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CAPÍTULO 1 - ABORDAGEM METODOLÓGICA E CATEGORIAS

1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

1.2.1 Campos de coletas de informações: o corpus da pesquisa (2000

1.2.1.2 Entrevistas semiestruturadas com os atores sociais

também o explora e distorce [...]. Além disso, é pelo senso comum que nos tornamos aptos, se é que de fato nos tornamos, a partilhar nossas vidas uns com os outros e distingui-las umas das outras" (SILVERSTONE, 2005a, p.21).

Diante do exposto, nossa perspectiva sobre os dispositivos argumentativos da opinião do leitor divulgados na Coluna do Leitor implica que estes certamente incluem uma potencialidade de controle e pressão qualitativa sobre os MCM e seus produtos; todavia, interessa-nos mais o aspecto de como a potencialidade dos argumentos e dos argumentadores fornecem à sociedade um instrumental crítico que possa ampliar sua competência de leitura, de escolha e de "edição". Entendemos que essa qualificação social difusa é que pode ter efeitos indiretos de qualificação e exigência sobre os MCM.

1.2.1.2 Entrevistas semiestruturadas com os atores sociais

De acordo com José Eduardo Manzini (1990/1991, p.154), a entrevista semiestruturada está "focalizada em um tema sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista". Para o autor, esse tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não estão condicionadas a uma padronização de alternativas.

A entrevista semiestruturada tem como principal característica a elaboração de questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses relacionadas ao tema da pesquisa. O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador. Complementa o autor, afirmando que a entrevista semiestruturada "[...] favorece não só a descrição dos fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de sua totalidade [...]" além de manter a presença consciente e atuante do pesquisador no processo de coleta de informações (TRIVIÑOS, 1987, p.152).

Os roteiros das entrevistas semiestruturadas (TRIVIÑOS, 1987; MANZINI, 1990/1991) realizadas com os atores sociais envolvidos no debate da desativação e implantação dos aterros sanitários da RMC foram elaborados com base em elementos fornecidos pelos resultados do diagnóstico histórico e também por uma

via de pesquisa de campo em comunidades – a técnica metodológica snowball, também divulgada como snowball sampling ("bola de neve").

Essa técnica é uma forma de amostra não probabilística utilizada em pesquisas sociais em que os participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes que por sua vez indicam outros participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo proposto – "ponto de saturação" – que é atingido quando os novos entrevistados passam a repetir os conteúdos já obtidos em entrevistas anteriores, sem acrescentar novas informações relevantes à pesquisa (WHA, 1994).

Portanto, a snowball é uma técnica de amostragem que utiliza cadeias de referência, uma espécie de rede.

Ademais, os roteiros para as entrevistas semiestruturadas realizadas com os atores sociais envolvidos foram elaborados a partir de questionamentos decorrentes do processo da leitura das matérias jornalísticas selecionadas, da revisão bibliográfica e dos possíveis cruzamentos teóricos identificados em pontos de interconexões entre os campos da comunicação, da sociologia e das ciências ambientais.

Quanto à natureza das perguntas, de acordo com o tipo de vertente teórica, foram utilizadas tanto as de origem fenomenológicas quanto as de natureza histórico-estrutural (dialética). Nas primeiras, o principal objetivo "seria o de atingir o máximo de clareza nas descrições dos fenômenos sociais", como os riscos da destinação final dos resíduos sólidos nos aterros sanitários e a região do entorno, contribuindo para a "descoberta dos significados dos comportamentos das pessoas de determinados meios culturais". Já na linha histórico-cultural, as perguntas "poderiam ser designadas como explicativas ou causais", sobre a melhor solução da destinação do lixo (compostagem, aterros sanitários, reciclagem, usina de incineração, por exemplos) objetivo desse tipo de pergunta seria determinar razões imediatas ou mediatas do fenômeno social (MANZINI, 1990/1991; TRIVIÑOS, 1987).

NOME FUNÇÃO INSTITUIÇÃO/

MUNICÍPIO

DATA DA ENTREVISTA Ana Lilian Senczuk Assistente Social CRAS Iguaçu

Fazenda Rio Grande

Elídio Ratinho Vereador Câmara Municipal

Fazenda Rio Grande 26/04/2012

Elisa Rossato Jornalista RPC TV

Curitiba 18/10/2012 Gisele Martins dos Anjos Gerente de Limpeza Dep. de Limpeza Pública

Curitiba 03/04/2013 José Antonio da Cunha Pároco da Caximba Igreja Católica

Curitiba 06/01/2012

Leny M. Goes Toniolo Assessora Técnica SMMA

Curitiba 19/10/2012

Lídia Lucaski Ambientalista Amar

Araucária 29/08/2012

Maria Cristina Borba Braga Doutora em Tecnologia Ambiental Rosamaria Milléo Costa Assessora Jurídica Sipar

Curitiba/RMC 03/07/2012

Saint-Clair Honorato Santos Procurador de Justiça Ministério Público

Caopma 10/09/2012

QUADRO 2 - LISTA DOS ENTREVISTADOS DESTA PESQUISA FONTE: Elaborado pelo o autor

De todas as entrevistas, apenas uma – com a assessora jurídica do Sipar – foi realizada mediante requerimento formulado pela vereadora Professora Josete, contido na Proposição n.o 062.00082.2012. As demais foram realizadas de maneira presencial.

Ao longo desta pesquisa, conversamos com várias pessoas que participaram direta e indiretamente sobre a questão da desativação e implantação dos aterros sanitários da Caximba e Fazenda Rio Grande, e que contribuíram para que pudéssemos deduzir "nas entrelinhas" o histórico de nosso objeto de estudo. Dentre as quais, podemos citar: Carlos Zanchi (morador e professor de Fazenda Rio Grande), Cláudia Regina Boscardin (bióloga e funcionária da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba), Edi Salete Dreveck (moradora e líder comunitária em Fazenda

Rio Grande), Elias Correia (morador e professor de Fazenda Rio Grande), José Roberto Martins de Oliveira (morador e professor do bairro Caximba), Tadeu Motta (biólogo e funcionário da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba), Rosilda Aparecida Fernandes de Araújo (pedagoga e funcionária do CRAS Caximba) e Valéria Mello (moradora e psicóloga do CRAS Iguaçu de Fazenda Rio Grande).

Ademais, são consideradas neste estudo as discussões e as impressões colhidas nos seguintes eventos nos quais o pesquisador esteve presente:

a) na Audiência Pública "Por um Paraná Sem Incineração de Lixo", ocorrida no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, em 28 de novembro de 2011: A incineração de lixo no Estado motivou uma audiência pública proposta pela deputada Luciana Rafagnin (PT) e pelo presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida (PMDB). Com a participação de catadores de materiais recicláveis, de representantes do Ministério Público (Margaret Matos de Carvalho e Saint-Clair Honorato Santos), de André Abreu de Almeida (Fundação France Libertés) além de pesquisadores. A reunião concluiu que o funcionamento de usinas para a queima de lixo representa danos ao meio ambiente, à geração de empregos e à vida da população, em razão dos poluentes cancerígenos. A discussão deve servir para nortear a elaboração de um projeto de lei proibindo a instalação das usinas no Paraná;

b) na Conferência do Plano Municipal de Resíduos Sólidos Urbanos de Fazenda Rio Grande, realizada no Teatro Municipal, em 26 de abril de 2012: A reunião serviu para discutir e estruturar o Plano de Gerenciamento integrado de Resíduos Sólidos Urbanos de Fazenda Rio Grande por determinação da PNRS que exigia esse documento até dia 2 de agosto de 2014. Na ocasião, estiveram presentes políticos locais, ambientalistas, moradores, catadores de material reciclável. Um detalhe importante foi a ausência do prefeito da cidade;

c) no I Encontro Paranaense de Pesquisadores da Área de Tratamento, Aproveitamento e Industrialização de Resíduos (I-EPAR), ocorrido nas dependências da Fiep e Fundação Araucária, nos dias 22 e 23 de maio de 2013: O encontro teve como objetivo reunir profissionais do setor público

e privado, estudantes e pesquisadores dos Núcleos de Inovação das Universidades. O evento serviu para ampliar os conhecimentos que permitam vislumbrar alternativas para o desenvolvimento sustentável do Paraná. Alguns debates foram realizados, entre os quais podemos citar: A Política de Resíduos Sólidos e as Demandas para a sua Implantação, Fontes de Fomento e Financiamento para a área de Resíduos, Plano de Gestão Integrada e Associada de Resíduos Sólidos Urbanos no Estado do Paraná.

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