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Estudo de demandas individuais de queixa escolar atendidas no PSE (2014) Vila Maria-

CAPÍTULO 4 A pesquisa

4.3. Coleta de dados

4.3.3. Estudo de demandas individuais de queixa escolar atendidas no PSE (2014) Vila Maria-

Apresentação da dinâmica inter e intrainstitucional no atendimento à demanda de queixa escolar no PSE 2014, utilizando os instrumentos presentes na Rede de Atenção à Saúde com a proposta de evidenciar o atual diálogo intersetorial educação-saúde por meio de uma proposta-intervenção Projeto Terapêutico Singular (PTS) Núcleo de Apoio à Saúde Educacional (NASE), cuja intervenção foi realizada no Programa Saúde na Escola (PSE, 2014) no módulo II da Saúde Mental, de caráter optativo.

A partir dos instrumentos de pesquisa expostos abaixo, objetiva-se propor ações intersetoriais educação-saúde que visem ao melhor entendimento da demanda de queixa escolar no PSE (2014), um Projeto Terapêutico Singular (PTS) Núcleo de Apoio à Saúde Educacional (NASE), realizado entre a UBS e EEFM da Zona Norte de São Paulo no bairro Vila Maria-Vila Guilherme. Foi ministrada uma palestra nos turnos matutino e vespertino da escola, para explicar à diretoria, ao corpo docente e à coordenadoria pedagógica a proposta de intervenção, como esclarecimento de possíveis dúvidas e questionamentos.

Foram utilizados os instrumentos relacionados abaixo.

Questionário (Apêndice I) aplicado a criança e seus responsáveis legais1 - busca trazer o entendimento da representatividade da impressão da individualidade da escola enquanto coletividade na visão dos filhos e pais ou responsáveis; à medida que algumas respostas apresentarem similaridade, será permitido à equipe multidisciplinar buscar conhecimentos para futuros planejamentos interinstitucionais a fim de promover a diminuição das demandas de queixa escolar.

Estudo de Relatórios Pedagógicos (Anexos 8 e 9) - foram solicitados a elaboração de Relatórios Institucionais Pedagógicos, ao Coordenador Pedagógico, e o envio de demandas de queixa escolar da EEFM da região norte da cidade de São Paulo, ao neurologista e à psicóloga da UBS, para redirecionamento deste fluxo às devidas oficinas. Tais relatórios descrevem dificuldades encontradas no processo de aprendizagem (escrita,

leitura, concentração, atenção, comportamento). Esta proposta procura não se ater a pré- diagnósticos (Dislexia, Déficit de Atenção e Hiperatividade, Disgrafia, Discalculia), em busca de uma ação observacional transversal para a promoção da Saúde Escolar em resposta à demanda de queixa escolar, de forma não medicalizante. Foram analisadas três modalidades de relatórios pedagógicos: cartas de encaminhamento das coordenadoras pedagógicas ao médico da UBS, relatórios de demanda de queixa escolar ao Programa Terapêutico Singular Núcleo de Apoio Educacional, pela coordenadora pedagógica, e ficha de observação do aluno, pelos professores. O primeiro exemplo evidencia como se dá, no atual momento, o fluxo desta demanda na Rede de Atenção à Saúde, diretamente por meio das cartas referências dos pediatras e clínicos ao nível secundário (neurologistas e psiquiatras) ou pela rede matricial Centro de Atenção Psicossocial infantil (CAPS), por intermédio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF); o segundo exemplo evidencia uma proposta de olhar diferenciado sobre a demanda escolar de forma a não pré-diagnosticar, culpabilizar, patologizar e vitimizar a criança e/ou família, em busca de um olhar não medicalizante da demanda de queixa escolar por meio do Projeto Terapêutico Singular (PTS) Núcleo de Apoio à Saúde Educacional (NASE) no Programa Saúde na Escola (PSE,2014). O terceiro exemplo evidencia o olhar dos professores a partir da ficha de observação do aluno. Todos estes relatórios são importantes como contribuição para a melhoria do diálogo intersetorial educação-saúde mediante ações que promovam a saúde do escolar frente à demanda de queixa escolar em uma perspectiva não medicalizante.

Oficinas de Vivência e Assistência Social

As oficinas de vivência foram realizadas na UBS, constituindo-se um conjunto de três oficinas para um grupo de seis crianças, divididas em dois grupos de três com idade entre 7 a 10 anos, com duração de 1 hora e 15 minutos cada, uma vez por semana, eleitas as segundas e quartas-feiras da semana. O objetivo desta foi estabelecer, inicialmente, uma relação vincular com cada aluno para, a partir desta experiência, obter-se uma potencialização de recursos internos e desconstrução da demanda de queixa a fim de permitir uma aproximação com novos processos educativos de interação dinâmica, de acordo com a realidade local e voltada para a potencialidade do indivíduo junto à coletividade.

As oficinas foram constituídas por três momentos: acolhimento (abertura da oficina); desenvolvimento (realização de uma atividade utilizando-se recursos expressivos ou midiáticos); e fechamento (conversa em roda sobre a atividade proposta e troca em grupo de informações sobre as experiências vivenciadas). Foram realizadas pela psicóloga da UBS na EEFM e têm como proposta despertar nos escolares novas vivências, curiosidade, imaginação

e prazer em aprender, que favoreçam o autoconhecimento, utilizando experiências afetivas individuais e coletivas intra e extraescolares.

As oficinas de assistência social, após a demanda de distúrbios comportamentais e conflitos familiares terem sido levantadas pela coordenadora pedagógica, eram feitas visitas domiciliares pela assistente social e pela psicóloga para entendimento das situações familiares extraescolares que poderiam influenciar direta ou indiretamente no processo de aprendizagem e escolarização.

Observação, semiologia clínica e neurológica - como observador e participante desta pesquisa intervenção, o autor desta tese buscou evidenciar um olhar generalista e integral não visando a patogenicidade e organicidade das questões que envolvem a dificuldade de aprendizagem, mas em busca de potencializar a individualidade frente à coletividade a partir dos questionamentos construtivos do olhar crítico sobre a demanda de queixa escolar. Foi orientado à assistente social da UBS (nível primário) que agendasse uma consulta para as crianças, juntamente com seus responsáveis, com o neurologista e coordenador deste PTS, atuante no AMA-especialidades (nível secundário), no mesmo território geográfico desta UBS, com a finalidade de que - como neurologista desta proposta intervenção - pudesse descartar causas orgânicas do ponto de vista neurológico, pela semiologia clínica e neurológica da criança, a fim de evidenciar, neste estudo de caso, que na grande maioria destas avaliações os exames clínicos e complementares se mostram normais, gerando-se um desnecessário ônus ao Sistema Único de Saúde do ponto de vista financeiro e desvio de atendimento de uma demanda de queixa escolar, a qual será, em um futuro próximo, plenamente atendida pelo Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), como apresentado na Portaria Nº 6.566, de 24 de novembro de 2014 (anexo 10); permite-se, assim, redirecionar e aliviar uma agenda reprimida para atendimento de sua real demanda à saúde mental pela neurologia e psiquiatria.

No capítulo 4, teve-se como objetivo explicitar os fundamentos teóricos do método da pesquisa, em que se optou por um estudo de caso único, tendo por questão norteadora “como otimizar a interação intersetorial educação-saúde já existente no atendimento público municipal para melhor responder à demanda de queixas escolares, de forma não medicalizante?”. Foram descritos os recursos utilizados para promover ações intersetoriais Educação-Saúde frente à demanda de queixa escolar, de forma não medicalizante.

CAPÍTULO 5 - Projeto Terapêutico Singular (PTS) Núcleo de Apoio à Saúde