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As entrevistas têm como fundamento estabelecer uma relação direta com os gestores nas questões propostas e nos objetivos do trabalho. (YIN, 2001).

Gil (2002) defende que nos estudos de caso devem ser aplicadas entrevistas com os principais atores envolvidos a fim de dar aprofundamento e credibilidade à pesquisa. O autor recomenda que o limite de número das

33 entrevistas deva ser estabelecido como suficiente quando as opiniões forem suficientes para permitir a compreensão profunda do problema abordado.

Segundo as autoras MARCONI e LAKATOS (2003), existem três tipos de entrevistas que variam de acordo com os propósitos do entrevistador. A primeira entrevista é chamada de padronizada ou estruturada e é seguida por um roteiro previamente estabelecido, ou seja, as perguntas feitas aos entrevistados são pré-determinadas. A segunda é conhecida como

despadronizada ou não-estruturada. Nesse modelo, o entrevistador tem a

liberdade de direcionar a entrevista por uma conversação informal com perguntas abertas e na direção que considere adequada. E a terceira é chamada de painel e consiste da repetição de perguntas, de tempo em tempo, às mesmas pessoas a fim de estudar a evolução das opiniões num curto espaço de tempo.

Ainda segundo as autoras, as entrevistas assim como a coleta de dados, oferecem várias vantagens e limitações, apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1: Vantagens e limitações numa entrevista.

VANTAGENS LIMITAÇÕES

* Maiores chances de avaliar atitudes e condutas, podendo o entrevistado ser observado naquilo que diz e como diz;

* Disposição do entrevistado em passar as informações necessárias;

* Conquista na obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais e que sejam relevantes e significativos;

* Retenção de alguns dados por parte do entrevistado, receando que a sua identidade seja revelada;

* Permite que os dados sejam quantificados e

submetidos a tratamento estatístico. * Demorada e difícil de ser realizada. * Podem ser utilizada com todos os segmentos da

população;

* Dificuldades de expressão e comunicação de ambas as partes;

* Fornece uma melhor amostragem da população geral

* Incompreensão, por parte do entrevistador, do significado das perguntas e da pesquisa, podendo levar a uma falsa interpretação;

* Entrevistas são flexíveis, o entrevistador pode repetir ou esclarecer perguntas, como garantia de estar sendo compreendido;

* Possibilidade de o entrevistador ser influenciado pelas respostas e questionamentos do

entrevistado, consciente ou inconscientemente;

34 No momento da entrevista, no processo de coleta de dados, o pesquisador necessita focalizar sua atenção no processo de interação, realizada por meio de perguntas, por meio da interação verbal e interação social. O pesquisador-entrevistador também busca resposta aos seus objetivos da pesquisa no ato de entrevistar, além das pesquisas bibliográfica e documental (MANZINI, 2008).

3.4.1

FORMULAÇÃO

E

APLICAÇÃO

DO

QUESTIONÁRIO

O questionário aplicado consta de três questões. São elas:

1. Da década de 70 até a atualidade, quais foram as principais medidas e falhas na questão do abastecimento público de água na Região Metropolitana de São Paulo? quais foram os principais atores envolvidos nesse processo? Como tais medidas foram implementadas e eventuais falhas corrigidas?

2. Quais as providências que podem e devem ser tomadas em torno da situação limite na busca de água potável para abastecimento público na Região Metropolitana de São Paulo?

3. É possível a implementação de políticas públicas integradas de abastecimento público entre os municípios da Região Metropolitana de São Paulo a fim de combater o estresse hídrico, considerando a relação entre oferta e demanda de água atual e futura?

Para a formulação do questionário, considerou-se explorar os objetivos propostos. Para a primeira questão, buscou-se encontrar os fatos que nortearam a história do abastecimento público de água na RMSP bem

35 como os principais envolvidos, obtendo uma visão do passado. Em seguida, buscou-se questionar o presente: identificar as ações e/ou alternativas que estão sendo tomadas a curto ou longo prazo em relação a uma possível situação de estresse hídrico. E por fim, a terceira questão foi elaborada a fim de buscar compreensão na gestão dos recursos hídricos, considerando a possibilidade de uma gestão integrada metropolitana em torno do stress hídrico atual e a preocupação sustentável com o abastecimento futuro.

A aplicação do questionário foi realizada pela pesquisadora. Enquanto critério de inclusão, a escolha das instituições para aplicação do questionário foi decorrente da atuação das instituições, por possuírem papel essencial na gestão da metrópole, dos recursos hídricos, da poluição ambiental e ou de mananciais, ou mesmo, no desempenho de relevante papel representativo da sociedade civil. O critério de saturação se fez no sentido de respostas similares, encerrando a fase de aplicação das entrevistas.

Responderam ao questionário os seguintes representantes:

 1 membro da CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo;  2 membros da SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado

de São Paulo;

 1 membro da EMPLASA - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano SA;

 1 membro da SSRH – Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo;

 1 membro FABHAT – Fundação Agência da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê;

 1 especialista acadêmico.

O primeiro contato com os membros foi por meio eletrônico (e-mail) e contato direto pelo site das autarquias. A pesquisadora estabeleceu uma conversa amigável explicando a finalidade da pesquisa, os objetivos,

36 relevância e ressaltou a importância da participação de cada um. Ressaltou- se também o caráter confidencial da entrevista. Foi enviado por e-mail o questionário a ser respondido, as perguntas de pesquisa e a hipótese para melhor compreensão do participante.

Em seguida, marcou-se data e horário de acordo com a disponibilidade de cada um. A entrevistadora, por conta do interesse próprio, deslocou-se aos referidos locais de trabalho para aplicação das entrevistas. Utilizou-se gravador com autorização prévia dos mesmos.

O questionário foi aplicado e respondido seguindo a ordem das questões, de maneira clara e simples, como um “bate-papo”. Todos os participantes responderam aos questionamentos que, em alguns momentos, se perdiam a fatos curiosos e interessantes, não prejudicando o andamento da entrevista.

3.4.2 TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS

O momento da transcrição representa uma experiência para o pesquisador e se constitui em uma pré-análise do material. Em pesquisas semiestruturadas como esta é conveniente que essa atividade seja realizada pelo próprio pesquisador. Ele se afasta da interação ocorrida na entrevista, no processo de coleta, porém revive esse fato com outro enfoque. Nesse momento, o pesquisador se distancia do papel de pesquisador-entrevistador e passa a buscar e interpretar os dados. Na transcrição o enfoque será no que foi ou não falado e também se pode perceber o que foi ou não perguntado, o que foi ou não respondido e no que está inaudível ou incompreensível. O pesquisador ouvirá várias vezes as gravações, retrocedendo e escutando novamente até que se transcreva exatamente o que foi dito (MANZINI, 2008).

37 Segundo BARDIN (2009), as entrevistas devem ser registradas e transcritas, incluindo hesitações, risos, silêncios, pois é uma fala espontânea na qual o entrevistador expressa mais ou menos a sua vontade.

Cada entrevista da pesquisa foi transcrita e analisada logo após a sua realização.