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5. METODOLOGIA

5.2. As Fontes de Evidências

A escolha da metodologia de estudo de caso advém da questão suscitada por esta pesquisa e em consonância com seu objetivo. Em seu livro “Estudo de caso:

planejamento e métodos”, Yin (2010:24) pergunta-se: “como saber se devo usar o

método de estudo de caso?”, sugerindo logo adiante:

não existe fórmula, mas a escolha depende em grande parte de sua questão de pesquisa. Quanto mais suas questões procuram explicar alguma circunstância presente (por exemplo, “como” ou “por que” algum fenômeno social funciona), mais o método do estudo de caso será relevante. O método também é relevante quando

Ainda segundo Yin (2010:22) “o estudo de caso é apenas uma das várias maneiras de realizar a pesquisa de ciência social. Outras maneiras incluem, mas não se limitam a experimentos, levantamentos, histórias e pesquisa econômica e epidemiológica”. O autor define o estudo de caso como “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes”.

De acordo com Yin (2010), a evidência de um estudo de caso pode vir de seis fontes: documentos, registros em arquivo, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos. Como este trabalho aborda processos de projetos já finalizados, exclui-se dos estudos de casos evidências oriundas de observação participante e, por sua natureza, de artefatos físicos.

Diversas das fontes descritas por Yin (2010) compuseram a documentação utilizada na fundamentação deste trabalho, de forma a englobar todo o fluxo de projetos de instalações elétricas, a saber:

1 Documentos e registros em arquivo:

1.1 Minutas contratuais fornecidas a partir dos editais de licitações de projetos e obras dos casos estudados. Cruzamento dos dados obtidos com a legislação pertinente a contratações públicas e o objeto contratado, com o objetivo de levantar os riscos inerentes à própria contratação dos projetos em atendimento a empreendimentos hospitalares e suas consequências durante o processo de elaboração destes projetos;

1.2 Atas das reuniões realizadas entre contratantes, gestores, projetistas e instaladores e/ou construtores. Estes documentos

descrevem detalhadamente as necessidades de interação entre as diversas disciplinas, as interferências criadas pelas alterações de escopo ou projetos, a ausência de elementos de um programa de projetos e a interferência de eventos administrativos e/ou políticos durante o processo de elaboração dos projetos elétricos;

1.3 Projetos básicos e executivos, listas de documentos, listas de materiais e memoriais descritivos técnicos elaborados para as diversas disciplinas;

2 Entrevistas com os agentes que compuseram a gestão do processo dos projetos analisados que, em cruzamento com os registros presentes nos demais arquivos, delinearam as expectativas quanto ao processo, as dificuldades de comunicação, a visão de cada um dos agentes quanto aos problemas encontrados e suas soluções, assim como a percepção dos riscos apresentados – previstos ou não – e suas consequências durante o processo;

3 Observação direta, uma vez que o autor fez parte da equipe de elaboração de projetos elétricos e da equipe de coordenação de projetos em ambos os casos estudados.

Yin (2010:133-136) classifica as entrevistas em 3 categorias: entrevistas em profundidade, entrevistas focadas e entrevistas para levantamento. Procurou-se neste trabalho realizar entrevistas em profundidade com os agentes, perguntando “aos respondentes-chave sobre os fatos de um assunto, assim como suas opiniões sobre os eventos”. Portanto, foi solicitado aos entrevistados que propusessem “seus próprios insights sobre determinadas ocorrências”, utilizando estes dados para embasamento das conclusões deste trabalho.

Desta forma, o presente trabalho discute seus resultados baseado em dois estudos de caso, ou em registros momentâneos de um extrato qualificado. Deste intuito, lança mão de uma análise do processo de projeto e obras de reforma com vistas a revitalização e modernização de dois grandes complexos hospitalares, recentemente finalizadas, localizados em Belo Horizonte/MG.

De forma geral, os dois empreendimentos estudados representam empreendimentos hospitalares típicos, contemplando atendimento de urgência e emergência, salas de cirurgia, áreas de imagenologia, enfermarias, consultórios, além de ambientes críticos, como Centros de Terapia Intensiva (CTI) ou unidades de observação de queimados e pacientes com problemas respiratórios. Ambos são hospitais administrados pela esfera do poder público.

Encerrados os contatos iniciais e verificada a disponibilidade de colaboração dos agentes envolvidos nos empreendimentos, o estudo obedeceu à seguinte programação:

1. Realização de revisão bibliográfica contextualizando o problema da pesquisa no âmbito da gestão do processo de projeto, e proporcionando uma estrutura conceitual para criação do protocolo de análise do estudo de caso;

2. Caracterização dos empreendimentos estudados (área construída, número de leitos, caracterização conforme a legislação vigente, principal vocação, entre outros fatores);

3. Dados da contratação;

4. Caracterização dos principais desafios referentes aos projetos de instalações elétricas;

5. Elaboração dos questionários que embasaram os estudos de caso (os questionários elaborados compõem um dos anexos a este trabalho);

6. Realização de oito entrevistas semiestruturadas, a partir dos questionários elaborados, com os agentes envolvidos. Para cada empreendimento foram entrevistados profissionais como arquitetos, engenheiros, coordenadores de projetos, contratantes, fiscais de obras, instaladores e gestores de contratos, cobrindo o espectro a seguir:

a) um representante da empresa ou órgão responsável pela contratação dos projetos de instalações elétricas;

b) um representante da empresa contratada responsável pela elaboração dos projetos de instalações elétricas;

c) um representante da empresa ou órgão responsável pela coordenação da fase de elaboração de projetos;

d) um representante da empresa contratada responsável pela execução das obras, a partir dos projetos elaborados.

e) Todas as respostas aos questionários obtidas durantes as entrevistas encontram-se nos anexos a este trabalho.

7. Compilação dos dados e apresentação dos resultados;

8. Elaboração do programa de gestão de projetos de instalações elétricas em ambientes hospitalares (briefing).

Conforme o exposto, os procedimentos listados nos itens 4, 5 e 6 foram desenvolvidos baseados nos processos expostos na obra de YID, Robert K, “Estudo de Caso – Planejamento e Métodos”. A Figura 5.1, adaptada de Yin (2010:83) apresenta o método do estudo de caso proposto.

Figura 5.1 – Método de estudo de caso (adaptado de YID, Robert K., 2010)

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