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2. Factos não provados

Não se provou que:

Da acusação,

a) a caçadeira referida em 9. não estivesse municiada;

b) nas circunstâncias referidas em 10. o arguido disse, dirigindo-se à ofendida:

“um dia mato os teus pais com um tiro”;

c) noutras ocasiões, cujas datas em concreto não de logrou apurar, mas que se sabe ter sido entre os meses de Setembro de 2012 e Outubro de 2014, na casa de habitação do casal e na presença dos filhos de ambos, por diversas vezes, o arguido agarrou os braços da ofendida, que pressionou com força, abanando-a e empurrando-a, fazendo com que caísse ao chão ou atirando-a contra a

parede;

d) em consequência da actuação do arguido, nessas datas, a ofendida sofreu hematomas nos braços, para além de dores e mal-estar físico, mas não

recebeu assistência médica;

d) nas circunstâncias referidas em 11., por diversas vezes, o arguido desferiu murros nos braços da ofendida;

e) em diversas ocasiões, cujas datas em concreto não se logrou determinar, mas que se sabe ter sido entre os meses de Setembro de 2012 e Outubro de 2014, na casa de habitação do casal e na presença dos filhos de ambos, o arguido colocou ambas as mãos no pescoço da ofendida, ao mesmo tempo que pressionava com força, fazendo com que esta ficasse sem respirar;

f) em consequência da actuação do arguido, nessas datas, a ofendida sofreu dores e mal-estar físico, mas não recebeu assistência médica;

g) em datas não concretamente apuradas, mas que se sabe ter sido entre os meses de Setembro de 2012 e Outubro de 2014, por diversas vezes, o arguido chegou à casa de habitação do casal, visivelmente embriagado e acordou a ofendida, que já se encontrava a dormir, exigindo-lhe que mantivessem

relações sexuais e dizendo-lhe “tens outro homem”, acabando esta por ceder à pressão psicológica efectuada pelo seu marido;

h) no entanto, pelo menos numa ocasião, em data que não se logrou apurar, mas que se sabe ter sido entre os meses de Setembro de 2012 e Outubro de 2014, a ofendida negou manter relações sexuais com o arguido;

i) nessa altura, o arguido empurrou a ofendida, fazendo com que esta se

deitasse na cama e, enquanto a ofendida se debatia para se libertar, o arguido colocou-se sobre esta, prendeu o seu corpo com força e despiu-a, rasgando-lhe a camisa de dormir;

j) depois, o arguido, agarrando os braços da ofendida e pressionando-os com força, obrigou-a a abrir as pernas e, contra a vontade desta, introduziu o pénis erecto na sua vagina e no seu ânus, friccionando diversas vezes até ejacular;

k) o referido em 12. ocorreu exatamente no dia 1, pelas 20:00h;

l) em data não concretamente apurada, mas que se sabe ter sido no mês de Setembro de 2014, na residência do casal, o arguido desferiu duas bofetadas na face da ofendida, apenas porque esta se encontrava a falar ao telemóvel;

m) em consequência da actuação do arguido, nessa data, a ofendida sofreu vermelhidão na face, para além de dores e mal-estar físico, mas não recebeu assistência médica;

n) nas circunstâncias referidas em 18. o arguido dizia à assistente, em diversas ocasiões, quando a ofendida manifestava essa intenção, “vais ver outro”;

o) nas circunstâncias referidas em 19. o arguido se encontra desavindo com os sogros desde, pelo menos, o ano de 2009, e que a assistente regressava a casa com receio do que lhe pudesse acontecer;

p) os objetos referidos em 22. não possuíam qualquer aplicação definida, que não fossem ser utilizados como arma de agressão e o arguido não justificou a sua posse;

q) o arguido agiu ainda voluntária, livre e conscientemente, bem sabendo que forçava a ofendida a praticar relações sexuais consigo, contra a vontade desta, visando satisfazer os seus instintos libidinosos, o que conseguiu;

r) o arguido tinha conhecimento das caraterísticas das referidas armas, que estas eram de fabrico artesanal e que não tinham qualquer fim que não fosse o serem utilizadas como instrumento de agressão, bem como que podiam ser utilizadas e era capazes de ferir ou matar alguém.

*

Quanto ao demais alegado na acusação e “contestação” ao arbitramento de indemnização, não obstante o seu relevo no respetivo articulado, por se tratar de repetição dos factos constantes da acusação ou de considerações de direito ou conclusivas, sobre o mesmo não pôde recair qualquer juízo probatório.

*

3. Motivação

Fundou o Tribunal a sua convicção no conjunto das declarações e depoimentos produzidos em audiência de julgamento e no teor da prova documental junta aos autos, analisada de forma crítica, conjugada com regras de experiência comum (cfr. art.º 127º e 163º do CPP).

Assim e relativamente à prova junta aos autos e considerada para a formação da convicção do Tribunal, cujo teor aqui se dá por integralmente reproduzida, relevou:

- o auto de apreensão da arma e das duas facas aludidas na acusação, a fls. 16 e 17;

- a informação de encaminhamento da assistente para a casa abrigo com um filho (erradamente identificado como E... , pois se tratava do filho C... ) de 8 anos de idade, a fls. 51;

- a ficha de identificação civil do menor C... , a fls. 74;

- as informações prestadas pela assistente a fls. 136 e 289;

- a informação da PSP no sentido de que o arguido não é titular de licença de uso ou porte de arma no domicílio, sendo que a arma apreendida não se

encontra manifestada ou registada, cfr. fls. 138, a qual é depois infirmada pela informação da PSP de fls. 152, onde se identifica o respetivo livrete, registo a favor do arguido e a autorização deste de detenção de armas no domicílio, com validade vitalícia; infirmação esta ainda corroborada pelo teor de fls. 287 e 288;

- os autos de exame e avaliação dos objetos apreendidos, juntos a fls. 148 a 150, sendo de salientar que as facas são referidas como sendo para “uso desconhecido”;

- o exame direto à arma de caça junto a fls. 153 e 155;

- a certidão extraída do processo n.º 44/12.0GCSEI, a fls. 202 e ss., relativa à acusação e sentença condenatória proferida naqueles autos de processo

comum singular, a qual foi proferida em 29.01.2013 e transitou em julgado em 5.03.2013;

- a certidão do assento de casamento do arguido e assistente, a fls. 232; 233;

381 e 382;

- as certidões de assentos de nascimento dos filhos do casal C... e E... , de fls.

279 a 282;

- a documentação junta pelo arguido (pese embora alguma se não mostre traduzida) alegadamente relativa às despesas que este suporta na Alemanha e em Portugal, de fls. 406 a 410;

- a cópia da ata de conferência de regulação das responsabilidades parentais realizada em 21.12.2015, onde foi homologado o acordo aí alcançado, cfr. fls.

435 a 437;

- quanto à inserção socioeconómica do arguido, para além das declarações que o próprio prestou a respeito, relevou o relatório social junto de fls. 427 a 430;

- foi ainda considerado, a nível documental, o certificado de registo criminal do arguido, junto de fls. 283 a 285 e 357 a 361.

Incidindo agora sobre a demais prova produzida, nomeadamente as

declarações do arguido e assistente, os depoimentos e seu relacionamento

com os elementos que antecedem, importa reter que a apreciação de todos estes elementos, que redundam no juízo fáctico acima concretizado, teve sempre presente a especial natureza dos factos em causa e suas

especificidades.

Neste conspecto, atendendo à exceção de caso julgado a que se reporta o art.º 29.º, n.º 5 da CRP (“Ninguém pode ser julgado mais do que uma vez pela

prática do mesmo crime”), pois “...a proibição do duplo julgamento pelos mesmos factos faz que o conjunto das garantias básicas que rodeiam a pessoa ao longo do processo penal se complemente com o princípio ne bis in idem ou non bis in idem, segundo o qual o Estado não pode submeter a um processo um acusado duas vezes pelo mesmo facto, seja em forma simultânea ou sucessiva” (cfr. Ac. da R. de Lisboa de 13.04.2011, Proc. N.º

250/06.6PCLRS.L1-3, in www.dgsi.pt), teve o Tribunal particular rigor na localização temporal dos factos em causa nos autos e reportados pela assistente e testemunhas.

Com efeito, está documentalmente atestado, no processo comum singular n.º 44/12.0GCSEI (cfr. fls. 202 e ss.), foi proferida sentença condenatória do mesmo arguido, pela prática entre o início da vida em comum do casal e o dia 13.06.2012, de múltiplos factos que se entendeu integrarem dois crimes de violência doméstica, um p. e p. pelo art.º 152º, n.º 1, al. a) e n.º 2 do CP e outro p. e p. pelo art.º 152º, n.º 1, al. d) e n.º 2 do mesmo diploma legal, os quais aliás confessou naqueles autos.

Feita esta ressalva e principiando pelas declarações do arguido A... , cumpre referir que o mesmo negou a prática de todas as ofensas, físicas e verbais, bem como ameaças que lhe são imputadas no libelo acusatório, confirmando apenas o vertido nos primeiros parágrafos da acusação e a existência de discussões com a esposa, as quais contextualiza com o uso excessivo, por parte daquela, do computador, inclusive durante a noite.

Referindo ser a esposa quem perdia o controlo nessas discussões,

nomeadamente atirando pratos para o chão, o arguido afirmou ser o único que trabalhava em casa, explicitando de forma aproximada os períodos que passou no estrangeiro desde os factos em causa no anterior processo, sustentando que enviava dinheiro para a mulher todos os meses e justificando que era apenas ele que fazia a compras para casa uma vez que era o único com carta de condução (o que se coaduna mal com a sua reclamada ausência no

estrangeiro por períodos de meses).

Confrontado com o controlo da vida e movimentos da assistente e não obstante o negar confirma que por estar de mal com os sogros chamava a mulher com assobios quando esta estava em casa daqueles, sendo ela vinha bem...

O discurso de pura negação da factualidade vertida na acusação tão pouco se mostra consentâneo com a saída de casa por parte da assistente, tendo o arguido referido não saber o porquê desta ter abandonado a casa de morada de família, referindo que apenas a voltou a encontrar desde então numa ocasião, no médico, tendo falado com a mesma telefonicamente, por duas vezes, tendo sido um vizinho quem lhe deu a noticia (o que inculca claramente a ideia de fuga por parte da assistente).

A respeito das facas em causa nos autos o arguido tendo reconhecido a sua conceção, afirmou que a mais pequena era usada na cozinha, para o corte de carne e a maior no mato, maxime no corte de paus (o que se mostra verosímil atentas as suas características e o corroborado por outras testemunhas, como veremos).

Mais esclareceu ter uma caçadeira desde os 18 anos de idade, que guarda sempre em casa.

Reiteradamente negando que alguma vez a tenha insultado, ameaçado por qualquer meio ou agredido, o arguido não colheu o convencimento do tribunal, nomeadamente atendendo à demais prova produzida por quem tinha real

razão de ciência e à factualidade provada na anterior condenação, que claramente aponta para um clima de violência conjugal consentâneo com o descrito infra e que acima provado ficou.

Instado sobre o tratamento à dependência alcoólica decorrente da anterior condenação o arguido referiu que não o fez, mas que deixou de beber sem necessidade de ajuda.

No mais, esclareceu a sua inserção sócio económica, corroborando o vertido no relatório social acima aludido, referindo que o seu filho E... vive consigo, retratando-o como uma vítima da mãe, que o teria abandonado (o que, com veremos tão pouco corresponde ao que terá efetivamente sucedido).

Mais relevantes para a convicção positiva e negativa do Tribunal, foram as declarações prestadas pela assistente B... , nascida a 20.12.1969, ainda casada com o arguido (tanto quanto se alcança dos autos e foi por esta

referido), a qual advertida nos termos do art.º 134º do CPP pretendeu prestar declarações em audiência.

A assistente de forma espontânea corroborou a factualidade vertida na

acusação relacionada com a continuidade de comportamentos do arguido após a condenação de que foi alvo no anterior processo, referindo que aquele

continuou a chegar bêbado a casa, tratando-a mal e diariamente apelidando-a, entre o mais também vertido na acusação, de “puta”; “canhão” e “puta como a tua avô”.

Mais continuou a ser frequente a realização de ameaças á sua pessoa, para além daquelas já apreciadas no processo anterior (com faca), aludindo

igualmente á utilização da arma de fogo (e após insistência, com referência a facas) nessas ameaças, antes e depois do anterior julgamento, especificando que a ameaça com a faca foi antes (pelo que não pode ser considerado nestes autos).

Explicou que as ameaças eram de morte, quer dirigidas á sua pessoa, quer aos seus pais.

Também ao nível físico explicou que continuou a ser agredida, explicitando que uma semana antes de ir embora para a Alemanha a agarrou nos ombros e lhe desferiu um murro no peito, sendo que não recorreu a ajuda médica.

A testemunha descreveu igualmente ter sido agredida com bofetadas, tendo ainda o arguido lhe partido o telemóvel.

Afirmou que ambos os filhos assistiam a estas agressões, ameaças e insultos, que ocorriam no interior da habitação do casal.

Descreveu o controlo de que era vítima por parte do arguido, inclusive nas formações que fazia, estando na sua dependência económica.

A assistente mostrou-se emocionada e visivelmente agastada com o sucedido e a descrição que fazia, referindo ter de sair de casa para por cobro a tais

comportamentos, tendo sido o murro no peito a causa última (sendo que apenas não foi acompanhada pelo seu filho E... porque este não quis), sendo verosímil e sustentada nestes segmentos do seu relato.

Já não assim, quer por falta de espontaneidade, quer pelos motivos já acima enunciados, quanto aos factos relativos à violência sexual que é imputada ao arguido (que de forma voluntária e mesmo após várias insistências não referiu

e chegou mesmo a negar, aludindo apenas a muitas coisas antes do anterior julgamento).

Com efeito, não só apenas aludiu a essas situações após reiterada e

expressamente instada para o efeito e após o ter negado corporalmente numa primeira fase, negando todavia qualquer penetração anal.

Importa reter que se iniciaram os presentes autos com base no auto de

denúncia de fls. 3 e seguintes, no âmbito do qual B... se queixa contra A... por, além do mais, ter em seu poder duas armas de fogo, com as quais a ameaça, sendo que aí (em 9.10.2014) não há qualquer referência a violência sexual ou a qualquer ato de abuso do arguido neste conspecto.

Também do aditamento à denúncia apresentada não consta qualquer queixa por violação.

Neste particular importa ainda sublinhar que a assistente não soube explicar, de forma objetiva e sustentada, quer o porquê de no processo anterior e neste não ter aludido a quaisquer violações aquando da sua queixa (para mais

quando refere que era recorrente e que o último filho já resultou de relações sexuais forçadas), quer o motivo por que apenas nesta altura, numa relação que se prolongou por tantos anos, com tantos (alegados) insultos, ameaças e agressões (nos moldes vertidos nas acusações) apenas agora surja esta referência.

Assim, pese embora plausível, não colheu o convencimento do Tribunal a confirmação (uma vez que inexistiu uma alusão espontânea e expressa a tais situações) pela assistente dos atos de violência sexual descritos na acusação, tendo referido que tal sucedeu muitas vezes, sendo a última vez cerca de uma semana antes dele sair de casa, mas sem certeza (o que é pouco compatível com a ausência a anteriores alusões a estas situações)nciaFDFDFD

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As declarações da assistente não mostraram, assim, a mesma espontaneidade, detalhe e segurança neste aspeto, ao contrário dos demais que

espontaneamente referiu e descreveu, o que não permitiu ao Tribunal dar tais factos como provados.

Olhando a demais prova produzida temos que mesmo E... , de 19 anos, que aos costumes disse ser filho do arguido e da assistente, residindo com o primeiro e claramente com este comprometido, pretendendo prestar

depoimento, referiu que entre Setembro de 2012 e Outubro de 2014, altura

em que coabitou com os pais, reconheceu existirem discussões em que o pai, sempre mais agressivo, chamou a mãe, por diversas vezes, de “choca”; “vaca”

e que era igual à avó (referindo que esta teve vários homens)…

Reconheceu igualmente que a mãe por vezes tinha nódoas negras, mas que era muito sensível, decorrendo estas de “brincadeiras”…

Instado sobre se era o pai quem fazia as compras reconheceu tal situação, tendo a preocupação de acrescentar que tal sucedia porque era este quem trabalhava.

Contrariando a versão de abandono sustentada pelo arguido, a testemunha referiu que a mãe quis que ele fosse com ela, tendo sido ele quem enjeitou tal possibilidade, sendo que instado sobre o motivo da saída de casa por parte da mãe disse desconhecê-lo…

Todavia, como referimos, o seu depoimento mostrou-se comprometido com a posição assumida pelo pai, com quem vive (afirmando raramente visitar a mãe), dizendo que nunca ouviu este chamar “puta” à mãe, embora não tenha negado em concreto os factos vertidos na acusação, dizendo apenas que não assistiu aos mesmos e referindo que raramente saia do quarto.

Note-se que tais declarações são inclusive contraditórias com uma eventual diminuição das discussões depois da condenação do pai, como também referiu, embora reconhecendo que ele durante algum tempo continuou a chegar bêbado a casa, sendo que quando a mãe saiu de casa o pai bebia “o normal”, o que claramente inculca a ideia de continuidade comportamental do arguido no período posterior à anterior condenação.

Instado sobre as facas e sua utilização corroborou as declarações do seu pai.

De forma mais isenta e objetiva, C... , de 10 anos de idade, estudante e

residente com a mãe, questionado nos termos do art.º 348º, n.º 3 do CPP, disse ser filho do arguido e da assistente, sendo que advertido nos termos do art.º 134º do CPP, declarou pretender prestar depoimento, tendo descrito.

A testemunha de forma clara a segura descreveu serem frequentes as discussões entre o pai e a mãe, em que o pai apelidava aquela de “vaca”;

“cabrona”; “filha da mãe”, o que teve lugar até o pai sair de casa.

De igual forma disse recordar que o pai bateu na mãe no ano passado, especificando ter assistido a uma pancada de mão aberto no braço da mãe.

Também o pai da assistente, D... , nascido em 1938, aposentado (operário fabril) e residente em x... , tendo pretendido prestar declarações, procurou corroborar o vertido na acusação, que assentou na descrição que a filha lhe fazia do sucedido.

Neste sentido, a testemunha confirmou que os maus tratos do genro à filha continuaram após a condenação daquele no Tribunal de Seia, sendo que aquele não terá mudado em nada o seu comportamento, tendo a filha que abandonar a casa, como aquele várias vezes a aconselhou.

Acrescentou que o genro não trabalhava regularmente, sendo que os ganhos que obtinha eram gastos em álcool, sendo o próprio quem muitas vezes assegurava a alimentação da filha e dos netos.

Explicou serem igualmente recorrentes as ameaças de morte à filha e a si (sendo que as ameaças á sua pessoa são anteriores ao julgamento que teve lugar em Seia), descrevendo as marcas que viu de dedos na cara da filha numa ocasião, aludindo ainda a descrições de apertões no pescoço, os quais,

todavia, não foram corroborados pela assistente.

Sendo evidente o litígio entre o depoente e o arguido (não falando com o mesmo há cerca de 4 ou 5 anos), a testemunha reproduziu em síntese as descrições que a filha lhe fazia dos sobreditos maus tratos, físicos e verbais, em termos conformes com o acima dado como provado, sendo que este tão pouco espontaneamente aludiu a qualquer violência sexual no casal.

Importa reter que H... , nascida em 06/02/1994, filha do arguido e da

assistente, advertida nos termos e para os efeitos do disposto no art.º 134º do CPP, recusou-se a depor, pelo que foi dispensada.

Sem particular relevância e mesmo razão de ciência, não foram consistentes ou sustentados os depoimentos de F... , nascido a 05/10/1957, trabalhador da construc◌̧ão civil, residente em y... , e de G... , nascida a 04/12/1972 e

residente em y... , irmãos do arguido.

Neste conspecto, o primeiro apenas se mostrou com alguma sustentação na alusão ao uso que o arguido dava às facas, sendo que, no mais, esta

testemunha chegou mesmo a dizer que a relação do casal sempre foi boa, mostrando desconhecer o teor da condenação do irmão no anterior processo, aludindo a “brincadeiras”, o que, fazendo fé no seu juramento, é sobremaneira revelador da sua falta de razão de ciência relativamente á vida do casal.

De forma absolutamente inédita e surpreendente a testemunha, que disse conviver com regularidade com o irmão, com quem faz alguns trabalhos, reiterou que arguido e assistente sempre se deram bem, tendo sido uma surpresa a saída de casa da assistente (que soube através de um telefonema emocionado do irmão), pessoa que nunca se queixou a si do irmão (o que também é bastante revelador).

De forma absolutamente contraditória com o bom ambiente que sustentou existir entre o casal a testemunha lá deixou transparecer queixas do irmão de que a cunhada passava muito tempo no computador e que discutiam mas era só a brincar...

Esta sustentação e descrição de uma relação do casal sem incidentes,

absolutamente infundada em face de toda a prova acima aludida, foi também

absolutamente infundada em face de toda a prova acima aludida, foi também

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