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Entrevista com a analista educacional da E.E Anísio Teixeira

2. A INFLUÊNCIA DO PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA

2.3 O Programa de Intervenção Pedagógica sob a perspectiva dos

2.3.3 Análise das entrevistas realizadas com as analistas educacionais

2.3.3.2 Entrevista com a analista educacional da E.E Anísio Teixeira

A analista educacional que acompanhava a E.E. Anísio Teixeira no ano de 2011 disse que a antiga diretora da escola fazia de tudo para o bom andamento da instituição, destacando que a mesma se preocupava muito com as questões sociais dos alunos, investindo na boa merenda e identificando o gestor como alguém que “visa ter um diálogo, várias reuniões, diversas dentro da escola, pra promover o bem estar de todos ali na escola” (Entrevista com a analista educacional da E.E. Anísio Teixeira do ano de 2011, realizada em 23 abril 2013). Conforme ALONSO (2004, p.6) “Não restam dúvidas de que a melhor forma dos gestores favorecerem a construção de um ambiente saudável e estimulante para os professores é através do trabalho colaborativo e da formação de equipes de trabalho”.

Sobre o Programa de Intervenção Pedagógica, a ANE observava que havia aceitação por parte da direção para o desenvolvimento das ações do programa. Como entrave ao desenvolvimento do PIP ela destaca a falta de preparação dos

professores para alfabetizar os alunos, porém afirma que a escola investia na formação continuada de seus profissionais.

Sobre as discussões para o desenvolvimento do PIP, a ANE declara que ele era discutido na escola de maneira coletiva nas reuniões pedagógicas e em outros momentos, destacando que sempre havia uma inovação na escola e que eles buscavam parcerias com a Universidade Federal de Juiz de Fora para realizar reuniões e capacitações com os professores e buscavam também investir no aspecto físico da escola para que o ambiente ficasse sempre melhor. Tal observação confirma o que foi visto nas atas das reuniões pedagógicas sobre o trabalho de parceria com a UFJF na formação continuada dos professores.

Quando questionada sobre o fato de a E.E. Anísio Teixeira não oferecer o 1º ano do Ensino Fundamental, a analista educacional disse acreditar que esse fato dificulta o desenvolvimento do trabalho dos professores, pois, conforme informações dos professores, os alunos são matriculados no 2º ano do E.F. apresentando defasagem de aprendizagem, não conseguindo acompanhar o planejamento para este ano de escolaridade, necessitando de um planejamento especial, o que vai ao encontro do posicionamento do diretor da escola.

Apresento, no tópico seguinte, exemplos de práticas promissoras desenvolvidas por algumas escolas mineiras que melhoraram o desempenho dos alunos nas avaliações externas em virtude da melhoria da aprendizagem dos mesmos através de ações de intervenção pedagógica. Meu objetivo é levantar fatores apresentados nas capacitações e nos materiais distribuídos pela SEE/MG relacionando-os com essas práticas bem sucedidas, de forma que esse estudo contribua para fundamentar o meu Plano de Ação Educacional, a ser apresentado no último capítulo desta dissertação.

2.4) Experiências de boas práticas em escolas participantes do Programa de Intervenção Pedagógica

Conforme comentado anteriormente, algumas escolas mineiras desenvolveram boas práticas em alfabetização e letramento, melhorando assim a

aprendizagem dos alunos e, consequentemente, seus resultados nas avaliações do Programa de Avaliação da Alfabetização.

A SEE/MG elaborou no ano de 2010 o Caderno de Boas Práticas dos Professores Alfabetizadores das Escolas de Minas Gerais, trazendo práticas escolares, que foram discutidas em workshops e apresentadas em entrevistas, com o objetivo de ajudar o professor alfabetizador na organização de seu trabalho em sala de aula com vistas à melhoria da aprendizagem dos alunos. Esse material destaca que as boas práticas apresentadas foram realizadas em escolas que focam seu trabalho na gestão pedagógica e elaboram o planejamento de maneira participativa.

Já o Guia de Orientação para a Reorganização e Implementação do Plano de Intervenção Pedagógica de 2010 e 2011 evidencia dez práticas de escolas que, segundo a SEE/MG, fizeram a diferença, ou seja, melhoraram a aprendizagem dos alunos e melhoraram os índices nas avaliações externas. Essas práticas são apresentadas no quadro abaixo.

Quadro 06 – Exemplo de boas práticas de escolas que fazem a diferença 1 Foco do trabalho na Gestão Pedagógica. 6 Estabelecimento de metas e altos padrões de ensino. 2 Plano de Intervenção Pedagógica bem elaborado e implementado. 7 escolar, pais/responsáveis e comunidade. Comunicação regular entre a equipe 3 Práticas efetivas na sala de aula com foco na aprendizagem dos alunos. 8 Investimento na formação continuada dos professores. 4 Currículo bem elaborado e organizado. 9 Ambiente escolar organizado e agradável. 5 Atuação significativa do diretor e do especialista em educação básica. 10 Gestão de resultados.

Fonte: Elaborado pela autora com base no quadro apresentado no Guia de Orientação para

a Reorganização e Implementação do Plano de Intervenção Pedagógica 2010/2011.

De acordo com informações no site da SEE/MG, o desenvolvimento do Programa de Intervenção Pedagógica nas escolas mineiras é o principal instrumento de consolidação da rede estadual de ensino de Minas Gerais como a melhor do Brasil nos anos iniciais da educação básica, conforme aponta Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB. Com isso, verifiquei a importância de apresentar algumas escolas mineiras que investiram na intervenção pedagógica através de práticas inovadoras que influenciaram no desenvolvimento de seus alunos, resultando na melhoria dos resultados das avaliações externas do PROALFA e do PROEB, impactando também nos resultados do IDEB.

Conforme informações da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, a Escola Estadual Professora Maria Coutinho, do município de Contagem, obteve um dos melhores resultados do estado no PROALFA no ano de 2010, aumentando quase 20% sua média de proficiência. A escola investiu em ações do PIP com foco na alfabetização dos alunos e também na escolha dos professores que atuam no Ciclo da Alfabetização, tendo o cuidado de observar o perfil desse profissional que atuaria na alfabetização.

A Escola Estadual Dom Helvécio, do município de Ipatinga, foi destaque no IDEB24 dos anos iniciais do ensino fundamental no estado de Minas Gerais, obtendo índice igual a oito pontos, enquanto a média da rede estadual foi de seis pontos. A escola investiu no monitoramento dos alunos nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, realizando a intervenção pedagógica no contraturno com aqueles que apresentam maiores dificuldades. Outra ação desenvolvida pela instituição é o trabalho de parceria com a família dos alunos, cujos responsáveis atuam como voluntários no reforço escolar. Além disso, a instituição de ensino incentiva seus alunos à participação em concursos e olimpíadas.

No ano de 2010 a Escola Estadual do Povoado de Lagoa de Baixo do município de Rubelita, Norte de Minas Gerais, foi destaque no PROALFA. Segundo informações no site da SEE/MG, a escola investe em ações voltadas ao incentivo à leitura. Merecem destaque o projeto ‘Hora da Leitura’, em que os alunos realizam a leitura e a interpretação de diversos textos durante as aulas, e o projeto ‘Sacola Literária’, em que os alunos leem acompanhados dos familiares e registram em um caderno as observações sobre os textos. Os alunos desta escola que apresentam dificuldades de aprendizagem são acompanhados por uma equipe do Programa de Intervenção Pedagógica apoiando o trabalho do professor regente. Além disso, a escola oferece o Projeto Escola de Tempo Integral.

Em seu estudo sobre escolas eficazes, Soares (2002) aponta que para identificarmos o que tornam as escolas eficazes, é necessário ir além dos dados estatísticos apontados nas avaliações externas, analisando com base numa abordagem qualitativa o que realmente os números indicam, identificando as características da escola que podem interferir na aprendizagem dos alunos.

De acordo com Soares (2002), “a eficácia de uma escola está muito mais ligada às iniciativas positivas que a direção e os professores consigam realizar dentro de uma escola” (p.111, 2002), portanto, a falta de recursos didáticos e pedagógicos, a falta de infraestrutura física adequada ou a falta de participação da família na escola não devem ser julgadas como justificativas que por si sós determinam o baixo desempenho dos alunos.

Como apresentado neste tópico, as três escolas que melhoraram seus resultados nas avaliações externas investiram primordialmente na intervenção pedagógica com os alunos com defasagem de aprendizagem e também em projetos inovadores com foco na alfabetização e letramento dos alunos.

A partir de agora, retomo os principais pontos de reflexão sobre as duas escolas, o seu contexto e forma como lidam com a implementação da política em questão, com o propósito de relacionar as análises apresentadas anteriormente e, consequentemente, abordar os resultados obtidos com essa investigação.