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Eventos extremos de frio e a relação com a saúde

5. Resultados

5.1. Eventos extremos de frio e a relação com a saúde

A esmagadora maioria dos inquiridos (87,9%) afirma já ter ouvido falar do evento climático extremo, designado de vagas de frio (quadro XXXIII, em anexo). Os indivíduos conhecedores deste fenómeno definem-no de várias formas distintas30. A definição mais usual (31,5%) refere que uma vaga de frio consiste em muito frio e/ou frio intenso e/ou temperaturas baixas. A segunda definição mais comum (27,1%), relata que uma vaga de frio consiste em frio fora do normal e/ou fora de época. As restantes propostas de definição apresentam valores inferiores de representatividade (fig. 34).

Figura 34 – Definições de “Vagas de frio” propostas pelos inquiridos

30

As respostas dos inquiridos foram agrupadas em categorias gerais, de forma a permitir a análise e posterior comparação com outras variáveis. Resultaram, deste modo, 14 categorias de resposta.

31% 27% 1% 2% 10% 6% 2% 2% 8% 4% 2% 2% 2% 1%

Definições de "Vagas de frio" propostas pelos inquiridos

Muito frio e/ou frio intenso e/ou temperaturas baixas

Frio fora do normal e/ou fora de época Muito frio durante um período curto de tempo

Frio constante e/ou durante muito tempo

Descida extrema e/ou repentina das temperaturas

Temperaturas negativas Descida da temperatura num determidado periodo e espaço Ventos frios e temperaturas baixas Período de tempo com temperaturas mais baixas

Queda de neve e/ou granizo e/ou formação de gelo

Correntes de ar provenientes ou não dos pólos

Massas de ar frio que surgem num determinado tempo e lugar

Quando os idosos estão mais vulneráveis ao frio intenso

Período de dias com temperaturas mais baixas do que a média dos últimos anos

De forma geral, os inquiridos consideram que a ocorrência de um período de frio intenso, durante o inverno pode ser prejudicial para a saúde (quadro XXXIV, em anexo). No que diz respeito ao nível de perigosidade associado à ocorrência do mesmo, 92,7% afirma tratar-se de um evento perigoso (29,2%) ou muito perigoso (63,5%). Os indivíduos que consideram estes eventos pouco ou nada perigosos e os que não sabem responder apresentam valores baixos de representatividade (quadro XXXV, em anexo).

Relativamente aos efeitos mais frequentes na saúde, associados a um período de frio intenso, é possível identificar os mais consensuais entre os indivíduos da nossa amostra. Os pés e mãos geladas (96%), os arrepios (86%), as tremuras (81,7%) e a dor intensa em determinadas partes do corpo (77,6%) são os sintomas que mais afetam os inquiridos. A perda de memória (65,2%) e o estado de choque (46,7%) são os efeitos que reúnem mais descrédito entre os inquiridos. Os restantes sintomas propostos apresentam valores médios, dividindo as opiniões (quadro VI).

Os inquiridos que mencionaram sentir outros efeitos para além dos referidos no quadro VI, representam apenas 3,4% do total da amostra (quadro XXXVI, em anexo). As principais perturbações surgem devido a dores e/ou mal-estar (33,3%) e a problemas de pele (quadro XXXVII, em anexo).

Efeitos mais frequentes do Frio intenso: Discordo

Totalmente Discordo Concordo

Concordo

Totalmente Não sei

Pés e mãos geladas 0,0% 3,5% 37,1% 58,9% 0,5%

Arrepios 2,4% 10,5% 45,7% 40,3% 1,1%

Tremuras 0,8% 14,1% 40,6% 41,1% 3,4%

Dor intensa em determinadas partes do corpo 2,4% 17,6% 38,7% 38,9% 2,4% Sensação de formigueiro (pés, mãos, orelhas) 3,7% 27,0% 29,9% 32,3% 7,1% Insensibilidade nas mãos e nos pés 2,2% 30,4% 39,6% 22,3% 5,5%

Cãibras 5,5% 35,2% 27,4% 23,7% 8,2%

Doenças alérgicas 7,4% 35,7% 23,9% 26,2% 6,8%

Estado de choque 7,7% 39,0% 26,9% 18,5% 7,9%

Perda de memória 14,7% 50,5% 12,9% 13,7% 8,2%

Quadro VI - Opinião sobre os efeitos mais frequentes do frio intenso

A ocorrência de um período de frio intenso pode ou não despoletar um sentimento de incómodo nas pessoas. Na amostra os resultados demonstram que existe uma divisão entre os inquiridos pouco ou nada incomodados (47%) e aqueles incomodados ou muito incomodados (53%) (quadro XXXVIII, em anexo).

As razões motivadoras31 face ao nível de incómodo são várias - os inquiridos que ficam incomodados referem o não gostar do frio / desconforto (28,1%) e os

problemas de saúde / dores / mal-estar (17%) inerentes, como os principais motivos.

Em sentido contrário, os indivíduos pouco ou nada incomodados referem que lidam bem

com o frio / não faz diferença (19%) ou que apenas é necessário adaptar-se e tomar precauções (5,7%). As restantes opiniões ostentam valores baixos de representatividade

(quadro VII).

Razões motivadoras face ao nível de incómodo sentido: % Total

Não gosto do frio / Desconforto 28,1%

Lido bem com o frio / Não me faz diferença 19,0%

Problemas de Saúde / Dores / Mal-estar 17,0%

Dificulta a rotina normal e a realização de certas atividades 7,7% Apenas é necessário adaptar-se e tomar precauções 5,7% Alterações de humor / Depressão / Dificuldades de concentração 5,2%

Excesso de roupa provoca dificuldades 4,7%

Frio é normal / Faz parte da vida e do dia-a-dia 2,1%

Gosto mais do tempo primaveril e ameno 2,1%

Desagradável mas não muito incomodativo 1,8%

Suporto melhor o frio que o calor 1,0%

Não sei 1,0%

Apenas idosos e doentes é que ficam incomodados com o frio 0,8% Tenho boas condições de vida (casa e trabalho) 0,8% Em Portugal não existem verdadeiras vagas de frio, clima ameno 0,8% Falta de condições habitacionais e económicas 0,8% Não tenho problemas de saúde relacionados com o frio 0,5%

Não altera o dia-a-dia 0,3%

Antigamente o frio era pior 0,3%

Frio é mau para o comércio 0,3%

Total 100%

Quadro VII - Razões motivadores face ao nível de incómodo sentido

Relativamente ao papel dos profissionais de saúde no diagnóstico e prevenção do risco inerente aos episódios extremos de frio, é possível verificar que cerca de 60% dos inquiridos afirma nunca ter sido aconselhado pelo seu médico a proteger-se das temperaturas muito baixas (quadro XXXIX, em anexo). No que diz respeito ao diagnóstico de pessoas vulneráveis ao frio intenso, constata-se que apenas 7,5% foram

31

As respostas dos inquiridos foram agrupadas em categorias gerais, de forma a permitir a análise e posterior comparação com outras variáveis. Resultaram, deste modo, 20 categorias de resposta.

consideradas vulneráveis, face à ocorrência de temperaturas baixas (quadro XL, em anexo).

Em termos de comparação face aos dois tipos de episódios de temperaturas extremas (frio e calor), é notório que a maioria dos inquiridos refere que o frio extremo e o calor extremo, são ambos muito prejudiciais à saúde (60,2%). Uma parte significativa da amostra (26,6%) demonstra maior preocupação com os episódios de frio extremo. É importante referir que 3,6% dos inquiridos considera que nenhum dos dois seja prejudicial para a saúde (fig. 35).

Figura 35 – Evento climático mais perigoso para a saúde

A morte ou hospitalização de pessoas conhecidas relacionada com a ocorrência de episódios de frio intenso divide a opinião dos inquiridos. No entanto, a maioria (56,1%) concorda que podem acontecer fatalidades ligadas a estes eventos (quadro XLI, em anexo).

27%

9%

60%

4%

Evento climático mais perigoso para a saúde

O Frio Extremo O Calor Extremo Ambos

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