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Homens Espírito ou os que ultrapassaram totalmente a atração do plano físico e que se libertaram, com isto, da escravidão da esfera anímica, alcançando a plena consciência de sua alta origem na Esfera

No documento OS ARCANOS MAIORES DO TARÔ - G. O. MEBES (páginas 108-122)

TARO ou ROTA INR

Coluna 12. Para achar os planetas que regem os dias da semana, adotamos o sistema seguinte.

4. Homens Espírito ou os que ultrapassaram totalmente a atração do plano físico e que se libertaram, com isto, da escravidão da esfera anímica, alcançando a plena consciência de sua alta origem na Esfera

das Emanações.

É fácil ver que o "Homem de Desejo" corresponde, em nossa terminologia, ao iniciado do grau inferior do ciclo físico, pois este já sabe de onde veio e para onde vai, isto é, já possui certo entendimento da Queda e da Reintegração Humana.

O "Novo Homem", conhecendo já o astral, entra no segundo grau do mesmo ciclo físico, e o "Homem Espírito", que se submeteu a uma transformação elementar Hermética, no terceiro.

Voltemos ainda à decomposição aritmética do nosso Arcano e analisemos uma outra fórmula: 9 = 3 + 2 + 4

Não é difícil lê-la: a iniciação (9) conduz ao Grande Arcano, ou seja: sua parte mental (3), astral (2) e elementar (4). É interessante notar que uma pequena alteração dessa distribuição dá um esquema do método geral do treinamento no processo de auto-iniciação. Escrevemos 9 = 2 + 3 + 4, colocando os algarismos componentes na sua ordem de grandeza. O número 2 é o número da polaridade; a idéia da polaridade está estreitamente ligada à idéia de atração, de magnetização, etc. Teremos nisso a primeira receita: pela aspiração poderosa de um verdadeiro Homem de Desejo, por sua prece ardente, o ambiente se magnetiza, e deste, ele atrairá a si os elementos individualizados que podem facilitar sua iniciação. Dentre os elementos assim atraídos, os que são superiores, tornar-se-ão seus protetores, e os inferiores serão acessíveis ao seu vampirismo, isto é, poderão ser por ele assimilados. O número 3, que simboliza o ternário equilibrado, andrógino por sua composição, mas podendo manifestar-se tanto no campo ativo como no passivo, indica a necessidade da chamada condensação, dentro de nós, de tudo o que já foi atraído e assimilado. Este processo se realiza por meio de aumentar ou diminuir, alternativamente e conforme o caso, a atividade ou a passividade potencial do sujeito, ou melhor, de seu astrosoma, com a finalidade de estabelecer um estado harmonioso que será o terceiro elemento no mencionado binário das potencialidades. Depois disto, vem o número 4. Este é o símbolo da ROTA elementar, o símbolo das aplicações no plano denso. É o delineamento do trabalho construtivo do adepto que soube evoluir suficientemente pelo processo de aprofundar-se em si mesmo e pelo treinamento de sua personalidade.

Isto corresponde ao que os maçons, no ritual do grau de mestre, tão adequadamente chamam de "viagem para espalhar a Luz", assemelhando o mestre ao sol que se levanta, culmina, se põe e continua seu caminho abaixo do horizonte, para recomeçar, no dia seguinte, um novo ciclo de movimento, uma nova fase quádrupla da Rota diária de 24 horas. Esse "4" é uma alusão à fase emanacional de desenvolvimento mágico do futuro Instrutor.

Voltemos à lâmina do nosso Arcano, para meditar quanto a seus elementos.

A lanterna do ancião é geralmente chamada de Luz de Hermes Trismegisto. Hermes é a personificação de sistema harmonioso, unindo a sabedoria metafísica, o conhecimento do astral e a ciência no plano físico, sistema que floresceu nos santuários do Egito antigo.

Essa lanterna é indispensável ao iniciado e ela expressa a tese: "Não despreza a ciência profana do mundo físico, estuda com assiduidade o plano astral, e eleva-te pelo mental ao nível transcendente e transcendental. Tu és triplânico estuda todos os três planos".

O manto que isola o ancião chama-se o manto de Apolônio de Tyana, o famoso Instrutor da Escola de Alexandria. É o símbolo da auto-determinação da Mônada no plano mental, do auto-conhecimento no plano astral e da solidão no plano físico. Determinar-se no plano mental, significa tornar-se claramente consciente de seu papel de célula do organismo mental do Homem Universal Coletivo, e de todas as nuances coloridas desse papel. O auto-conhecimento astral — caminho típico do desenvolvimento de Apolônio — é o aprofundar-se no próprio astrosoma, fazer sua análise severa, uma classificação escrupulosa de seus recursos, efetuar uma re-orientação — se assim podemos dizer — de seus ímãs moleculares e, finalmente, realizar uma síntese geral, bem assimilada. Os biógrafos de Apolônio apresentam bastante bem esse trabalho, contando que o grande Mago, envolto num manto de lã, se concentrava na contemplação do próprio umbigo.

Passemos a considerar o significado da solidão. O que significa ser solitário? É a capacidade de trabalhar, de meditar sem permitir a intromissão de influências energéticas de outros pentagramas. Pode- se ser solitário em meio duma multidão. No entanto, nos primeiros estágios de desenvolvimento, muitos necessitam uma vida de anacoreta, um isolamento efetivo, no plano físico. Este proceder tem seus bons e maus aspectos. A boa faceta da vida de eremita consiste no seguinte: no plano mental, a oração fica mais fácil; no plano astral, há a possibilidade de purificação pelo silêncio prolongado, uma das recomendações da Escola Pitagórica; no plano físico, não há perda de tempo com as preocupações da vida cotidiana. Os aspectos negativos da vida de eremita são estes: no plano mental, a impossibilidade de observar o progresso de seus companheiros no campo metafísico; no plano astral, uma certa ausência de apoio da corrente de pessoas unidas pela mesma tônica evolutiva. Isso aumenta o perigo, nos momentos de passividade, de cair temporariamente sob a influência do astral inferior. Essa influência, no plano físico, freqüentemente toma a forma de manifestações sexuais, chamadas de íncubos e

súcubos. Os elementares e mesmo os feiticeiros exteriorizados, tendo feito um empréstimo mediúnico

do próprio eremita ou do reino orgânico que o circunda, podem materializar-se em estado suficientemente condensado, para realizar o "coito" com o eremita (o súcubo da entidade astral) ou com a eremita (o incubo da entidade astral). Os íncubos e súcubos causam naturalmente um grande dano pelo enfraquecimento físico que provocam na sua vítima, e também porque preparam condições que, no futuro, poderão facilitar ao eremita a criação, por vontade própria, e sob diversos pretextos, de qualquer tipo de larvas.

Existe uma alternativa que, afastando os maus aspectos da vida de eremita, ao mesmo tempo preserva os bons. Em outras palavras, uma alternativa que procura neutralizar o bi-nário: vida de eremita — vida em sociedade. Foram feitas tentativas, ainda em prática, correspondentes ao meio termo: a convivência monástica. O sucesso do trabalho nessas instituições variava e varia grandemente, dependendo da época,

do ambiente, dos membros e dos dirigentes das comunidades, da sua disciplina e outras condições.

O bastão do ancião, como símbolo de prudência, quase dispensa comentários; o essencial já foi dito anteriormente.

Concluindo a análise do Arcano IX, esboçaremos um curto programa de esforços que facilitam a auto- iniciação e preparam a iniciação propriamente dita.

Enumeraremos nove fases destes esforços, salientando que, geralmente, se realizam de modo paralelo e não consecutivo.

1. Superar em si a covardia física. 2. Superar em si a indecisão física.

3. Superar os arrependimentos a respeito do que foi feito e não pode ser mudado. 4. Lutar, ao máximo, contra as superstições.

5. Lutar, ao máximo, contra os preconceitos. 6. Lutar, ao máximo, com os condicionamentos. 7. Manter em boa ordem a saúde e o ambiente externo.

8. Realizar, também, a ordem astral, tanto em si (harmonia da alma) como fora de si, isto é, adquirir o conhecimento empírico das entidades do plano astral e suas manifestações, classificando-as adequadamente.

9. Realizar uma ordem mental, ou seja, alcançar a pureza, a clareza e a certeza em sua cosmovisão, como também a plena consciência de sua proveniência emanacional do Arquétipo.

O pantáculo do Arcano é feito segundo o esquema 9 = 3 + 6. Sendo assim, pode consistir simplesmente em duas partes superiores do esquema do Grande Arcano (ver figura 16).

Houve, todavia, tentativas de introduzir uma outra configuração: um conjunto de nove pontos, em que a distribuição dos três pontos superiores forma um triângulo evolutivo. Este projeta dois reflexos em forma de triângulos de tipo involutivo, e formados por seis pontos restantes.

LÂMINA X

O esquema expressa a idéia de que os planos inferiores são produzidos pelo Superior O fundo está formado pela parte interior de uma esfera multicolorida e iridescente.

Em baixo um mar, cor de chumbo, ondulante, mas sem espuma. No centro, onde a interferência das ondas forma uma concavidade, eleva-se uma barra de suporte, ao redor da qual, na sua parte inferior, enroscam-se duas serpentes, cor de prata, formando um caduceu com duas circunvoluções.

Triângulo Evolutivo Primeiro Reflexo Segundo Reflexo

Na parte média do bastão está fixado o eixo de uma roda, de cor indefinida. Circunscritos pela roda, estão dois triângulos: um ascendente e claro; outro, descendente e escuro, formando um hexagrama. Do lado direito, a roda leva para cima um ser de corpo humano e cabeça de cão, Hermanubis; na mão direita, levantada, ele segura um caduceu de ouro, de Hermes.

Do lado esquerdo, a roda leva, cabeça para baixo, um outro ser, de cor vermelho-escura, quase preta, com corpo de crocodilo e cabeça humana com feições deformadas pela maldade: Tifon. Sua pata esquerda segura um bidente dirigido para baixo. A cauda, de um verde-esmeralda, enrola-se ao redor do círculo.

Em cima da roda, há um estrado fixo sobre o qual, a face para frente, repousa uma esfinge alada. Suas feições são calmas, severas, sem traços de paixão alguma. Com sua pata esquerda, a esfinge segura uma espada, cuja ponta é dirigida para cima.

ARCANO X —

י

— IOD

O signo do Arcano X, no alfabeto hebraico é Iod; seu valor numérico, 10, e a correspondência astrológica, o signo zodiacal de Virgem.

O hieróglifo do Arcano é o dedo indicador. O indicador é utilizado para um gesto de comando. Se compararmos o homem ao microcosmo considerando-o como um sistema fechado, então o gesto de comando do dedo indicador corresponderá a uma manifestação de dentro para fora deste sistema fechado. Essa significação do Arcano X é ainda mais claramente caracterizada pela forma fálica da letra Iod. Falus, ainda mais do que o dedo indicador, simboliza a manifestação mencionada.

A lâmina do Arcano é chamada "Esfinge" ou "Rota Fortunae" (A Roda da Fortuna). Na sua parte superior ela apresenta uma esfinge, armada de espada e repousando sobre um estrado fixo. Um pouco mais abaixo, vemos o hexagrama de Salomão — o signo do Macrocosmo — que gira junto com a roda, cujo círculo o circunscreve. A parte inferior do sustentáculo, sobre o qual se apóia o eixo da roda, forma um caduceu. Do lado direito da imagem (que é refletida) a roda leva para cima, em direção à Esfinge, um cinecéfalo — Hermanubis, segurando, na mão direita, um caduceu com três circunvoluções. Do lado esquerdo, a mesma roda leva para baixo um ser com corpo de crocodilo e cabeça humana — Tyfon — segurando na sua pata esquerda um bi-dente (às vezes um tridente), dirigido para baixo.

O que significa, em linhas gerais, essa representação?

Ela apresenta um sistema fechado, capaz de transformações internas.

Este sistema é encimado pela Esfinge, isto é, o lema — ousar, calar, saber, querer — que aponta o meio para chegar à atividade criadora e ao aperfeiçoamento do astrosoma. O moinho da vida, dominado pelo quadrado dessas quatro diretrizes, gira ininterruptamente, levando alguns para cima e causando a queda de outros. Os que se elevam (como Hermanubis), portadores do signo do Grande Solvente "Azoth" (o Caduceu), guardam ainda a cabeça de cão, símbolo do seu estado anterior e inferior, vestígios da impulsividade incontrolada, dos instintos animalescos. Os que caem das alturas, como Tifão, ainda escravos dos binários não-neutralizados, conservam, todavia, o símbolo da grandeza já alcançada: a. cabeça humana, isto é, os elementos de nobreza, de justiça, de fidelidade — coexistindo com o aviltamento (o corpo de crocodilo), causado pela degradação dos princípios humanos.

O "Moinho das Transformações" mói e leva, todos nós, implacavelmente e, no entanto, neste processo geral existe uma clara e metódica motivação Superior.

Não importa que a lâmina nos apresente apenas o aspecto astral; nossa imaginação pode acrescentar-lhe tanto o aspecto mental, como o físico.

O primeiro título do Arcano X é "Testamentum", pois é aquilo que se costuma chamar "testamento", que nos liga ao Arquétipo e seus elevados impulsos. É através do "Testamento" que fluem os princípios mentais.

No plano do Homem, ou melhor, no plano de sua manifestação, a "Grande Roda do Tarô" leva à Humanidade aquilo que a nossa raça chama "Cabala", isto é, sistema que serve de instrumento controlador para a construção, por nós de formas astrais. Essa palavra "Cabala" será o segundo título do Arcano.

No campo da Natureza, lidamos com a implacável Roda da Fortuna, chamada também "Moinho do Mundo". Essa Roda tudo mói, tudo assimila, tudo adapta, tudo eleva ou abaixa. Nela, como em toda roda, nada permanece imóvel, exceto seu eixo. Este eixo simboliza a existência da ilusão chamada "Matéria". Assim, o terceiro título do Arcano é "Fortuna", pois esta nos é dada pela Natureza, de acordo com as leis apresentadas no Arcano X.

Nos diversos cursos de ocultismo encontramos amiúde outros títulos deste Arcano, como: "Regnum

Dei", "Ordo", etc. Estes nomes correspondem, aproximadamente, às mesmas idéias numa forma menos

definida. A concepção "Regnum Dei", ou seja, "Reino de Deus", qualquer que seja o plano de sua manifestação, significa o período de máxima bem-aventurança, harmonia e adaptação funcional. O reino de Deus para um planeta será a época de seu maior florescimento no sentido mencionado. O Reino de Deus para uma criatura humana será a época de maior harmonia para a totalidade de sua receptividade e atividade. Naturalmente, é preciso lembrar que a época do "Reino de Deus" para um organismo inteiro, pode não coincidir com a mesma época do "Reino" para um ou outro de seus órgãos particulares. O momento deste "Reino" para todo o nosso sistema solar, por exemplo, pode não coincidir com o momento análogo do "Reino" para o planeta Marte.

A fé de que o "Reino de Deus" advirá um dia, pode ser definida como o reflexo do "Testamento" no espelho da esperança.

"Ordo", quer dizer "ordem". Efetivamente a Cabala é uma síntese superior de todos os sistemas ordenados, a regerem todas as manifestações astrais que nos são acessíveis. Como podemos ver, os últimos dois títulos, em seu sentido, não divergem dos primeiros.

Passemos à análise aritmética do Arcano. 10 = 1 + 9

O único não se manifesta por si, mas por nove clichês, isto é, por nove reflexos ou nove refrações, cuja totalidade o caracteriza. Expressando-se de modo escolástico, diremos que somente podemos assimilar o objeto através de seus nove atributos.

10 = 9 + 1

estes nove atributos são sintetizados numa décima manifestação, assim como as características de uma planta são sintetizadas em sua semente.

formulação: a verdadeira natureza do objeto está velada pela cortina de seus atributos, e estes, por sua vez, não são percebidos como tais, mas revelam-se por algo concreto.

Procuraremos desenvolver essa tese mediante o esquema que nos foi transmitido pela TRADIÇÃO DA RAÇA BRANCA.

SISTEMA SEFIRÓTICO

A essência de cada objeto, de acordo com a Lei da Triplicidade, se manifesta, antes de tudo, pelo ternário do tipo do Grande Arcano.

A primeira manifestação possui, como o próprio objeto, que imaginamos integrado, o caráter neutro, andrógino. Esta constatação é suficiente para poder determinar o tipo de triângulo, formado pelas três manifestações iniciais. Nele, a segunda manifestação tem um caráter ativo; a terceira, passivo, conforme o esquema: Ponto-Iod-He.

Este ternário superior reflete-se duas vezes em forma de ternários do tipo de triângulo descendente. O sistema inteiro sintetiza-se de um modo concreto na décima manifestação da mencionada essência do objeto. De acordo com a lei da síntese, essa manifestação possuirá, naturalmente, o androginato.

Em geral, teremos o esquema apresentado na figura 34. As dez manifestações nela marcadas são chamadas de Sephiroth do objeto.

"Sephiroth" é o plural de "Sephira". O significado da palavra Sephira corresponde a "número", a "radiação" e a "visível".

Disso decorre que em cada objeto podemos descobrir dez manifestações ou, em outras palavras, que cada objeto possui dez aspectos visíveis. Para ilustrá-lo, tomemos o exemplo de uma lanterna que, possuindo dez lados de vidro, diversamente coloridos, apresentaria dez aspectos diversos da mesma luz. As dez Sephiroth do objeto constituem uma espécie de família.

ESSÊNCIA DO OBJETO 10 Figura 34 N + 3 1 2 5 6 4 8 9 7

Dentro dessa família a Cabala judaica distingue:

a) O Andrógino Superior (n° 1 da figura 34) ou Macroprosopo (um termo grego) tradução da palavra hebraica que significa "de rosto comprido".

b) O Pai (n° 2). c) A Mãe (n° 3).

d) O Filho ou Microprosopo (de rosto curto) que inclui em si a totalidade de seis Sephiroth (4, 5, 6, 7, 8 e 9) e possui o androginato. Seu centro funcional de atividade é a 6a Sephira, e seu órgão de atividade, a 9a Sephira.

e) A Esposa ou Noiva do Microprosopo: 10a Sephira.

Sabemos que na cadeia da causalidade, para cada família em separado sempre haverá uma família anterior, e assim sucessivamente, recuando até o Princípio Primordial.

Os Cabalistas judeus recuavam somente até a família do sistema inicial sephirótico do Universo, considerando esse sistema como a manifestação de alguma Essência Inacessível, chamada por eles Ain-

Soph (ain = sem; soph = fim; tradução literal de Ain-Soph = sem fim).

Os Rosacrucianos permitiram-se ir além dos primeiros Sephiroth do Universo, a uma Família que eles colocavam entre o Ain-Soph e as dez Sephiroth. Assim, no esquema Rosacruciano, o Princípio Não- Alcançável, o Infinitamente Homogêneo, o Infinitamente Harmônico, o Totalmente Bem-aventurado quis expressar-se ativamente por um Iod, que chamaremos o Amor Transcendental. Esta manifestação será o Pai da Primeira Família do esquema Rosacruciano.

Este Pai, devido a própria vontade de expressar-se ativamente, possui um caráter de irradiação o qual, por sua vez, causa a existência de uma certa Passividade, exatamente proporcional à Atividade que a criou. Essa Passividade que chamaremos Vida Transcendental, corresponde ao primeiro He da Primeira Família do Esquema Rosacruciano. Este He, ao inverso do radioso Iod, é caracterizado por uma certa qualidade de sombra. É uma penumbra, pronta para receber em Si o influxo radioso do Inalcançável. Daí o seu nome latino "Restrictio".

É a Restrição da Luz Infinita pelo meio-ambiente de sombra.

Assim, o Amor Transcendental — o Primeiro Pai — fecunda a Vida Transcendental — a Primeira Mãe. Essas Entidades Místicas dos Rosacrucianos dão nascimento ao Logos, o Verbo Transcendental, o Grande Arquiteto do Universo, "sem Quem nada existe".

O Logos emana o segundo He da Primeira Família. Este He manifesta-Se por dez Sephiroth que constituem a Segunda Família, e manifesta-se assim por intermédio da primeira delas: a Sephira Keter, o Macroprosopo do Universo, chamado também a Sephira da Coroa.

Figura 35

Como vemos nesta figura, o Mundo da Emanação — Olam ha Azilut — é constituído pela Sephira Andrógina Keter, o Macroprosopo, manifestando-Se como convém a uma Mentalidade equilibrada, por um lado, pela totalidade daquilo que aspira ao conhecimento: a Sephira da Sabedoria, Hohmah; e, por outro lado, pela totalidade daquilo que pode ser conhecido: a Sephira da Razão, Binah. Esta última, naturalmente, limita a Sephira precedente.

No Mundo da Criação — Olam ha Briah — encontramos, de um lado, a Sephira ativa da Misericórdia, Chesed,[4] que é o reflexo da aspiração ao conhecimento, ou seja, o reflexo da expansividade da Sephira da Sabedoria Hohmah; de outro lado, temos a passiva Sephira da Severidade, Pechad ou Geburah, que limita a misericórdia, por causa do campo já limitado da Sephira da Razão, Binah.

Estas duas Sephiroth se neutralizam no esplendor da radiação da Sephira Tiferet — a Harmonia do Mundo, a Beleza Universal. De fato, o que, na ética, poderia ser mais belo, mais valioso do que saber bem equilibrar a Misericórdia com a Severidade? A Bondade com o respeito à Lei?

É certo que misericórdia em demasia queima, como um fogo insuportável, aquele que errou, levando-o a pedir, ele mesmo, seu julgamento. Por outro lado, é certo também que severidade em demasia pode levá- lo a perder a esperança de ser salvo, pode fazer dele um membro extraviado da Grande Família das Almas. A Misericórdia, equilibrada pela Severidade, resolve qualquer problema ético.

Passemos agora ao Mundo da Formação: Olam ha Yezirah. Encontramos nele a ativa Sephira da Vitória, Netzah, a Vitória do bem sobre o mal, do espiritual sobre o material, do luminoso sobre o tenebroso, do ativo sobre o inerte. Ê nessa Sephira que se encontra o iniciado que não errou na

bifurcação dos caminhos e que escolheu o certo.

Todavia, antes de procurar ativamente novos caminhos ascendentes, novas escolhas corretas, é preciso, depois da vitória, dar, pelo menos, alguns passos sobre a senda já escolhida, repousar na posição conquistada, chegar a ver o fruto do bem semeado. É preciso limitar a poderosa Sephira da Vitória (Netzah) pela passiva Sephira da Glória e da Paz: Hod.

A misteriosa Sephira Hod apresenta um complexo aparentemente paradoxal: a ausência de movimento e

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