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Distinção entre salário e remuneração

PARTE 2 – REMUNERAÇÃO DA MÃO DE OBRA

2.1. R EMUNERAÇÃO

2.1.1. Distinção entre salário e remuneração

Salário é a contraprestação paga pelo empregador diretamente ao empregado pelos

serviços prestados decorrentes do contrato de trabalho.

Remuneração é o conjunto de retribuições recebidas habitualmente pelo empregado

pela prestação dos serviços, seja em dinheiro ou utilidades, do empregador (ex.: adicionais) ou

de terceiros (ex.: gorjetas), decorrentes do contrato de trabalho.

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A matéria é disciplinada pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. O mapa abaixo

apresenta uma síntese das parcelas integrantes do salário.

I

NTEGRAM O SALÁRIO

...(ARTS.457

E

459CLT)

Sim

Não

Importância fixa estipulada (salário

contratual)

Comissões ou percentagens

Gratificações ajustadas em contrato

Gratificações não ajustadas em

contrato (mera liberalidade). Se

paga com habitualidade, integra o

salário (Súmula 207 STF) –

convenção tácita

I

NTEGRAM O SALÁRIO

...(ARTS.457

E

459CLT)

Sim

Não

Diárias para viagens (acima de 50%

do salário). Têm efeito indenizatório

(Súmula 101 TST). Têm por base o

salário mensal (Súmula 318 TST)

Diárias para viagens (até 50% do

salário)

Abonos

Salário-utilidade ou in natura:

alimentação (limite: 20% do salário

contratual), habitação (limite: 25%

do salário contratual), vestuário e

outras

prestações

pagas

habitualmente,

por

força

do

contrato. Utilidades fornecidas pela

prestação dos serviços

Vestuários,

equipamentos,

utilidades e outros acessórios

fornecidos aos empregados e

utilizados no local de trabalho,

para a prestação do serviço. Se a

alimentação é fornecida nos

termos do PAT, não é salário (Lei

6.321/76). Vale-transporte não é

salário in natura (Lei 7.418/85)

Se o salário for o mínimo legal, as

parcelas pagas in natura não

poderão exceder a 70% (art. 82

CLT; TST – Súmula 258). Por

analogia, estende-se aos demais

salários

Educação, em estabelecimento de

ensino próprio ou de terceiros,

compreendendo

os

valores

relativos a matrícula, mensalidade,

anuidade,

livros

e

material

didático

Transporte

destinado

ao

deslocamento para o trabalho e

retorno, em percurso servido ou

não por transporte público

Assistência médica, hospitalar e

odontológica,

prestada

diretamente ou mediante seguro-

saúde

Seguros de vida e de acidentes

pessoais

Previdência privada

Adicionais pagos com habitualidade

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Súmula 60 TST; horas extras –

Súmula 376 TST)

Perceba que o salário pode ser composto por várias parcelas, ainda que estas não sejam

denominadas propriamente, no contracheque do empregado, sob a rubrica “salário”.

O Tribunal Superior do Trabalho tem entendimento sumulado no sentido de que o salário

complessivo é ilegal. A Súmula 91 do TST esclarece:

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO Súmula 91

Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais dos trabalhadores.

Todas as demais parcelas eventualmente pagas pelo empregador ao empregado se

somam ao salário e compõem a remuneração. Em regra, as parcelas componentes da

remuneração são definidas em lei ou previstas em contrato, ressalvadas as decisões judiciais.

Tecidas essas breves considerações sobre o salário básico, preencheremos nossa planilha

com as informações complementares essenciais para a composição dos custos referentes à mão

de obra e que também serão relevantes por ocasião da repactuação do contrato.

MÃO DE OBRA MÃO DE OBRA VINCULADA À EXECUÇÃO CONTRATUAL

Dados complementares para composição dos custos referentes à mão de obra

1 Tipo de serviço (mesmo serviço com características distintas) Recepção 2 Salário Normativo da Categoria Profissional R$ 2.000,00 3 Categoria profissional (vinculada à execução contratual) Recepcionista 4 Data base da categoria (dia/mês/ano) 1º.1.2017 Notas:

1) deverá ser elaborado um quadro para cada tipo de serviço;

2) em regra, o salário é indicado no Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho ou em sentença normativa, observado o princípio da unicidade sindical (art. 8º CF/88) e o princípio da territorialidade, segundo o qual a norma aplicável é a do local da prestação dos serviços;

JURISPRUDÊNCIA DO TCU [VOTO]

32. Mas, no que tange ao presente contrato, em que percentuais e salário-base estão em desacordo com a realidade do Distrito Federal, não cabe cobrar da empresa o pagamento/repasse aos empregados dos percentuais atinentes ao estado da Bahia [conforme proposta apresentada na licitação].

[ACÓRDÃO]

9.2.1.1. promova, em conjunto com a empresa contratada, o ajuste das planilhas de formação de custos e formação de preços que o embasam à realidade do mercado de Brasília/DF [local da prestação dos serviços], desde que essa medida não importe em aumento de custos do contrato;

(Acórdão 1202/2014 – Plenário)

3) categorias profissionais diferenciadas (§ 3º do art. 511, CLT) têm seu salário fixado em leis específicas ou em acordos ou convenções específicas, aplicáveis àquelas categorias de profissionais; entretanto, tais normas coletivas só vinculam o empregador se este houver participado – por si ou pelo sindicato representante das empresas do ramo econômico – das negociações que originaram o instrumento coletivo de trabalho; é o que preconiza a Súmula 374 do TST:

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO Súmula 374

Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão e classe de sua categoria.

4) caso a norma coletiva utilizada como parâmetro esteja vencida no momento da pesquisa, e ainda não tenha sido registrada a nova norma, recomenda-se consignar a informação no edital do certame de que a Administração utilizou norma vencida para estimativa dos salários e demais benefícios nela previstos, devendo os licitantes que adotarem a mesma norma observá-la na formulação de suas propostas, assegurando-se ao que vier a ser contratado o direito à repactuação, tão logo registrada a norma coletiva do trabalho;

5) não havendo norma que fixe o salário da categoria, este deve ser obtido mediante pesquisa de preços junto ao mercado local, vale dizer, o salário praticado na localidade em que serão prestados os serviços;

6) a data-base da categoria é dado fundamental, porquanto é o termo inicial para contagem do prazo de um ano para a repactuação do contrato;

7) a nomenclatura das categorias profissionais devem ser obtidas mediante consulta ao Código

Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego (www.mtecbo.gov.br)

IN 02/2008 Art. 7º ...

[...]

§ 3º As funções elencadas nas contratações de prestação de serviços deverão observar a nomenclatura estabelecida no Código Brasileiro de Ocupações – CBO, do Ministério do Trabalho e Emprego.

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QUAL NORMA COLETIVA DO TRABALHO ADOTAR PARA ELABORAÇÃO

DA PLANILHA?

Três são as espécies de norma coletiva do trabalho: acordo coletivo do trabalho,

convenção coletiva de trabalho, sentença normativa. Qual é a diferença entre esses

instrumentos? Em breve síntese:

Convenção Coletiva de Trabalho: Acordo de caráter normativo pactuado entre o

sindicato dos empregados e o sindicato dos empregadores. Vincula toda a categoria

econômica.

Acordo Coletivo de Trabalho: Acordo de caráter normativo celebrado entre uma ou

mais empresas e um ou mais sindicatos representantes dos empregados. Só vincula as

partes contratantes.

Sentença Normativa: Acórdão do TRT ou TST que julga dissídio coletivo (ação

promovida, em caso de fracasso das negociações, por sindicato, federação ou

confederação – de trabalhadores ou empregadores). Tem força normativa. Disciplina

todos os aspectos da relação trabalhista até a próxima data-base. Vincula toda a

categoria econômica.

Seguem os dispositivos da CLT que dão os contornos desses instrumentos:

CLT

Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o acôrdo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.

§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais emprêsas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da emprêsa ou das acordantes respectivas relações de trabalho.

[...]

Art. 616 - Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou profissionais e as emprêsas, inclusive as que não tenham representação sindical, quando provocados, não podem recusar-se à negociação coletiva.

[...]

§ 2º No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, [...] ou se malograr a negociação entabolada, é facultada aos Sindicatos ou emprêsas interessadas a instauração de dissídio coletivo.

É muito importante que, no planejamento da contratação, notadamente na fase de

elaboração do orçamento estimado, a Administração identifique a convenção coletiva de

trabalho aplicável, em tese, às categorias a serem empregadas na execução dos serviços. Tal

informação pode ser obtida mediante consulta aos instrumentos vigentes na página do Sistema

Mediador do Ministério do Trabalho e Emprego: www.mte.gov.br/mediador.

Impende, neste ponto, frisar que a Administração, ao elaborar o orçamento estimado da

contratação de serviços mediante terceirização, deve atentar para os instrumentos normativos

coletivos de trabalho, para se certificar de que os benefícios e direitos de natureza pecuniária

sejam devidamente contemplados na planilha. Assim tem entendido o Superior Tribunal de

Justiça:

JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

1. Os editais de licitação devem, na formação dos custos, observar todas as normas de proteção ao trabalhador, sendo certo que os certames, cujo objeto toque relação laboral regida pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, devem pautar a composição do custo do serviço com a observância também das Convenções Coletivas.

(RMS 28396/PR, SEGUNDA TURMA, DJe 09/06/2009)

Como saber qual norma coletiva de trabalho adotar, para fins de elaboração do

orçamento estimado? Quais são os critérios que disciplinam o enquadramento sindical, para

fins de identificação do instrumento normativo a se observar?

O enquadramento sindical dá-se em função da atividade econômica preponderante da

empresa, segundo os critérios fixados pela legislação e jurisprudência trabalhistas, em

consonância com a disciplina dada pela Constituição Federal (enquadramento em função da

atividade econômica e âmbito territorial de aplicação):

CF/88

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...]

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

[...]

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; CLT

Art. 570. Os sindicatos constituir-se-ão, normalmente, por categorias econômicas ou profissionais, específicas, na conformidade da discriminação do quadro das atividades e profissões a que se refere o art. 577 ou segundo as subdivisões que, sob proposta da Comissão do Enquadramento Sindical, de que trata o art. 576, forem criadas pelo ministro do Trabalho, Indústria e Comércio.

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JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

RECURSO DE REVISTA. ENQUADRAMENTO SINDICAL. NORMA COLETIVA APLICÁVEL. LOCAL DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE. 1. A Corte de origem consignou que "é fato incontroverso que a autora laborou desde 02-04-2009 em Porto Alegre" demonstrando, assim, "vinculação ao sindicato representativo de sua categoria no Município de Porto Alegre". Nesse sentido, concluiu, com base no princípio da territorialidade sindical previsto no art. 611 da CLT, como correta "a aplicação da convenção coletiva de trabalho juntada às fls. 272-284 e fls. 286-296, firmada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Administração Escolar no Rio Grande do Sul" ao invés daquela firmada pelo Sindicato dos Professores e Auxiliares da Administração Escolar de Tubarão - SINPAAET, Estado de Santa Catarina, local da sede e da contratação da reclamante. 2. O entendimento desta Corte Superior se estabeleceu no sentido de que a representatividade sindical, no ordenamento jurídico brasileiro, deve ser regida pelo princípio da territorialidade, consagrado no artigo 8º, inciso II, da Constituição da República. Nesse sentido, tendo o Tribunal Regional concluído pela aplicação do instrumento coletivo firmado com o sindicato da base territorial onde a reclamante prestou serviços, e não as normas coletivas da base territorial da sede da reclamada, decidiu em sintonia com a jurisprudência desta Corte Superior. Óbice da Súmula 333/TST e do art. 896, § 4º (atual § 7º), da CLT. Precedentes. Recurso de revista não conhecido.

(RR-1148-45.2012.5.12.0041, DJ 04/05/2015)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. DIFERENÇA SALARIAL. ENQUADRAMENTO SINDICAL. APLICAÇÃO DE NORMAS COLETIVAS. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE. São inaplicáveis as normas coletivas de sindicato de base territorial distinta daquela em que o trabalhador prestou serviços. Precedentes. Agravo de instrumento a que se nega provimento.

(AIRR-94040-49.2009.5.21.0001, DJ 26/8/2011)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

RECURSO DE REVISTA. NORMAS COLETIVAS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM BASE TERRITORIAL DIVERSA DA SEDE DA RECLAMADA. Afastada a hipótese de categoria profissional diferenciada, se determinada empresa presta seus serviços em diversos locais, as normas coletivas aplicáveis aos seus empregados devem ser as do local da prestação de serviços, ainda que a sede da reclamada seja em outra base territorial. Precedentes. Não conhecido.

(RR - 116900-95.2003.5.04.0011, DJ 15/10/2010)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

CONVENÇÃO COLETIVA. ÂMBITO DE APLICAÇÃO. A norma convencional abrange toda a categoria econômica representada pela entidade sindical, sendo certo que a atividade preponderante da empresa é que define a categoria econômica a que pertence. Quanto

à aplicabilidade das convenções, deve ser observado o princípio da territorialidade, levando-se em consideração o local da prestação de serviços. Na hipótese específica dos autos, uma vez assente que o obreiro não integra categoria diferenciada, resulta inafastável a incidência da norma correspondente à atividade preponderante da empresa (metalúrgica), com validade na localidade em que ocorreu a prestação dos serviços (Distrito Federal). A alegação empresarial de que não participara diretamente da celebração da norma coletiva não sensibiliza, visto que suprida pela legitimidade da representação da categoria econômica, que firmou o pacto coletivo em nome de todo o segmento patronal. Embargos não conhecidos.

(ED-RR - 795986-24.2001.5.10.5555, DJ 13/08/2004)

JURISPRUDÊNCIA DO TCU

9.3. com base no art. 7º da Resolução-TCU 259/2014, dar ciência à Fundação Nacional de Saúde sobre as seguintes impropriedades, relativas ao pregão eletrônico 2/2015, para que sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de ocorrências semelhantes:

[...]

9.3.4. aplicação da Convenção Coletiva de Trabalho pactuada entre o Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares do Estado do Ceará (SINDPD-CE) e o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Ceará (SEAC-CE), quando da avaliação da proposta da Stefanini Consultoria e Assessoria em Informática S.A., muito embora a empresa, devido a sua atividade econômica preponderante, não se vincular a esse último sindicato, mas ao Sindicato das Empresas de Informática, Telecomunicações e Automação do Ceará (SEITAC), conforme as regras estabelecidas nos artigos 511, 570 e seguintes do Decreto-Lei 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho), o que infringiu o princípio da legalidade, nos termos do art. 3º, caput, da Lei 8.666/1993;

(Acórdão 2637/2015 – Plenário)

Os empregados que integrem categoria profissional diferenciada somente terão direito

de exigir da empresa a observância de norma coletiva do trabalho que tenha sido firmada pelo

sindicato que represente a atividade econômica preponderante desta. Vale dizer, se a empresa

não tiver sido representada, pelo seu sindicato, na negociação com sindicato representativo de

categoria profissional diferenciada, não estará obrigada aos termos da norma. É que estabelece

a Súmula 374 do TST:

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO Súmula 374

Empregado integrante de categoria profissional diferenciada não tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada por órgão de classe de sua categoria.

90

Recomenda-se que a Administração faça constar do instrumento convocatório cláusula

exigindo do licitante informar, quando da apresentação da planilha de custos e formação de

preços, qual o instrumento coletivo normativo por ela adotado. Como bem preconiza a IN

02/2008:

IN 02/2008

Art. 19. Os instrumentos convocatórios devem o conter [...]

IX - a exigência da indicação, quando da apresentação da proposta, dos acordos ou convenções coletivas que regem as categorias profissionais vinculadas à execução do serviço, quando for o caso;

[...]

Art. 21. As propostas deverão ser apresentadas de forma clara e objetiva, em conformidade com o instrumento convocatório, devendo conter todos os elementos que influenciam no valor final da contratação, detalhando, quando for o caso:

III - a indicação dos sindicatos, acordos coletivos, convenções coletivas ou sentenças normativas que regem as categorias profissionais que executarão o serviço e as respectivas datas bases e vigências, com base no Código Brasileiro de Ocupações – CBO;

Não obstante a empresa, na qualidade de empregadora, esteja obrigada a acatar as

disposições das normas coletivas de trabalho, a Administração não se sujeita a cláusulas que se

revelarem ilegais ou prescrevam obrigações que transbordem o âmbito negocial reservado aos

sindicatos. Razão pela qual deve ser feito exame crítico desses instrumentos, colhendo-se a

manifestação, se necessária, da área de assessoramento jurídico do órgão ou entidade.

É o que preconiza a IN 02/2008, em perfeita consonância com a jurisprudência do TST e

do TCU.

IN 02/2008

Art. 13. A Administração não se vincula às disposições contidas em Acordos e Convenções Coletivas que não tratem de matéria trabalhista, tais como as que estabeleçam valores ou índices obrigatórios de encargos sociais ou previdenciários, bem como de preços para os insumos relacionados ao exercício da atividade.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU

9.3. dar ciência ao [omissis] acerca das seguintes irregularidades identificadas na condução do Pregão Eletrônico 26/10, com o objetivo de que se evite a reincidência de tais ocorrências na realização de futuros procedimentos licitatórios no âmbito daquela Instituição:

9.3.1. exigência de que as planilhas de custo das licitantes contemplassem todos os encargos sociais e trabalhistas previstos em convenção coletiva de trabalho, em desacordo com o art. 13 da Instrução Normativa MPOG 2/2008 e com a jurisprudência deste Tribunal (Acórdãos 657/2004, 1.699/2007, 650/2008 e 381/2009, todos do Plenário);

(Acórdão 9036/2011 – Primeira Câmara)

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO Súmula 437

II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

NORMA COLETIVA. CLÁUSULA RELATIVA A RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. CULPA RECÍPROCA. RECOLHIMENTO PARA O FGTS. Discute-se a possibilidade de se pactuar em norma coletiva cláusula que assegure que a empresa sucessora na prestação de serviços objeto de terceirização admita os empregados da anterior e em que se estipule que a rescisão contratual com a empresa anterior se dará por culpa recíproca, sendo devido o acréscimo de 20% sobre os depósitos existentes na conta vinculada do empregado junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

Cláusula dessa natureza revela-se manifestamente inválida, na medida em que vincula terceiros que não participaram da negociação coletiva, alcançando tanto o órgão gestor do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, ao possibilitar o levantamento dos depósitos existentes na conta vinculada do empregado, como o novo empregador, que se vê compelido a admitir os empregados da empresa anterior. Ademais, é inadmissível que norma coletiva venha a tipificar hipóteses de culpa recíproca quando o legislador expressamente determina que essa somente estará caracterizada mediante decisão judicial (arts. 484 da CLT e 18, § 1º, da Lei 8.036/90).

(RR-34600-97.2006.5.10.0013; SDI-1; 31.8.2012)

Preenchida a planilha com os dados referentes à mão de obra e o salário base, importa

estudar as parcelas remuneratórias que consideramos mais relevantes, pela frequência com

que ocorrem em contratos de terceirização, e por isso contempladas no modelo de planilha da

IN 02/2008. Trataremos de cada uma delas, explicitando as normas de regência, a

jurisprudência aplicável e o modo de calculá-las. Ao final, continuaremos a preencher nossa

planilha.