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2. CONCEITOS BIBLIOGRÁFICOS

2.1 EDUCAÇÃO SIGNIFICATIVA E A GEOLOGIA NO ENSINO BÁSICO

A educação significativa, base central da teoria de aprendizagem de David Ausubel (1982), tem como princípio a ideia de que o conhecimento se organiza de forma hierárquica e, que conhecimentos específicos são associados a conceitos gerais previamente obtidos pelo aluno. É importante entender que no período de divulgação da teoria de Ausubel, predominava o pensamento de que o aluno só aprendia aquilo que lhe era ensinado.

No entanto, Ausubel (1982) considera que a assimilação de conhecimentos ocorre sempre que uma nova informação interage com outra existente na estrutura cognitiva, mas não com ela como um todo; o processo contínuo da aprendizagem significativa acontece apenas com a integração de conceitos relevantes.

Isto é, a teoria de Ausubel promove a valorização de conhecimentos já adquiridos pelos alunos, promovendo uma discussão a respeito de conceitos e possibilitando uma troca entre aluno e professor. É nesse processo de troca, associação e diálogo que conseguimos formar cidadãos conscientes e participativos, salienta-se aqui a participação também da família na educação da criança para que se possa pôr em prática o que é visto na escola.

Ainda no campo da educação fora dos moldes do ensino tradicional, Paulo Freire propõe uma educação libertadora com potencial transformador, de conscientização para a liberdade, propondo uma educação para a decisão, para a responsabilidade social e política.

A partir das relações do homem com a realidade, resultantes de estar com ela e de estar nela, pelos atos de criação, recriação e decisão, vai ele dinamizando o seu mundo. Vai dominando a realidade. Vai humanizando-a. Vai acrescentando a ela algo de que ele mesmo é o fazedor (FREIRE, 1967, p. 43).

Um processo de aprendizagem sem contextualização e ligação com a realidade do aluno só causa desinteresse e aprendizado temporário, pois sem a conexão com algo real e significativo aos estudantes é necessariamente mais difícil a assimilação daquelas informações. Tendo isto em conta, Rogers (2001), faz a seguinte consideração a respeito da aprendizagem significativa:

“Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de conhecimento, mas que penetra profundamente todas as parcelas da sua existência.”

A teoria de Ausubel não despreza o aprendizado por meios mecânicos, como a memorização, por exemplo. Porém, acredita que a associação desses dois meios de aprendizado é ideal para que o aluno consiga realmente guardar e entender as informações vistas.

Segundo Moreira (2013), o processo de aprendizagem significativa (vide mapa conceitual abaixo, figura 01) pode ser descrito resumidamente da seguinte forma:

• Um novo conhecimento interage com algum conhecimento prévio, especificamente relevante, e o resultado disso é que esse novo conhecimento adquire significado para o aprendiz e o conhecimento prévio adquire novos significados, fica mais elaborado, mais claro, mais diferenciado, mais capaz de funcionar como subsunçor - termo utilizado na Psicologia(Teoria da Aprendizagem Significativa-David Ausubel) para estrutura cognitiva existente, capaz de favorecer novas aprendizagens - para outros novos conhecimentos.

• Durante um certo período de tempo, a fase de retenção, o novo conhecimento pode ser reproduzido e utilizado com todas suas características, independente do subsunçor que lhe deu significado em um processo de interação cognitiva. No entanto, simultaneamente, tem início um processo de obliteração cujo resultado é um esquecimento (residual) daquele que era um novo conhecimento e que foi aprendido significativamente. Isso quer dizer que aprendizagem significativa não é sinônimo de “nunca esquecer” ou “daquilo que não esquecemos”.

• A assimilação obliteradora é a continuidade natural da aprendizagem significativa.

Mas essa obliteração não leva a um esquecimento total. Ao contrário, o novo conhecimento acaba “ficando dentro do subsunçor” e a reaprendizagem é possível e relativamente fácil e rápida.

Silva, G. I. D. O Ensino da Geologia no Ensino Infantil: Estudo da Introdução às Geociências por meio do livro “A Grandiosa História de um Grão de Areia”

Figura 01: Mapa conceitual sobre a teoria de Educação Significativa de Ausubel.

Fonte: Moreira (2013)

Silva, G. I. D. O Ensino da Geologia no Ensino Infantil: Estudo da Introdução às Geociências por meio do livro “A Grandiosa História de um Grão de Areia”

Conceitos como o de “educação significativa”, tem extrema valia no que tange a incorporação e ensino de geologia na educação infantil, uma vez que a associação e interpretação dos conceitos básicos encontrados nos materiais didáticos ao meio físico no qual a comunidade estudantil se encontra, facilitaria o seu aprendizado e reforçaria a assimilação de tais conceitos.

No tocante do ensino da geologia na educação básica, é importante termos alguns conceitos claros, do que seria a educação ambiental e a geologia ou geociências para o ensino. Como ideia geral a geologia seria a ciência que estuda a Terra, englobando suas transformações, estruturas e processos. Carneiro et al (2004) fala que a missão central da Geologia é entender como funciona o planeta e determinar as causas dos fenômenos e as Ciências da Terra nascem para contemplar algumas limitações dessa abordagem favorecendo concepção integradora de Geologia.

De acordo com Santana e Barbosa (1993), só no fim da década de sessenta surgiram as primeiras discussões sobre ensino da Geologia no Brasil, sendo estas voltadas para o primeiro e segundo grau, sendo o segundo grau o atual ensino médio.

Segundo Compiani (2005), provavelmente o primeiro trabalho em Geociências para o ensino básico foi de Pedemonte (1992), que descreve diversos problemas cognitivos e epistemológicos para o ensino/aprendizagem de Geologia na escola elementar. De acordo com Compiani (2005) o estudo de Pedemonte aponta as limitações e alerta para poucos pontos possíveis de serem trabalhados neste período educacional.

É fato que a quantidade de material didático englobado ao ensino básico cresceu de maneira significativa entre as décadas de cinquenta e oitenta, , passando de menos de 20%

do conteúdo oferecido nos anos para 40% nos anos 80, como aponta Imbernon et al. (1994), no entanto, atualmente a quantidade de informação a respeito das geociências no material didático oficial disponibilizado aos alunos é insuficiente para que os conceitos necessários para a compreensão básica do sistema Terra sejam absorvidos, como observado também por Silva e Souza (2020). Além do mais, pouco se explora a realidade local, regional, onde a comunidade escolar se encontra, logo tais conceitos são perdidos com o tempo ou nem mesmo são absorvidos, pois não se tem um ponto de ancoragem. Como consequência e prova disso, temos a formação de estudantes que dificilmente conseguem associar o que é visto em sala de aula a situações reais, além de professores que entendem precariamente o contexto das informações ali passadas.

2.2 MATERIAL DIDÁTICO E O ENSINO DA GEOLOGIA NA EDUCAÇÃO

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