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FASES E DIMENSÕES DO ESTRESSE

No documento LEONARDO MAGELA LOPES MATOSO (páginas 33-36)

Dentre as conceituações discutidas no tópico anterior, compreendeu-se que o estresse se fundamenta como uma reação somática e mental que resulta da percepção individual, a uma situação que desperta incomodo. Indivíduos expostos a situações estressoras podem estar

susceptíveis a uma série de doenças que são desencadeadas pelo estresse, como gastrite, hipertensão arterial, bronquite, asma, câncer, dentre outras. Como toda doença, o estresse apresenta sinais e sintomas que podem ser diagnosticados previamente, caso identifiquem as fases e dimensões que o compõem.

A cerca das fases e dimensões que compõem o estresse, Selye (1950) explicitou que a reação ao estresse somático e psicológico se dá em três fases, as quais ele denominou como SAG. São elas: reação de alarme, resistência (ou adaptação) e exaustão.

A primeira fase foi nomeada por Selye (1950) como fase de alerta ou reação de alarme, uma vez que é nesta fase que se observam as primeiras respostas do organismo para as defesas contra os agentes nocivos. Durante essa fase, o sistema imunológico fica suprimido, pois seu organismo passa a reagir diante do agente estressor, causando alterações neurofisiológicas relacionadas a essa exposição. Devido ao rebaixamento do sistema imunológico, o indivíduo fica mais susceptível a afecções somáticas e psicológicas (MORIN, 2009).

Lipp (2010) salientou que a fase de alerta é constituída por dois ciclos, onde o primeiro, denominado de fase de choque, é o momento no qual o agente estressor é sentido pelo indivíduo como prejudicial; o segundo seria a fase de contrachoque; ou seja, quando o organismo coloca em funcionamento suas defesas, iniciando assim, a mobilização das forças orgânicas contra um determinado agente. Nesse processo podem ocorrer sintomas como: sudorese excessiva, taquicardia, taquipnéia, cefaléia, irritabilidade, insônia, fadiga, tensão muscular, aumento ou queda da pressão arterial, alterações de humor e sensação de esgotamento.

Cumpre frisar que, na fase de alerta, quanto maior é o esforço para adaptar-se e reequilibrar a harmonia interior, maior é o desgaste do organismo. Quando o organismo consegue se adaptar completamente, e resiste ao estressor de forma adequada, o processo de estresse é interrompido sem deixar sequelas (LIPP, 2010). Segundo Minari e Souza (2011), se o processo de estresse permanecer em exposição contínua, tem início a segunda fase do estresse: a fase de resistência.

Durante a fase de resistência, o organismo começa a dar seguimento ao processo de resposta diante dos agentes estressores. Nessa fase o gasto de energia é excessivo, é por esse motivo que começam a surgir sinais e sintomas intensos, tais como: cansaço excessivo, esquecimento, medo, nervosismo, ansiedade, apetite oscilante, isolamento social e dúvidas a respeito de si mesmo; entre outros sintomas somáticos e psicológicos (FELDMAN, 2015).

Conforme Potter et al. (2013), a fase de resistência aparece logo após a fase de alerta, mas isso só acontece se os agentes nocivos persistirem frente as respostas de defesa do organismo. Diferente dos sinais e sintomas da fase anterior, esta tem suas particularidades, uma vez que as reações aos agentes estressores são opostas as da primeira fase, como também os sinais e sintomas iniciais são alterados. Nesta fase, o indivíduo procurar lidar com os fatores estressores de modo a manter seu equilíbrio físico e mental. Se os estressores persistirem com frequência e intensidade, há uma ruptura na resistência do indivíduo e ela passa para a fase de exaustão.

A fase de exaustão, segundo Feldman (2015), acontece porque o indivíduo excede a reserva de energia adaptativa do organismo, manifestando quadros exaustivos juntamente com uma série de doenças. Nesta fase, o organismo já não consegue mais se manter equilibrado, ou seja, sua homeostasia entra em ruptura e, consequentemente, surge a falência adaptativa. A falência adaptativa pode ser compreendida como um esgotamento devido a esforços psicossomáticos a situações de tensão. Isso faz com que o organismo desencadeie uma série de sintomatologias, tais como: gastrite, hipertensão arterial, câncer, dermatites, alergias e rinites, são alguns dos sinais e sintomas característicos dessa fase.

A fase do esgotamento para Potter et al. (2013), se distingue das demais pela exposição de longa duração do agente estressor. Nessa fase, ocorre o não restabelecimento do equilíbrio orgânico, e desta forma, surge à exaustão e o colapso dos mecanismos presentes nas doenças proporcionadas pelo estresse. Nesse momento de esgotamento, o organismo deve extrair energia de adaptação de suas reservas mais profundas, ocasionando como consequência, danos que podem ser irreparáveis a saúde.

Feldman (2015) alertou que é na fase de esgotamento que surge a Síndrome de

Burnout. A palavra Burnout é de etiologia inglesa, composta por dois vocábulos: Burn, que

quer dizer queimar e Out que significa exterior, fora. Em tradução literal, Burnout quer dizer

“queimar para fora” ou “consumir de dentro para fora”. Desse modo, pode ser compreendida também como uma combustão completa que se inicia na mente, nos aspectos psicológicos e culmina em problemas somáticos e sociais.

Nesse contexto, o Burnout, é uma resposta do estresse crônico e que afeta diretamente

a qualidade de vida, causando consequências negativas a nível individual, profissional,

familiar e social. Benevides-Pereira (2012) advogou que a Síndrome de Burnout atualmente

se configura como um dos grandes problemas de saúde psicossocial, acometendo principalmente profissionais da área da educação, saúde, telemarketing, atendentes de lojas e

policiais. Isso fez com que despertasse o interesse e a preocupação por parte da comunidade científica e das empresas, devido à gravidade das suas consequências, quer ao nível individual, quer ao nível organizacional.

É pertinente acentuar, que embora o modelo desenvolvido por Selye (1950), sobre as fases que compõem o estresse tenham sido discutidas na comunidade científica por muitos estudiosos, desde sua descoberta até os anos 2000, nenhuma pesquisa que se tenha conhecimento, havia sido realizada para validar as fases que compõem o estresse. Partindo desse pressuposto, Lipp (2000) desenvolveu o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos (ISSA) e, além de incluir as três fases de desenvolvimento de estresse propostas por Selye, acrescentou uma quarta fase, que foi identificada tanto clinicamente em seus estudos como estatisticamente: a fase de quase-exaustão.

A fase de quase-exaustão encontra-se entre a fase de resistência e a fase de exaustão. Essa fase se fundamenta pelo enfraquecimento do indivíduo que não está mais conseguindo se adaptar ou resistir aos processos estressores. As doenças que surgem nessa fase não são tão graves como as da fase de exaustão. Como também, as pessoas na fase de quase-exaustão ainda conseguem atuar na sociedade até certo ponto, diferente da fase de exaustão onde o indivíduo encontra-se comprometido em nível somático e mental (LIPP, 2010). Assim, este modelo proposto por Lipp foi considerado de quadrifásico, por constituir as fases de alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão.

Nesse ínterim, no que concerne as fases e dimensões do estresse, sintetizam-se os achados nesta dissertação, mostrando que de acordo com Selye (1950), Lipp (2010), Potter et al. (2013) e Feldman (2015), o estresse se fundamente em quatro fases: alarme, resistência, quase exaustão e exaustão. Tais fases são desencadeadas por fatores estressores que quando não diagnosticados precocemente proporcionam doenças e comprometem a qualidade de vida. Esses fatores foram discutidos no próximo tópico.

No documento LEONARDO MAGELA LOPES MATOSO (páginas 33-36)