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4. ANÁLISE TEXTUAL DISCURSIVA

4.1 FASES DA ANÁLISE TEXTUAL DISCURSIVA

Essa metodologia de análise sintetiza-se em três etapas: unitarização ou desmontagem, categorização e comunicação a partir da construção de metatextos. Tais etapas baseiam-se na leitura, concentração, análise minuciosa e criação fundamentadas em textos de distintos autores. (MORAES E GALIAZZI, 2011, p.10).

4.1.1Unitarização ou Desmontagem

Unitarização ou desmontagem dos textos é um exame dos materiais em seus detalhes, fragmentando-os no sentido de atingir unidades constituintes e

enunciados referentes aos fenômenos estudados. Este processo deriva por meio da desmontagem ou desintegração do corpus de análise, ou seja, corresponde à desconstrução dos registros coletados, os quais possibilitam a criação de unidades fundamentadas em ideias comuns entre os entrevistados.

4.1.2 Categorização

Estabelecimento de relações ou categorização: construção de relações entre as unidades de base, combinando-as e classificando-as no sentido de compreender como esses elementos unitários podem ser reunidos na formação de conjuntos mais complexos, as categorias. Dessa forma, segundo Moraes e Galiazzi (2011), esse processo de classificar as unidades significa categorizar, ou seja, agrupar os elementos semelhantes. No processo de categorização, podem ser obtidos diferentes níveis de compreensão, constituindo categorias mais abrangentes e em menor número, concretizadas por comparação e distinção dos dados analisados. Em conjunto, elas produzem os elementos de organização do metatexto que se pretende escrever. Com base nelas, é realizado o exercício de expressar as novas compreensões possibilitadas pela análise (MORAES e GALIAZZI, 2011).

Ainda sobre este processo de categorização, Moraes e Galiazzi (2011) expõem como a:

[...] construção de um quebra-cabeças em que o objeto do jogo e suas peças são criadas e ajustadas à proporção que a pesquisa avança.

Numa perspectiva mais radicalmente qualitativa, talvez uma metáfora melhor seja a criação de um mosaico, entendendo-se que o mesmo conjunto de unidades de sentido pode dar origem a uma diversidade de modos de organização do produto final (p. 78).

4.1.3 Comunicação

Processo auto-organizado ou comunicação: o ciclo de análise descrito, o qual, embora composto de elementos racionalizados e, em certa medida, planejados, constitui em seu todo um processo auto-organizado do qual

emergem novas compreensões. Neste momento, as categorias são transformadas em textos e este conjunto de textos, que podem emergir de novas compreensões, é chamado de metatexto. O investimento na comunicação dessa nova compreensão, assim como de sua crítica e validação constitui o último elemento do ciclo de análise proposto.

Na ATD as categorias de análise podem ser emergentes, a priori ou mistas. As emergentes surgem a partir da análise do corpus, as categorias a priori são as que já existem na literatura e as mistas são formadas por categorias já existentes na literatura e por aquelas que emergem durante a análise do corpus.

Cabe ressaltar que, no desenvolvimento da análise desta pesquisa, algumas categorias emergiram do processo de busca de significados presentes na fala dos entrevistados e nas respostas do questionário, enquanto que a organização destas, em algumas situações, resultou em subcategorias, devido à importância de aspectos de significação sobre a compreensão dos professores supervisores do PIBID quanto ao seu papel na construção de saberes docentes de futuros professores de matemática.

Deve-se destacar que a análise textual discursiva nos oferece um modo de trabalhar com os textos, levando em conta que um mesmo texto pode proporcionar uma diversidade de sentidos, podendo estar circunstanciadas pela intenção que o pesquisador apresenta em relação ao texto, pelos referenciais que o acompanham no desenvolvimento da abordagem e pelas interpretações dos sentidos que os termos que compõem o texto podem oferecer, ou seja, a “análise textual propõe-se a descrever e interpretar alguns dos sentidos que a leitura de um conjunto de textos pode suscitar”. Todo processo de análise textual discursiva gira em torno da produção do metatexto e é a partir da unitarização e categorização que se constrói a estrutura básica do metatexto. (MORAES e GALIAZZI, 2011, p.14).

Portanto, valoriza-se tanto a descrição quanto a interpretação, que está voltada principalmente para a construção de significados, a partir das perspectivas dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Após as entrevistas gravadas, realizaram-se as transcrições e o início do processo da Análise Textual Discursiva; que é um:

[...] processo auto-organizado de construção de compreensão em que novos entendimentos emergem a partir de uma sequência recursiva de três componentes:

a desconstrução dos textos do “corpus”, a unitarização; o estabelecimento de relações entre os elementos unitários, a categorização; o captar o emergente em que a nova compreensão é comunicada e validada (MORAES; GALIAZZI, 2011, p.12).

As transcrições das entrevistas e as respostas do questionário constituíram o “corpus” da análise textual. Após a leitura e releitura atenta, realizou-se a desconstrução dos textos transcritos, a partir de sua desmontagem e fragmentação. Esse processo encontra-se no APÊNDICE 4.

Assim, da desconstrução dos textos deu-se o processo de unitarização, no qual se destacou os elementos principais e obteve-se as unidades de significado. Estas unidades foram as frases e/ou palavras, retiradas dos textos das transcrições e das respostas do questionário ambas fornecidas pelos supervisores, com sentido relacionado ao objetivo da pesquisa, que contribuíram para a compreensão das falas destes profissionais. Essa fase também consta no APÊNDICE 4.

Para viabilizar o processo de análise das unidades e a posterior utilização das mesmas, identificando suas origens, atribui-se os seguintes códigos:

- EE para entrevistas escritas, seguido das iniciais do nome do supervisor (EE-MO)

- EG para entrevistas áudio gravadas, seguido das iniciais do nome do supervisor (EG-JO, EG-RI, EG-ANA, EG-KE)

A princípio o questionário foi elaborado com o intuito de detectar futuros entrevistados, mas após o feedback dos supervisores, percebeu-se que as colocações feitas pelos mesmos, se mostrava uma rica fonte de dados para a compreensão do objeto desta pesquisa. Dessa forma, utilizamos a letra Q para as falas retiradas do questionário seguidas do número da resposta no mesmo:

(Q-01, Q-02,Q-03,Q-04,Q-05, Q-06, Q-07, Q-08, Q-09, Q-10, Q-11, Q-12, Q-13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, Q-26, Q-27, Q-28, Q-29, Q-30, Q-31, Q-32, Q-33, Q-34, Q-35, Q-36, Q-37, Q-38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50,

Q-51, Q-52, Q-53, Q-54), para os supervisores entrevistados, além de cores diferenciadas, para identificar as diferentes temáticas abordadas. Este processo de unitarização constituiu uma atividade desafiadora, com inúmeras tentativas de desmontagem dos textos obtidos das transcrições das entrevistas, num movimento de ida e vinda, na decomposição do todo.

À medida que era realizada a leitura e a releitura foram-se fragmentando o texto e atribuindo-se os códigos, considerando as ideias citadas pelos supervisores em suas falas, como exemplo: as práticas, o contato dos pibidianos com a escola, a proximidade dos supervisores com a Universidade, etc. Esta etapa exigiu tempo e atenção, pois avançando no processo de análise, percebeu-se que algumas unidades podiam ser desmontadas ainda mais em sua estrutura, mas com o cuidado de manter o sentido que delas emanava.

Depois deste processo, com uma leitura crítica e reflexiva, passou-se a buscar possibilidades de aproximação das unidades significativas, relacionando-as a partir de um mesmo assunto. Assim, agruparam-se os fragmentos das falas que abordavam o assunto em comum. Os códigos facilitaram a identificação da origem das mesmas.

A partir deste movimento contínuo de análise e síntese, comparando, constantemente, as unidades de significado e relacionando os elementos das falas, tendo em vista, ainda, o problema desta investigação, iniciou-se a construção de categorias que foram produzidas “a posteriori”, tendo como orientação Moraes e Galiazzi quando dizem que:

A categorização é um processo de comparação constante entre as unidades definidas no momento inicial da análise, levando a agrupamentos de elementos semelhantes. Conjuntos de elementos de significação próximos constituem as categorias. A categorização, além de reunir elementos semelhantes, também implica nomear e definir as categorias, cada vez com maior precisão, na medida em que vão sendo construídas (MORAES; GALIAZZI, 2011, p. 22-23).

Após a desconstrução dos textos transcritos, a partir de sua desmontagem e fragmentação e em seguida o processo de unitarização, buscou-se a identificação das unidades de significado, para formar categorias.Para formação dessas, fez-se uso de descritores que são apresentados a seguir.