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Fontes de informações interpessoais

No documento O SECRETÁRIO EXECUTIVO COMO (páginas 95-104)

2.4 CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA SOBRE O GATEKEEPER

2.4.2 Fontes de informações interpessoais

Paisley (1968) distingue redes interpessoais de diferentes níveis, incluindo sociedades (sistemas de sociedade profissionais), grupos de referência (comunidades de cientistas com especialização semelhante e outras características), colégios invisíveis (grupos de cientistas que mantêm troca de informação), e organizações formais (organizações que empregam cientistas).

A comunicação interpessoal faz parte do trabalho dos profissionais no desenvolvimento de suas atividades. Na literatura da Ciência da Informação, especialmente no comportamento de busca da informação é quase universalmente reconhecido que as pessoas tendem a utilizar fontes interpessoais (KATZ e LAZARSFELD, 1965; ALLEN, 1969; KRACKHARDT e HANSON, 1997; AGADA, 1999, p.74). Tais contatos ocorrem de forma não intermediada por terceiros e incorporam níveis elevados de interação social, exercendo grande influência nas atitudes e no comportamento das pessoas.

Apesar da disponibilidade de dados e da facilidade de acesso às informações proporcionadas pelo desenvolvimento tecnológico, é de opinião unívoca que a interação pessoal – seja ela face a face ou mediada pelo computador – é fator relevante na criação e intensificação dos fluxos de informação. Pesquisas têm revelado a influência de figuras centrais nas redes informais (ALLEN, 1969; KRACKHARDT e HANSON, 1997), destacando que, independentemente de sua dinâmica, as redes humanas são centrais para a disseminação de informações nas organizações e que grande parte das informações utilizadas para tomada de decisão dentro das organizações vem do contato humano direto.

A análise de Lu (2007, p. 104) centraliza-se na aquisição de informação por redes sociais, discutindo por que o contato interpessoal é preferido sobre as outras fontes de informação. Com relação às fontes de informação interpessoais, o autor destaca alguns importantes elementos a elas afetas: grupos primários, acessibilidade, credibilidade e sobrecarga de informação, sobre os quais serão feitas algumas considerações a seguir, aí inserindo visões de outros autores sobre o assunto.

Cumpre-se apresentar, preliminarmente, o conceito de grupo, não com o objetivo de discutir o termo com ambições sociológicas, mas no único propósito de, ao focar este conceito, buscar a compreensão da sua relevância para essa

pesquisa. Isso posto, adota-se a definição de grupo como a união de pessoas que visam objetivos comuns, as quais obedecem a determinadas normas, interesses e valores sociais.

Grupos primários são núcleos restritos decorrentes da condição de filiação parental (redes familiares) ou de proximidade (amigos, colegas de profissão, etc.). São caracterizados por uma íntima e informal cooperação e por uma associação face-a-face. São primários sob vários aspectos, principalmente porque são fundamentais na formação da natureza social e nos ideais do indivíduo.

O resultado dessa associação íntima é, psicologicamente, certa fusão das individualidades num todo comum, de modo que o próprio ego individual se identifica, pelo menos para vários fins, com a vida e os propósitos comuns ao grupo.

Como se pode notar, os grupos são fontes privilegiadas de informação e é por meio deles que são processadas e disseminadas informações que afetam ou podem afetar a vida dos indivíduos que neles vivem. Kelley (1952, apud Lu, 2007) 5 defende que as pessoas conscientemente constroem grupos primários, os quais estabelecem padrões de comportamento para os seus componentes, que se motivam a aceitar as suas normas, manifestadas por meio de atitudes e opiniões.

Aqui apenas para facilitar a condução do assunto, justifica-se a repetição de definição clássica da Sociologia e da Psicologia Social, de que a estrutura social dos grupos consiste na posição de cada membro do grupo e nas relações entre essas posições. Do estudo do conceito de grupos primários, emergiu o conceito de grupo de referência, o qual parte da premissa de que as pessoas frequentemente agem de acordo com um padrão de referência produzido pelo grupo ao qual ela pertence. O termo foi cunhado em 1942 por Hyman, em estudo sobre status social, tendo tido o seu significado expandido em diversos outros estudos subseqüentes. Hyman (1960, p. 386-391) lembra que a teoria inicial de que ‘o grupo é que determina a atitude’ foi ampliada com o conceito de grupo de referência. Posta assim a questão, é de se dizer que o conceito de grupo de referência pode permitir a compreensão de opiniões e atitudes.

Como se depreende, o grupo de referência exerce ascendência sobre os indivíduos pela natureza e modo de identificação que neles despertam. A pessoa não precisa pertencer a um grupo para ser por ele influenciado. Neste caso o grupo

funciona como quadro de referência para as aspirações, tomada de consciência, opiniões, atitudes e padrões de comportamento do indivíduo. Na maioria dos casos, os grupos de referência não dizem diretamente às pessoas o que fazer, mas – antes – são as pessoas que se deixam influenciar pela opinião desse grupo.

Oportuno se torna sublinhar que, em decorrência da análise do conceito de grupo de referência, nova teoria surgiu, então voltada para a investigação da influência interpessoal por meio da interação e da comunicação, a qual – por enfatizar a referência individual como fonte de influência – se tornou conhecida como liderança de opinião e influência pessoal (HYMAN, 1960). Este autor frisa que o conceito de referência individual pode lembrar de que há líderes de opinião com quem não se relaciona socialmente de modo direto, mas pode-se ser por eles influenciados (1960, p. 391).

Convém ponderar, ademais, que a organização informal possui forte influência sobre a estrutura de comunicação, podendo, inclusive, em alguns graus, operar independentemente da estrutura formal (ALLEN, 1969). Tal autor sustenta que grupos de amigos e relacionamentos podem reduzir o ‘custo psicológico’ de buscar consultas externas. Assegura que a relação entre o espaço físico que separa as pessoas e sua probabilidade de comunicação técnica declina grandemente de acordo com essa distância. E alerta que os relacionamentos informais acabarão se não houver contatos diretos para rejuvenescê-los.

Em perfeita sintonia com essas considerações, Lu (2007, p. 104) defende que comunicações orais normalmente requerem muito menos esforço e tempo para as pessoas do que ir a bibliotecas para conduzir uma busca eletrônica ou para ler livros. Amigos que podem ser contatados por telefone ou e-mail, colegas que se encontram atrás do hall, e colegas com quem se pode falar pessoalmente são preferidos a outros meios de aquisição de informação, afirma este autor.

Holland (2000, p.110) assevera que a comunicação face-a-face oferece a oportunidade de imediato feekback, até mesmo por expor elementos como tom de voz e expressão facial. Pode, adicionalmente, ao evitar extensa procura por informação, reduzir ansiedades. Agada (1999, p. 74) salienta que fontes interpessoais são preferidas às outras, devido à preocupação com a confiabilidade e credibilidade das informações.

Dessa forma, ao efetuar investigação quanto à relevância do elemento ‘acessibilidade’ para o atendimento de uma necessidade informacional, verifica-se

que este tem sido um elemento primordial no fluxo da informação. É importante assinalar aqui a relevância dos estudos feitos por Zipf, em 1949, que o levaram a formular o ‘princípio do menor esforço’: tendência de se obter o máximo com o mínimo de esforço possível, ou seja, o autor defende que as pessoas geralmente preferem despender o menor esforço possível na procura por informação, de maneira a minimizar a carga de trabalho total necessária.

Inadequado seria esquecer também que Case et. al (2004), em estudos sobre a relevância do relacionamento interpessoal, salientam a acessibilidade como fator chave para a seleção das fontes a serem consultadas, defendendo a primazia das fontes interpessoais sobre outros canais.

Cumpre obtemperar, todavia, que algumas mudanças quanto à seleção das fontes de consulta vêm paulatinamente ocorrendo na sociedade em que vivemos. Torna-se possível afirmar que, em algumas áreas do conhecimento, a procura de fontes interpessoais como recurso primordial para a busca de informação tem sofrido declínio. À guisa de exemplo, Case et. al (2004), em investigação quanto à preferência relacionada à seleção dos canais de busca de informação na área da saúde, constatou que a Internet tem expandido radicalmente as informações, transmutando-se em opção de escolha das pessoas que procuram cuidados de saúde, notadamente aqueles relacionados a riscos genéticos e câncer. Dessa forma, este autor salienta que vinte anos atrás as informações médicas eram mais procuradas diretamente com profissionais de saúde ou indiretamente através de amigos e membros da família, os quais tendiam a serem líderes de opinião. Hoje, a partir de busca anônima e célere por informações sobre doenças, tratamentos e prevenção, que encontra na Internet um manancial de informações, os consumidores são estimulados a abandonarem as suas fontes mais tradicionais de informação com relação à saúde, privilegiando este moderno instrumento.

Efetuando análise de estudos anteriores sobre o tema ‘influência pessoal’, Allen (1969) concluiu que, na busca por informação, existe entre os engenheiros uma propensão para a busca do canal de informação mais acessível, independentemente do valor da informação esperada. Dessa forma, ele destaca que a acessibilidade parece ser um determinante prioritário para a seleção de canal de busca da informação, concluindo que os mencionados profissionais buscam mais as fontes interpessoais do que as bibliotecas públicas ou outra instituição.

A teoria dos dois estágios ou do duplo-fluxo (two-step flow communication), concebida por Lazersfeld, preconiza que o fluxo de comunicação é um processo em duas etapas: em um primeiro momento, as pessoas relativamente bem informadas (os líderes de opinião) são expostas à mídia, e, em um segundo, as demais pessoas recebem as informações filtradas pelas primeiras. Dessa forma, os dois estágios seriam: a) o caminho da informação entre os meios de comunicação de massa e os líderes de opinião; e b) a disseminação da informação dos líderes de opinião para os indivíduos – sua área de influência (KATZ e LAZERSFELD, 1955).

A proposta-base da hipótese ‘two-step flow communication’, assim, é de que a influência dos meios de comunicação em massa impacta primeiramente os líderes de opinião e estes, a seu turno, transmitem o que leram e ouviram para os seus associados. A hipótese toma corpo em investigação realizada por Lazarsfeld, constante do livro ‘The people’s choice’, o qual descreve pesquisa empreendida e relacionada com os efeitos dos meios de comunicação na definição de votos entre os candidatos políticos Wendel Wilkie e Franklin Roosevelt.

Katz e Lazersfeld (1955) pontuaram que muitas pessoas tornam-se dependentes da ação persuasiva dos líderes de opinião, tendo optado por adquirir informações por meio deles, escolha que sobrepuja a opção de procurar os meios de comunicação de massas ou fontes autorizadas. Os líderes de opinião transferem informações para o público menos informado, as quais podem resultar em aprendizado, novas ideias, novos valores, decisões, escolhas e mudança de opinião nas pessoas que com ele fazem contato.

As implicações dessa hipótese em uma sociedade democrática foram ressaltadas por Katz (1957, p. 61): ao invés de uma massa de indivíduos ligados à mídia, mas não um ao outro, dela sofrendo influência direta, tem-se a constatação da influência de algumas pessoas, que detêm um poder que sobrepuja o poder dos meios de comunicação em massa. Os designs das pesquisas de comunicação, a partir de então, deveriam necessariamente, na visão do citado autor, ser revistos, uma vez que foi evidenciado o efeito limitado dos meios de comunicação.

Segundo Katz (1957, p. 63) são três os elementos envolvidos na formulação original da teoria The two-step flow communication: o impacto da influência pessoal (contatos pessoais parecem ser mais frequentes e efetivos para influenciar decisões do que as comunicações de massa), o fluxo de influência pessoal (líderes de opinião são encontrados em todos os níveis da sociedade e são parecidos com as pessoas

que sofrem a sua influência) e os líderes de opinião e os meios de comunicação em massa (os líderes de opinião são mais expostos aos meios de comunicação – rádio, jornais e revistas – do que a população). Katz (1957, p. 73) ressalta que ser influente está relacionado com três atributos: a personificação de certos valores (quem é); competência (o que se sabe) e a localização estratégica social (quem se conhece).

A credibilidade da fonte de informação torna-se fator primordial na busca da informação (AGADA, 1999, p. 74). Confiabilidade é percepção da veracidade e integridade de uma fonte de informação. A informação deve estar calcada em acontecimentos verídicos ou argumentos lógicos compatíveis com a necessidade que se pretende atender. Nesse sentido, não basta que a informação seja autêntica, nem apenas confiável, mas também deve existir veracidade. Quando um indivíduo percebe uma informação como crível ele está disposto a aceitar e digerir isto. Depois de avaliá-la, a incorpora nos seus modelos mentais. Caso contrário, a informação será provavelmente rejeitada ou não aceita. A credibilidade foi destacada por Lu (2007), ao exemplificar que, devido à possibilidade dos especialistas médicos poderem adequar a sua expertise a casos específicos de pacientes, eles são – para os familiares destes pacientes – mais confiáveis do que os livros.

No que tange às fontes de informação interpessoais, é sobremodo importante assinalar a argumentação de Lu (2007, p. 106), relativa à sua constatação que fontes pessoais – em grande parte – podem minimizar as dificuldades de acesso a informações e podem maximizar a sua utilidade. Este autor ressalva a aplicabilidade da informação, discutindo que a comunicação pessoal permite à fonte adequar a sua expertise às circunstâncias específicas do investigador da informação, de forma que a informação possa ser mais aplicável à situação. Além disso, o feedback imediato e a avaliação da fonte podem acrescentar valor à informação fornecida. Assim, o investigador da informação pode ficar mais confiante na tomada de decisão.

Lu (2007) salienta que as pessoas confiam em redes sociais no sentido de corresponder a atitudes apropriadas e opiniões para o funcionamento em sociedade, e para construir a sua realidade social. Indivíduos têm uma tendência inata e social de depender um do outro para informação e conselho. Dessa forma, fontes pessoais de informação são relativamente mais fáceis de ter acesso e são reconhecidas como mais acreditáveis e seguras, e geralmente mais aplicáveis.

Não se pode perder de vista que fontes pessoais podem adicionar valor através do processamento intermediário e da avaliação, contribuindo para reduzir a sobrecarga de informação. Em virtude dessas considerações, torna-se possível afirmar que nenhuma outra fonte de informação é comparável a fontes pessoais em termos de todas essas características: as pessoas em geral preferem contatos pessoais para aquisição de informação (LU, 2007, p. 107).

Para ampliar a discussão e buscar a adequação do tema à realidade que estamos vivenciando, parece oportuno recorrer a Wurman (2003, p. 43) e à sua manifestação de que a mudança para a sociedade da informação tem sido tão rápida que ainda não se adaptou às implicações daí derivadas. Este autor alerta para a capacidade de processamento da informação do ser humano, a qual decorre da perfeita integração dos novos dados, dos antigos conhecimentos e dos objetivos claros.

Prosseguindo em sua análise, o mencionado autor destaca a importância do homem e da capacidade humana no uso da informação e esclarece que cada pessoa precisa dispor de uma medida pessoal para definir a palavra informação, pois o que se constitui em informação para uma pessoa pode não o ser para outra. Neste sentido, as fontes de informações interpessoais afiguram-se essenciais e podem vir a reduzir significativamente a sobrecarga de informação, tendo em vista que as informações veiculadas nas redes pessoais ajustam-se ao ambiente e às condições sociais dos membros do grupo, os quais compartilham de uma mesma realidade.

Uma dessas fontes, amplamente investigada no campo da CI, refere-se ao colégio invisível, termo estudado por Derek Solla Price, e que se refere a uma rede informal para a disseminação do conhecimento, vista como essencial para a publicação formal e disseminação de avanços do conhecimento científico. Os colégios invisíveis constituem-se em uma arena de discussões, caracterizada por intensa troca informal de informações através de contatos, contribuindo sobremaneira para a expansão do conhecimento.

Gresham (1994) assegura que essas redes variam de estrutura através das diferentes áreas de pesquisa, prestando-se ao compartilhamento e troca de ideias, bem como à atualização dos seus membros com relação aos desenvolvimentos e tendências nessas áreas. Para esse autor, um colégio invisível é uma rede social geralmente composta por uma centena de indivíduos que funciona como um grupo

dentro de uma determinada especialização e que é responsável pela maioria das pesquisas significativas na área.

O entendimento a respeito dos colégios invisíveis e a influência destes na difusão da informação encontra respaldo nos estudos de Crane (1968, 1969, 1972, 1975). Essa autora apresenta a concepção de colégio invisível como semelhante ao círculo social e parte do pressuposto que essa organização social, se existir, é de variedade indescritível e não estruturada (CRANE, 1969). A mesma autora pesquisou uma lista bibliográfica sobre difusão das inovações agrícolas, analisando seis tipos de relacionamento (comunicação informal, colaboração corrente, direção de teses, influência das teses, influência sobre a seleção de problemas e influência sobre a seleção de técnicas), analisando sociometricamente os dados e agrupando indivíduos com base em sua produtividade e continuidade na sua área de pesquisa, tendo argumentado que um fator importante para o crescimento da área foi a de que alguns indivíduos desenvolveram um elevado grau de compromisso com ela (1969, p.349).

Allen (1969) destaca estudo de Lingwood (1968)6, que tentou localizar grupos do colégio invisível entre seus pesquisadores educacionais. Seis das 14 áreas de sua pesquisa mostraram uma proporção significativamente mais alta de escolhas internas do que seria esperado. Quatro não mostraram resultados significantes. Outros autores com importante contribuição na área, citados por Allen (1969), foram Parker et al (1968)7, que examinaram o campo de comunicação de pesquisadores em vários campos, tendo descoberto que a integração de um pesquisador dentro de um canal de comunicação interpessoal é a responsável pelo aumento da produtividade.

Crane (1968) comparou grupos de colaboradores formais de acordo com o tamanho do grupo e analisou a existência de citação direta e indireta entre os membros. Deduziu que os membros de grandes grupos tinham mais comunicação indireta, mas certos membros de grupos médios tinham sido mais produtivos na fase de crescimento da área e exerciam influência indireta sobre a seleção de problemas no campo, com as suas ideias sendo transmitidas para outros cientistas da área

6 LINGWOOD, D. A. Interpersonal communication, scientific productivity and invisible colleges:

studies of two behavioral science research areas, 1968, apud Allen, 1969.

7 PARKER et al. Communication and research productivity in an interdisciplinary behavioral science

através dos membros de grandes grupos. Adicionalmente, inferiu que grandes grupos também eram mais produtivos. Em análise dos links de comunicação informal e grau de organização social, objetivando determinar as práticas de comunicação, a autora concluiu, ainda, que algumas áreas são altamente organizadas com grandes contatos informais entre os pesquisadores e detectou grande influência de certos membros-chave.

Allen (1969, p. 16-17) analisa a pesquisa de Crane (1969) e assegura que a mesma prevê um suporte empírico para hipóteses do colégio invisível, permitindo um melhor entendimento da mediação da comunicação social com a comunicação informal na ciência, ou seja, do funcionamento dos sistemas sociais. Para o autor, a formação de colégios invisíveis é limitada, uma vez que os membros se dividem em várias disciplinas na busca de prêmios e reconhecimento.

O tema colégio invisível, na análise de Zuccala (2006), representa um dos

gaps mais evidentes na literatura da Ciência da Informação, dada a falta de modelos

para ele. Afirmando que a busca de informação no seio do colégio invisível ocorre principalmente por meio de atividades socialmente mediadas, este autor sugere um novo modelo de pesquisa, no intuito de demonstrar que o colégio invisível é multifacetado e que é resultado da interrelação entre especialidades, atores sociais e do ambiente de uso da informação.

Cumpre examinar, neste passo, que, a partir da constatação de que o relacionamento interpessoal desempenha relevante papel na aquisição de informação, e a confiança existente no relacionamento é elemento que contribui para o fortalecimento deste papel, diversos autores destacam a existência de pessoas que assumem o papel de facilitadores e mediadores da informação. Tais pessoas são naturalmente reconhecidas pelos colegas, em virtude de nelas encontrarem características específicas, como a familiaridade, a dedicação e o contato contínuo com os assuntos de seu interesse, prestando-se a compartilhar e a expandir os seus conhecimentos na área de atuação. Tais pessoas receberam diversas denominações, dentre elas, como se mencionou, gatekeepers.

Estudos mostram que essas pessoas mais sintonizadas com as últimas novidades do mercado e que absorvem e integram esses conhecimentos, difundindo-os para o restante da organização – os gatekeepers – representam uma figura que surge em diferentes meios e de diferentes modos, caracterizando-se pelo reconhecimento dos seus colegas, o qual independe de posição social ou

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