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2.2 Argamassa de revestimento

2.2.3 Propriedades das argamassas no estado endurecido

2.2.3.7 Fissuras

Morales (2015) afirma que as manifestações patológicas apresentadas nas argamassas de revestimento podem ser vistas em um curto período. As argamassas, no estado fresco, devem ser de moldagem fácil para minimizar a ocorrência de manifestações patológicas nos revestimentos após o endurecimento, tais como: fissuras, descolamento e manchas (CARDOSO et al. 2005).

Silva et al. (2009) a fissuração ocorre devido a argamassa ser submetida as tensões que está ligada a retração. Dessa forma, a argamassa tem a sua deformação limitada devido à sua aderência ao substrato, o que compromete o desempenho do sistema em que ela faz parte.

Veiga (2004) e Silva (2014) mencionam que é necessário haver um tempo de espera para a aplicação de cada camada, de forma a proporcionar uma correta secagem e uma retração relativamente independente em cada uma. As Figura 4-a e 4-b representam as fissuras encontradas em argamassas de revestimento de camada única e de duas camadas, respectivamente.

Figura 4 – Argamassa de revestimento em 1 camada e em 2 camadas

(a) (b)

Fonte: Adaptado de Veiga (2004).

Na Figura 4-b pode ser visto que as fissuras são menos visíveis e a impermeabilização menos afetada, já que os caminhos de infiltração foram interrompidos pela outra camada.

A norma ABNT NBR 13749:2013 especifica as principais fissuras que podem ser encontradas em argamassas de revestimento, tais como:

 Fissuras mapeadas: ocorrem por retração da argamassa, seja por excesso de finos no traço ou presentes nos agregados, seja por causa do aglomerante ou por causa do desempenamento. Apresenta o desenho em forma de mapa;

 Fissuras geométricas: podem ser decorrentes de retração higrométrica, interfaces de base constituídas de materiais diferentes, e em revestimentos que apresentam juntas de dilatação;

 Vesículas: são causadas pela hidratação retardada do óxido de cálcio da cal e pela presença de concreções ferruginosas na areia;

 Empolas pequenas: formadas pela impureza da oxidação da pirita presente no agregado resultando em gipsita, além de expansão;

 Expansão e deslocamento do revestimento: são provocadas pelo rápido endurecimento do gesso após a sua aplicação sobre as fissuras. A hidratação do gesso forma a gipsita que ao reagir com o cimento contido na argamassa forma etringita ocasionando a expansão e

 Pulverulência: é causada pelo excesso de finos no agregado, seja pelo traço pobre em aglomerante, seja pela carbonatação insuficiente da cal que sofre a interferência do clima seco, da temperatura e da ação do vento dificultando o processo de carbonatação.

Angelim et al. (2003) informam que a distribuição granulométrica do agregado miúdo exerce influencia na fissuração, na rugosidade, na permeabilidade e na resistência de aderência. De acordo com Cavaco (2003) o desempenho da argamassa está relacionado com a distribuição granulométrica e a forma dos agregados, pois essas condicionam a quantidade e dimensão dos espaços vazios da mesma. O autor esclarece que a redução do índice de vazios está relacionada com a redução da quantidade de ligante e de água requeridos na argamassa trazendo benefícios como a diminuição da sua retração.

Silva (2014) menciona que apesar dos agregados não interferirem na reação de endurecimento da argamassa, é de suma importância a sua escolha e suas características como dimensão, forma das partículas e massa específica. A autora ainda afirma que os agregados influenciam na qualidade da argamassa e interferem na redução da propriedade de retração, além de tornar o material mais econômico.

Pandolfo et al. (2005), Tristão et al. (2005), Sampaio e Bastos (2009) investigaram a influência de diversos tipos de areia proveniente de britagem de rochas e constataram que o excesso de finos prejudica a trabalhabilidade da argamassa e promove o aparecimento de fissuras durante a sua secagem.

Para Mattana (2013), a utilização da cal em argamassa contribui para sua durabilidade possibilitando certas deformações e evitando o aparecimento de fissuras. Porém, Araújo (2014) revela que a utilização da cal sem as orientações da norma provoca depois de meses ou até anos, o aparecimento de manchas, trincas, fissuras e descolamento do revestimento devido à falta do poder aglomerante.

Carasek (2007) informa que um traço muito rico em cimento pode levar a uma alta rigidez, retração, fissuração e descolamento do revestimento; ou por outro lado, um traço pobre e cimento encadeia a desagregação do revestimento. Quanto maior a quantidade de cimento presente na mistura, maior é a retração e maior será a aderência à base (ABCP, 2003). Silva (2014) esclarece que é necessário controlar a quantidade de cimento para a produção de argamassa de revestimento, pois a sua quantidade de forma exagerada pode levar a fissuração devido retração do cimento durante a secagem. Já se for uma quantidade insuficiente de cimento pode levar a um aumento de porosidade que enfraquece a argamassa.

Silva e Campiteli (2006) constataram que a diminuição do teor de cimento nas argamassas contribue para a diminuição de fissuras nos revestimentos argamassados com a incorporação de areia de britagem, assim como nas resistências mecânicas e no módulo de elasticidade.

Para Veiga (1998) e Angelim et al. (2003), a incorporação de finos pode aumentar a suscetibilidade da argamassa à fissuração por retração. Porém, Braga et al. (2012) e Silva et al. (2009) constataram que a incorporação de finos contribuíam em melhorias significativas nos resultados de resistência à tração por flexão e na resistência à compressão e no aumento da aderência ao substrato. Angelim et al. (2003), Silva e Campiteli (2006) utilizaram a incorporação de fíller calcário e verificaram aumentos consideráveis nos resultados de resistências mecânicas.

Miranda e Selmo (2001) fabricaram argamassas de revestimento mistas com três traços distintos, que foram: 1:1,1:7,9; 1:1,3:7,7 e 1:1,4:7,6 utilizando as proporções de finos menores que 0,075 mm de 18%, 25% e 32%. Os autores analisaram que o teor de 32% de finos influencia no aparecimento de fissuras,

independente do tipo de entulho utilizado, e que estas estão relacionadas com a composição granulométrica dos agregados e com a relação água/cimento.

Miranda e Selmo (2006) produziram as argamassas mistas com agregados com granulometria mais grossa, baixa relação água/cimento e finos no valor total de 25% e verificaram que essas características são o limite para o início de fissuras por secagem da argamassa e para uma boa trabalhabilidade. As pesquisas mencionadas que estudaram a incorporação de finos em argamassas, de qualquer natureza, constataram maiores retrações nas argamassas modificadas do que nas argamassas de referência.

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