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4.1 Revisão de Literatura

4.1.1 Epidemiologia das leishmanioses

As leishmanioses são antropozoonoses consideradas um problema de saúde pública, devido sua diversidade clínica e epidemiológica (BRASIL, 2014). Segundo a OMS (2012) estima-se que 350 milhões de novos casos são registrados por ano.

São amplamente distribuídas, estando presente em 80 países no mundo (REY, 2001), sendo uma das principais endemias, atingindo continentes como: América, Ásia, Europa e África (FAGANHOLI; ZAPPA, 2011).

Na América a Leishmaniose Tegumentar Americana já havia sido retratada pelos ceramistas incas do Peru e Equador no período pré-colombiano (400 a 900 d.C.) e referida pelos primeiros colonizadores espanhóis no século 17 (NEVES, 1991; REY, 2001). As primeiras descrições clínicas datam do século XVI, descritas por Oviedo em 1535 e por Pizarro em 1571, que descreviam ser uma doença destrutiva do nariz e cavidades bucais de índios na encosta da Cordilheira dos Andes (NEVES, 1991).

Em 1764, Bueno publicou observações demonstrando que no Peru a Leishmaniose cutânea era transmitida pela picada de flebotomíneos (NEVES, 1991).

No Brasil em 1855, Cerqueira relacionou a doença com o botão de Briska, nomenclatura dada à forma cutânea no Velho Mundo (PESSÔA, 1982).

O primeiro a observar o parasita do gênero Leishmania foi Cunningham em 1885, em casos de Leishmaniose Visceral na Índia (PESSÔA, 1982), em seguida vários pesquisadores passaram a encontrar e descrever o parasita, assim como Borovsky em 1898 na Ásia Central, que identificou em um paciente a forma cutânea da doença (REY, 2001).

De forma independente e desconhecendo os trabalhos de Borovsky, Leishman e Donovan reescreveram o parasita em 1903 (NEVES, 1991). Willian Leishman descreveu o protozoário ao realizar uma autópsia em um cadáver de um soldado apresentando disenteria e hepatoesplenomegalia (VERONESI; FOCCACIA, 2002), Ross no mesmo ano criou o gênero Leishmania e denominou-o como

Leishmania donovani (REY, 2001). Ainda em 1903, Wrigth descobriu o agente etiológico do botão do oriente, incluindo-o no mesmo gênero e chamou-o de Leishmania tropica (NEVES, 1991).

Contudo, somente em 1909 Lindenberg de um lado e Carini e Paranhos de outro, demonstraram a presença de parasitas nas lesões de pacientes brasileiros que trabalhavam em áreas de desmatamentos na construção de rodovias no interior de São Paulo (BRASIL, 2010), denominados por Gaspar Vianna em 1911 como Leishmania braziliensis (SILVEIRA et al, 1997). Este cientista introduziu e descobriu a ação curativa do tártaro emético, que por muito tempo foi a droga utilizada como terapêutica na Leishmaniose Tegumentar (NEVES, 1991; REY, 2001). A transmissão da doença envolvendo flebotomíneos foi finalmente relatada por Cerqueira em 1920 e por Aragão em 1922, que comprovou experimentalmente (REY, 2001).

A Leishmaniose Tegumentar Americana é observada na maior parte do hemisfério ocidental do continente Americano, estando presente do México até o norte da República Argentina (DESJEUX, 1996). Na américa latina, a leishmaniose já foi notificada em pelo menos 12 países, onde 90% dos casos se encontra em território brasileiro, principalmente na região do Nordeste e Centro-oeste (SILVA et al., 2007, SAMPAIO et al., 2009; MOTA; MIRANDA, 2011; FAGANHOLI; ZAPPA, 2011; ANDRADE et al., 2012, BRASIL, 2014).

No Brasil, a incidência da leishmaniose vem aumentando nos últimos 20 anos, sendo observada em quase todos os estados (GONTIJO; CARVALHO, 2004).

O Nordeste é a região que representa cerca de 30% dos casos brasileiros, tendo maior número de notificações os estados do Maranhão, Ceará, Bahia e Pernambuco (SINAN, 2014; MORAIS, 2015).

A partir de 1907, a LTA surgiu no Estado de São Paulo de forma epidêmica, atingindo os trabalhadores da construção da estrada de ferro no Noroeste do Brasil nas linhas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e da Estrada de Ferro Sorocabana (TOLEZANO, 1994). Em 1958 Forattini encontrou roedores silvestres parasitados em áreas florestais no Estado de São Paulo (BRASIL, 2010).

A Leishmaniose Visceral, por sua vez, possui um alto índice de mortalidade, estando presente em todos os continentes, exceto na Oceania (GONTIJO; MELLO, 2004). O primeiro relato de LV no Brasil ocorreu em 1934 onde foram observadas amastigostas em cortes histológicos de fígado de pacientes com suspeita de Febre

Amarela (GONTIJO; MELLO, 2004). Porém, somente 20 anos depois, ocorreu o primeiro surto de LV no Estado do Ceará (GONTIJO, MELLO, 2004). Em 1998 foi registrado o primeiro caso de Leishmaniose Visceral Canina no estado de São Paulo, no município de Araçatuba (BRASIL, 2001). Um ano depois, em 1999 foi confirmado o primeiro caso autóctone humano no mesmo município (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2003).

Já a coinfecção com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) foi descrito pela primeira vez em países do mediterrâneo da Europa em meados dos anos 80 e gradualmente se espalhou para outras regiões se tornando uma doença emergente e de grande importância para a saúde pública (ALVES, 2004; ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2012). A coinfecção LVA-HIV já foi descrita em 4 continentes (BRASIL, 2014) e atualmente, observa-se um aumento no número de casos de pacientes com leishmaniose coinfectados pelo HIV, sendo esta considerada uma associação emergente, estando presente em 35 países ao redor do mundo (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2012; BRASIL, 2015).

No Brasil, a distribuição epidemiológica da coinfecção LVA-HIV mostra-se mais frequente em homens na faixa etária de 20-59 anos segundo dados da plataforma SINAN/DATASUS (2014). De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Estado de São Paulo (2003), os aspectos clínicos da coinfecção não possuem um perfil exclusivo e específico, porém em 75% dos casos os pacientes apresentam a chamada tríade clássica: febre, pancitopenia e hepatoesplenomegalia.

4.1.1.2 Ciclo Evolutivo

A infecção dos insetos ocorre quando as fêmeas, durante o repasto sanguíneo, ingerem as formas amastigotas de Leishmania existentes no interior dos macrófagos, presentes na pele do mamífero infectado. No tubo digestivo dos flebotomíneos, os macrófagos se rompem e liberam as formas amastigotas, se reproduzem por divisão binária e se diferem em formas flageladas (promastigotas), multiplicam-se ativamente e se tornam infectantes. O ciclo do parasita no inseto dura aproximadamente 72 horas (BRASIL, 2014).

Ao picar o vertebrado, em um novo repasto sanguíneo, as formas promastigotas metacíclicas infectantes juntamente com a saliva do inseto, que

possui uma potente ação anticoagulante, são regurgitadas no hospedeiro, essas formas são fagocitadas pelos macrófagos e

que se multiplicam intensamente até o rompimento dos mesmos. As formas amastigotas serão liberadas e novo

contínuo, onde ocorre a disseminação hematogênica para tecidos ricos do sistema fagocítico mononuclear: linfonodos, fígado, baço e medula óssea 1) (BRASIL, 2014)

transmissão vetorial pelo flebotomíneo do gênero

É considerada primariamente uma infecção zoonótica, ou seja, afetando animais silvestres e domésticos, entretanto pode também acometer o ho

2001; BRASIL, 2002). Existem diferentes subgêneros e espécies de responsáveis pelas formas clínic

Brasil, a L. (L.) amazonensis L. (V.) braziliensis, respons

possui uma potente ação anticoagulante, são regurgitadas no hospedeiro, essas formas são fagocitadas pelos macrófagos e novamente voltam a ser amastigotas, que se multiplicam intensamente até o rompimento dos mesmos. As formas amastigotas serão liberadas e novos macrófagos poderão fagocitar em um processo

ocorre a disseminação hematogênica para tecidos ricos do sistema fagocítico mononuclear: linfonodos, fígado, baço e medula óssea

. Ciclo biológico da leishmaniose , 2015.

.2 Aspectos clínicos da Leishmaniose Tegumentar Americana

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecciosa, porém não contagiosa, causada por protozoários do gênero Leishmania

transmissão vetorial pelo flebotomíneo do gênero Lutzomya spp. (BRASIL, 2002).

considerada primariamente uma infecção zoonótica, ou seja, afetando animais silvestres e domésticos, entretanto pode também acometer o ho

Existem diferentes subgêneros e espécies de

responsáveis pelas formas clínicas tegumentares, sendo as mais importantes no mazonensis que eventualmente, causam lesões cutâneas difusas

, responsável pelas lesões cutâneas e mucosas que podem possui uma potente ação anticoagulante, são regurgitadas no hospedeiro, essas novamente voltam a ser amastigotas, que se multiplicam intensamente até o rompimento dos mesmos. As formas s macrófagos poderão fagocitar em um processo ocorre a disseminação hematogênica para tecidos ricos em células do sistema fagocítico mononuclear: linfonodos, fígado, baço e medula óssea (Figura

Americana – LTA

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecciosa, Leishmania spp., com spp. (BRASIL, 2002).

considerada primariamente uma infecção zoonótica, ou seja, afetando animais silvestres e domésticos, entretanto pode também acometer o homem (REY, Existem diferentes subgêneros e espécies de Leishmania as tegumentares, sendo as mais importantes no que eventualmente, causam lesões cutâneas difusas e lesões cutâneas e mucosas que podem

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