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Nos tempos que correm, verifica-se uma maior preocupação que os pais têm de recorrer à educação Pré- Escolar, uma vez que não conseguem dispor do tempo que desejariam para estar e participar na educação dos seus filhos. Por esta razão, este envolvimento entre pais e escola é uma mais-valia para os encarregados de educação participarem ativamente e com alguma frequência no desenvolvimento dos seus filhos e seus projetos enquanto alunos.

Em diversas situações os educadores, face a este aumento de responsabilidade dos pais na educação, sentem-se ameaçados e tendem a adotar estratégias que não ponham em causa a sua autonomia, por "falta de confiança e deferência para com a autoridade da escola como instituição e o professor como especialista são dois factores que, claramente, funcionam como travão à iniciativa dos pais" (DAVIES, D., 1989: 72), ou seja, isto leva a que muitos pais percam o interesse e deixem de participar nas atividades escolares dos seus educandos. No entanto, sendo profissionais, os educadores deveriam estar completamente disponíveis para as possíveis solicitações que os pais façam.

Ao mesmo tempo, a maioria das famílias considera que a escola os deveria chamar a participar na educação dos seus educandos, uma vez que se apercebem que o interesse e a participação destes na educação dos filhos é a forma mais fácil e eficaz de poderem reivindicar os direitos de uma melhor educação para eles.

Segundo a Lei – Quadro nº5 de 1997, “a Educação pré-escolar é a primeira etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida, sendo complementar da ação educativa da família, com a qual deve estabelecer uma estreita cooperação, favorecendo a formação e desenvolvimento da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo, livre e solidário”.

A cooperação entre a escola e a família deve ser estreita para que o processo de educação seja único, para que tenha o mesmo objetivo e para que seja construído diariamente.

Na sala dos 3 anos em que me encontro a estagiar, o envolvimento é muito notório.

Este envolvimento dos pais na educação dos seus filhos é notório desde o início do dia. São os pais que levam os seus filhos ao recreio (caso cheguem até as 9 horas) ou às salas (se chegarem depois das 9 horas). Quer num horário, quer no outro existe sempre um contacto com a educadora, estagiária e por vezes auxiliar, visto chegarem sempre antes das 9 horas, opcionalmente. Depois das 9 horas, as crianças e os pais que vão chegando, vão entrando na sala e fazendo comunicações do que consideram pertinente. Este último aspeto pode ser também considerado negativo, uma vez que os pais vão interrompendo as atividades que estão a decorrer.

Os pais podem, ainda entrar na sala, quando desejarem, nunca tendo verificado a entrada ao longo do dia.

Aos pais, são ainda enviados pequenos textos, poemas ou mensagens que vão dando conta do que está a ser feito em sala e de celebrações que são feitos na Instituição.

Os pais são, ainda, convidados, ou então pedem para ir à sala durante 30 minutos para fazerem alguma atividade com as crianças, como contar histórias, fazer uma sessão de culinária, etc. Ao longo destes meses de estágio, foi possível verificar que os pais são motivados a irem à sala, a levarem livros e jogos, e a irem à sala fazer atividades com as crianças. Ao mesmo tempo existe uma motivação por parte dos pais. Por diversas vezes aconteceu os pais levarem livros e perguntarem se a Educadora acha apropriado para o/a pai/mãe ir fazer uma atividade. A maioria das vezes que os pais vão à sala, não é uma imposição da Educadora, pelo contrário, são os pais que pergunta se podem ir à sala.

Isto é possível em grande medida ao carácter da instituição. Sendo uma IPSS, a ligação escola-família é facilitada devido ao facto de a instituição ser bastante autónomo face ao poder do estado, o que permite uma descentralização, “no sentido de aumentar laços entre a escola e a comunidade que ela serve” (Homem, M.L., 2002:42).

Quase no final do projeto, e de forma a envolver os pais no projeto em si, pedi aos pais para trazerem pesquisas sobre o que há dentro do nosso corpo. Os pais foram muito recetivos a este pedido e na segunda-feira seguinte, muitas crianças trouxeram livros, pesquisas, um esqueleto com os órgãos, um esqueleto feito com massas e jogos. Quando pedi que explicassem o que fizeram todos eles sabiam o nome dos órgãos que estavam na imagem, ou sabiam partes que estavam no livro

e/ou nas pesquisas. Este fato leva-me a concluir que os pais trabalharem em cooperação com os filhos, não se limitando a fazer as pesquisas, ou os trabalhos e a entregar na escola.

O que também observei e que considerei muito importante foi o fato de as crianças terem ficado mais motivadas e interessadas ao ouvirem os colegas a falarem sobre o que tinham feito com os pais. Via-se que as crianças estavam orgulhosas do que tinham feito em casa. Isto leva-me a acreditar o quão importante é realmente esta participação dos pais na ajuda à elaboração aos trabalhos e na participação da vida escolar dos filhos.

Ao longo deste percurso, arrependo-me de não ter do este trabalho aos pais mais frequentemente. Contudo, ao mesmo tempo, tinha receio que se estivesse constantemente a pedir aos pais trabalhos, pesquisas, a certa altura eles deixassem de participar. Mas, com certeza, no futuro, vou dar uma maior importância a este envolvimento dos pais na vida escolar.

Anexo 12 – Reflexão Portfólio da Criança

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