grupo de tratamento com exercícios convencionais (bicicleta ergométrica; alongamentos; exercícios isométricos de quadril, joelho e tornozelo; treino sensório motor e ultrassom) com um grupo de exercícios funcionais (caminhada; alongamentos e exercícios funcionais para força muscular dos MMII num circuito simulando as atividades funcionais). O tratamento percorreu por 20 sessões, sendo a primeira e a última para a avaliação. Nesta foi utilizado o WOMAC, com diferença estatística para o grupo funcional, TUG e escala de Berg – com resultados positivos, porém sem diferenças estatísticas; os pacientes obtiveram melhora significante na flexibilidade e dor após o programa de exercícios convencionais.

Ferrucci et al.(1999), ao investigar um grupo de pacientes com OA, verificaram a diminuição da força dos músculos quadríceps e isquiotibiais como determinantes na evolução da OA e suas incapacidades. Em nosso estudo, o programa de intervenção fisioterapêutica proposto melhorou significativamente a força do músculo quadríceps. O mecanismo extensor do joelho é importante para atividades como caminhar e subir escadas, e a redução da força desse músculo afeta diretamente a funcionalidade (O’REILLY ET AL., 1998).

Os estudos de Huang (2003) e Fisher (1991) mostram que exercícios isotônicos e isocinéticos melhoram a velocidade do andar e a funcionalidade do joelho. Hurley (1997) refere que a OA gera danos aos mecanorreceptores articulares, reduz a excitabilidade e diminui a foça muscular e sensibilidade, e consequentemente, diminui a acuidade proprioceptiva. A deficiência e desempenho funcional foram piores para os pacientes com OA, pois são fortemente influenciados pela fraqueza do quadríceps. À medida que o quadríceps é importante para a estabilidade funcional do joelho o seu

comprometimento vai reduzir a função sensório-motora, o que gera fraqueza, instabilidade articular e prejuízo à mobilidade.

Huang, 2003, realizou um estudo comparando o efeito de exercícios isométricos, isotônicos e isocinéticos em pacientes com OA num período de 8 semanas, com 3 sessões na semana. Foram realizadas avaliações pré e pós-tratamento com follow-up de um ano, consistindo na dinamometria isocinética do quadríceps, EVA e o questionário de incapacidade Lequesne. Houve melhora significativa da dor e incapacidade, tanto no período pós-tratamento quanto no follow-up. Segundo o autor, os exercícios isotônicos foram sugeridos para fortalecimento inicial, para indivíduos com dor no joelho, e os isocinéticos sugeridos para melhorar a estabilidade da articulação ou a resistência durante atividades funcionais. Estudos randomizados em pacientes com OA do joelho demonstram que o fortalecimento da musculatura do quadríceps com exercícios isométricos ou isotônicos foi associado à melhora significativa na força do quadríceps, da dor no joelho e aperfeiçoar a função (BAAR, 1998;

FRANSEN, 2001). Fransen (2001) mostra em sua revisão sistemática que o tempo para a intervenção fisioterapêutica varia entre os estudos, porém o período de oito semanas vem sendo o mais utilizado. Alguns estudos utilizam o período de quatro semanas e outros até doze semanas.

Segundo a revisão de Chapple (2011), osteoartrite (OA) contribui com dor significativa e incapacidade em indivíduos. O estudo de O’Reilly et al.(1998), demonstrou uma correlação inversa da força muscular do quadríceps em indivíduos com OA de joelho, o relato de dor e a incapacidade funcional.

Tanto a força do quadríceps quanto o seu nível de ativação foram significativamente mais baixos nos indivíduos com queixa de dor. Foi observado também que, no grupo com dor comparado ao grupo controle, a incapacidade funcional foi inversamente associada à força muscular do quadríceps. Em nosso estudo foi visto positividade na variável dor (EVA), no entanto sem diferenças estatísticas. Porém, as escalas são meios subjetivos para a avaliação dos sintomas.

O painel de Ottawa (2012), que realizou uma revisão com sete artigos de alta qualidade, descreveu que um programa de caminhada aeróbica, entre 2 a 6 meses, com outras terapias são intervenções eficazes em curto prazo para

melhorar a rigidez, força, mobilidade e resistência. Além disso, as maiores melhorias foram encontradas para diminuição da dor, melhora da qualidade de vida e estado funcional. O protocolo de intervenção adotado em nosso estudo utilizoua caminhada em esteira somente na terceira fase do tratamento (10° a 15° sessões).

Smith (2012) apresenta em sua revisão sistemática sete estudos comparando o tratamento convencional com os exercícios proprioceptivos.O período de acompanhamento variou de quatro semanas a cinquenta e duas semanas. Foram utilizados para a avaliação o questionário WOMAC, caminhada e escada cronometradas. As intervenções proprioceptivas se basearam em atividades funcionais – ortostatismo, deambulação e equilíbrio.

Os resultados desta análise indicam que os exercícios proprioceptivos são eficazes no tratamento da OA do joelho, porém quando comparado com o programa de exercícios convencionais, os resultados são semelhantes.

Deyle (2000) a combinação de fisioterapia manual (em coluna lombar, quadril, joelho e tornozelo) e exercícios (fortalecimento e alongamento) supervisionados melhoram em longo prazo a funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes com osteoartrite de joelho. O estudo de Jansen (2011) teve como objetivos examinar os efeitos diferenciais do treino de força, da terapia com exercícios (treino de força, exercícios para amplitude do movimento e atividade aeróbica) e terapia manual passiva. Foram avaliadas as medidas de dor e função física por meio do WOMAC, índice Lequesne e EVA. Na meta-regressão, houve diferença significativa para a terapia de exercícios e para a terapia manual em comparação ao outro grupo.

Nosso estudo apresentou significância após o teste funcional TUG.Segundo Podsiadlo e Richardson (1991), o tempo normal para a realização da tarefa por adultos saudáveis são 10 segundos, onde os valores entre 11 a 20 segundos são os limites normais de tempo para idosos frágeis ou pacientes deficientes e mais de 20 segundos é considerado um valor indicativo da necessidade de intervenção adequada. Aqueles que demoram mais de 30 segundos para a execução do teste, tendem a ser mais dependentes. Portanto os indivíduos que receberam nosso protocolo de exercícios saíram da qualidade de idosos frágeis (média de 10,848 segundos) para idosos saudáveis

(média de 9,747 segundos). O protocolo mostrou-se eficaz também em relação ao TC6M, com o aumento da quantidade de metros percorridos. Os instrumentos mais utilizados para avaliar a mobilidade em pessoas com OA de joelho são o TC6M e o TUG por serem confiáveis, de baixo custo e amplamente utilizados na literatura (MALY, 2006).

Lange, 2008, afirma, após uma revisão de 18 estudos, que a literatura apresenta muitos relatos da eficácia do treinamento de resistência muscular em pacientes com OA de joelho; 75% dos estudos revisados apresentavam melhora significativa dos sintomas, da função física e resistência, mas não foi possível afirmar uma melhora na qualidade de vida. O questionário WOMAC é o mais utilizado para avaliar a dor associada com OA e é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para avaliar a progressão da doença.

Trata-se de uma medida de dor específica de uma doença, sendo mais apropriada porque questiona a dor durante a realização de atividades específicas em que ela aparece (MENDES, 2010). No presente estudo, após o tratamento com exercícios de força muscular e treino sensório motor, os indivíduos com OA apresentaram significativa melhora da variável WOMAC, com redução do score ao final do tratamento. Jansen (2011), King (2012), Deyle (2000), Fransen (2001) também mostram melhora da qualidade de vida através do questionário WOMAC após intervenções utilizando exercícios de fortalecimento e atividades funcionais.

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