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O NOVE — YESOD do naipe de Ouros — é o esquema geral da evolução da matéria (na alquimia) que se revela durante o processo chamado sublimação; o quadro geral da Iniciação, revelado pela

No documento OS ARCANOS MAIORES DO TARÔ - G. O. MEBES (páginas 134-159)

TARO ou ROTA INR

GEBURAH CHESED

9. O NOVE — YESOD do naipe de Ouros — é o esquema geral da evolução da matéria (na alquimia) que se revela durante o processo chamado sublimação; o quadro geral da Iniciação, revelado pela

transmissão por sucessão do Influxo Superior (no Hermetismo Ético).

10. O DEZ — MALKUT do naipe de Ouros — é a transmutação concreta da matéria (na alquimia), isto é, a utilização do Pó Vermelho, já preparado, na transmutação da liga; a volta do Iniciado ao mundo, para se dedicar à transmutação ética da sociedade humana (no Hermetismo Ético).

Todos, com certeza, já perceberam que os Arcanos de valores numéricos do naipe de Ouros se assemelham muito, pelos seus títulos, aos dez primeiros Arcanos Maiores do Tarô, já por nós estudados. A explicação disso é que o naipe de Ouros é a refração do Valete da Primeira Família e serve de "órgão" criador dos Arcanos Maiores, à semelhança dos Arcanos Menores.

Poder-se-ia dizer que os Arcanos Menores do naipe de Ouros correspondiam ao esquema do mundo, tal como este se apresentava diante da Humanidade antes de sua queda, enquanto que os dez primeiros Arcanos Maiores correspondem à compreensão das nossas verdades pela Humanidade já decaída.

Se pudéssemos purificar os primeiros dez Arcanos Maiores tirando deles o envoltório que se formou ao seu redor, obteríamos os Arcanos de valores numéricos do naipe de Ouros, em sua sucessão natural. Voltemos, mais uma vez, aos Arcanos Maiores, enumerando-os segundo a ordem natural das letras do alfabeto hebraico e indicando, ao mesmo tempo, o valor numérico e o hieróglifo que a cada um deles foi

atribuído pelas antigas Escolas Iniciáticas. Estes hieróglifos permitir-nos-ão, mesmo que isso seja feito de um modo breve e incompleto, desenrolar o sistema dos títulos dos Arcanos, que ainda não foram estudados nos campos do Ternário Teosófico. Os títulos são indispensáveis para compreender o quadro geral das especulações cabalísticas. Apresentaremos também alguns exemplos de tais especulações. Os títulos dos primeiros dez Arcanos Maiores já foram dados. Procuraremos, portanto, compreender o significado dos hieróglifos restantes, para deles poder deduzir os títulos que lhes correspondem (Ver o quadro abaixo)

O Arcano XI tem, como hieróglifo, a palma da mão apertando algo com força. É uma clara indicação da FORÇA. Essa força, no campo do Ternário Teosófico dá os títulos "Vis Divina", "Vis Humana" e "Vis Naturalis" (Força Divina, Força Humana e Força da Natureza), o que dispensa comentários.

O Arcano XII tem por hieróglifo uma mão aberta que, junto com o braço ligeiramente dobrado se assemelha à letra Lamed, e expressa o desejo de expansão, talvez mesmo às custas do equilíbrio da figura que estende a mão. Isso faz surgir em nós a idéia do sacrifício, de oferecer algo, mesmo contrariamente aos próprios interesses, de ceder a própria força vital. O sacrifício do Arquétipo dá o título "Messias"; o sacrifício humano expressa-se pela caridade — "Caritas"; o sacrifício da Natureza — pela energia oferecida a nós pelo sol, daí o título: "Zodiacus".

O hieróglifo do Arcano XIII — a mulher — evoca, por associação, a idéia da morte e do renascimento. A mulher é o meio, no qual se efetua o processo da vida uterina do filho, que, morrendo para esta vida

Número Nome do signo numéricoValor Hieróglifo

1 Aleph 1 Ser humano

2 Beth 2 Boca humana

3 Ghimel 3 Mão que agarra

4 Daleth 4 Seio que alimenta

5 He 5 Respiração

6 Vau 6 Olho, ouvido

7 Zain 7 movimento retoFlecha em

8 Cheth 8 Campo para cultivo

9 Theth 9 Telhado — proteção

10 lod 10 O dedo indicador

11 Kaph 20 Mão apertando algo

12 Lamed 30 Mão aberta

13 Mem 40 Uma mulher

14 Nun 50 O fruto

15 Samech 60 movimento circularFlecha em

16 Ain 70 Uma ligação material

17 Phe 80 Boca com língua

18 Tzade 90 Cobertura opressora

19 Cuph 100 Um machado

20 Resh 200 Cabeça humana

21 Shin 300 movimento oscilanteFlecha em

uterina, nasce para uma vida na atmosfera. A idéia da morte e do renascimento, no plano do Arquétipo, nos dá o título "Imortalitas" ou "Permanentia in Essentia". No plano do Homem, faz surgir a imagem "Mors et Reincarnatio" (Morte e Reencarnação). No plano da Natureza que, pelo poder da energia e suas múltiplas transformações, se renova eternamente em formas diferentes, o título será "Transmutatio Virum" (usando a terminologia de Helmholtz).

O Arcano XIV tem como hieróglifo o fruto, ou aquilo que é obtido através da mulher e com sua ajuda, e o que é resultante do Arcano XIII. A imutabilidade das teses metafísicas básicas traz como fruto a possibilidade de estabelecer sistemas dedutivos; daí o título "Deductio". O fruto da seqüência das encarnações do ser humano é a modelagem hermética das almas, ou seja, sua harmonização, dando, no plano do Homem, o título "Harmonia Mixtorum". As leis de transformação e conservação da energia na Natureza estão estreitamente ligadas à questão da reversibilidade dos processos; daí o título "Reversibilitas".

No Arcano XV, seu hieróglifo — uma flecha a se mover ao redor de uma circunferência — logo evoca a idéia de que cada vez que tentarmos ultrapassar essa circunsferência, encontraremos a inexorável flecha. Tais flechas, para um ser humano, são inevitáveis nos três planos do Ternário Teosófico. O Arquétipo não nos quer deixar sair do círculo encantado da lógica do nosso sistema metafísico; daí o título "Logica". O astrosoma humano contém em si elementos de paixões e tendências, sobre os quais ele próprio tropeça em seus esforços de expansão e sutilização. Este círculo encantado é a serpente bíblica "Nahash" (o segundo título), o tentador tradicional. A Natureza nos circunda com um anel de manifestações predestinadas que, às vezes, constituem impedimentos insuperáveis durante toda uma encarnação. É o "Fatum" — o terceiro título do nosso Arcano.

Notemos que o Arcano XV resulta, de um modo natural, do XIV: a lógica baseia-se na dedução; o Hermetismo Ético não pode ignorar a técnica da luta contra as paixões; as leis que regem a reversibilidade dos processos estão estreitamente ligadas às manifestações do destino.

O hieróglifo do Arcano XVI é uma ligação material ou mesmo, usando a linguagem da mecânica, uma

ligação em estado de tensão, caracterizada pela existência nela de determinada reação. O Arcano

precedente tinha, como finalidade principal, o estabelecimento de tais ligações. Passemos à explicação dos títulos. Pelo raciocínio lógico, podemos eliminar definitivamente uma ou outra hipótese; isso é "Eliminatio Lógica"; a formação de certos turbilhões, obriga um determinado astrosoma a manifestar-se em forma já fixada; isto é, "Constrictio Astralis", a base de toda a Magia Cerimonial. A fatalidade implacável pode destruir as obras, as mais sólidas no mundo concreto; isto é "Destructio Physica", o terceiro título.

O hieróglifo do Arcano XVII é uma boca com língua, uma boca que fala. É preciso apenas saber ouvi-la. Conhecemos bem a linguagem do Arquétipo, chegando a nós em forma de esperança — "Spes" (1.° título) — mesmo quando tudo ao redor de nós se cala ou prognostica o infortúnio. Se formos suficientemente sensíveis, ouviremos também a voz da intuição humana, que amiúde nos pode prevenir, proteger e salvar; daí o segundo título — "Intuitio". Os povos da antigüidade, levando uma vida simples e em contato com a Natureza compreendiam melhor a linguagem desta e, para entendê-la, não precisavam recorrer aos métodos complicados que hoje em dia chamamos astrologia, fisiognomonia, quiromancia, frenologia, etc. Daí, o terceiro título: "Divinatio Naturalis".

O Arcano XVII é um complemento passivo, natural, ao ativo Arcano XVI. Não basta chegar, pela lógica, a uma convicção; amiúde a esperança também é necessária. Não é suficiente poder constranger no astral; é preciso também possuir o tato e a intuição para saber se tal ação é útil e que forma lhe deve ser dada. Não é suficiente saber que a fatalidade é inexorável no plano físico, é preciso também poder determinar, através dos métodos divinatórios, em que forma essa fatalidade se manifestará.

O hieróglifo do Arcano XVIII é de novo (como no Arcano VIII) um telhado, porém, não mais como símbolo da proteção, mas de algo que limita, que oprime, que esmaga e que impede a visão do mundo. Podemos observar que os Arcanos, tornando-se progressivamente sempre mais concretizados e densos, alcançaram um grau em que se sente a compressão pelo próprio peso da matéria. Estudamos já, nos Arcanos anteriores, a linguagem do Ternário Teosófico e sabemos que neste Ternário existem elementos a nos limitarem. A esperança é necessária, mas devemos compreender que "esperar algo", podemos somente daquele que nos é superior na escala hierárquica; dai o título "Hierarchia Occulta". A intuição nos presta grandes serviços, mas ela nos faz também compreender que temos inimigos ocultos — "Hostes Occulti". A adivinhação que, às vezes, pode nos dar uma indicação clara de determinado perigo, mais freqüentemente desperta a nossa vigilância geral, avisando-nos de alguma ameaça: "Pericula Occulta".

O Arcano XIX, pelo símbolo do machado, nos fornece as possibilidades de abrir uma passagem no telhado, permitindo a chegada da luz, isto é, mostra-nos a possibilidade do aperfeiçoamento e reintegração ao mundo dos Arcanos Menores. Podemos nos perguntar o que simboliza este "machado"? É a Lei Hierárquica que nos permite ultrapassar o "telhado da dialética" e elevar-nos à Luz da Verdade frutífera, "Veritas Fecunda". O desejo de não ter inimigos nos fará burilar, em nós mesmos, todas as facetas do altruísmo que podem tão formosamente refletir aquilo que se chama "Virtus Humana" (Virtude Humana). O perigo do desperdício da matéria nobre que possuímos, perigo de destruição prematura do corpo, etc, obrigar-nos-á a pensar na Pedra Filosofal e no Elixir da Vida. Assim, o terceiro título do Arcano será "Aurum Philosophale" (Ouro dos Filósofos).

O Arcano XX tem por hieróglifo uma cabeça humana, cabeça que deve apropriar-se da Luz que lhe chega através da abertura no telhado, feita pelo machado do Arcano precedente. A influência do Arquétipo, pelo seu poder atrativo, nos impele à evolução; daí o primeiro título "Attractio Divina". Pelo nosso próprio esforço hermético alcançamos o renascimento astral que nos permite bem utilizar os dons humanos. Este renascimento ou transformação interna chama-se "Transformatio Astralis". A Natureza que, de acordo com a Lei, acompanha nossos esforços internos, causando mudanças no plano físico, ajuda-nos na direção do aperfeiçoamento, o que explica o terceiro título: "Mutationes in Tempore". O Arcano XXI é chamado, por muitas pessoas, o "Arcano Zero" por causa de seu conteúdo excepcional e completamente diferente de todos os outros. Ele tem como hieróglifo uma flecha, progredindo numa direção determinada, mas por meio de um movimento oscilante. Os Arcanos anteriores mostraram a possibilidade de elevar-nos à Luz. No entanto, quando estamos cercados por um muro e tapados por um telhado, apenas saber que podemos nos libertar, não é suficiente. Devemos saber também como praticar a abertura no telhado para não sermos esmagados pelos destroços que cairão e para deixar intacta a parte que não precisa ser demolida. Para isso, devemos conhecer os segredos da construção do telhado. Em outras palavras, conhecer o mistério da realização, da ação e da proteção. A fase da evolução humana, apresentada no Arcano XXI não é tão perigosa como a do Arcano XV, quando se tentava ultrapassar o círculo. Ela é o campo no qual pisaremos mais cedo ou mais tarde. As "flechas", aí, se movimentam em ambas as direções. Feliz daquele que souber aproveitar o movimento da flecha que dele se afasta; amarga será a experiência daquele que se achar no caminho de uma flecha que venha ao seu encontro. O Arcano Shin pertence aos mistérios primordiais e tem sua origem na emanação, pelo Arquétipo, do mundo Olam ha Aziluth; por isso, o primeiro título deste Arcano será "Radiatio" (em relação ao Valete da Primeira Família). No campo do Homem, o Arcano Shin se realiza quando o astrosoma humano vincula-se ao símbolo, egregoricamente criado por uma corrente de pentagramas e, por isso mesmo, possuindo um poder realizador. Assim, o segundo título será "Signum", no sentido de símbolo astral estável. O Arcano Shin não é estranho à atividade da Natureza; ela o realiza quando "materializa as

O Arcano XXII apresenta a síntese dos resultados da aplicação do conhecimento dos Arcanos precedentes. É o Arcano da "Obra Magna", a permitir a passagem ao mundo do naipe de Paus dos Arcanos Menores. Seu hieróglifo é um peito, no sentido de algo que tudo abarca. Seu significado é tão claro que não precisa comentários. Fazemos notar apenas que a nossa passagem dos Arcanos Menores aos Maiores se efetuou pelo naipe de Ouros. A passagem dos Maiores aos Menores se faz através dos quatro últimos Arcanos Maiores que sintetizam os frutos da sabedoria da vida. Os títulos do Arcano XXII, nos três planos, são fáceis de compreender. No mundo do Arquétipo, o Arcano corresponde ao triângulo superior no esquema do Grande Arcano (fig. 16) ou seja, o Absoluto Místico — "Absolutum". No mundo do Homem, ele corresponde ao hexagrama do meio, do mesmo esquema, representando a ação bipolar sobre o astral, ou seja, aquilo que poderia ser chamado de aplicação da Grande Obra ao astral, ou "Adaptatio Operis Magni". No mundo da Natureza, o Arcano expressa a onipotência natural da Rota Elementar — "Omnipotentia Naturalis".

Queremos ainda ressaltar o fato de que vários Arcanos possuem hieróglifos semelhantes. Isso, no caso de um estudo abreviado, nos permite limitar o exame a 16 Arcanos apenas. Essa redução não é desejável no trabalho iniciático, mas é bastante aclaradora do ponto de vista filológico. Os Arcanos correspondentes aos signos do alfabeto cuja pronuncia é:

"b" ou "ph" têm, como hieróglifo, a boca

"g" ou "kh" têm, como hieróglifo, a palma da mão "d" ou "th" têm, como hieróglifo, o peito (seio) "z" ou "s" têm, como hieróglifo, uma flecha "t" ou "tz" têm, como hieróglifo, um telhado.

Essa semelhança entre os hieróglifos de Arcanos permite supor que terá havido uma época na qual o hieróglifo "boca" correspondia aos dois sons labiais semelhantes; o hieróglifo "palma da mão" — aos dois sons guturais; os hieróglifos "peito" (seio) e "telhado" — aos dois tipos de sons dentais; a "flecha" era sempre o símbolo preferido dos sons sussurantes e sibilantes.

A Cabala divide os signos do alfabeto hebraico em três grupos essenciais: as três letras-mães, as sete letras duplas e as doze letras simples.

As letras-mães — Aleph, Mem e Shin — simbolizam os aspectos básicos, metafísicos do Ternário. Aleph corresponde ao termo neutro (n); Mem, ao pólo negativo (—); Shin, ao pólo positivo (+).

O triângulo do Grande Arcano, neste sistema de notação, apresenta-se como na figura 42.

Qualquer combinação destas três letras pode ser interpretada em termos do Ternário.

Atribuindo a estas letras correspondências no campo dos elementos e escrevendo: Mem — Shim — Aleph, Aleph significará condicionalmente o "Ar"- Shin o "Fogo" e Mem, a "Água". Obteremos assim a seguinte frase: a água, colocada em cima do fogo, evapora-se, assumindo um estado gasoso, semelhante ao do ar. Servindo-nos dos termos herméticos mas de modo metafísico, a mesma combinação das letras poderá ser lida: se no espaço (Mem), observamos fenômenos, ou seja, modificações da energia (Shin), notaremos também a passagem do tempo (Aleph). Na interpretação mística, a combinação Mem-Shin- Aleph poderá ser lida como: o elemento inerte, isto é, o profano (Mem), incentivado pela energia (Shin) nele elaborada ou para ele transferida — torna-se um mago e um ser andrógino (Aleph).

O segundo grupo — as sete letras duplas — correspondem simbolicamente às sete Causas Secundárias. Se as letras-mães podem ser chamadas de metafísicas, as sete letras duplas poderão ser chamadas de planetárias ou astrais. Suas respectivas correspondências são as seguintes:

Essas letras foram chamadas "duplas" pelas seguintes razões:

1. Do ponto de vista etimológico, elas inicialmente possuíam dois modos de pronúncia: B e BH, G e GH, D e DH, K e KH, P e PH, R brando e R duro, TH e S.

2. Do ponto de vista esotérico, sabemos que cada uma das influências planetárias possui tanto um lado bom como um mau. O bom aspecto de Júpiter, por exemplo, expressa-se pela afabilidade, capacidade de lidar com o povo, etc. e seu mau aspecto, redunda no orgulho jupiteriano, etc.

As doze letras simples correspondem astrologicamente aos doze signos zodiacais:

Como se sabe, os doze signos zodiacais, no plano da Natureza, simbolizam as doze fases de um ciclo solar completo, isto é, um ciclo do sacrifício que, no nosso sistema planetário é feito pelo Sol, em prol da Terra, enviando-lhe seus fluidos astrais.

Beth Ghimel Daleth Kaph Phe Resh Thau Lua Venus Júpiter Marte Mercúrio Saturno Sol He Carneiro Vau Touro Zain Gêmeos Cheth Câncer Teth Leão Iod Virgem Lamed Balança Nun Escorpião Samech Sagitário Ain Capricórnio Tzade Aquário Quph Peixes

No campo ético, o Arcano XII — Lamed — simboliza o sacrifício do homem ao Homem, à Natureza ou ao Divino. Este sacrifício pode ser feito somente por um pentagrama encarnado. No plano do Arquétipo, o Arcano XII é o Arcano do Messias. Isso faz surgir de novo a idéia de encarnação, portanto, do plano físico, mostrando-o como plano de sacrifício. Podemos também, invertendo, considerar o sacrifício como algo estreitamente ligado ao plano físico.

Figura 43

A figura 43 apresenta o esquema dos Arcanos Maiores como um desenrolar da Lei Iod-He-Vau-He. Notemos que o sistema dos Arcanos Menores interpreta-se do mesmo modo. A diferença consiste em que as cartas de valores numéricos dos Arcanos Menores realizam exata e totalmente essa interpretação. Os Arcanos Menores poderiam ser comparados a um instrumento musical perfeito, enquanto que os Arcanos Maiores corresponderiam a um instrumento imperfeitamente afinado, e segundo intervalos apenas aproximadamente semelhantes. Um dos instrumentos — o exato — era destinado à Humanidade não-decaída; o outro — o imperfeito — à confusa visão do mundo da humanidade decaída.

Da distribuição dos Arcanos da coluna Iod já falamos no Arcano VII. Nas colunas He e Vau a distribuição é a mesma. Quanto à coluna do segundo He, seus Arcanos andróginos constituem, na sua totalidade, a passagem do sistema dos Maiores ao dos Menores. Eles poderiam ser considerados como o "organismo" que dá nascimento aos Arcanos Menores. Lembremos-nos que, falando da passagem na direção inversa, chamamos os Arcanos Menores do naipe de Ouros, também de um "organismo" que deu nascimento aos Arcanos Maiores.

Revisemos brevemente as fases do desenvolvimento de um homem encarnado, segundo o quadro dos Arcanos Maiores.

Um homem que procura o auto-conhecimento (1) cria a ciência (2), toma-a como esposa, e graças a ela torna-se produtivo (3), com isso adquirindo autoridade (4). Essa autoridade (4) conduz ao nascimento, nele, do pentagrama humano (5). Logo que este é formado, deve enfrentar o problema dos dois caminhos (6). Ele escolhe a senda certa, tornando-se, assim, Vencedor (7).

י

ה

ו

ה

+ - + - + - N

י

1 4 7 10 13 16 19

ה

2 5 8 11 14 17 20

ו

3 6 9 12 15 18 21 (0)

ה

4 7 10 13 16 19 22

Com este Arcano termina a primeira fase, a de Iod, ou seja, da formação da personalidade no campo das idéias.

O Vencedor inicia o segundo ciclo, o da auto-educação no campo das formas, instituindo a legalidade (8) no ambiente em que deverá trabalhar. O estabelecimento dessa legalidade assegura ao ambiente um certo nível ético que servirá como um trampolim, para que o homem possa dar um salto aos planos mais elevados da ética, no campo da forma. Sua aspiração e esforços de aperfeiçoamento serão coroados pela Iniciação (9). Após a Iniciação, segue-se um aprofundamento em algum "sistema fechado" (10).

Este "sistema fechado" pode ser o mundo externo ao qual o Iniciado voltará periodicamente para exercer influência sobre seus semelhantes. Este "sistema" pode ser também a Cabala, na qual o Iniciado se aprofunda para poder aperfeiçoar, através da compreensão, o conjunto dos clichês que o circundam. Finalmente, este "sistema" também poderá consistir em dedicar-se à meditação quanto àquilo que se chama "Testamentum". O aprofundamento num "sistema fechado" (10), levará o Iniciado a formar uma Corrente-Força (11).

Nesta, surgirá claramente a necessidade do sacrifício (12), tanto interno (para fortalecer a corrente), como externo (em prol da Humanidade). A consumação do sacrifício levará à mudança do plano (13). O desenvolvimento no campo das formas é seguido por um contato efetivo com os elementos de todos os três planos. Cada morte (13) é, ao mesmo tempo, um nascimento para uma nova vida, trazendo a compreensão da reversibilidade de certas manifestações energéticas (14). Se a nossa mudança de plano foi alcançada por uma exteriorização, traremos conosco, do plano astral, os clichês de reversibilidade deste processo. Cada mudança de plano acarreta um certo poder sobre os turbilhões astrais (15) ou, analogamente, o poder lógico (no plano mental), ou ainda, a capacidade de aproveitarmos as manifestações do destino (no plano físico) (15). O Arcano XV manifestar-se-á envolvendo-se numa das formas pertencentes ao Arcano XVI. Manifestar-se-á, portanto, quer seja pelo poder da lógica, através de progressiva exclusão de outras hipóteses, quer pelo poder de constranger determinadas entidades astrais ou, finalmente, pela capacidade de, fisicamente, utilizar seres de três planos mediante um aproveitamento hábil das condições proporcionadas pelo destino. O Arcano XVI termina o primeiro ciclo da coluna Vau do nosso esquema.

Com o mesmo Arcano XVI inicia-se um novo meio-ciclo, o da aplicação ativa de um ou outro poder

No documento OS ARCANOS MAIORES DO TARÔ - G. O. MEBES (páginas 134-159)