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A Experiência do Município de São Paulo

III – PROTEÇÃO SOCIAL E O IDOSO NO BRASIL

3.3 A Experiência do Município de São Paulo

A Prefeitura de São Paulo criou em 1991 uma área técnica de saúde da pessoa idosa, denominada Assessoria do Idoso, integrante do Centro de Orientação e Atenção à Saúde (COAS).

Referida Assessoria, em junho de 1991, aprovou a proposta de um Programa de Atenção à Saúde do Idoso93, que fora elaborado por um grupo de trabalho criado

em 1990, por meio da Portaria 1974/90.

Em 2001, a Assessoria do Idoso, referida acima, passou a integrar a Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde, denominada Área Técnica de Saúde do Idoso. Em 2008, esta área passou a integrar a Coordenação da Atenção Básica, sendo que para estar de acordo com as diretrizes nacionais sobre o assunto, passou a denominar-se Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa.

Segundo informações obtidas no site da Prefeitura de São Paulo94, todo o

trabalho da Coordenação da Atenção Básica segue os ditames nacionais e internacionais sobre o tema, como o Estatuto do Idoso e o Plano de Ação Internacional da Organização das Nações Unidas, tendo:

a missão de proporcionar à pessoa idosa o acesso às ações de promoção à saúde, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação da saúde, através da rede de serviços de saúde, contando com cooperações inter e intrainstitucionais, em consonância com os princípios do SUS, visando um

92 A pesquisa sobre o Programa de Acompanhamento de Idosos fora feita em março de 2013, quando

da gestão do Prefeito Gilberto Kassab. Em 2012, houve eleição municipal e, a consequente troca de mandato. Em outubro de 2013, não encontramos o material no sítio eletrônico da Prefeitura, motivo pelo qual, fizemos contato com a Secretaria de Saúde do Município de São Paulo, e, fomos informados de que o Programa está passando por uma reformulação. De maneira que, não é possível saber nesse momento, os rumos que o programa terá, junto a atual gestão.

93 Conforme exposto no site da Prefeitura da Cidade de São Paulo, o Programa de Atenção à Saúde

do Idoso norteia-se pelos seguintes princípios: 1. A Atenção à Saúde do Idoso deve ser organizada como parte integrante da Atenção à Saúde da população geral; 2. A Atenção à Saúde do Idoso deve ter como base um trabalho interprofissional; 3. A Atenção à Saúde do Idoso deve dar ênfase aos aspectos de prevenção; 4. A Atenção à Saúde do Idoso deve adotar critérios globais que levem em consideração o idoso como um ser integral; 5. A Atenção à Saúde do Idoso deve se desenvolver com a estreita participação dos usuários; 6. A Atenção à Saúde do Idoso deve criar um mecanismo de avaliação contínua que permita aos responsáveis introduzir as mudanças necessárias.

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envelhecimento ativo e a capacidade funcional, de acordo com os princípios da Organização Mundial de Saúde (s/d).

Ao encontro de todas as ações desenvolvidas pela Prefeitura da Capital de SP, por meio da legislação e diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS e da Política Nacional de Saúde do Idoso, a Cidade de São Paulo desenvolveu um projeto denominado PAI – Programa de Acompanhamento de Idosos95, visando reinserir no

SUS - Sistema Único de Saúde os idosos que, por suas condições de vida, isto é, por suas necessidades não supridas pela família e pelas redes sociais de apoio, não conseguiam utilizar-se da rede pública de saúde96.

A Cidade de São Paulo conta, hoje, com aproximadamente 1.400.000 (um milhão e quatrocentos mil) idosos97, e para desenvolver esse projeto a Prefeitura de

São Paulo organizou um plano piloto, a ser implantado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), distribuído pelas seguintes regiões e nas seguintes quantidades: sete Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Centro-Oeste, três Unidades Básicas de Saúde (UBS) na região Sul, seis Unidades Básicas de Saúde (UBS) na região Sudeste, quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) na região Norte e duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) na região Leste 98.

Para atender a essa população, cada equipe conta com 1 coordenador (assistente social), 1 médico, 1 enfermeiro e 10 acompanhantes de idosos que atendem aproximadamente a 120 idosos ou menos, conforme as possibilidades e

95 Em 11 de março de 2013 realizamos entrevista com o coordenador do projeto, Dr. Sergio Paschoal,

na Secretaria de Saúde da Prefeitura de São Paulo.

96 Para mais informações acerca do projeto, visitar a página na internet da prefeitura da Cidade de São

Paulo. No documento norteador do Programa de acompanhamento de idosos, na p. 21, os autores colocam importante questão, qual seja: “As mudanças da sociedade e do perfil demográfico que a compõe estão exigindo novos arranjos no cuidado à pessoa idosa”.

Segundo Brêtas (2003), “se algumas famílias ou pessoas idosas têm condição e desejo de arcar com

o custo da contratação de cuidadores de idosos e, portanto, selecionam, à luz do mercado, o trabalhador que desejam empregar, cabe ao Estado a discussão de alternativas àquelas pessoas idosas que, por desejo ou necessidade, são dependentes do SUS. Por outro lado, famílias que não têm condição de contratar um cuidador, terão de disponibilizar um de seus membros, para responder às necessidades de seu familiar. Isto acaba afetando ainda mais a renda familiar, pois esse cuidador não terá rendimentos para contribuir com as despesas da casa. Acrescenta-se, nesse cenário, a ausência cada vez maior das mulheres, as tradicionais cuidadoras, que, mais e mais, estão inseridas no mercado formal de trabalho”.

97 Dados do Censo 2010, do IBGE, disponível no site da Prefeitura do Município de São Paulo. 98 Quadro informativo com a localização exata das unidades básicas de saúde com o referido projeto

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necessidades locais permitam, para os quais desenvolve planos de cuidados individuais. No total, o PAI conta, hoje, com 22 (vinte e duas) equipes formadas.

A inclusão da pessoa idosa no programa (PAI) depende do atendimento de alguns requisitos, conforme Documento Norteador ao Programa de Acompanhante de Idosos99:

a. idade igual ou superior a 60 anos;

b. residir na área de abrangência, conforme tabela acima e; c. apresentar ao menos um dos seguintes critérios:

i. Dependência funcional nas Atividades da Vida Diária (AVD’s); ii.Mobilidade reduzida;

iii.Dificuldade de acesso aos serviços de saúde; iv.Insuficiência no suporte familiar e social100;

v.Isolamento ou exclusão social; vi.Risco de institucionalização.

O programa PAI prevê o atendimento, pela equipe designada, aos acompanhantes de idosos pagos pela família destes, que esteja em situação de vulnerabilidade, isto é, de dependência, visando a uma adequada orientação aos mesmos.

A equipe, ainda, busca o apoio familiar e da vizinhança para aquele idoso que necessite de assistência nos demais momentos do dia e da semana, em que não terão a assistência dos acompanhantes do programa, já que estes são em número insuficiente para atender integralmente a demanda existente.

99 Documento Norteador do Programa Acompanhante de Idosos do Município de São Paulo, da

Secretaria Municipal de Saúde. Coordenação de Atenção Básica. Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa, p. 31.

100 Mais uma vez, observa-se, aqui, a subsidiariedade do Estado, no tocante ao atendimento à pessoa

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Verifica-se que, o programa PAI é exemplo de concretude das leis voltadas ao atendimento da pessoa idosa, entretanto não se encontra em um estágio de universalidade, visto que não atende a todas as regiões da Cidade de São Paulo, sob a alegação de não possuir profissionais, em número suficiente, para atender integralmente a demanda de toda a população idosa.

O Programa de Acompanhamento aos Idosos (PAI), desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo, está inserido no Sistema Único de Saúde e, vai ao encontro do conceito de Saúde, caracterizado pelo completo bem-estar físico e emocional101.

No entanto, há outras demandas que não as relativas à saúde, que um idoso dependente incorre, como a dificuldade em fazer compras ou cuidar do próprio dinheiro, por exemplo. E, nesse sentido, o Programa da Prefeitura de São Paulo, ainda não atende integralmente ao idoso em situação de dependência.

A implantação do Programa de Acompanhamento de Idosos lança luz sobre questão importante, que é a da origem dos recursos e da quantidade de recursos necessários para se atender de maneira satisfatória aos idosos dependentes.