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Parte II – Tomografia Computorizada no Diagnóstico de Anomalias Vasculares

Capítulo 6: Anatomia Hepática e Vascular – Protocolos de Aquisição de Imagem

6.1 TC: Anatomia Hepática e Vascular

6.1.2 Excreção biliar do meio de contraste

Os meios de contraste biliares específicos ainda não foram aplicados em medicina veterinária. Contudo, todos os meios de contraste iodados, assim como os derivados de gadolínio, comercialmente disponíveis, apresentam uma pequena fração de excreção biliar, o que é suficiente para causar um atraso de cerca de 10 minutos no realce hepático, após a sua aplicação intravenosa. O realce hepático tardio é útil para delinear os órgãos circundantes, de igual densidade do fígado, tais como o diafragma e o pâncreas. Cerca de 30-60 minutos após a aplicação do meio de contraste intravenoso, os ductos biliares hepáticos e extra-

-hepáticos, assim como a vesícula biliar, acumulam contraste, havendo maior produção de bílis – Figura 32. Tal pode ser aplicado na avaliação clínica da desobstrução das vias biliares, o que se revela promissor no desenvolvimento de novas técnicas clínicas.4

Figura 32 – Sistema de drenagem biliar do cão. 1)

Vesícula biliar; 2) ducto biliar; 3) ducto cístico; 4) ducto hepático. (adaptado de Dyce et al., 2010)

Figura 33 – Imagens de tomografia computorizada contrastada, em canídeo,

representando a anatomia normal do fígado e sistema biliar. A) Fígado cranial; B, C) fígado médio; D) aspeto caudal do fígado; E) artérias hepáticas (setas), pequenos vasos tortuosos dispostos paralelamente às veias portais; F) veias hepáticas, hipodensas no estudo de pré-contraste; G) fase venosa do estudo de contraste, com realce das estruturas. A, aorta; PC, processo caudado; C, cólon;

Ca, cárdia; VCC, veia cava caudal; D, duodeno; E, esófago; GF, gordura

falciforme; VB, vesícula biliar; VHE, veia hepática esquerda; F, fígado; LLE, lobo lateral esquerdo; LME, lobo medial esquerdo; PP, processo papilar; VP, veia porta; VHD, veia hepática direita; LLD, lobo lateral direito; LMD, lobo medial direito; LQ, lobo quadrado; E, estômago; B, baço. (adaptado de Schwarz e

Saunders, 2011)

Figura 34 – Baço normal, canino (A,B) e felino (C) durante a fase venosa (A) e arterial (B,C). A extremidade dorsal do

baço está localizada sob a caixa torácica, envolvida pela gordura do ligamento gastrosplénico. B,C) Na fase arterial, o parênquima é heterogéneo devido à distribuição irregular do meio de contraste na polpa vermelha e branca. A) O mesmo baço torna-se mais homogéneo na fase venosa. A, aorta; C, cólon; VCC, veia cava caudal; D, duodeno; G, gordura; LLE, lobo lateral esquerdo; VP, veia porta; RD, rim direito; LLD, lobo lateral direito; B, baço; E, estômago. (adaptado de

Tabela 8

Detalhes anatómicos do fígado cranial, ao nível do hiato da VCC e hiato

esofágico – Figura 33 (A)

(adaptado de Schwarz et al. 2011)

Região tomográfica visível Localização, forma,

densidade Relação com estruturas circundantes

Parênquima hepático / lobos

Parênquima hepático ocupa todo o abdómen crânio-ventral, apresentando-se homogéneo nas fases pré e pós-contraste

Diafragma (dorsalmente e lateralmente), VCC (dorsal e para a direita), esófago (dorsalmente ao plano médio), gordura falciforme (ventralmente), ápex da vesícula biliar (ventralmente e para a direita)

VCC Oval achatada, aumentada na

varredura pós-contraste Parênquima hepático (ventralmente)

VCC, Veia cava caudal

Tabela 9

Detalhes anatómicos do fígado médio – Figura 33 (B) e (C)

(adaptado de Schwarz et al. 2011)

Região tomográfica visível Localização, forma,

densidade Relação com estruturas circundantes

Parênquima hepático / lobos

Fissuras entre lobos hepáticos, por vezes visíveis ventralmente. LQ e LMD separados pela VB. Parênquima homogéneo dividido pelas veias hepáticas

Diafragma (dorsalmente e lateralmente), cárdia e fundo do estômago (dorsalmente e para a esquerda), gordura falciforme (ventralmente), vesícula biliar (ventralmente e para a direita)

VCC e veias hepáticas

VCC: oval, localizada dorsalmente e à direita. VHs convergem para a VCC, visíveis dorsalmente à direita. VHs são hipodensas ao fígado no pós-contraste e na fase arterial. Hiperdensas na fase venosa

As veias apresentam-se rodeadas pelo parênquima hepático homogéneo

Veia porta e colaterais

VP: redonda, localizada ventralmente e ligeiramente à direita da VCC. Veias porta visíveis dirigindo-se em direção à periferia. Hipodensas em pré-contraste e na fase arterial. Altamente atenuadas na fase venosa

As veias apresentam-se rodeadas pelo parênquima hepático homogéneo

VB e DBC

VB: piriforme, estrutura hipodensa, tamanho variável, localizada ventralmente e do lado direito. A parede é parcialmente realçada na varredura pós-contraste. DBC por vezes visível ventralmente à VP, correndo em direção ao duodeno

VB: entre LMD e LQ

DBC, Ducto biliar comum; VCC, veia cava caudal; VB, vesícula biliar; VH, veia hepática; VP, veia porta; LQ, lobo quadrado; LMD, lobo medial direito

Tabela 10

Detalhes anatómicos do fígado caudal – Figura 33 (D)

(adaptado de Schwarz et al. 2011)

Região tomográfica visível Localização, forma,

densidade Relação com estruturas circundantes

Parênquima hepático / lobos

Porção caudal dos LLE e LLD visíveis ventralmente. LLD visível dorsalmente e do lado direito; abrange o PC do LC, estendendo-se em direção ao rim direito. PP visível no plano médio, com formato triangular.

LLE e LLD: lateralmente em contacto com a parede abdominal, medialmente com a gordura peritoneal. LLD: contacta dorsalmente com a crura diafragmática, medialmente com a VP e a VCC, ventralmente com o PC.

PC: contacta ventralmente com o duodeno, pâncreas, colon, caudalmente com o rim direito. PP: entre a aorta (dorsalmente), VCC e VP (à direita), ramos das artérias hepáticas. Contacto variável com a cabeça do baço, estômago, pâncreas e cólon. Envolvido por tecido adiposo.

Ao, VCC, VP

Ao no abdómen dorsal médio, mais ventralmente e ligeiramente para a direita, VCC e VP, de forma redonda e tamanho similar.

Ao envolvida pelos anexos caudais da crura diafragmática. VCC e VP pelo parênquima hepático e gordura peritoneal. Linfonodos portais, por vezes visíveis, no lado esquerdo e à direita da VP.

Ao, Aorta; LC, lobo caudado; PC, processo caudado; VCC, veia cava caudal; LLE, lobo lateral esquerdo; PP, processo