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ESPÉCIES DE TRABALHADORES

RELAÇÕES DE TRABALHO

ESPÉCIES DE TRABALHADORES

Diversas são as maneiras de se desenvolver um trabalho, portanto, nada mais normal que estabelecermos diversas espécies de trabalhadores. Nesse sentido, damos continuidade a nossos estudos expondo quais são essas espécies de tra-balhadores com uma breve explicação sobre cada uma delas.

Empregado em domicílio

É aquele que trabalha na própria residência. O art. 83 da CLT, além de asse-gurar ao empregado em domicílio o salário mínimo, define tal trabalho como aquele “executado na habitação do empregado ou em oficina de família, por conta de empregador que o remunere”.

INTRODUÇÃO À LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Para ser empregado, o trabalho precisa ser por conta do empregador, ou seja, de forma não autônoma, e com subordinação e onerosidade.

Conforme o art. 6º da CLT: “não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja caracterizada a relação de emprego”. No caso do empregado em domi-cílio, o direito a horas extras apresenta maior dificuldade de se caracterizar como devido, justamente em razão do labor na própria residência do empregado, o que significa que pode trabalhar no horário que entender mais adequado. Dessa forma, somente será devido se o efetivo labor em sobrejornada for caracterizado.

Com a Lei nº 13.467/2017 a relação do trabalho remoto, quando iniciado nesse modelo, passou a ter suas despesas divididas entre empregado e empre-gador, visto que por desempenhar a atividade em sua residênciia, suas despesas também aumentariam e, parte dela, para realização da sua atividade.

Empregado doméstico

De acordo com a definição contida no art. 1º da Lei 5.859, de 11 de dezembro de 1972, é “aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas”.

Pode-se entender que o empregado doméstico presta serviços, de natureza não econômica, à pessoa física ou à família, para o âmbito residencial destas. Sendo assim, é doméstico não só o empregado que exerce funções internamente, na resi-dência do empregador, como limpar, faxinar, cozinhar, cuidar de crianças ou idosos, mas também o jardineiro, o vigia da casa, o motorista etc. Portanto, o empregador doméstico não é uma empresa, que exerce atividades econômicas ou lucrativas, mas sim a pessoa natural ou a família. Pela Lei 5.859/1972, para a existência do vínculo de emprego em questão exige-se a continuidade na prestação de serviços.

Dessa forma, nos dizeres de Garcia (2011, p. 233) a lei exige a efetiva habitua-lidade na prestação de serviços, de forma continua, e não intermitente, ao longo da semana. Nesta linha, não seria empregado doméstico aquele que presta serviços espo-rádicos, ou mesmo intermitentes, ou seja, em um, dois ou até três vezes na semana.

O art. 7º da Constituição Federal de 1988 indica os direitos assegurados aos domésticos. Todavia, deve-se ressaltar que o art. 7º da CLT estabelece que os preceitos

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contidos na Consolidação das Leis do Trabalho não se aplicam aos empregados domésticos. Entretanto, a referida exclusão não mais se aplica, desde a Constituição de 1988, quanto aos direitos assegurados no art. 7º, parágrafo único, da CF/1988.

Empregado rural

O art. 7º da Constituição Federal de 1988, ao arrolar direitos dos trabalhadores, faz previsão quanto aos “trabalhadores urbanos e rurais”. A Lei 5.889, de 8 de junho de 1973, regulamenta o trabalho rural.

Você acha que as alterações feitas ao empregado doméstico melhoraram as condições de trabalho, bem como aumentaram o número dessa moda-lidade de empregados?

As alterações sofridas pela lei que regulamenta o serviço prestado pelo empregado doméstico vêm sendo alvo de inúmeras discussões. Tais regras proporcionam mais direitos a essa classe de trabalhadores. As dúvidas são inúmeras e muitas reportagens já buscaram solucioná-las com o intuito de melhorar o relacionamento entre empregado e empregador.

Uma das questões que buscou-se resolver foi o controle da jornada de trabalho. Esta será de 8 horas diárias e 44 horas semanais. A remuneração prevista por hora extra é de, no mínimo, 50% a mais da hora normal. O ad-vogado Alexandre de Almeida Gonçalves sugere que o controle seja feito por uma folha de controle de ponto.

Fonte: Veja (2013, on-line).1

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O empregado rural é definido pelo art. 2º, da cita lei, como “toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual ao empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário”.

Aplicam-se os requisitos da relação de emprego já estudados: pessoa física, pes-soalidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade. Entretanto, deve-se diferenciar o empregado rural do empregado urbano.

Ao analisarmos o art. 2º da Lei 5.889/1973, observa-se que o empregado rural presta serviços “em propriedade rural ou prédio rústico” (BRASIL, 1973).

A propriedade rural é aquela situada na zona rural. Já o prédio rústico pode ser entendido como aquele que, situado na zona rural ou na zona urbana, destina--se à exploração de atividade agroeconômica.

Para visualizar melhor a diferença entre essas duas modalidades de empregado, deve-se conceituar legalmente quem é o empregador rural. O art. 3º da Lei 5.889/1973 define o empregador rural como “a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados”. Cabe destacar, ainda, o § 1º do art. 3º da Lei 5.889/1973, que inclui na atividade econômica referida no artigo citado anteriormente a exploração industrial em estabelecimento agrário não com-preendido na Consolidação das Leis do Trabalho. Para saber o que são atividades de exploração industrial, deve-se observar o disposto no art. 2º, § 3º a 5º, do Decreto 73.626, de 12 de fevereiro de 1974, que regulamenta a Lei 5.889/1973.

Dessa forma, consideram-se como exploração industrial em estabelecimento agrário as atividades que compreendem o primeiro tratamento dos produtos agrários in natura sem transformá-los em sua natureza (art. 2º, § 4º, do Decreto 73.626/1974). A indústria rural, em que o empregador também é considerado rural, é aquela em que o produto agrário recebe o primeiro tratamento, desde que não ocorra a transformação de sua natureza in natura.

Empregado aprendiz

O aprendiz é o empregado vinculado ao empregador pelo respectivo contrato de trabalho de aprendizagem. Pela definição do art. 428, caput da CLT, o contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por

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prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.

O art. 7º, inciso XXXIII, da Constituição Federal de 1988 autoriza o traba-lho como aprendiz a partir dos 14 anos. Por se tratar de contrato de trabatraba-lho especial, por prazo determinado, o contrato de aprendizagem não pode ser esti-pulado por mais de dois anos, “exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência”, conforme o art. 428, §3º da CLT.

Conforme o §1º do art. 428 da CLT, além da necessidade de ser ajustada por escrito, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em forma-ção técnico-profissional metódica. Nas localidades em que não houver a oferta de ensino médio para o cumprimento do citado anteriormente, “a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a frequência à escola, desde que ele já tenha concluído o ensino fundamental” – §7º do art. 428 da CLT.

A formação técnico-profissional citada, segundo o § 4º do art. 428 da CLT, caracteriza-se por atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho.

O art. 432 da CLT dispõe que a duração do trabalho do aprendiz não exce-derá seis horas diárias, sendo vedadas a prorrogação e a compensação de jornada.

Todavia, tal limite pode ser de até oito horas diárias para os aprendizes que já tiverem completado o ensino fundamental, se nelas forem computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica.

Quanto à remuneração, salvo condição mais favorável, será garantido o salá-rio mínimo hora (§2º do art. 428 da CLT). Ou seja, o empregado aprendiz faz jus ao salário mínimo proporcional às horas trabalhadas.

Por fim, em razão de o contrato de aprendizagem ser um contrato a prazo certo, ele se extingue no seu termo ou quando o aprendiz completar 24 anos, res-salvada a hipótese dos aprendizes portadores de deficiência – art. 433, da CLT.

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EMPREGADOR

Visto o empregado, passaremos a estudar o empregador. Pelo art. 2º da CLT “con-sidera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços”.

Para compreender melhor, deve-se diferenciar a empresa da figura do empre-gador. A empresa é a atividade econômica organizada que se dedica à coordenação e à organização dos fatores de produção, sendo destinada à produção ou à circu-lação de bens ou de serviços de mercado (COELHO, 2010). O art. 966 do Código Civil define que empresário é quem exerce profissionalmente a atividade. Dessa forma, há aqueles que, mesmo exercendo atividade econômica não são conside-rados empresários, seja por expressa exclusão prevista em lei, seja pela ausência de organização dos fatores de produção ao desenvolver a atividade. Deve-se observar que o empresário tanto pode ser pessoa jurídica quanto pessoa física.

No âmbito da CLT, o empregador é considerado como a própria empresa.

Contudo, pode-se dizer que empregador é toda pessoa jurídica, pessoa natural ou ente despersonalizado que contrate empregado, mantendo relação jurídica com este, ou seja, todo ente que se utilize de empregados para a realização de seu objetivo social.

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