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Fórum de Justiça (diretoria de obras Públicas da secretaria de estado dos negócios da Viação e obras Públicas)

ArquiteturA Forense em são PAulo

2.1. As transformações arquitetônicas dos Fóruns de Justiça e sua tipologia Ao introduzir o percurso da produção forense em São Paulo, seus ante-

2.1.5. Fórum de Justiça (diretoria de obras Públicas da secretaria de estado dos negócios da Viação e obras Públicas)

Em conformidade com as transformações determinadas pelas novas neces- sidades da Justiça, na segunda década do século XX, os edifícios deCadeia e Fó- rum foram desmembrados.90 Eles foram construídos através da Diretoria de Obras Públicas da Secretaria de Estado dos Negócios da Viação e Obras Públicas, que contava com um corpo técnico mais estruturado. A produção desses edifícios públi- cos pelo interior e na capital também foi elaborada por proissionaisnotáveis, dando continuidade à participação anterior, como no caso de Ramos de Azevedo.

Os primeiros edifícios da Justiça utilizaram elementos recorrentes da ar- quitetura acadêmica ou neoclássica, como pátios internos (atrium, impluvium e peristilum)91, adornos, cariátides, frontão central triangular, colunatas, arremates com friso e cornija, entre outros, projetando efeitos formais e decorativos aos edifícios e conferindo-lhes aspecto de poder com “autoridade e sobriedade”, pro- jeção desejável pelo Judiciário na época.

As plantas geralmente eram simétricas e de dois pavimentos, adentran- do-seno térreo por um majestoso átrio de distribuição de acessos, ladeado por

89 Ver: BARRETO, Paulo Thedim, Arquitetura Oicial I. Casas de Câmara e Cadeia. São Paulo: MEC, USP e IPHAN, 1978.

90 A Penitenciária do Estado de São Paulo, projeto de Ramos de Azevedo, com obras iniciadas em 1911, inaugurada em 27.4.1920, tem um complexo administrativo para receber e tratar os detentos do Estado. Outros institutos também foram criados conforme o caráter da pena de prisão, entre os quais a Colônia Correcional, em 1907, para condenados por vadiagem; o Manicômio Judiciário, em 1927; e o Presídio de Mulheres, em 1941. Ver: SALLA, Fernando, As prisões em São Paulo, 1822-1940, São Paulo: Annablume/ FAPESP, 1999.

91 O primeiro pátio interno, o atrium, é coberto; o impluvium é uma galeria em volta da parte central desco- berta e peristilum, um pátio com colunas. Ver:ROBERTSON, D. S. Arquitetura grega e romana. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

colunatas e pelas salas de usos menos restritos, como os cartórios. No mesmo espaço, encontra-se a escada de acesso para o segundo pavimento, por vezes de madeira, com ramo central e divisão no patamar em dois, levando a outro solene átrio superior, “Passos Perdidos”, onde estão: o Salão do júri e dependên- cias mais restritas, como o gabinete dos juízes e promotores. Assim, ainda que os cárceres tenham sido retirados, permaneceu a hierarquia espacial que atri- buía ao piso superior funções mais restritas e “nobres”. Através da Lei nº 1.761, de 17.12.1920, o Estado reorganizou seu sistema penitenciário, o qual passou a ter uma estrutura administrativa prisional própria, embora ligada ao sistema judi- ciário. Evidentemente, não foi uma mudança imediata; muitos Fóruns e Cadeia continuaram funcionando conforme a estrutura anterior e supõe-se que algumas obras ainda ocorreram seguindo o programa antigo.92 Entretanto, alguns proje- tos de uso exclusivo, como Fóruns de Justiça, foram executados.

A Superintendência de Obras Públicas foi substituída pela Diretoria de Obras Públicas da Secretaria do Estado dos Negócios da Viação e Obras Pú- blicas, indicando uma reorganização da administração. Essa diretoria passou a contar com um corpo técnico mais estruturado, sendo responsável pela execu- ção dos equipamentos públicos, inclusive os Fóruns.

Para o acabamento desses edifícios, foram utilizados diversos materiais importados, como mármore chiampo, mármore de carrara, bronze, vitrais, ma- deira de lei, entre outros, atribuindo-lhes um luxuoso detalhamento interno. No Palácio da Justiça, em São Paulo, por exemplo, as paredes do Plenário do Júri foram revestidas com lambris de madeira de lei, entalhadas pelos artíices do Liceu de Artes e Ofícios. O Salão Nobre da Plenária possui vitrais, executados pelo artíice Conrado Sorgenicht Filho, com iguras mitológicas, simbolizando a Verdade, Paz, Esperança, Temperança, Inocência, Passado e Pensamento, além de pinturas orientadas pelo pintor italiano Antonio Vencittore.93

Foram efetuadas visitas técnicas às seguintes obras da produção dos edi- fícios da Justiça: Botucatu e São Paulo.

Análises dos edifícios e municípios visitados:

92 Ver: TORRES, Flávio. Tribunal de Justiça de São Paulo, páginas de sua história centenária. São Paulo: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, 1979.

93 Ver: NALINE, Alcides Pereira. Palácio da Justiça São Paulo, patrimônio da cidade. São Paulo: Editora Três, 1998.

FÓrum de botucAtu

Figura 29 e 30: Vitral do átrio superior; escada lateral em madeira de lei e piso com azulejo hidráulico, pa- ginado como um trabalho de mosaico (CORDIDO, 2002).

história/construção: Fórum Desembargador Alcides Ferrari. A data do início de sua construção não é precisa, mas a retomada de suas obras deu-se a partir de 1920 pela Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado de São Paulo, entregue em fevereiro de 1924.

Autoria: A autoria, sem comprovação, é creditada ao engenheiro arquiteto Ramos de Azevedo.94

local: Praça Rui Barbosa, s/n – Centro.

Volumetria/Agenciamento espacial/técnica: O Fórum de Botucatu é um edifício de características ecléticas com fortes referências neoclássicas, sendo proeminentes a monumentalidade volumétrica do conjunto, dos materiais e a presença de símbolos e metáforas em tal arquitetura.

O edifício apresenta dois pavimentos. No térreo, a entrada principal ao cen- tro do edifício está acima do nível da rua, promovendo uma elevação e destaque de suas funções como equipamento do Poder Judiciário.

O Fórum apresenta um sistema de iluminação natural, onde um fosso si- mula um pátio interno central descoberto, com as funções se distribuindo ao seu redor e constituindo um importante elemento de articulação entre os setores, além de garantir luz, proteção sonora e ventilação natural, ao criar um micro- clima mais adequado que o externo. Cria, também, uma atmosfera de reclusão ao edifício, separando os espaços franqueados, em que a comunicação entre o 94 A historiadora e pesquisadora Isaura Maria Accioli Nobre Bretan, da Universidade Estadual Paulista de São Paulo, UNESP, em pesquisa elaborada para o município de Botucatu, em 2002, diz que parte da construção foi assumida pela irma botucatuense dos empreiteiros Dinucci e Pardini, italianos radicados em Botucatu desde 1898. Esses, ao chegarem ao Brasil, com diplomas do Liceu de Artes e Ofícios da Itália, trabalharam no escritório do arquiteto Ramos de Azevedo por um ano como contratados. A historiadora airma ainda que a planta original do edifício não foi encontrada e que, portanto, sua autoria não pode ser comprovada.

Figura 29 e 30: Vitral do átrio superior; escada lateral em madeira de lei e piso com azulejo hidráulico, paginado como um trabalho de mosaico (CORDIDO, 2002)

Fórum Desembargador Alcides Ferrari. A data do início de sua construção não é precisa, mas a re

1920 pela Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado de São Paulo, entregue em fevereiro de 1924.

A autoria, sem comprovação, é creditada ao Engenheiro Arquiteto

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Praça Rui Barbosa, s/n – Centro.

O Fórum de Botucatu é um edifício de características ecléticas com fortes referências neoclássicas, sendo proeminente a monumentalidade volumétrica do conjunto, dos materiais e a rreo, a entrada principal ao centro do edifício está acima do nível da rua, promovendo uma elevação e destaque de suas O Fórum apresenta um sistema de iluminação natural, onde um fosso simula um pátio interno central descoberto, com as

constituindo um importante elemento de articulação entre os setores,

garantir luz, proteção sonora e ventilação natural, ao criar um micro-clima mais

32 Segundo a historiadora e pesquisadora Isaura Maria Accioli Nobre Bretan, da Universidade Estadual

Paulista de São Paulo, UNESP, município de Botucatu, em 2002, diz

tuense dos empreiteiros Dinucci e Pardini, italianos radicados em Botucatu desde o ano de 1898. Esses, ao chegarem ao Brasil, com diplomas do Liceu de Artes e Ofícios da Itália, trabalharam no escritório do Arquit

interior e o exterior do edifício deixa de existir, garantindo ao seu interior segu- rança, proteção, intimidade e privacidade.95

Figura 31: Sistema interno de iluminação e ventilação natural (CORDIDO, 2002).

Os acessos para o segundo pavimento dão-se através de escadas, loca- lizadas na sua lateral, sendo uma restrita aos serviços da justiça, e a outra, de uso comum.

No pavimento inferior, veriicam-se os serviços de maiores circulações pú- blicas, como os cartórios; no superior, entre os mais especíicos e mais reserva- dos, o Salão do Júri, bem ao centro do edifício, destaca a sua suntuosidade.

Figura 32: Vista do edifício, onde se contempla sua volumetria com horizontalidade e simetria.96

95 Sobre a interpretação da percepção cognitiva dos pátios internos, este trabalho baseou-se nas formu- lações de REIS-ALVES, Luiz Augusto dos. O que é o pátio interno? Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2004. il., p. 28. mimeo. “[...] espaço psicológico, onde um edifício ‘introvertido’ proporciona uma maior privacidade, vigilância e segurança para que o ho- mem realize suas atividades ao ar livre” (ALVES, 2004).

96 Imagem do site oicial da prefeitura de Botucatu, infelizmente sem data.

Figura 31: Sistema interno de iluminação e ventilação natural (CORDIDO, 2002).

Os acessos para o segundo pavimento se dão através de escadas, localizadas na sua lateral, sendo uma restrita aos serviços da justiça, a outra, de uso comum. No pavimento inferior, verifica-se os serviços de maiores circulações públicas, como os cartórios; no superior, entre os mais específicos e mais reservados, o Salão do Júri, bem ao centro do edifício, destaca a sua suntuosidade.

Figura 31: Sistema interno de iluminação e ventilação natural (CORDIDO, 2002).

Os acessos para o segundo pavimento se dão através de escadas, localizadas na sua lateral, sendo uma restrita aos serviços da justiça, a outra, de uso comum. No pavimento inferior, verifica-se os serviços de maiores circulações públicas, como os cartórios; no superior, entre os mais específicos e mais reservados, o Salão do Júri, bem ao centro do edifício, destaca a sua suntuosidade.

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O recuo das partes do edifício simula torres nas suas esquinas, acentuan- do a imponência da volumetria do edifício.

Possui um acabamento interno requintado, com vitrais, madeiramento em peroba, pisos de mármore e ladrilho hidráulico com diferentes paginações, gra- dis de ferro nas portas e janelas, e também ornatos nas vergas do segundo pavimento, local onde estão as funções mais nobres do edifício; nas paredes externas, texturas com bossagem; no nível térreo, adornos, que iguram colu- natas, arremates com friso e cornija, reforçando a representação desejável aos padrões do Judiciário no período.

Figura 33: Uma das “torres” que incorpora colunatas greco-romanas na decoração da fachada (CORDIDO, 2002).

A representação, hierarquia e monumentalidade desse edifício parecem fortemente calcadas nas recorrências (simulações) dos elementos arquitetôni- cos da cultura greco-romana, na qual o “pátio interno” conigura-se como impor- tante fator de articulação, e a relação edifício-pátio-lote (privado) – logradouro (público) sedimenta a acessibilidade de forma mais restritiva.

Há um fato excepcional neste caso, porém do edifício do Fórum: sendo um conjunto de ediicações públicas projetado por Ramos de Azevedo, o com- plexo sobressai e modela o tecido urbano, já que o diálogo acontece entre elas por serem efetuadas concomitantemente e possuírem os mesmos padrões ar- quitetônicos.

Salão do Júri, bem ao centro do edifício, destaca a sua suntuosidade.

Figura 32: Vista do edifício, onde se contempla sua volumetria com horizontalidade e simetria.34 O recuo das partes do edifício simula torres nas suas esquinas, acentuando a Possui um acabamento interno requintado, com vitrais, madeiramento em peroba, pisos de mármore e ladrilho hidráulico com diferentes paginações, gradis de ferro nas portas e janelas com também ornatos nas vergas do segundo pavimento, local onde estão as funções mais nobres do edifício; nas paredes externas, texturas com bossagem; no nível térreo, adornos, que figuram colunatas, arremates com friso e cornija, reforçando a representação desejável aos padrões do judiciário no

Figura 33: Uma das “torres” que incorpora colunatas greco-romanas na decoração da fachada (CORDIDO, 2002).

PAlácio dA JustiçA do estAdo de são PAulo

Figura 34: Volumetria com horizontalidade contraposta com a verticalidade e repetição das janelas ritmadas com rigor simétrico (NALINE, 1998).

história/construção: O Palácio da Justiça teve a construção iniciada em 1920 e inaugurada em 1932.97 A obra, sob a responsabilidade da Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado de São Paulo, foi inicialmente dirigida pelo engenheiro arquiteto Ramos de Azevedo até seu falecimento em 1928, depois pelos sócios Ricardo Severo e Arnaldo Dumont Villares.98

Autoria: Domiziano Rossi, arquiteto que trabalhou no escritório de Ramos de Azevedo – baseado no Palácio da Justiça de Calderini, em Roma, Itália.

Volumetria/Agenciamento espacial/técnica: O edifício conigura-se em um grande volume horizontal, com as partes central e laterais destacadas em avanço, marcando a suntuosidade da entrada principal e torres de acesso.

Sua arquitetura é de extração eclética, com fortes referências neoclássicas. Sua fachada tem acabamento com bossagem e está ornamentada com símbo- los greco-romanos, além de outros elementos adotados como representação da Justiça brasileira.

97 Além das atribuições comuns da Justiça, o Palácio também é utilizado para cerimônias especiais, tais como posse de Desembargadores.

98 Segundo NARINE, Alcides Pereira. Palácio da Justiça – Patrimônio da cidade. São Paulo: Três, 1998. pp. 43-44; e FISCHER, Sylvia. Os arquitetos da Poli – ensino e proissão em São Paulo. São Paulo: Edusp, 2005. p. 64.

Figura 34: Volumetria com horizontalidade contraposta com a verticalidade e repetição das janelas ritmadas com rigor simétrico (NALINE, 1998).

Palácio da Justiça teve a construção iniciada em 1920 e

inaugurada em 1932.35 A obra, sob a responsabilidade da Secretaria de Viação e

Obras Públicas do Estado de São Paulo, fo

Arquiteto Ramos de Azevedo até seu falecimento em 1928, depois pelos sócios Domiziano Rossi, arquiteto que trabalhou no escritório de Ramos de Azevedo – baseado no Palácio da Justiça de Calderini, em Roma, Itália.

grande volume horizontal, com a parte central e laterais destacadas em avanço, Sua arquitetura é de extração eclética,

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Figura 35: Figura de Têmis, adotada para representar a Justiça. Na fachada principal, compondo o pórtico de entrada do edifício.99

O pórtico de entrada principal está acima do nível da praça, seguido de dois ramos de escada com dois lanços intercalados com patamar, que indicam a imponência do espaço a ser transposto, marcando a distinção dos “domínios da justiça”.

A porta de entrada, cujo peso ultrapassa seis toneladas, foi confeccionada em bronze, ladeado por duas colunas e ornado com cariátides, símbolos da jus- tiça e vultos do Direito Brasileiro, pretendendo conferir signiicados à passagem do público em geral para o público estatal, ou administração pública que guarda a lei e a justiça do Estado, “ritos de passagem”100, em que a austeridade e in- trospecção se processam de forma complementares, prática de uma condição ritualística adquirida por esta arquitetura nos seus detalhes.

99 Têmis, ilha de Urano (o Céu) e de Gaia (Terra), é a igura de mulher, na mitologia grega, que representa a Justiça. Sua espada simboliza a força de suas decisões, e a balança, o bom senso e equilíbrio, além da ponderação. Normalmente, é retratada com os olhos vendados, traduzindo a intenção da imparcialidade no tratamento dos réus, independentemente de sua condição social, intelectual, etc. Quando é retratada sem a venda, signiica a necessidade de manter os olhos bem abertos, para não escapar nenhum detalhe à sua percepção. Ver: PINSENT, John, Mitos e Lendas da Grécia Antiga, São Paulo: Melhoramentos, 1978, vol. 28 – Mitos e Lendas da Roma Antiga, São Paulo: Melhoramentos, 1978, vol. 32.

100 Bastide, Roger, Variações sobre a porta barroca. Novos estudos – CEBRAP. São Paulo, nº 75, 2006. Publicado originalmente em francês na segunda revista Habitat em 1951. O que é a porta? A Porta é “um vão. Mas um vão que separa dois domínios: o domínio dos deuses e o dos mortais – a porta do templo; o domínio da vida privada e o da vida pública – a porta da casa; a cidade e o campo – a porta da muralha”. Ver: VAN GENNEP, Arnold. Ritos de passagem: Estudos sistemáticos dos ritos da porta e da soleira, da hospitalidade, da adoção, gravidez e parto, nascimento, infância, puberdade, iniciação, ordenação, noiva- do, casamento, funerais, estações, etc. Petrópolis: Editora Vozes, 1978.

Obras Públicas do Estado de São Paulo, fo

Arquiteto Ramos de Azevedo até seu falecimento em 1928, depois pelos sócios Domiziano Rossi, arquiteto que trabalhou no escritório de Ramos de Azevedo – baseado no Palácio da Justiça de Calderini, em Roma, Itália.

grande volume horizontal, com a parte central e laterais destacadas em avanço, Sua arquitetura é de extração eclética,

Figura 35: Figura de Têmis, adotada para representar a Justiça. Na fachada principal, compondo o 36

35 Além das atribuições comuns da Justiça, o Palácio também é utilizado para cerimônias especiais, tais como 36Têmis, filha de Urano (o Céu) e de Gaia (Terra), é a figura de mulher, na mitologia grega, que representa a

sões, a balança, o bom senso, equilíbrio, além da ponderação. Normalmente, é retratada com os olhos vendados, traduzindo a intenção da imparcialidade no mesmo tratamento aos réus, independentemente de sua condição social, intelectual, etc. Quando é retratada sem a venda, significa a necessidade de manter os olhos bem abertos, para não escapar nenhum detalhe à

Figura 36 e 37: Porta de bronze e pórtico da entrada principal (NALINE, 1989, p. 51 e p. 33).

No térreo, onde se adentra pelo solene átrio “Passos Perdidos”, centro de distribuição e acesso para as dependências de todos os andares do Palácio, la- deado por colunatas monolíticas, localiza-se o Plenário do Júri. Sua concepção é marcada por uma densa simbologia, a qual transformava a atmosfera para aguardo do júri numa suspensão e apreensão, de forma tanto obediente quanto resignada. Firmava a condição de submeter-se o julgado às determinações dita- das pelo “encaminhador dos passos perdidos”.

Figura 38: Átrio “Passos Perdidos”, ladeado pelas colunas de mármore monolíticas, onde se vê a distribui- ção dos espaços; ao fundo, a entrada para o júri (NALINE, 1989, p. 51-52).

A entrada do público para o júri tem uma curiosa seqüência de portas, pela qual, ao transpô-las, as expectativas ampliavam-se. A verga, decorada com o escudo da justiça, é ornado ao seu redor por ramos de café.

Figura 36 e 37: Porta de bronze e pórtico da entrada principal (NALINE, 1989, p. 51 e p. 33). No térreo, onde se adentra pelo solene átrio “Passos Perdidos”, centro de distribuição e acesso para as dependências de todos os andares do Palácio, ladeado por colunatas monolíticas, localiza-se o Plenário do Júri. Sua concepção é marcada por uma densa simbologia, a qual transformava a atmosfera para aguardo do júri numa suspensão e apreensão, de forma tanto obediente quanto resignada. Firmava a condição de submeter-se o julgado às determinações ditadas pelo “encaminhador dos passos perdidos”.

37 Bastide, Roger, Novos estudos – CEBRAP. São Paulo, nº 75, 2006.

Publicado originalmente em Francês na 2ª revista Habitat em 1951. A Porta é “um vão. Mas e o dos mortais – a porta do templo; o domínio da vida privada e o da vida pública – a porta da casa; a cidade e o campo – a porta da muralha”. Ver: VAN GENNEP, Arnold. Ritos de passagem: Estudos sistemáticos dos ritos da porta e da soleira, da hospitalidade, da adoção, gravidez e parto, nascimento, infância, puberdade, iniciação, ordenação, noivado, casamento, funerais, estações, etc. Petrópolis: Editora Vozes, 1978.

e a justiça do Estado, “ritos de passagem”37, onde a austeridade e introspecção se

processam de forma complementares, prática de uma condição ritualística

Figura 36 e 37: Porta de bronze e pórtico da entrada principal (NALINE, 1989, p. 51 e p. 33). No térreo, onde se adentra pelo solene átrio “Passos Perdidos”, centro de distribuição e acesso para as dependências de todos os andares do Palácio, ladeado por colunatas monolíticas, localiza-se o Plenário do Júri. Sua concepção é marcada por uma densa simbologia, a qual transformava a atmosfera para aguardo do júri numa suspensão e apreensão, de forma tanto obediente quanto resignada. Firmava a condição de submeter-se o julgado às determinações ditadas pelo “encaminhador dos passos perdidos”.

Figura 40: Átrio “Passos Perdidos”, ladeado pelas colunas de mármore monolíticas, onde se vê a distribuição dos espaços; ao fundo, a entrada para o júri (NALINE, 1989, p. 51-52).

A entrada do público para o júri tem uma curiosa seqüência de portas, pela qual, ao transpô-las, as expectativas ampliam-se. A verga, decorada com o escudo da justiça, é ornado ao seu redor por ramos de café.