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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.5 FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES

2.5.1 Conceito de fator de risco

Normalmente a literatura utiliza o termo “fator de risco” para denominar os agentes causais das doenças crônicas não-transmissíveis.43,60 Conforme as diferentes formas de inserção socioeconômica, a distribuição dos riscos de adoecer e morrer se relacionam tanto à exposição da população a condições adversas de trabalho como à condições específicas de vida.

É importante que o profissional de saúde saiba diferenciar os níveis distintos, ainda que imbricados, de exposição a fatores de risco, neste caso, a fim de saber: a situação socioeconômica e o estilo de vida que se expressam no padrão alimentar, no dispêndio energético cotidiano, no trabalho, lazer e em hábitos como o tabagismo, na obesidade, no sedentarismo, ou não prática regular de atividades físicas regulares, entre outros determinantes do processo saúde-doença. Atualmente, os fatores de risco estão sendo denominados de indicadores de risco, pois determinam incidência, não implicando uma relação causal, como pode sugerir essa denominação. 43,61

É relevante conhecer os determinantes de doença, a fim de serem utilizados como instrumentos de mudança de hábitos, métodos de prevenção e tratamento; considerando os aspectos históricos e culturais das populações e também as relações políticas e econômicas entre elas.

As enfermidades de origem cardiovascular (DCV) correspondem a 30% do total de óbitos no Brasil e no mundo, nas diversas faixas etárias. Logo, a OMS projeta que em 2010 esse grupo de doenças será a primeira causa de morte em todos os países em desenvolvimento.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) os fatores de risco para DCV classificam-se em dois grupos. Encontram-se englobados no primeiro grupo os fatores gerais relacionados com idade, sexo, escolaridade e herança genética; fatores associados ao estilo de vida, tais como o sedentarismo, o álcool, o tabaco, o uso de anticoncepcionais, a alimentação rica em sódio e gordura e tabagismo e fatores biológicos como a hipertensão arterial sistêmica, obesidade e hipercolesterolemia. Já no segundo grupo, encontram-se as condições socioeconômicas, culturais, ambientais e de urbanização.62

Além da classificação anterior os fatores de risco para DCV também podem ser classificados em relação ao fator de impacto, isto é, como os que possuem impacto independente e os que possuem impacto modificável ou passível de controle, sendo a hipertensão arterial considerada o maior fator de risco modificável para o desenvolvimento de doenças isquêmicas e para patologias de origem neurológicas também.63

Em relação aos fatores gerais e biológicos constatou-se que a hipertensão arterial, obesidade, tabagismo, diabetes tipo 2 e sedentarismo contribuíram de forma isolada ou associada para o desenvolvimento do processo aterosclerótico, o qual se caracterizou como mecanismo central para o desenvolvimento de doença arterial coronariana, enfermidade responsável por 28% dos óbitos no Brasil.64

O desenvolvimento tecnológico, a forte pressão psicológica, redução do tempo de lazer, trabalho excessivo, baixos salários e dificuldades de acesso à assistência médica, estes são denominados potenciais fatores de risco para a instalação de agravos cardiovasculares.62,64

A prática de exercícios físicos regulares é essencial no controle e tratamento desses agravos e já existem inúmeros benefícios comprovados, porém ainda existe uma expressiva parcela da população que adota o estilo de vida mais sedentário. No

Brasil, cerca de 80,3% não praticam exercícios habitualmente e na Região Sudeste, esta proporção atinge 78,2% desses adultos. Conforme a literatura,65 os níveis elevados de pressão arterial (PA) incrementam o risco de doenças cardiovasculares, sendo a hipertensão arterial reconhecida como o principal fator de risco para a morbidade e mortalidade precoce.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) corresponde a uma patologia muito prevalente, considerada um problema de saúde pública de âmbito mundial em função do risco e dificuldade de controle. Classifica-se como uma doença crônica, de natureza multifatorial, em sua maioridade de curso assintomático, negligenciando assim o diagnóstico e consequentemente o tratamento.65,66

Nas três últimas décadas a hipertensão arterial vem se diversificando; considera-se hipertensão arterial, a pressão arterial sistólica maior ou igual a 140mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90mmHg, em indivíduos que não sejam usuários de medicamento anti-hipertensivo. Esta patologia está acometendo cada vez mais jovens, sendo que aproximadamente um quarto da população adulta mundial é hipertensa podendo chegar a 1,56 bilhões de pessoas até 2025. No Brasil estima-se que existem cerca de 17 milhões de hipertensos, sendo que 35% tem idade igual ou superior a 40 anos. A hipertensão arterial pode ser controlada por meio de medidas não farmacológicas tais como: mudança no estilo de vida, alimentação equilibrada, redução do consumo de sal, controle de peso, prática de atividade física, entre outros. E desta forma também reduzem o risco de morbi-mortalidade global por doença cardiovascular.65,66

Indicou-se o tratamento farmacológico em hipertensos moderados e graves e para os portadores de fatores de risco para agravos cardiovasculares e/ou lesão de órgãos-alvo. Porém, uma parcela reduzida dos pacientes consegue controlar a pressão com um único agente terapêutico e muitas vezes, torna-se necessário utilizar a terapia combinada, principalmente em pacientes idosos e com co- morbidades relevantes. O tratamento medicamentoso, apesar de eficaz na redução dos níveis pressóricos e da morbi-mortalidade apresenta alto custo e pode desencadear efeitos colaterais justificando o abandono do tratamento.65,67

Portanto, conhecer o perfil sociodemográfico dos pacientes hipertensos que usufruem do serviço de saúde como alternativas terapêuticas que conhecem e adotam é relevante no direcionamento de intervenções mais eficazes de controle da patologia.62

Ao longo do processo dinâmico e progressivo do envelhecimento decorrem diversas alterações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas. A dimensão do processo de envelhecimento vai além do contexto biológico, logo, requer consideração especial.

Assim, é necessário implementar estratégias que favoreçam as populações idosas por meio de políticas de caráter com ênfase mais preventiva e menos curativo, mais promocional e menos assistencial, capazes de modificar e manter a qualidade de vida nesta população em especial. Esse cuidado maior com os idosos se justifica pela necessidade de detectar problemas de saúde e fatores de risco relacionados com as alterações cardiovasculares.

Mesmo que grande parte dos idosos apresente pelo menos uma doença crônica, é possível continuar vivendo com qualidade de vida, desde que controlado os fatores de risco como a hipertensão arterial, bem como manter o acompanhamento de profissionais qualificados para tratar essa clientela.53

2.6 IMPORTÂNCIA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS REGULARES COMO ADJUVANTES