• Nenhum resultado encontrado

Educação e cidadania uma questão brasileira

A educação está na pauta das discussões também no Brasil. Nas universidades, nas secretarias de educação, nas escolas, nas instituições de estudos e pesquisas, nas organizações não-governamentais, nas associações e nos sindicatos, na mídia; educadores profissionais de outras áreas debatem os problemas educacionais e apontam novas perspectivas para a educação brasileira.

No plano internacional, O Brasil tem participado de eventos importantes, como a Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, convocada pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial, em que se comprometeu a desenvolver propostas na direção de "tornar universal a educação fundamental e ampliar as oportunidades de aprendizagem para crianças, jovens e adultos".

O Brasil é também signatário da Declaração de Nova Delhi - assinada pelos nove países em desenvolvimento de maior contingente populacional do mundo - em que reconhece a educação com instrumento proeminente da promoção dos valores humanos universais, da qualidade dos recursos humanos e do respeito pela diversidade cultural.

Por sua vez, O Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003), elaborado pelas secretarias estaduais e municipais, estabelece um conjunto de diretrizes políticas voltado para a recuperação da escola fundamental do país.

Em termos legais, convém ressaltar que a Lei Federal nº 9.394, de 20/12/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, conhecida como Lei Darcy Ribeiro, estabelece que a "educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade O pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para O exercício da cidadania e sua qualificação para O trabalho".

Assim, é papel do Estado democrático facilitar O acesso à educação, investir na escola, para que esta instrumentalize e prepare crianças e jovens para as possibilidades de participação política e social.

Estabelecendo-se um paralelo entre a análise da conjuntura mundial, apresentada no item precedente, e a conjuntura brasileira podemos dizer, em linhas gerais, que:

• neste final de milênio, a sociedade brasileira vive um momento de rápidas transformações econômicas e tecnológicas, ao mesmo tempo em que os avanços na cultura e na educação transcorrem de forma bastante lenta. Em função de uma economia dependente, não se desenvolveu uma cultura e um sistema educacional que pudessem fortalecer a economia, fazendo-a caminhar para a auto-suficiência;

• embora a "modernização" no Brasil tenha acontecido de forma surpreendentemente rápida, pela importação de bens tecnológicos, ela não se fez acompanhar da construção de uma consciência em torno de um desenvolvimento auto-sustentado;

Parâmetros em Ação: Meio Ambiente na Escola - 5ª a 8ª série Guia do Formador - Módulo 2 - Os temas transversais I

• ao lado de um progresso material "milagroso", a injusta distribuição de renda aprofundou a estratificação social, fazendo com que parte considerável da população não tenha condições de fazer valer seus direitos e seus interesses fundamentais, tornando mais agudo O descompasso entre progresso econômico e desenvolvimento social;

• situações conflituosas foram emergindo, como válvula de escape das injustiças acumuladas nos planos econômicos e social: violência no campo e na cidade, segregação entre grupos sociais, preconceitos de vário tipos, consumo de drogas;

• ao lado de uma enorme ampliação dos recursos de comunicação e informação, especialmente nos grandes centros, a solidariedade é pouco vivida nessas comunidades, assim como são pouco cultivados os bens culturais locais;

• embora os recursos naturais brasileiros sejam de grande importância para todo O planeta, levando-se em conta a existência de ecossistemas fundamentais, como as florestas tropicais, O pantanal, O cerrado, os mangues e as restingas e até de uma grande parte da água doce disponível para O consumo humano, é preocupante a forma como eles são tratados. Produtores, em geral, pouco conhecem e valorizam O ambiente em que atuam. A extração de determinados tipos de bens traz lucros para um pequeno grupo de pessoas, que muitas vezes nem são habitantes da região e levam a riqueza para longe e até para fora do país, deixando em seu lugar uma devastação que custará caro à saúde da população e aos cofres públicos;

• por outro lado, a degradação está também nos ambientes intensamente urbanizados, nos quais se insere a maior parte da população brasileira e nos quais a fome, a miséria, a injustiça social, a violência e a baixa qualidade de vida estão fortemente presentes;

• O exercício da cidadania, que pressupõe a participação política de todos na definição de rumos que serão assumidos pela nação e que se expressa não apenas na escolha de representantes políticos e governantes, mas também na participação em movimentos sociais, no envolvimento com temas e questões da nação e em todos os níveis da vida cotidiana, é prática pouco desenvolvida entre nós;

• O aumento do desemprego e as mudanças no mundo do trabalho é outro aspecto que aflige a sociedade brasileira, que demonstra preocupação com O grande contingente de jovens que, mesmo com alguma escolarização, estão mal preparados para compreender O mundo em que vivem e nele atuar de maneira crítica, responsável e transformadora, e, especialmente, para serem absorvidos por um mercado de trabalho instável, impreciso e cada vez mais exigente.

Resumindo: em tempos de virada de milênio, é preciso questionar a posição que está reservada aos jovens na escola, nos grupos comunitários, na Nação.

Diante dessa conjuntura, há uma expectativa na sociedade brasileira para que a educação se posicione na linha de frente da luta contra as exclusões, contribuindo para a promoção e a integração de todos os brasileiros, voltando- se à construção da cidadania, não como meta a ser atingida num futuro distante, mas como prática efetiva.

Parâmetros em Ação: Meio Ambiente na Escola - 5ª a 8ªsérie

A sociedade brasileira demanda uma educação de qualidade, que garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem e na qual esperam ver atendidas suas necessidades individuais, sociais, políticas e econômicas.

Ministério da Educação. "Introdução". Parâmetros Curriculares Nacionais (5â a 8ª série).

Brasília: SEF, 1998, p. 19-21.

Abordagem de questões sociais urgentes:

Documentos relacionados