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2.1 Concepções teóricas sobre apropriação de resultados

2.1.2 Apropriação de resultados de avaliações externas: análise de experiências

2.1.2.1 Experiência exitosa 1: observando o caso do Acre

As experiências de uma escola podem fazer parte de um banco de boas práticas que, tornando-se público, pode servir de apoio às escolas com dificuldades em várias áreas.

Como é fato que a apropriação de resultados ainda é uma ação que precisa ser mais bem explorada por muitas escolas, principalmente naquela que é foco da pesquisa e se constitui como um aporte na tomada de decisão e na escolha de estratégias que tornem esse processo realmente efetivo, o exemplo do estado do Acre trará à compreensão estratégias usadas por Silva W.C. (2015).

Observando o trabalho realizado por Silva W.C. (2015), nesse estado, percebe-se o papel de uma líder comprometida, envolvida e atuante, tanto nas atividades administrativas quanto nas de natureza pedagógica, no que tange ao trabalho em relação à apropriação e utilização dos resultados das avaliações externas.

Quando se trata das reponsabilidades do diretor no Acre, cabe destacar a Lei Estadual nº. 1513/2003, conhecida como Lei da Gestão Democrática do Sistema Público de Ensino do Acre, que estabelece que o diretor seja juridicamente responsável pela escola, o que engloba todos os seus processos: gestão de diferentes áreas – como a gestão dos recursos materiais e financeiros, a gestão de pessoas, a gestão patrimonial, a gestão administrativa e a gestão da relação escola - comunidade –, além da gestão do processo de ensino e aprendizagem.

O artigo 35 da Lei Estadual do Acre aponta que, dentre suas tarefas, o Diretor deverá:

[...]

II - coordenar a elaboração e/ou revisão do projeto político pedagógico da escola, entregando proposta para apreciação e aprovação do Conselho Escolar até o mês de julho de cada ano;

[...]

IV - coordenar a elaboração e implementação do plano de desenvolvimento da escola até o final do mês de março de cada ano e enviá-lo para apreciação e aprovação do Conselho Escolar;

V - estabelecer a cada semestre e pactuar com a SEE, metas de rendimento escolar a serem atingidas;

VI - encaminhar bimestralmente ao Conselho Escolar e à SEE relatórios sobre rendimento escolar (ACRE, 2003, p. 8).

De acordo com o artigo mencionado, a diretora gesta as ações na escola, direcionando sua execução para responsáveis dentro da escola. Isso denota uma qualidade da gestão democrática: o compartilhamento de tarefas.

Mesmo não sendo de sua responsabilidade, a atitude da diretora em relação aos dados das avaliações externas indica que sua gestão se preocupa com os dados da escola mais do que apenas tomar conhecimento deles. Isso porque, com sua chegada à unidade, em forma de correspondências por e-mail enviadas ou pela secretaria de educação ou pelas instituições organizadoras das avaliações externas lá aplicadas, a diretora não apenas os repassa à especialista para providências, mas também participa dos estudos dos dados com sua equipe, tomando conhecimento destes para cobrar o alcance de metas, responsabilizando-se também pelo trabalho desenvolvido com as turmas.

Quando recebe os dados, ela se comunica com professores e coordenadores para que iniciem os processos de divulgação e apropriação dos resultados pela equipe escolar, uma vez que ela faz a apresentação formal, em reunião com as coordenadoras de ensino e pedagógicas.

Após essa reunião com a diretora, as coordenadoras de ensino lideram a equipe pedagógica e, em conjunto, estudam os resultados do Sistema Estadual de Avaliação da Aprendizagem (SEAPE) e do IDEB para deles se apossarem e possibilitarem aos professores que os utilizem didática e pedagogicamente no seu trabalho em sala de aula. Articulam ainda as estratégias de planejamento das ações da escola, em conjunto com a equipe pedagógica e os professores, assumidas como sendo um compromisso da escola.

A estratégia adotada pelo Acre, no caso da escola aqui observada, deixa claro que a equipe pedagógica estuda, criteriosamente, os dados. Isso demonstra uma ação de reconhecimento dos resultados para seu uso, atitude esta não tomada pela escola pesquisada. Tal estratégia denota que o uso dos dados se segue à apresentação geral realizada pela diretora e estudo dos dados para seu uso, sendo uma ação fundamental quando se trata de apropriação de resultados.

Após o estudo empreendido pela coordenação, o trabalho se volta com o envolvimento dos professores. Relata-se que, no início do trabalho, há três anos,

esses profissionais apresentavam grande resistência, mas, com o amadurecimento do trabalho, tem sido superada gradativamente, sendo convertida em adesões positivas.

O convencimento dos professores ao uso dos dados, segundo Silva W.C. (2015), se dá no trabalho da coordenação pedagógica em demonstrar que os dados refletem o trabalho da escola e que são subsídios na escolha e orientação de planejamentos, sendo tais elaborações de avaliações e práticas docentes acompanhadas de perto pelas coordenadoras.

Muito da resistência verificada no início do trabalho se devia ao fato de que os professores questionavam a estratégia da escola de estender, ao trabalho de todas as disciplinas, os descritores identificados como de aprendizagem não alcançada pelos educandos nas avaliações. Assim, não mais se limitariam à Língua Portuguesa e à Matemática (SILVA W.C., 2015).

Essa atitude da escola acreana evidencia que ela vem construindo uma cultura organizacional que possibilitou enfrentar e superar as resistências docentes ao uso dos resultados das avaliações externas nos processos de ensino e aprendizagem.

Dessa forma, a estratégia adotada pela escola tem garantido usar as informações obtidas como importante ferramenta de sua gestão pedagógica, sendo um exemplo a ser seguido pela escola em questão na pesquisa, que, em meio a tantas ações ainda não se encontra totalmente com a habilidade de análise dos resultados desenvolvidas, ou seja, ainda apresenta-se sem direção organizacional que lhe possibilite usar os resultados para seu próprio desenvolvimento.